Notas

Fic: Último capítulo - isso depende, é claro, do ponto de vista, já que tem mais um epílogo breve, que sai em 21/06, no meu aniversário (). E, sobre uma possível continuação, eu tenho que contar que já tentei duas vezes fazer, sim, uma continuação, mas eu ando com problemas para encaixar uma(s) conversa(s) noturna(s), que seja importante - então, eu estou agora na minha terceira tentativa, mas não dou previsão - exceto de que será um pouco maior que essa -, e afirmo que apenas tenho um titulo. (-.-) E, um P.S: Eu cometi um erro com os números dos capitulos, mas vou colocar o número sucessor ao do último capítulo postado. Desculpem.

Autora: Ah! Último capítulo! O tempo passa rápido, não? XD Eu espero que gostem, e por favor, reviews! - falando de reviews, eu quero mandar um 'thanks' - ou, como falamos aqui "Arigatou" - para uma pessoa que me mandouuma 'resenha' que eu não esperava, de um modo que eu também não esperava. (-.-)


Reviews:

Tássia: Olá! Boa? Bom, eu acho que sou a pessoa na terra que menos acha tanto isso. Mas eu fico grata por você está gostando. E, sobre uma continuação, eu estou tentando, sério. E espero que você continue gostando Beijos!

Mary Halliwell: O.o Oi! Ainda estou viva? Espero que não tenha ficado muito brava com a demora ¬¬' E fiquei feliz por você a ter 'descoberto' e comentado, muito obrigada E, sobre talento... Não, não, acho que não ¬¬ Bom, até a próxima. Bjos!

Ayame Chan: XD OI! Perfeita? Isso me deixa profundamente envergonhada - eu não apostava tanto na fic... E a próxima atualização ser em uma semana está bom? Ah, eu estou pensando nos leitores, rs. Até Beijos!

AnnaMel: Olá! Muito obrigada! Pelo comentário e pelo elogio, claro. o.O Caracterização? Bom, é o que você diz - mas eu não vou esconder que fiquei feliz, XD Beijos!

Dani Potter: Olá! Fofa?Ah, eu vouagradecer muito, mas você tem mais fé nela do que eu, rs. Ah, sobre a Lily... Eu queria aver fazeruma loucura, embora ela seja politicamente certa. E eu vou repetir também: "Obrigaaaaada!"XD Bjos!

Mayara:Oi! Ah, que bom que você gostou! Ok, dessa parte eu gosto, já que ela deixa de ser um pouquinho cabeça-dura E fico feliz q você também tenha gostado. Beijos para você também

Drika:Oi! Lily no dormitório daria uma história e tanto - espero q vc fique satisfeita com o que acontceu lá. Hum, posso te adicionar no msn? Seria legal, embora o fuso-horário não ajude. E obrigada de verdade! Beijos!

Lily Evans Lied: Oi! Demais? Você acha a fic demais? lol Eu te agradeço, então. E espero que você goste do que aconteceu lá. Aliás, espero q vc goste do capítulo inteiro Bjos!

Lele: Oi! Ah, obrigada pela review! E, realmente, a Lily é um tanto dificil as vezes, rs. Mas ela admite sim que gosta dele, apesar dos apesares. E conversas entre eles são sempre longas, XD Beijos!


Capítulo 8 - Bons Sonhos

Tiago Potter

- Nós somos mesmo rápidos. Em 24 horas namoramos, brigamos e nos beijamos de novo.

E essa frase resumia tudo. Simples e comum, isso explicava como fora meu dia anterior. Um pouco confuso, verdade, mas sem igual - naquelas longas 24 horas eu a beijara, eu me declarara, eu a perdera, eu a odiara e tornara a amá-la - como se um dia pudesse não ter a amado. Mas, pela primeira vez em anos, considerei a hipótese de me cansar e desistir - e, sendo sincero, cheguei muito perto disso. Fora uma grande decepção, que ferira sem palavras o meu coração. "Acabou" - Lily dissera e não pude - não quis - acreditar. O que acontecia?

Mas eu devia ter me lembrado - as coisas nunca eram simples com Lily Evans. Meu coração disparava perto dela mas meus olhos eram frios naquela manhã após essa aparente discussão. Eu queria que ela sofresse tanto quanto eu sofrera. Eu queria que ela passasse a noite inteira quieta, olhando o fogo, assim como eu fiz, com a sensação que perdera a coisa mais importante da sua vida. E, mais que tudo, eu queria que ela corresse para mim. Sem dúvida, foi o que Lily fez - depois de abraçar Sirius. Não doeu tanto quanto seria se ela abraçasse, por exemplo, o Seboso, mas doeu por ser meu amigo. Ou ex-amigo. Não que eu levasse isso a sério: já brigara tantas vezes com Sirius que não fazia muita diferença. No final, sempre estaríamos ali, um para o outro; mas eu me importava com essa súbita relação Sirius/Lílian. Me sentei na escada, estupefato, observando-os... Ele sorria...

"Obrigada, Sirius - Almofadinhas..."

E o Snape chegou - Lily defendeu Sirius...

- Porque se você entrar, eu fico aqui fora e se você ficar aqui, eu entro - a expressão dela foi dor quando eu falei isso; Entretanto, Lily não falou nada e entrou na Sala Comunal, sem ver minha expressão de remorso. Mordi os lábios... Não iria dar o braço a torcer, jamais...

Aquela risada latina ecoou.

- Você é o maior idiota da face da Terra - Sirius disse, meneando a cabeça em desaprovação. - Vai acabar perdendo uma das poucas pessoas que realmente gosta de você.

- Ela tem uma maneira muito interessante de mostrar isso, não é? Te abraçando...

- Ciúmes, Tiago? Muito feio isso... - me virei, irritado. Com força lhe dei um soco na boca e, satisfeito, vi o sangue escorrer. - Não vai conseguir esquecê-la fazendo isso..

- E quem é você para dizer qualquer coisa? Como se entendesse muito de 'amor'.

- Ao menos eu não machuco quem eu gosto! Nem quem gosta de mim! - em resposta, lhe dei outro soco, dessa vez no olho. Sirius não ficou atrás, me devolveu com um no nariz. Ficamos nos encarando por um segundo, então caímos na risada.

- Eu gostaria de poder brigar com você - resmunguei, tentando parar o sangue que escorria. Sirius fez um gesto de "não se importe".

- Vamos, eu te levo a Ala Hospitalar.

E Lily estava lá quando eu voltei da Enfermaria. "Desculpa". Tudo que eu precisava ouvir dela... E ela confessou que gostava de mim. Aliás, como demonstrou...

"Isso é um beijo apropriado" - e colocou suas mãos em torno do meu pescoço, massageando-o. Fechei os olhos conforme sentia sua aproximação... Quando eu iria reclamar da demora (o que ela fazia para não me beijar logo?), senti o toque gracioso de seus lábios quentes... Aquilo poderia ser uma poção restauradora, aquilo poderia fazer qualquer um ir as estrelas... Não sei se o beijo dela era diferente por eu gostar dela ou se era por ser ela. Lily Evans... - O que achou?

- Foi maravilhosamente adequado ao momento...

Naquela semana eu poderia contar, infelizmente, nos dedos quantas vezes nos beijáramos. E poderia descrever a todos. Beijá-la era a melhor coisa do mundo, por mais que eu negasse; era perfeito o modo como nossos lábios se encaixavam, um feito para o outro...

Fechei os olhos, me revirando na cama, tentando dormir, mas as lembranças invadiam minha mente sem descanso - como se eu quisesse dormir! Poderia ter ficado ali, deitado, para sempre, apenas nos imaginando - e sabendo que quando o dia amanhecesse tudo que eu pensara poderia ser feito...

"Bons Sonhos" - ela desejou, os olhos brilhando.

"Sonhe com os anjos... E depois me diga como fico de asas" - repliquei, sorrindo. Lily fez um gesto.

"Convencido..."

"Agora, me deve um beijo de boa-noite, não acha?"

Ela ergueu as sobrancelhas... Me beijou no rosto...

Um súbito barulho - a porta estava se abrindo - desviou meus pensamentos e 'acordei' de um modo muito chocante. Praguejando baixinho me sentei na cama, me perguntando quem poderia estar abrindo a porta e, então, levei um choque verdadeiro quando vi cabelos ruivos aparecendo na porta. Arregalei os olhos.

"Lily?" - murmurei, ao vê-la se aproximar. Ela se ajoelhou ao meu lado, colocando dois dedos em meus lábios para me impedir de falar. Lá fora, o vento açoitava as janelas. - O que...

"Está muito vazio lá... E eu não gosto de trovões" - concluiu, sentando-se agora na cama e me empurrando para o lado.

"Quer ficar aqui comigo?" - perguntei, baixinho para não acordar ninguém. Um rubor pálido cobriu o rosto dela.

"Se você não se importar..."

E deitou-se a meu lado, fitando-me nos olhos. Eu algum dia já mencionei que Lily tem olhos de esmeralda? E já falei que ela éa mulher mais linda da terra? Eu já disse que ficar perto dela pode ser perigoso?

Eu sou um maldito canalha, é sério.

Boa noite - ela murmurou, fechando os olhos, se acomodando em meus braços.

"Você realmente acha que vai dormir?"

Lily levantou os olhos com uma expressão ameaçadora.

"É o que eu pretendo, Potter."

Sorri marotamente.

"Então não deveria ter vindo aqui" - rebati, calmo.

"Acho que há muito espaço na cama de mais alguém" - Lily concluiu, cerrando os olhos. Bufei, irritado. - "Olhe, Tiago, se eu te incomodo, eu vou para outra cama, sem problemas..."

Meneei a cabeça. Era claro que eu queria ficar com ela, mas a palavra certa que eu usaria para isso certamente não era 'comportado'. Sentei na cama e, pegando a varinha da cabeceira da cama, fechei as cortinas com mágica. Lily abriu um olho, claramente com sono.

"O que você está fazendo?"

"Não vai querer que te vejam, vai? O que vão dizer da 'Senhorita Monitora Perfeitinha'?"

"Depois que eu sair com você, vão dizer coisas bem piores."

Erguei as sobrancelhas.

"Então vai sair comigo?"

Ela riu. Coloquei alguns travesseiros para ficar mais sentado do que deitado e Lily apoiou sua cabeça no meu peito, agora com uma expressão pensativa.

"Não."

"Não?" - e meu queixo caiu.

"Você vai sair comigo. Não 'eu' vou sair com você."

Franzi a testa.

"Por que toda essa radicalização?"

"Para você se acostumar. Até eu enjoar de você será Lily e Tiago. E não Tiago e Lily" - ela concluiu sensatamente, passando a mão pelo meu tórax, virando-se, e novamente cerrando os olhos, tentando, enfim, dormir.

Resmunguei qualquer coisa e, também fechando os olhos, deixei que uma mão distraidamente acariciasse a nuca dela. Senti sua pele se arrepiar e Lily apertou a minha outra mão.

"Boa noite, Tiago" - ela falou, clara.

"Quer que eu pare"? - perguntei, sorrindo. Lily somente resmungou qualquer coisa, que eu entendi como 'sim'. - Por quê? - e fiz meu sorriso mais angelical.

"Porque eu pretendo dormir."

Ri baixinho.

"Bons sonhos, Lily, bons sonhos."


A idéia, claro, era dormir. E fiz isso por alguns minutos, que me pareceram horas, mas que na verdade, não chegavam sequer a mil segundos. Eu encarava aquilo como uma preparação, concluí seriamente, acariciando seus cabelos ruivos e vendo ela dormir - estava me preparando para quando nos casarmos - e, um instante depois disso, me senti horrorizado com minha própria idéia. Entretanto, me imaginar no "Feliz para sempre" com Lily Evans me agradava... E, pensei, para que se casar? Poderia ser nós dois somente... "Não se esqueça dos filhos", aquela Voz Interna me lembrou e abaixei os olhos. Lily dormia tão calma, os cabelos ruivos na frente dos olhos fechados... Olhos verdes... Nossos filhos teriam os olhos dela. Se fosse menino teria com certeza o meu cabelo, negro e rebelde; menina teria os cabelos dela, entretanto seriam pretos... ou talvez meus olhos e seria ruiva. E minha mente já vagava, pensando em meus netos... Era certo que todos os Potter's gostavam de cabelos vermelhos, pensei, um tanto em delírio; era coincidência, afinal, meu pai, meu avô e meu bisavô - sem incluir eu próprio, num futuro não muito distante - terem se casado com bruxas absolutamente ruivas...

Lily se remexeu, um tanto inquieta, e segurei sua mão - desnecessário dizer que ela se acalmou na hora. Pousando minha mão em sua face, fechei meus olhos pela enésima vez... e tentei dormir.


O som de vozes enchia o quarto e levei alguns segundos para me lembrar - a consciência veio, Lily estava dormindo comigo, na minha cama, nós estávamos na mesma cama... Bocejei e me levantei, acomodando-a, Lily ainda e completamente adormecida. O relógio marcava sete e meia da manhã.

"Já de pé, Pontas?" - Lupin perguntou, espantado, acabando de sair do banheiro, obviamente depois de um banho.

"É... Rabicho e Sirius estão aqui?"

"Claro! Como se eles pudessem acordar antes das dez horas... O que aconteceu?" - eu devia estar realmente com uma cara estranha.

"Eu preciso de um favor seu..."

E, pela cara de Remo, eu imaginei que pedir favores a ele não devia trazer-lhe boas lembranças.


Sirius tinha uma expressão inigualável de malícia.

"A noite deve ter sido boa... - falou, meneando a cabeça para os elfos que seguiam atrás de mim.

"Podemos beliscar, Tiago?" - Pedro perguntou, olhando com água na boca para as travessas que os elfos traziam.

"Claro que não, Pedrinho... Há coisas que você não pode fazer para merecer esse café da manhã... O que aconteceu entre vocês, Tiago?"

"Nada" - falei, sincero.

Almofadinhas não respondeu. Tinha no rosto um sorriso que dizia com todas as letras que não acreditava na minha 'inocência'. Era a fama.

"Deixe ele em paz, Sirius" - Remo se pronunciou, austero. - E você não devia abusar dos elfos, Tiago.

Tive que concordar com ele. Três elfos carregavam pelo menos um quilo de comida cada.

"Os elfos gostam de ajudar" - o menor disse, fazendo um meneio complicado.

Elfos estão aqui para ajudar - outro falou, fazendo Remo soltar um longo suspiro.

Dei de ombros - a questão dos elfos não era algo que me interessava; se eles queriam ajudar, qual o problema? - e subi as escadas, fazendo um sinal para os elfos me acompanharem. Fiz eles pararem a porta do meu dormitório, pensativo.

"Esperem o meu sinal, ok? Quero fazer uma surpresa..."

Muitas palavras poderiam ser usadas para descrever seu estado de sono, sem dúvida. Certamente que Lily era mais bela q ue a própria Bela Adormecida e a Branca de Neve perderia seu príncipe encantado pela minha doce ruiva. Hum... eu disse 'minha' - isso sem dúvida é um grande progresso.

Toquei sua face pálida e ela sorriu, ainda dormindo. Deixei minha mão percorrer, por alguns segundos, sua pele, sentindo sua textura, mais uma vez confirmando o quanto ela era macia. Então aproximei minha face da dela e a beijei delicadamente nos lábios. Me afastei a tempo de vê-la abrir os olhos, parecendo confusa.

"Oi..." - e bocejou. - Que horas são?

"Oito horas, Bela Adormecida."

"Eu acho que perdi o horário... Já parou de chover?"

"Já. Agora esfriou e está nevando. Quer alguma coisa?"

"Eu queria... hum, posso ir ao banheiro?" - Lily piscou os olhos, já me encarando.

"Claro. Só não repare na bagunça..." - mas ela já se levantara e caminhava até lá. Suspirei e estalei os dedos; no mesmo instante os elfos invadiam o quarto, o cheiro da comida chegou as minhas narinas e suspirei. - Obrigado - falei, quando eles fizeram nova curvatura e sumiram. - Vai demorar muito, Lily?

"Não..." - e um minuto depois ela saiu, com um sorriso fraco. - Ah, Tiago... - e olhou para a bandeja já a postos na cama. - Você me surpreende sempre - ela confessou, bebendo o suco de abóbora. Peguei um pedaço de pão.

"Eu tenho essa mesma impressão com você..."

"O que seus amigos falaram?" - Lily perguntou, não muito preocupada. - Quero dizer, sobre eu...

Fiz um gesto negativo.

"Remo entendeu, claro, e Rabicho, quero dizer, Pedro está com sono demais para entender... Agora, Sirius... Bom, ele imaginou mil coisas, obviamente, bem como Sirius é" - Lily riu. - Mas eles parecem já estar acostumados com a novidade...

"Que novidade?"

"Nós estamos namorando" - anunciei, pomposo. Ela franziu a testa.

"Pelo visto, você esqueceu de me avisar então."

"Ah, claro, cabeça minha!" - e bati na minha testa. - Lily Evans, você aceita ser minha namorada?

Ela pareceu levemente pensativa. Colocou sua mão nos pescoço e mostrou a corrente de esmeraldas.

"Vou pensar no seu caso" - e estava decidida a não dar uma resposta direta

"Lily..." - chamei, aproximando-me mais dela.

"Eu já disse que não sei..."

"Não é isso!"

"Então o que é?"

"Já disse que você é linda?" - falei, sedutor, e ela apenas revirou os olhos.

"Acabou de dizer... O que quer com isso?"

"Não sei..."

Ela riu.

"Estava ótimo, Tiago, mas eu preciso ir" - se levantou, juntando a ação a palavra. A segui.

"Meu beijo!" - cobrei, como se estivesse chateado. Tal qual na noite anterior, ela me beijou na face; mas diferente daquela vez, não a puxei de volta. Estranhamente, Lily também me beijou nos lábios depois.

"Estou levemente inclinada a aceitar seu pedido" - falou, sorrindo. - Mas isso ainda não é "sim".

E se afastou. Dois minutos depois houve novos passos na escada e os outros marotos apareceram, meio sérios.

"Evans foi para seu dormitório" - Rabicho informou, já de olho nos restos do meu banquete para Lily.

"Pode atacar" - falei, sem ânimo, me afundando numa outra cama qualquer (no caso, a do Frank Longbottom, que estava em casa provavelmente). - O que foi? - Aluado, muito pálido, me olhava meio preocupado.

"Você vai se encontrar com a Lily hoje à noite?" - perguntou.

"Não sei, não falei com ela sobre isso... Por quê?"

"É que..."

"Pare de enrolar, Lupin" - Sirius o cortou. - Hoje é a primeira noite de lua cheia, Pontas, e nós queremos saber se você vai ficar com a gente.

"Claro!" - falei, um segundo antes de entender porque a preocupação deles. - Ah...

"Você não precisa ir, Tiago" - Aluado falou numa voz surpreendentemente gentil. - Realmente, nenhum de vocês deveria ir...

"Não vamos te deixar sozinho, Aluado!" - Sirius disse como se isso fosse óbvio.

"Só você não é suficiente para cuidar dele, Sirius' - retruquei, mordendo os lábios. - Eu vou com vocês. Como sempre, Almofadinhas.

"Mas meu querido Almofadinhas fez um gesto de descrença."

"E como vai falar para sua Ruivinha?"

"Boa pergunta, Sirius. Não sei. E ficaria contente se você me dissesse um."


Era um livro trouxa, de um cara chamado 'Shakespeare'. Franzi a testa, crente que já lera algo sobre ele em algum lugar, quando ela tossiu.

Vai falar logo o que quer, Potter, ou eu terei que adivinhar? - Lily Evans não era muito gentil às vezes. E, quando estava decidida a ler algo, não era uma companhia muito simpática, o que descobri observando-a com Alice Harker.

O que você está lendo? - perguntei, imaginando como dizer a ela que mesmo com tudo de bom acontecendo entre nós eu não a encontraria naquela noite.

"Romeu e Julieta, William Shakespeare, Literatura Trouxa, Século XVI. Afinal, o que quer?"

"Eu... Ah, não sei como dizer..." - ela pousou o livro a seu lado e me fitou nos olhos.

"Tente dizer com a boca, de preferência" - falou, num humor negro. A leitura devia estar boa. Ou talvez o humor dela fosse algo inconstante – eu arriscaria a dizer que, antigamente, a minha presença mudava seu humor.

"É sobre hoje à noite..."

"O que tem hoje à noite? Não há segredo, mas.."

"Não, Lily... A questão é que não tem hoje à noite."

O sorriso fraco dela sumiu, dando espaço a um olhar espantado - que ela procurou esconder.

"Por que não?"

Essa era a parte difícil.

"Não posso te dizer..."

O olhar não mudou. Ela ainda esperava que eu dissesse algo.

"Ah, Lily... Não dá..."

Desviando seu olhar, ela tornou a pegar o livro.

Tudo bem - falou, naquele tom que dizia "não, não está bem".

"Lily..."

"Olha, Tiago, você não me deve nada e eu não te devo nada, ok?"

"Não, é óbvio que não está 'ok' com você."

"Você quer que eu diga o quê? Que estou feliz por você não me contar o que vai fazer hoje? Que vou soltar fogos porque o meu namorado simplesmente diz "não posso te dizer", como se não me importasse?" - e não desviou o olhar do livro.

"Seu namorado?" - falei, sorrindo, e Lily piscou os olhos.

"Eu tenho a impressão de que esqueci de te avisar" - virou uma página, aparentemente absorta na leitura.

"Então você aceitou...?"

"É mais ou menos por aí" - seus olhos corriam pelo livro.

"Será que você pode olhar para mim?" - perguntei, aquele descaso dela me irritando.

"Será que você pode me contar alguma coisa?"

"Não."

"Idem, para você."

Bufei alto e cruzei os braços.

"Vou sair com os Marotos..." - murmurei.

Correção: Vai aprontar pelo castelo à noite.

É mais ou menos por aí - respondi, e Lily, por um único segundo, parou de olhar para o livro.

"Você não presta, Potter" - falou ela, com desaprovação. - Fala à Monitora-Chefe que vai sair fora do tempo permitido.

"Correção: Falo com a Monitora-Chefe que vinha todas as noites conversar comigo, fora do 'tempo permitido'."

Ela deu de ombros, lendo, lendo e lendo, mas pude ver uma sombra de um sorriso.

"Odeio quando você tem razão, Potter."

"Você devia me odiar, já que sempre tenho razão" – falei, maroto. Lily meneou a cabeça, reprovadora. - Eu odeio quando você briga comigo...

"Então você odeia toda sua vida" - ela falou, sensatamente, sorrindo.

"Com exceção de algumas noites aí..." - retruquei, num tom provocante. Lily ficou subitamente séria.

"Pena que essa noite não será exceção."

"Não seja tão mimada, Lily" - disse, desanimado.

"Não estou sendo" - ela replicou, ofendida. - Só acho que podia confiar um pouco mais em mim!

"Confio em você; mas como você mesmo me lembrou, eu tenho outros três amigos..."

Finalmente, Lily, com um grande suspiro, desviou o olhar do livro, pelo qual estivera fixada nos últimos quinze segundos, como se fosse muito importante o que lia. Os olhos verdes dela estavam marejados de lágrimas; senti-me totalmente culpado.

"Ah, Lily, desculpe, eu acho que fui muito duro... Não precisa chorar pelo que eu disse!"

"Não seja tolo" - e fez um gesto negativo com as mãos, antes de limpar seus olhos. - Estou triste porque eles acabaram de morrer.

Incrível. Olhei-a como se ela não existisse.

"Eu não acredito... Tem a ver com Remo, se faz tanta questão."

Ela me olhou seriamente.

"O segredo dele?" - perguntou, numa voz baixa.

"Mais ou menos..." - e me calei, sentindo que já falara demais. Ela se levantou.

"Vou guardar o livro" - disse em resposta a meu olhar indagador, e subiu para seu dormitório. Suspirei e segui para o meu próprio. Mulheres!

Aluado encarava a janela lá fora, triste e absorto em pensamentos - como ficava sempre em dia de Lua Cheia; Sirius praticava um feitiço de Desaparição, fazendo sumir pergaminhos velhos e Rabicho não fazia nada mais interessante que ver Cartões de Sapos de Chocolate. Os dois últimos olharam para mim quando abri a porta.

"Então?" - Rabicho perguntou, curioso, com aquela voz esganiçada que lembrava o som de um rato.

"Ela não ficou muito feliz... Mas acho que entendeu. Afinal" - e aumentei minha voz, claramente para que Remo ouvisse -, ela faria qualquer coisa que seja para o bem do querido Aluado... Coisa de monitores, suponho.

"Ciúmes, Tiago?" - Remo perguntou, desinteressado. - Fique com ela, já disse.

"É claro que não vou fazer isso!" - exclamei, aborrecido.

"Então vai perder a garota?" - Sirius perguntou, neutro.

Não respondi diretamente a ele. Aluado se levantou.

"Aonde você vai?" - perguntou Sirius, alarmado.

"Vou falar com a Lily."

"Mas ela está no dormitório, não podemos entrar lá."

Um sorriso tímido - e um tanto maroto - escapou dos lábios de Lupin.

"Ser o monitor-chefe tem suas vantagens..." - falou, apontando para sua insígnia. Sirius se rebelou na hora.

"Eu quero ser monitor!" - disse,aborrecido. O amigo riu.

"Então aprontasse menos..."

"Espere aí! Como sabe disso?"- perguntei, as sobrancelhas erguidas. Ele corou.

"Já fui lá outras vezes..."

"Espero que não para conversar com Lily!" - falei, e Sirius meneou a cabeça.

"Hogwarts não tem só essa garota, meu caro Pontas" - cantarolou; Remo meneou a cabeça, ainda vermelho, e saiu. Olhei-o partir, o Monstrinho do ciúmes atacando de novo. Foi só quando Sirius me jogou um travesseiro que voltei a realidade.


Encarei o céu, pensativo. Pôr do Sol. Manchas vermelhas, cor de sangue, no horizonte, se mesclavam ao amarelo e ia até o azul escuro no leste. Uma imagem um tanto linda. Nuvens cinzas e fofas, indicando neve - aquela que já se amontoava a metros no chão. E nos terrenos da escola, Hagrid, o guarda-caça, caminhava, solitário, em direção a sua cabana. Sorri para mim mesmo. A aventura voltava aos Marotos. Iríamos passear mais uma vez por Hogwarts, desafiando tudo, uma brincadeira corajosa de quatro amigos... Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas.

Houve uma batida na porta e suspirei. Quando me virei, Rabicho entrava.

"Aluado já foi, Madame Silvester o levou. Sirius está chamando..." - e, sem dúvida, minha cara meio fora do ar, deve tê-lo assustado, porque ele procurou escapar rapidamente. Soltei outro longo suspiro. Lily não olhara para mim durante o almoço; ficara quieta, numa ponta da mesa, absorta em conversa com Lupin. Ela não parecia muito feliz e sei que sequer tocou na comida, porquei fiquei observando-a, até que Sirius se cansou de tentar falar comigo e tentei esquecer dela por um segundo.

Como se pudesse.

Respirei fundo e abri meu malão, para retirar minha capa de invisibilidade e o Mapa do maroto. Sorri; meu filho - nosso, meu e da Lily - herdaria esses maravilhosos utensílios. e aprontaria tanto - ou mais - quanto eu aprontava. E, claro, no final sempre escaparia... essa era uma habilidade dos Potter...

Caminhei, um tanto sem rumo, e cheguei a Sala Comunal. Lily estava lá, com Sirius e Rabicho. Os dois marotos trocaram um breve olhar.

"Vamos te esperar lá fora" - Sirius determinou, e ele e Rabicho saíram.

Eu e Lily. Nos olhamos - aquela adorável batalha de castanho versus esmeralda.

"Desculpe" - ela falou, para logo acrescentar: - Eu digo por ter dado mais atenção ao livro do que a você...

"Me desculpe também... Por não poder te explicar tudo que eu queria."

Lily fez um gesto afirmativo com a cabeça. Estávamos a pelo menos um metro de distância e ela parecia ter notado isso; se aproximou de mim, inocentemente.

"O que Remo te falou?"

Ela sorriu.

"Amo quando você fica com ciúmes."

"Eu não estou com ciúmes" - retruquei, aquilo claramente soando como uma mentira.

"Então não vai querer saber o que ficamos fazendo?" - Lily perguntou maliciosamente, seu rosto a dez centímetros do meu próprio.

"O que vocês ficaram fazendo?" - perguntei, resignado. Ela riu, e eu só conseguia fitar sua face. Ela era absolutamente linda... Cada trecho de sua pele era perfeito...

"Conversando, claro. Nada mais que isso..."- e se calou, me olhando como se esperasse algo. - Seus amigos estão te esperando - falou, após alguns segundos em que apenas a olhei, parecendo meio chateada. Coloquei minhas mãos em torno de sua cintura e a puxei para perto. O olhar dela não mudou.

Toquei sua face, vendo-a fechar os olhos, sorrindo.

"Bons sonhos, Lily" - e, com certeza, deixei que a distância entre nossas faces diminuísse.


A paixão nos torna idiotas. Conclusão Inevitável.