Notas

I) Fic: Ah! Demorou, eu estou correndo com isso, mas aí está o capítulo. Espero que gostem Ele me deu trabalho quando fui escrever, e me parece ligeiramente confuso, mas espero que fique claro para vocês. Isso é tudo. A próxima atualização vem em 27 de Maio.

II) Autora: Essa é a parte que... Ah! Não sei. Leiam por vocês mesmos. XD Reviews, ok? Me xinguem, mas comentem (huahauhua) - eu AMO comentários Ah, antes que eu me esqueça - eu sei que vão cobrar -, esse capítulo é dedicado a Bruna - ou Victoria, já que ela... Me inspirou XD-, a Patty - por ter betado, CLARO -, e a Gaby - que também contribuiu comum tempo.

III) Reviews:

Mayara: Oi! Pronto, postei o capítulo Não sei muito bem sobre o que você quer dizer com 'boa', mas fico satisfeita com isso XD Espero que você no se decepcione -.- Beijos!

Patty: lol Imensamente espantada por tua review. E, claro, você betou - ao menos foi a primeira a fazer isso -, e conversar contigo também inspira E obrigadinha pelos 'Parabéns'. Eu não mereço -.- Beijos!

Yasmine Lupin: Olá!Acho que já lhe disse isso, (-.-) mas o Remo é um tanto importante na fic XD E o cap. está aí, sem atrasos - estou correndo, para ser sincera -, e espero que você goste! Beijos!

BzalunGa: Ah! Continuei a fic e passei nas suas -.- Tirando D/G, pq ando em crise com o shipper - huahuahua - Beijos!

Quel: Olá! Calma! XD Atualizei - e espero que você ainda esteja viva (XD) - está aí, postado, espero que você goste - ainda mais que o outro, claro Bjos!

Le Evans: Olá! A Lily conversando com o Tiago - é, seria um tanto interessante, mas por enquanto só à noite - conversas para valer, eu digo. E eu adoro o Tiago com ciumes, xD Beijos!

Nana: Oi! Nossa, nem é tão linda assim (-.-) Mas fico satisfeita que você esteja gostando Beijos!

Mimi Granger: Oi! Ah, eu adoro o Tiago Agora, eu moro no Japão há alguns aninhos - quase dez, já, eu tinha cinco na época...-, mas eu estudo em escola brasileira e só convivo com Brasileiro, então... A vida aqui é legal - quando não se tem saudades do Brasil (-.-) - Beijos!

Bruna Granger Potter: Ah! Que bom que você está gostando Marotos são demais XD Está aí o novo capítulo - isso foi idiota, eu sei -, espero que você goste

Lilian Evans Higurashi - Olá! Te adicionei no MSN - mas ainda não conversei com você: culpa do Fuso-Horário... -. De qualquer modo, 'obrigada' por ter elogiado a fic Ela e eu ficamos satisfeitas XD beijos!

Gaby: Ow! - Claro que você betou um capítulo também De qualquer modo, você me deve um presente (lol Deve?) e estou esperando XD Beijos!

Adriana Black: Olá! Ah, o Sirius vai dar um pouquinho de trabalho, sim - eu não sei porque inventei isso, mas ficou assim. XD Eu mesma me confundo as vezes - loucura total aqui -. E espero que você goste da continuaçãoBeijos!


Capítulo 4 – Confissões

Lily Evans

Era impossível. Não podia, não podia pela milésima vez, não podia. Não podia acreditar, não podia estar, NÃO PODIA! Mas acho que estava. Idiota. Eu era uma idiota, tola, infantil, mesquinha e egoísta. Aliás, nem sei porque estava me xingando tanto.

Simplesmente não acreditei quando percebi. Encarei o espelho e ele me perguntou 'por que diabos você está com a mão no lugar em que ele a beijou?'. Maldita voz interna sincera. Fechei os olhos, numa tentativa de me forçar a esquecer esses meros detalhes sórdidos, e incondicionalmente pensei naquele beijo. É diferente quando eu dei um beijo nele. Porque aquele estava carregado no máximo de carinho, enquanto o dele... Sejamos honestos, eu sempre soube que ele gostava de mim. Mas, pudera, achava que isso já tinha passado. Descobri que não. Ah, sim, era muita ingenuidade minha achar que... que... bom, que ele tinha me esquecido.

Droga! Será que ele não podia perceber que as coisas seriam muito mais fáceis se ele de fato tivesse me esquecido? Ou, ainda, por que eu não o cortava como fazia das outras vezes? Por que eu estava Gostando do fato dele ainda ser a fim de mim? Por quê? Por quê? E, para variar, Por quê?

Eu me sentia incrivelmente tola. Por Merlin! Eu fechei os olhos, me joguei na cama, sem trocar de roupa, apenas esperando que aquela lembrança passasse. Mas não, continuava incrustada em mim, de um modo que me fazia sentir dor sem doer. Senti uma lágrima vir e não resisti. Deixe-a correr, abraçada ao travesseiro, tentando encontrar algo que pudesse me aliviar.

'É incrível como você consegue ser tão fraca quando o assunto é seus sentimentos', disse aquela voz Chata E Verdadeira do Meu Subconsciente.

­– Cale a Boca! – resmunguei, mais uma vez parecendo tola por falar sozinha. Mas eu não falava sozinha: pode-se dizer que minha voz interior era minha outra personalidade. Nem verdadeira nem falsa. Apenas uma outra.

'Mas você precisa que alguém lhe diga o que você não está querendo ver', ela continuou maliciosamente, rindo-se do meu sofrimento.

­– Me deixe em paz! – gritei, apertando meus ouvidos, completamente esquecida de que a voz era interna.

'Vamos, até você já teve ter somado dois mais dois! Até você'..., ela ria abertamente, falando numa voz pausada, para dar mais crédito ao que declarava. '... já devia ter percebido que seus sintomas estão claros...'.

­– Pare! – implorei, sem me importar com isso parecer uma súplica. De qualquer modo, não sei porquê, minha mente finalmente se cansou e pude respirar aliviada.

Fechei os olhos, decidida a não brigar mais com minha mente. Adormeci do modo como estava, sem me preocupar muito. Na verdade, muito pelo contrário do que o Potter pensa, eu não sou Sempre certinha. De vez em quando, sim, mas nem sempre.

"Você sabe que eu adoraria te conhecer".

Meus olhos iam se fechando, mas as palavras permaneciam... Também quero ser sua amiga...

"Para quê formalidades entre nós, Lily?" – ele me dissera, numa voz quente, mas eu negara... Não confiava nele... Então por que ainda naquela noite deixara ele me chamar de Lily?

"Ele me chamava de um modo agradável, enquanto eu me dirigia ao meu dormitório. Aproximou-se de mim e por um instante delirei, pensando que ele me beijaria à força... Eu tinha uma expressão desafiadora...".

' Eu só queria dizer...', ele começou, antes de menear a cabeça... Diga, pensei enlouquecida, apenas diga o que eu quero ouvir... Mas o que eu queria ouvir? Ah, mas eu não tive sonhos... Nenhum...

"Eu devo confessar que não tinha esperanças de te encontrar aqui".

Eu também não... Mas, no fundo, eu queria... Droga, disse para mim mesma, só queria uma conversa boa... Nada mais... Nada.

"Não sei se isso já lhe passou pela cabeça, mas o que eu sinto por você não é brincadeira. Nunca foi um jogo para mim".

Perguntei-me se ele realmente gostava de mim... Eu não valia a pena, sério... Era apenas mais uma entre tantas. Por que eu? Um jogo? Não, Potter, isso não era um jogo... Em jogos há vencedores e não me sentia vitoriosa e tampouco ele...

"Não quando assunto é você".

Isso significava que ele me tratava como pessoa. Mais ainda, como Mulher. Ele não brincava comigo... Ele não mudava por mim... Ele era o que era por mim e... E isso me confundia tanto... Seria tudo tão simples se ele apenas quisesse brincar comigo... Mas era algo sério...

"Eu encarava-o por um longo tempo. Então, meio hesitante, me aproximei e beijei-o na testa. Tiago me pareceu sorrir".

Por que eu fiz isso? Eu estava me envolvendo demais... Ele mal era meu amigo... E, para variar, ele não queria ser meu amigo.

"'Está tudo bem, Lily?' – Remo perguntou, me olhando incerto, despertando-me de meu devaneio".

'Ah, está, desculpe, Remo, eu estou meio atrapalhada hoje', falei, tentando voltar minha atenção aos relatórios.

'Você e Tiago andam estranhos', ele comentou, minutos depois, enquanto seguíamos por um corredor até o Salão Principal.

'E o que eu tenho a ver com ele?', perguntei, incomodada.

'Nada... Não é mesmo?'. E fez-se alguns minutos de silêncio enquanto pendurávamos guirlandas cantantes. 'Ah, Lily, você é tão cega às vezes...', Lupin comentou, desanimado, consertando uma guirlanda que cantava meia música somente.

'Não estou entendendo', disse, fazendo a guirlanda parar de levitar e se esborrachar no chão.

'Só uma coisa... Não o machuque mais. Ele já sofreu demais por você'."

Juro que às vezes Remo era tão chato e vazio... Tiago já sofreu por mim? Que ótimo! Realmente isso não é uma coisa muito boa, mas porque então ele continua gostando de mim? Mas uma outra parte de mim respondeu silenciosamente: "Não, não se preocupe, Remo, prometo não fazê-lo sofrer...".

Nunca quis isso... Eu o admiro por um lado, eu gosto dele por um lado... Mas a outra face dele é tão complicada... Incerta... Errada... Irritante... E é a fim de mim...

"Você está aqui desde há uma da manhã me esperando?"

Corei, era impossível não corar... Sim, eu estava te esperando, mas era tão mais fácil NÃO admitir isso... Era tão mais fácil negar a mim mesmo... Negar...

"Você conversou bastante com Lupin hoje".

Demorei a entender... Ele tinha ciúmes de mim... Cômico. E com o amigo dele... Potter era tão cego de vez em quando... Ah, mas eu também era: então o que estou falando?

"Se não fosse nada eu não estaria agradecendo"

Ele sabia... Então não estava dormindo, então me enganara... Mas, que diabos, quem se importava? Eu tinha feito de qualquer forma, não tinha? Que ele tivesse acordado ou dormindo, eu o tinha beijado. Aquilo não era suficiente? Eu não estava me humilhando ainda?

"Lily... Me chame de Lily."

Eu estava agindo como uma criança apaixonada. Mas eu não estava apaixonada! De maneira alguma! Eu sequer podia cogitar a hipótese medonha de sentir algo por ele. Não!

Só, no final, restava uma pergunta. Por que aquele beijinho no rosto me perturbou tanto?

E, enquanto meus olhos iam fechando e eu mergulhava num sono profundo, percebi que não gostaria de saber a resposta. Meu orgulho não agüentaria.


A Prof. McGonagall estava séria, como sempre, mas de um modo preocupante. Não aquele jeito que adotara há muito tempo, principalmente depois que a Guerra atingira seu ponto mais alto, com mortes e mortes seguidas. Apertando as vestes escolares contra o corpo, me vi contente de sair do frio e entrar na sala quente da professora.

­– Remo me disse que a senhora queria falar comigo – disse, meu sorriso vacilando meio a face séria dela. Mas havia em seus olhos um brilho enternecido.

­– É um assunto muito delicado, Srta. Evans... Chegou ao diretor uma carta de seu pai com uma notícia não muito boa.

Mordi os lábios, subitamente pálida.

­– E... Que notícias são essas?

Ela não me encarou.

­– Prefere ler a carta?

Lentamente, fiz um gesto afirmativo com a cabeça. McGonagall me passou a carta e o brilho de lágrimas nos meus olhos se acentuava mais conforme eu lia.

­– Eu... Posso ir? – perguntei, trêmula, quando acabei de ler. Não podia acreditar, não podia... Minha mãe... E sem esperar resposta, saí da sala dela.

Caminhava descontrolada, sem ver ninguém mal me importando em esbarrar nos outros alunos, segurando minhas lágrimas.

Ignorando o frio, me encaminhei para o Saguão de Entrada, em direção a porta. Lá perto, Tiago Potter ria com Sirius Black e Pedro Pettigrew.

­– Olá, Ev... – ele começou, quando me viu.

­– Cale a boca, Potter! – gritei, mais pela risada dele do que por qualquer coisa. Do outro lado, uma risada alta e fria ecoou no Saguão quieto pelo meu grito.

­– A Sangue-Ruim está nervosa hoje! – debochou Snape, com desdém. Saquei a varinha imediatamente.

­­­­­­– Gleaise! – disse, com a voz tão fria quanto meu feitiço. A meio caminho de também sacar a varinha, Snape congelou. Sorri com cruel satisfação quando o vi com pedaços de gelo imobilizando-no. – Isto é para você aprender, Ranhoso – disse, e, ignorando os murmúrios, saí até os jardins.

Por longos minutos, talvez horas, fiquei pensando, plantada neve, ignorando os espirros constantes... Minha cabeça ardia de tanto chorar, eu estava tão cansada... E finalmente perdi a consciência. A última coisa que tive noção foi a voz de alguém me chamando, carinhosamente.

­– Lily... – e finalmente, eu percebia de quem era essa voz... Tiago...


Às sete e meia despertei, naquela véspera de Natal, com uma ligeira dor de cabeça, torcendo para que o dia passasse logo... Então as lembranças voltaram, a noite anterior, o sonho, tudo... Meneei a cabeça e fechei os olhos tentando relaxar. A perspectiva de dormir mais um pouco parecia muito agradável, mas eu exagerara ontem – consegui dormir até às oito com essa história de 'mais um pouquinho'.

Então, resmungando, troquei de roupa e desci as escadas, satisfeita por a única pessoa que encontrei na Sala Comunal era Pedro Pettigrew, fazendo alguns deveres, o que lembrou que também tinha que fazer os meus. Ignorando Pettigrew, o que costumo fazer sempre, porque simplesmente não gosto dele, passei pelo retrato, imersa em meus pensamentos.

Eu continuava a negar aquilo que a Voz Interior dizia constantemente.

­– Dá pra parar? – perguntei, irritada, em voz alta, para minha Voz Interior, o que fez as garotas da Sonserina pularem.

­– Falando sozinha, Evans? – debochou Sinistra Kentbury, ao que apenas lancei-lhe um olhar frio.

­– Falta de namorado faz isso – Helen Campbell disse, com uma ponta de malícia, rindo-se.

­– Mas, diferente de você, Campbell, ela não precisa se jogar num homem para que ele goste dela – disse alguém, do alto da escada, encarando as Sonserinas com desprezo. Virei meu pescoço com tanta rapidez que senti-o doer. Apertando a câimbra, meus olhos brilharam ao ver Tiago Potter. E, "droga", ele não olhava para mim.

­– É... Diferente de você, Potter, eu consigo sair com quem eu quero – retrucou Campbell na maior frieza. Por um instante, o sorriso vitorioso de Tiago vacilou. Então seus olhos brilharam com fúria.

­– Tem certeza? – perguntou, numa ponta de malícia. – Sabe, você quem se arrasta por mim, já percebeu?

Sinistra soltou uma exclamação de surpresa. Helen chegou a colocar a mão nas vestes, sem dúvida pensando que feitiço poderia jogar. Então, sem falar nada, caminhou para as masmorras, no que foi seguida por Sinistra, parecendo ainda infinitamente surpresa.

Abaixei a cabeça e ouvi os passos, indicando que Tiago descia as escadas. Cheguei a me virar para o Salão Principal, ali, a poucos passos de mim, mas não conseguia me mover. Então ele parou ao meu lado e, mortificada, percebi que eu corava lentamente.

­– Você está bem? – perguntou, numa voz baixa.

­– Ah... Estou... – Droga! Eu não conseguia falar nada de bom. – Você não precisava ter me defendido... Eu tinha total controle da situação – respondi, meio séria, meio brincalhona, erguendo os olhos para ele. Potter soltou um muxoxo.

­– Não tenho dúvida – ele respondeu, sorrindo. – Então... Até logo, Evans.

Eu apenas daria tudo que tenho para saber o que se passava por trás da cabeça dele.

Pela Milésima vez, Voz Interior, NÃO!


Simplesmente não conseguia me concentrar em nada e toda minha magia parecia estar exageradamente forte, emanando com fúria, causando um imenso estrago à minha volta e proporcionando-me alguns pequenos acidentes.

Sabem, era - é - uma coisa relativamente singela fazer aquela tarefa - ligeiramente grande - do Prof. Wood, o professor de Magia da Luz, que havia pedido apenas um pergaminho sobre "A Teoria da magia: descreva os floreios necessários", mas eu não conseguia controlar essa minha força. A cada minuto, eu tinha que arrumar magicamente o que havia escrito, porque me confundira com algo ou borrara as palavras. Desse mesmo modo, por duas vezes toquei fogo no pergaminho, tamanha era minha energia.

Resmunguei, irritada, enquanto Remo Lupin, a meu lado, me olhava com crescente preocupação, e me espantei muito ele ter demorando tanto tempo para me perguntar o que havia de errado.

­­­- Você tem certeza que está bem, Lily? - perguntou, numa voz gentil, ao mesmo tempo, porém, um pouco cautelosa, como se temesse que eu também tocasse fogo nele. Me perguntei se eu estava tão assustadora assim.

­- Eu pareço estar, Remo? - retruquei, seca, sabendo estar errada por descontar minha raiva nele, mas eu precisava fazer isso, se não quisesse explodir. Aluado me encarou com seus olhos castanhos cheios de rugas prematuras.

­- Não desconte em mim, não fiz nada - ele apenas falou, calmo, fazendo eu realmente me sentir culpada. Dei-lhe um sorrisinho fraco.

­- É, você não fez... Desculpe - pedi, olhando-o com súplica nos olhos. Remo riu e, amistosamente colocou sua mão sobre a minha, acariciando-a gentilmente. Fiquei olhando ele fazer isso, pensativa.

­- Você trabalhou demais por hoje, Lily. É Véspera de Natal, relaxe um pouco.

­- Não posso! - disse, assustada. - Eu adiei isso por muito tempo, até demais.

E ele apenas me encarou por um longo tempo, perdido em pensamentos, enquanto eu tornava a escrever. Mas não conseguia de verdade ver o que escrevia. Minha mente vagava por Plutão ou Saturno talvez.

Só quero que você saiba que, quando precisar, se quiser, eu estarei aqui, ok? Às vezes é bom desabafar - acrescentou, carinhoso como sempre, tornando a alisar minha mão esquerda. Encarei-o nos olhos, sem expressão, como se o avaliasse.

Obrigada, Remo - falei, apertando sua mão como se isso me desse mais coragem. Eu precisava desabafar, na verdade, e estava numa situação que falaria até como Snape se ele se dispusesse a me ouvir. - É... - Mas não conseguiria falar tudo que ia na mente, não conseguiria dizer o que meu coração sequer admitia.

Você não precisa me dizer se não quiser, Lily - Remo tornou.

Não, eu preciso mesmo... Estou com uma coisa estranha aqui dentro de mim.

Ele sequer piscou os olhos.

É uma sensação estranha, como se faltasse algo, é uma dor que não dói, é saudade. Saudade de algo que nunca aconteceu, mas que eu quero que aconteça, saudade de uma pessoa e, mesmo que não admita, eu quero estar com ela, eu preciso dela, eu... É uma alegria e tristeza ao mesmo tempo... É complicado.

Remo suspirou longamente, me olhando com doce compaixão.

Ah, Lily, você tem certeza que não sabe o que é isso?

Meus olhos brilharam e corei visivelmente.

Por Merlin! Sim, eu achava que sabia o que era isso. Aquela adorável Voz Interior não parava de me lembrar o que era aquilo, o que eu sentia, mas era tão mais fácil negar: porque admitir seria quebrar todos os tijolos daquela enorme muralha que eu construíra em torno de mim, seria deixar de lado o meu orgulho... Seria ser uma outra Eu.

Não sei a resposta - me escutei falando e senti lágrimas virem aos meus olhos. Lágrimas de Fúria.

Na hora que você finalmente descobrir - ou admitir­ - tudo ficará melhor, sem dúvida. Lamento não poder te ajudar - acrescentou, como se pedisse desculpas. -, mas isso é uma coisa que você pode responder.

Fechei os olhos por alguns segundos, numa luta íntima. Então, suspirando, abri os olhos e lhe sorri fracamente. Num gesto que o surpreendi (e a mim mesmo também) puxei-o mais para perto e o abracei com carinho, na hora em que ouvi um ligeiro barulho na escada. Separei-me de Remo sem culpa nenhuma e, sem me virar, voltei a minha tarefa.

Olá, Pontas - cumprimentou Remo, com a voz um pouco alarmada. Senti minha face corar. Há quanto tempo Tiago estivera lá? Eu não podia suportar a idéia de ele ter ouvido o que eu dissera.

Olá... - ele parecia em outro mundo. - Vou mandar uma coruja para minha mãe, quer mandar algo também?

Remo fez um não com a cabeça.

Ok, então. Ah, quer algo, Evans? - ele perguntou, depois de leve hesitação. Mordi os lábios e, sem olhá-lo, apenas agradeci.

­- Não, obrigada.

Ele não respondeu e senti uma ligeira decepção - a qual, aliás, não sei explicar.


Hum...

Talvez, Voz Interior, Talvez.

Talvez não é sim - mas também não é não.


O fogo crepitava agradavelmente na lareira, suas chamas bruxuleantes dançando na parede, iluminando meus olhos verdes - e, do mesmo modo, refletia nos olhos castanhos dele, ao meu lado. Eram Vinte três e Quarenta da Véspera de Natal e a neve caía interminável do lado de fora. Dez minutos longos e cansativos haviam se passado desde que eu chegara e nenhuma palavra concreta fora dita. Ao menos tínhamos passado da parte do "Oi".

"Diz alguma coisa" - ele pediu, num sussurro, sem me olhar.

"O quê?" - perguntei, em resposta, também em voz baixa. Então sorri para mim mesma: - Por que estamos falando em voz baixa?

Ele deu uma risada fraca.

"Boa pergunta. Acho que estou com receio de acordar alguém."

Meneei a cabeça.

"Você realmente não contou a ninguém sobre a nossa amizade?" - perguntei, novamente num sussurro.

"Não" - ele respondeu, calmamente, fitando o fogo assim como eu.

"Por quê?" - perguntei, virando-me para ele. Ele também me olhou. Olhos contra olhos.

"Porque eu não queria desperdiçar a única chance que eu via que poderia ter com você" - respondeu sem hesitar, sério. Meneei a cabeça, meus olhos brilhando solitários.

"Por que eu, Potter? Você tem uma legião de admiradoras por esse castelo, para quê querer sair comigo?"

Tiago não respondeu de imediato. Como se quisesse dar tempo a si mesmo, carinhosamente colocou sua mão sobre a minha - não me importei com o gesto, esperava ansiosamente a resposta dele, mas suas mãos estavam frias... E, como se quisesse esquentá-las, apertei sua mão.

Ele umedeceu os lábios.

"Eu poderia dizer muitas coisas, Lily, e sem dúvida todas já foram verdades algum dia" - e quando fiz um gesto indicando que iria falar, Tiago colocou um ou dois dedos sobre meus lábios, num gesto silencioso de silêncio. Fiquei levemente chateada quando ele deixou cair os dedos. - No começo era porque você era um desafio - e sorriu um pouco. -, era a única que não idolatrava os Marotos, era a única que defendia o Seboso... - e até eu ri levemente. Mas estava muito ansiosa pelo que falaria. - Isso foi tão no começo... Depois eu reparei em você. Linda. Encantadora. Boa. - seu sorriso ficou um tanto maroto. - A Nora perfeita que minha mãe queria. E eu fazia de tudo para chamar sua atenção. Qualquer coisa. Não me importaria de matar alguém se fosse para você me olhar: queria que você me admirasse tanto quanto eu te admirava, queria estar com você... Isso era loucura - acrescentou, hesitante. - Não precisa falar nada, era. Mas tudo muda...

E apenas parou de falar. Fiquei ali, demorando, pensando, até que comecei lentamente a tirar os tijolos da frente de mim.

"E o que mudou?"

Tiago piscou os olhos.

"Antes era Paixão, Lily, agora..."

Então se calou. Desviou o olhar e encarou o fogo na lareira, escorregando da poltrona para o chão. Fiquei mirando-o por alguns segundos então também desviei. Minha mente trabalhava sem descanso, enquanto minha hesitação crescia. Eu queria - e não queria perguntar, mas tinha medo da resposta. Ou talvez já soubesse a resposta e apenas precisasse ouví-la de seus lábios. Ou, ainda, tudo aquilo fosse só um sonho... Longo, muito longo, mas que teria fim... E eu não queria acordar. Não mesmo.

Deixei a poltrona e me sentei ao seu lado. Tiago tinha a cara de quem queria acreditar em algo, mas se esforçava para deixar de lado. Isso porquê ele não imaginava o que eu sentia.

"E agora, Tiago?" - perguntei, num murmúrio. Os olhos dele brilharam.

"Agora, Lily... É um sentimento diferente e complexo, que faz você querer uma pessoa e ao mesmo tempo ter medo... medo de ela não te querer tanto quanto você a quer... Porque se machucar dói muito..."

Vagamente me perguntei por que ele se aproximava de mim. Era engraçado: os olhos dele tinham um brilho tão perfeito sob a Luz do Fogo.

"Ah, Lily... Eu queria..."

E se calou, de repente, na hora que o Relógio de Hogwarts soava às doze horas, longe, bem longe, mas o gongo soava aqui. O Interrompendo. Nos Interrompendo.

Fechei os olhos, por um instante, voltando ao normal. Era plausível eu sentir algo. Era aceitável eu negar ou admitir qualquer espécie de sentimento. Mas me entregar, cair, ou ceder à sentimentos era totalmente inadmissível.

"Feliz Natal!" - falei, de repente, abrindo os olhos.

Tiago sorriu levemente.

"Para você também. Mas não estou com seu presente aqui" - ele comentou, num tom que pede desculpas.

Mordi os lábios, também sorrindo.

"Isso é porque você não é prevenido" - retorqui, calma, retirando das vestes um pequeno embrulho. Ele pareceu adoravelmente espantado.

"Não pensei que fosse me dar algo!"

Fiz um gesto negativo.

"Também não acredito" - respondi, lhe dando seu presente. - Espero que goste. Eu realmente não sabia o que te dar, especialmente tão em cima da hora, mas...

Tiago me lançou um olhar intensamente forte antes de abrir a caixa. Dentro, um singelo cartão e um Pomo de Ouro que, mesmo lhe surpreendendo, Tiago apanhou assim que saiu da caixa. Nele, as letras L.E.

"Remo me disse que talvezvocêgostasse. Acertei?"

"Adorei" - ele afirmou, seus olhos encarando o Pomo com nostalgia. - Mas o melhor presente é estar com você - acrescentou, levemente pensativo.

Abaixei a cabeça, sem encará-lo.

"Não muda nunca, Potter."

"Você quer isso?" - ele perguntou, num murmúrio. Fechei bruscamente os olhos, mas fui forçado a abrí-los quando senti sua mão (agora não tão gelada) tocar meu queixo e me forçar a levantar a cabeça para fitá-lo.

E, uma pergunta curiosa, por que ele tinha os lábios entreabertos? Por que, aliás, eu reparava na boca dele? E por que os olhos dele brilhavam tão perto de mim? E, uma última, por que eu me sentia embalada num sonho agradável?

"O que eu quero?"

"Que eu mude. Que eu te esqueça..." - a voz dele ia diminuindo num contraste com a minha vontade de ouvi-lo falando, que a cada minuto crescia mais e mais. - Se algum dia você tivesse falado para mim isto, olhando nos meus olhos, que qualquer chance minha era nula de verdade, eu juro que teria te esquecido... Ou pelo menos tentado. - De repente, seus olhos ficaram opacos. - Muito bem, agora é sua chance: olhe nos meus olhos e diga... - ele me encarava sem piscar e, de súbito, senti um estranho arrepio percorrer minha espinha. A mão dele emanava gostoso calor e não sentia nem um pouco os dois graus negativos que devia fazer lá fora. - Diga que você quer que eu te deixe em paz... Ou então me diga que eu tenho uma chance... - seu tom era de súplica pura.

Foi, sem dúvida, um daqueles segundos intermináveis da minha vida, que eu tinha um tempo mínimo para pensar, ser, agir. Me vi em frente a uma muralha de pedra, e do outro lado, Tiago Potter me encarava com os olhos brilhantes - esperançosos...

Não pisquei os olhos. Droga - foi o meu último pensamento racional

"Eu acho" - falei, numa voz meio misteriosa, sorrindo intimamente - que você tem um grave defeito, Tiago Potter. - E sorri por fora quando vi o brilho de esperança de seu olhar sumir. - Você fala demais.

E, colocando minha mão sobre seu ombro, puxei-o de leve para mim. Ninguém precisava me dizer que ele estava surpreso, mas alguém deveria explicar porquê, de repente, ele tomou conta da carinho, ele deixou aquela mão que ainda estava no meu queixo deslizar brevemente por minha face, como se sentisse a textura dela, e, quando fechei os olhos para melhor saborear esse gesto, senti a distância entre nós diminuir de tal modo que pude sentir a respiração dele muito perto. Perto demais. Mas ainda não tanto quanto eu queria.

Eu enlouqueci.

Condenando minha mente por não conseguir reagir, não hesitei em permitir que ele delicadamente colasse seus lábios aos meus, quase com receio, como se não acreditasse muito no que acontecia. Simplesmente não consegui raciocinar - e duvidando que quisesse, deixei me levar -, assim, procurando descrever em palavras - meus sentimentos me guiavam enquanto destruía furiosamente a muralha de pedra.

Então, acabou. Ele parou, interrompeu, cessou, cortou, qualquer palavra nesse sentido.

Fiquei encarando-o, minha mente descansada, aliviada, certa de que fizera algo muito bom. Eu não poderia condená-la: mesmo minha Voz Interior parecia quieta.

Não queria quebrar o silêncio: me parecia um crime interromper o clima entre nós e desviar o olhar parecia suicídio. Felizmente, Potter fez isso por mim. Mas, a essa altura, eu não me importava mais com o que ele fizesse. Estava num visível estado de atordoamento.

"Ah, Lily... eu não entendo."

Pisquei os olhos.

"Nem eu. E me pergunto se tem explicação."

Ele meneou a cabeça.

"Há muito tempo desisti de tentar encontrar respostas..."

Sorri, de leve, ao que ele voltou a deixar sua mão deslizar por minha face - e ao que eu adorei. Eu queria fechar os olhos, sentir silenciosamente esse gesto, mas não podia desviar o olhar. Tiago tornou a se aproximar de mim e sentia meu coração disparando pensando na tonelada de emoções que me envolvera quando ele me beijara, mas ele apenas me abraçou. Um abraço morno, quente, confortável...

"Ah, Tiago..."

Ouvi-o dar uma risadinha.

"Essa é a minha fala" - murmurou, ali, ao pé do meu ouvido, fazendo eu me arrepiar. Sorri - um tanto incontrolável.

Não me importavam quantos minutos se passara, e, longe de sentir sono, adorei quando ele gentilmente me virou e fez eu apoiar a cabeça em seu peito, enquanto acariciava meus cabelos e beijava, de vez quando, minha têmpora. Novamente fechei os olhos, mas não iria dormir, não agora, e talvez não tão cedo...

"Já é tarde" - ouvi-o dizer ajuizadamente. Abri os olhos, querendo dizer "não, quero ficar com você!", entretanto apenas me limitei a passar minhas mãos pelo seu ombro para poder encará-lo. Ele não queria 'terminar' aquilo também. Meus olhos brilharam e Tiago sorriu melancolicamente. - Às vezes temos que escolher entre o certo e o fácil. - E, falou ao pé do meu ouvido: - Mesmo que eu quisesse passar a eternidade aqui.

Concordei com a cabeça e ele se levantou, dando a mão para eu me apoiar. Com isso, quando me ergui, fiquei novamente a milímetros dele. Eu não sabia o que fazer... minha mente vagava por nenhum lugar mais próximo do que Marte... Ele encarou meus olhos, numa pergunta muda, ao que meus verdes brilharam...

"Boa noite" - falou, num sussurro, a distância mínima agora.

"Feliz natal" - completei, já cerrando meus olhos, meus lábios já entreabertos para esperá-lo. Minha mente disparou para outra galáxia quando nos beijamos, de novo, a razão sumida para mim. Era um sonho...Tão bom...

Esse fora mais longo que o outro, mais calmo e mais romântico, de algum modo. Se o outro fora surpresa esse fora esperado e planejado cuidadosamente. Coloquei minha mão em torno de sua nuca, acariciando-a de leve, sem pensar direito. E, no mesmo instante, senti sua mão em torno da minha cintura estremecer e apertar, me trazendo mais para perto. Então, parou de chofre, mais uma vez, quando eu já estava quase sem ar. Encarei-o, tendo consciência de que estava infernalmente corada e dessa vez não conseguiria disfarçar.

"Boa noite, então..." - disse, dando um passo para trás e, mandando uma mensagem silenciosa para ele, me afastei, com um sorriso gigante em meus lábios. Estava no quinto degrau da escada quando ouvi ele assobiar uma música qualquer de natal.


Ah, Voz Interior, por quê? Por que justo ele?

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