Notas
I) Fic: Ah! O capítulo está aí, revisado e bonitinho. E, para ser crítica, não é o meu favorito (Aprendi que dizer "É horrível" faz mal -.-), mas, como os outros, tem partes que me deixam feliz. Então, leiam e comentem xD Review'sfazem bem para a saudade - O próximo capítulo sai em 07/06.
II) Autora: Ah! Me parece um tanto mau acabar o capítulo nessa parte, mas era preciso ¬¬' Não me matem - ah, critiquem, comentem, deixem uma review!
III) Review: Eu tinha respondido uma a uma as reviews, mas o FF fez questão de apagá-las, o que é horrivel, porque estou correndo agora. Então, desculpe, mas, mais uma vez, não vou ter tempo ( Horrivel, imperdoável...). De qualquer modo, obrigada a Mimi Granger(Eu falei com você na net! XD), Bruna Granger Potter, Yasmine Lupin (Seria sim..), Crystin-Malfoy, Julie, Lisa Black, Susana Snape (Não, não vou desistir ), Bela Malfoy e a Adriana Black (Posso chamar de Drica? XD)
Capítulo 6 - Então é Natal
Tiago Potter
Estava mergulhado num sonho longo, estranho, surreal, desde a noite de natal. Para me complicar ainda mais, nesse sonho, eu me declarei a Lily Evans e ela me beijou. Hum, não, não foi bem assim, para ser bem sincero. Eu lhe fiz, sim uma linda declaração, quase uma súplica - muito bonita na minha opinião - e ela me puxou para perto, o que tomei imediatamente como um convite, e eu a beijei. Ou talvez, nos beijamos. Quê importa? Aconteceu, não aconteceu?
Ainda estava num estado de, como diria... Torpor puro. Não sabia direito o que acontecia, por que acontecia e se era verdade. Tantas vezes eu sonhara com aquilo que não conseguia separar a realidade de fantasias. Entre outras palavras, eu com ela sempre me fora um universo paralelo - isto é, um mundo que não podia existir junto desse em que vivo.
Era a sensação mais engraçada - e agradável, note - que eu já sentira. De repente tudo que eu sempre quis acontecia, da forma mais natalina possível, mas... Mas ainda faltava algo. Mas eu ainda não acreditava. Mas eu queria ainda mais do que já acontecera. Mas eu precisava - aliás, ela precisava - provar que não era um simples sonho.
Ouvi Sirius resmungar qualquer coisa e sorri para mim mesmo (ainda mais do que já sorria) pensando no que ele diria se soubesse de meus encontros à noite com a Evans e sua reação por eu não contar nada. Então meu sorriso lentamente se apagou, do mesmo modo que eu via sua face ir de surpresa a decepção por eu ter lhe mantido segredo. Hum... Precisava pensava sobre isso.
Acordei no melhor estado de espírito possível, ainda pensando sobre tudo que acontecera, sentindo que aquele seria o melhor natal da minha vida... Ou pelo menos eu tinha planos para que fosse.
Sirius jogou um travesseiro na minha cara e ri alto, extravasando toda aquela felicidade contida no meu peito.
"Feliz Natal para você também, Almofadinhas" - exclamei, pulando da cama e já procurando vestes para trocar. Ouvi Rabicho soltar uma exclamação abafada. Eu nunca acordava de bom humor.
"Para quê a animação?" - Remo perguntou, sua voz abafada vindo lá do banheiro.
"Vamos, quero abrir os presentes..."
"Ah, sei... Por que será que McGonagall disse que todos os presentes esse ano deviam estar debaixo da árvore de Natal..." - Sirius resmungou, não tão animado quanto eu, certamente.
"Para nos unirmos" - Aluado respondeu simplesmente.
"Ah, sim, Tiago quer se unir a Evans..."
"Cale a boca" - resmunguei, seco. - Vai demorar muito, Aluado?
"Viu?" - Sirius soltou aquela risada latina. - Ele até vai se arrumar!
Revirei os olhos, incomodado. Sem lhe lançar nem mais um olhar, peguei minha toalha e outras coisas e entrei no banheiro.
E, enquanto eu relaxava - apenas seis horas de sono maltratava qualquer um... -, na banheira, minha mente divagava. Podia ouvir com crescente clareza a voz doce de Evans. "Você tem um grande defeito, Potter." E eu ia sentindo minha esperança se esvair... "Você fala demais". Então antes que eu pudesse raciocinar ela estava muito próxima de mim... Tanto quanto eu sempre quisera... Tomei aquilo como um convite... Fechei os olhos na banheira, sentindo aquele frio percorrer minha espinha pela lembrança... Eu iria beijá-la em meus sonhos novamente - ou talvez na vida real...
Mas há sempre alguém para atrapalhar nossas divagações.
"Pontas!" - a voz de Rabicho me acordou e soltei um muxoxo de descontentamento, que veio acompanhado de um palavrão ininteligível que eu soltei debaixo d'água. - Sirius está perguntando se você já morreu!
"Diga a ele que pode organizar o meu enterro!" - resmunguei, irritado, finalmente saindo da banheira.
Dez minutos depois finalmente desci, nas minhas melhores vestes, uma tentativa aberta de estar - e Ser - lindo para Evans. Eram aquelasvestes azuis marinhas, que me davam um brilho especial aos olhos, segundo minha mãe - e uma garota do terceiro ano da Lufa-Lufa. Como Lily estaria depois de ontem?
Mas Lily Evans aparentemente estava como sempre enquanto conversava com Remo, alisava sua gata, Marie, e simultaneamente abria seu presentes com um simples toque de varinha. Então ela levantou os olhos. E devo corrigir meus pensamentos: ela estava diferente. Não sei se era porque seus cabelos estavam em longas tranças e ela usava uma leve maquiagem pela primeira vez na vida ou ainda se era pelo sorriso perfeito e o brilho doce nos olhos ou se era porque ela parecia feliz em me ver - e não se preocupava em esconder isso.
Aluado também ergueu os olhos, seguindo o olhar de Lily e não pareceu nem um pouco assustado ao vê-la me olhando, ao contrário de Pedro, que decididamente arregalou os olhos e riu loucamente. Sirius, entretanto, interessado em procurar mais alguns presentes sob a árvore, apenas me olhou, sem reparar na Evans - fato, que, aliás, me agradou.
"Vai a alguma festa, Pontas?" - ele perguntou, revirando os olhos.
"Não enche" - resmunguei, baixinho, desviando meu olhar de Lily por um momento. Passando por ela, me ajoelhei perto da árvore. - Safra boa esse ano? - mudei de assunto, meus pensamentos longes dos presentes.
"Seus pais me mandaram uma caixa de bombons caseiros lindos e obrigado pelo Kit anti Magia Negra. Mal posso esperar para encontrar o Ranhoso" - e, por mais que eu pensasse em Lily, não pude deixar de rir junto com Sirius e Rabicho. Remo resmungou qualquer coisa. - Agora, lá de casa - se é que se chama aquilo de "casa" - nem um bilhete - ele deu de ombros, sem tristeza -. Não que eu esperasse. Não sou muito o que se chama de "filho exemplar", não?
Fiz que sim com a cabeça, abrindo um presente dos meus pais. Era um relógio de prata legal e, quando terminei de colocá-lo no pulso e levantei os olhos, encontrei o olhar dela.
"Feliz Natal, Potter "- ouvi ela dizer simplesmente e nem mesmo Sirius pôde não reparar nisso. Ele encarou Lily como se nunca a tivesse visto antes.
"Está bem, Evans?"
Lily soltou uma sonora risada.
"Nunca estive melhor, Black. Nunca."
"Mas... Mesmo assim, você deve ter bebido algo ontem à noite porque não está em seu juízo normal..."
Ela o encarou com um brilho anormal nos olhos.
"É, Black, é o efeito de ontem à noite. Feliz Natal para você também."
E, sorrindo - daquele seu jeito único e angelical -, ela se levantou e passou pelo retrato. Desviei o olhar e me deparei com Aluado, fazendo um gesto afirmativo com a cabeça para mim. Ele sorria.
O dia estava apenas começando.
Eu tinha a certeza absoluta de que o que acontecera entre nós na noite passada era uma daquelas coisas que "afetam nossa vida inteira" - Ou talvez era apenas o começo dessa coisa. Seja como for, eu ainda não podia negar que me sentia ligeiramente receoso em ela não aparecer. Minhas esperanças estavam crescendo novamente e eu não queria vê-las murchar... Assim, não pude deixar de me sentir muito aliviado quando a vi se aproximar da faia onde eu me apoiava. Meus olhos brilharam e Lily sorriu - um tanto nervosa, torcendo as mãos no colo.
"Fiquei espantada com seu bilhete. Ainda não é noite" - ela disse, calma, ajoelhando-se a meu lado.
"O meu presente não pode esperar até de noite" - falei, no mesmo tom, aproximando meu rosto do dela. Lily se esquivou gentilmente e beijei sua bochecha. Resmunguei, irritado, mas um tanto satisfeito ao vê-la corar.
"Vá devagar, Tiago..." - ela pediu, sem me olhar nos olhos. Fiz um leve gesto afirmativo a cabeça.
"Desculpe" - respondi, sincero. Suspirei. - Vamos? - e, quando ela abriu a boca para dizer algo, já respondi: - É surpresa.
Houve um único momento de hesitação.
"Lily..." - disse, ao pé de seu ouvido e observei-a fechar os olhos por alguns segundos. Sorri - e meu sorriso se ampliou ainda mais quando a vi fazer o gesto afirmativo com a cabeça - e, se é que era possível, sorri ainda mais quando ela se aproximou lentamente de mim e beijou de leve os meus lábios.
"Vamos."
E, sorrindo, ela entrelaçou suas mãos nas minhas e nos levantamos. Seguimos serpenteando a trilha do lago até que chegamos a uma parte atrás do castelo, de modo que a sombra deixava a parte mais escura. Aquela era uma área meio sombria do castelo, meio selvagem, e vi Lily mexer incomodada no bolso das vestes, como se apertasse a varinha.
"Está tudo bem?" - perguntei; Lily concordou com a cabeça, mas apertou minhas mãos, firmando o gesto.
"Onde estamos?" - ela perguntou, mordendo os lábios. Dei de ombros.
"Os elfos falaram que é a parte em Ruínas do castelo, mais antiga, é claro, e lá atrás há um cemitério" - falei num tom que eu pensava ser displicente. Ela suspirou. - Mas não vamos por lá, não é muito romântico, não?
"E aqui é?" - perguntou ela, levantando as sobrancelhas. Ri.
"Também não... Mas isso não importa... Pode se sentar e, claro, feche os olhos."
Ela me encarou com receio antes de fazer o que eu dissera. Sorrindo, fiz um gesto amplo com a varinha e um embrulho apareceu na minha mão.
"Quer que eu abra ou você..."
"Pode abrir" - ela interrompeu.
Animado, desfiz o meu caprichado - a modéstia me atacando de novo - embrulho e dei corda. Imediatamente a música começou a tocar e Lily abriu os olhos. Fiquei analisando as transformações de seu rosto. Carinhosamente, Lily encarava a caixa de música, que então projetava a imagem de um homem e uma mulher dançando, em trajes antigos de baile, sob algo que lembrava uma valsa. Mas a caixa soltava diversas músicas e Lily sorria a todas.
"Ah, Tiago" - ela exclamou, finalmente fechando a caixa de música. - Foi lindo!
Meus olhos brilharam.
"Feliz natal, Lily" - e, rindo, retirei mais uma caixinha de veludo do meu bolso.
"Tiago... não precisava!" - ela disse, meio incerta, me olhando com algo inexplicável nos olhos. - É lindo! - exclamou, olhando para o conjunto de jóias.
"Esmeraldas ficam perfeitas em você" - falei, satisfeito. - Quer que eu coloque?
Lily fez que sim com a cabeça e peguei a corrente de suas mãos para dar a volta em torno dela e me ajoelhei de novo, prendendo a corrente em torno de seu pescoço.
"Ficou lindo" - disse, sorrindo, quando ela se virou e vi como ficara. Ela sorriu e nossos olhares se encontraram longamente. Ela levantou sua mão para acariciar meu rosto.
"É estranho..."
"O quê?"
"Está acontecendo tudo muito rápido... Entende?"
Coloquei minha mão sobre seus lábios para impedí-la de falar.
"Shhhhhhh..."
Ela fechou os olhos, como se esperasse o que eu faria a seguir. Também fechando os meus, aproximei-me dela, já sentindo o calor que emanava sua face e grudei meus lábios aos dela.
Agora, beijar Lily Evans era algo extremamente surreal, porque ela sempre fizera parte de outro universo. E cada beijo unia os nossos universos de tal forma, com tão intensidade, mesmo que fosse breve... - o que certamente aquele não era. Uma parte do meu cérebro dizia que eu devia aprender a me controlar mais ou seria tarde demais, mas a parte menos racional me levava a não pensar em nada mais que aqueles lábios doces e sua pele delicada.
Finalmente, ela me parou. Ou parou a ambos. A essa altura, eu já nos definia por nós.
Sem me olhar, Lily Evans tornou a abrir a caixa de música, se levantou e deu alguns passos antes de eu acordar. Estupefato era pouco para definir como eu estava. Como num minutos podíamos nos beijar daquela forma e no outro ela me ignorava absurdamente. Mulheres!
"Lily!" - ela, que já dera alguns passos, parou, a cabeça abaixada. Quieta. - Onde... Por quê...
Ela fez um aceno negativo com a cabeça. Lentamente se virou, seu longo cabelo brilhando alaranjado pela luz do sol. Ela tinha o sorriso mais feliz que eu já vira - e um dos poucos que alcançava de verdade seus olhos.
"Depois."
E, sorrindo de meu espanto, ela voltava a caminha, mas...
"Não se vá agora, Evans" - falou aquela voz debochada do Ranhoso. Maldito Severo Snape. - No melhor da festa!
"Cai fora, Snape" - resmunguei, já de pé, a varinha na mão. Lily soltou um alto muxoxo.
"Você não vai enfeitiçá-lo, Potter" - ela falou e mais uma vez me senti espantado.
"Eu não acredito! Você vai defendê-lo mais uma vez?"
"O casal mais famoso de Hogwarts brigando novamente? Que feio! Até poucos segundos atrás estavam se..."
"Silencio!" - gritei, sem dó, e no mesmo instante Lily sacou a varinha.
"Tiago..." - a ouvi pedir numa voz baixa e lenta.
"Lily- retruquei, no mesmo tom, fazendo-a piscar os olhos.
"Finite" - falou, calma, apontando para Snape. - Vá embora! - acrescentou, a varinha ainda apontada para ele. Mas, claro, Ranhoso, em geral, não obedecia a uma ordem dela.
"E se eu não quiser?" - perguntou, com desdém, seus cabelos sebosos ondeando na frente de sua face. Em resposta, um jato de luz saiu da varinha da minha adorável ruiva. Mas passou há pelo menos meio metro de distância do Seboso ali.
"O primeiro - falou, num tom claro e superior - é somente um aviso.
Ele apenas moveu os ombros, como se não importasse, mas sua mão claramente segurou a varinha nos bolsos da veste. Com sigilo, deixei a minha apontada para ele, meus olhos atentos ao mínimo movimento. Outro jato saiu da varinha dela, agora passando raspando por Snape.
"O Segundo é o perigo" - comentou num tom levemente displicente. - O terceiro é Extinção.
"Estou morrendo de medo" - ele debochou, mas assim mesmo deu alguns passos para trás. - Agora, para que atrapalhar o casal, não?
"Exatamente" - falei, entredentes. - Vá logo!
Rindo alto, Ranhoso se afastou. Claro, ficamos só eu e Lily. Ela não me olhou.
"Ah, Potter, te espero..."- ela olhou para o próprio relógio no pulso. -... às oito horas, no Salão Comunal.
"Para quê?" - perguntei, em voz alta, vendo-a se afastar.
"Você verá..."
Eu simplesmente não fazia idéia do que esperar, quando me sentei curioso numa poltrona às Dezenove e Cinqüenta, os outros Marotos sumidos. Mas eu estava egoísta demais, imerso em minha própria felicidade para notar a falta deles. Ah, não. Minha mente estava presa incondicionalmente naquela ruivinha linda, que eu beijara ontem e hoje, e que pretendia - por mais romântico que isso soe - passar o restante da minha vida. Fechei os olhos, sem querer imaginando como seria passar uma eternidade a seu lado, só nós dois...
"Você vai sair assim?" - aquela voz doce (não tão doce no momento) chegou a minha mente, mas demorei a distingüí-la dos meus sonhos.
"Hein?" - abri os olhos e decididamente achei que estava sonhando. Se eu dissesse "esplêndida", seria pouco para descrevê-la. - Aonde nós vamos? - perguntei, engasgado, fitando-a de cima a baixo. Lily trajava um longo vestido turquesa, daqueles que acabam mostrando de um modo decente todas as feições desenvolvidas de uma mulher, seus cabelos ondeando no ombro, os olhos verdes brilhando e a maquiagem mais acentuada que nunca, dando-lhe uma graça até então nunca vista.
"Com você assim a lugar nenhum" - ela retorquiu, num tom de desaprovação. - Não passei cinco horas arrumando tudo para você ir vestido como um mendigo.
"Arrumando o quê? E..." - olhei para minhas vestes. Elas Não estavam num estado muito aparentável, mas certamente eu não parecia um mendigo! - ... o que há com as minhas vestes?
Ela meneou a cabeça, parecendo fazer força pra não rir.
"Você tem somente sete minutos para trocar de roupa. Algo formal ficaria legal" - acrescentou, levemente pensativa. - Agora, sabe onde fica a Sala Precisa?
Ergui a sobrancelhas.
"Claro."
"Ótimo. Sete minutos é o que você tem, Potter. Sete. Aliás, já jantou?"
"Não."
"Perfeito" - ela sorriu. - E não se preocupe com os seus amigos, Remo me garantiu que eles não vão - ela hesitou, como que procurando as palavras. - nos atrapalhar.
Sorri, daquele jeito que a irritava, marotamente.
"Quais são seus planos, Evans?"
"Os melhores possíveis..."
Amo quando ela fica enigmática.
Não há dúvidas que eu estava ridículo. Aquelas vestes eram longas e arrastavam pelo chão e, para piorar, eram cor de tijolo, ou talvez de barro e dei graças a Deus por não ter encontrado Snape. Aliás, me arrependi também de ter deixado o Mapa do Maroto - aquela benção! - no dormitório. Meu medo de encontrar alguém conhecido só perdia para minha curiosidade que crescia a cada passo em direção a Sala Precisa. Por alguns segundos especulei como Lily conhecia aquela sala.
Tentando parecer normal - e não um extraterrestre - terminei de ajeitar minhas vestes e com uma posição e cara normais, bati na porta. Meus olhos brilharam quando Lily abriu a porta, deslumbrante, e olhando para mim com as sobrancelhas erguidas.
"Ah... É, vestes de bruxo, eu esqueci..." - ela murmurou para si mesma, e tenho a impressão de que poderia ter ficado assim por várias horas se eu não tivesse pigarreado.
"Hum, Lily... Será que eu posso entrar? Não quero que ninguém me veja assim..."
"Claro" - e deu espaço para eu entrar. Não contive uma exclamação. Agora eu sabia o que se passava pela sua cabeça.
"Uma jantar romântico?" - falei, com aprovação, olhando para as velas sobre a mesa, já com uma deliciosa ceia pronta, para o sofá de veludo (tentando conter certos pensamentos) e para a decoração medieval.
"Gostou?" - ela perguntou, sorrindo e, como resposta, dei-lhe um beijo único e simples.- Eu decidi fazer uma loucura, ao menos uma vez na vida - explicou, num tom conformado. Apenas sorri.Aquele me pareceu o melhor jantar da minha vida até então.
Acabou que o sofá de veludo teve uma participação bem decente afinal. Me sentei nele e Lily deitou sua cabeça em meu colo, os olhos fechados como se dormisse.
"Eu tenho medo" - ela admitiu, depois de algum tempo, a voz hesitante, como se não quisesse admitir aquilo nem para si mesma. - Muito rápido, Tiago, muito rápido.
"Como assim?" - perguntei, confuso, quando ela se sentou a meu lado.
"Em três dias eu me torno sua amiga, te beijo no rosto, nos beijamos, temos um jantar sério e estamos aqui. E eu não implico mais com você" - acrescentou como se isso pesasse mais que tudo.
"Por mais que você não acredita, Lílian Evans, eu te..." - mas ela colocou dois dedos em minha boca, para me calar.
"Não fale isso agora,eu... Você não entendeu o que eu disse? Eu falei que estava rápido demais. Não quero que você ou qualquer outra pessoa me diga "te amo" assim, tão rápido."
E deu as costas, se levantando. Deixei-a quieta por alguns segundos, tentando entendê-la. Será que ela não podia ver o óbvio? Eu a amava, de verdade, ou não teria agüentado dois anos de tortura. E ela achava que era o quê? Cobiça? Por favor! Eu poderia ter qualquer uma que quisesse e a única razão de eu estar correndo atrás dela, como um cachorro, era que eu a amava!
"Você está errada" - falei, cada palavra doendo em mim. Como ela podia duvidar de mim? - E eu estava muito enganado também.
Ela virou para me olhar. Nitidamente pude ver uma lágrima caindo.
"Desculpe..." - murmurou, olhando ao redor. - Eu fiz tudo isso, mas... Acho que faltou o principal...
Ela foi até mim e me beijou. Permaneci frio e Lily se separou, sem me olhar.
"Eu também gosto de você."
"Mas eu não "gosto", Lily. Eu amo."
Lily não respondeu. Gentilmente entrelaçou suas mãos nas minhas, com um sorriso melancólico.
"Acho que a noite acabou" - declarou, e saímos para o corredor. Lily ainda estava enganada.
Caminhamos em silêncio, sem nos olhar, cada qual imerso em nossos próprios pensamentos, eu sem ter muita idéia do que fazer. Finalmente paramos em frente ao quadro da Mulher Gorda.
"Acabou...?" - ela perguntou, ambos observando o sono da Mulher Gorda.
"Nós? Ainda nem começou, Lily..."
"Não vai dar certo, Tiago. Nunca mesmo."
"Só não vai dar certo se você não quiser" - eu falei sabiamente, e, em contraste, me sentia um tolo. E se ela não quisesse?
"Eu preciso te dizer algo, Tiago, eu..."
"Afinal, vocês podem parar de namorar e me dizer a senha?" - a Mulher Gorda acordara e nos olhava irritada. Lily e eu nos entreolhamos.
"Azevinho dançante" - falei, sem graça. A noite parecia ter acabado.
Entramos pelo quadro e nos encaramos. Ela me deu um beijo leve na face.
"Boa noite" - falou e, quando eu ia abrir a boca e indagar se teríamos outro encontro, descobri que a noite ainda não acabara, e parecia longe disso.
"Já, Evans?" - Sirius, de uma poltrona qualquer nos olhava, meio furioso, meio curioso, seguido por Rabicho (totalmente com curiosidade) e por Lupin, como que pedisse desculpas. E, por um instante, todos os três olharam para a Lily (bem, ela precisava estar mais feia para podermos descrevê-la como 'linda'), então Almofadinhas mexeu a cabeça, acordando. - Sente-se, teremos uma longa noite de conversa... - e, nas mãos, ele segurava o Mapa do Maroto.
Por Merlin!A noite ainda não acabara mesmo.
