Título: O Começo do Fim
Autora: Kwannom
Censura: M
Gênero: Ação/Aventura/Angst
Beta: Nenhum até o presente momento
AVISOS: Violência, linguagem e sexo explícitos
Disclaimer: Eu não sou proprietária de nada do Senhor dos Anéis. Todos os personagens e nomes de lugares mencionados pertencem a JRR Tolkien. Eu não pretendo, nem estou tendo qualquer ganho financeiro com a criação dessa história. Apesar disso, os personagens originais - Wilrog, Haleth, Siward, Seyton e outros - são meus e ninguém tasca:D
Linha temporal: Ano 3423 da Segunda Era. Universo Alternativo.
Sumário: Fic derivada de Máscara Dourada. Wilrog, um jovem humano que sonhava em ser um guerreiro tão valoroso quanto Beren, acaba por se tornar o mais temível capitão de Sauron. Esta é a sua história.

NOTA DA AUTORA

Oi gente :D

Que bom que vocês deram uma chance ao meu Wilrog! Eu sabia que a presença de Gildor iria deixar vocês com a pulga atrás da orelha heheheh ;) Ele conheceu Frea 11 anos antes do nascimento de Wilrog, mas como a maioria dos Elfos, disse que precisava voltar para Imladris e que ia voltar em breve. Infelizmente, como um bom Eldar não sente a passagem do tempo, o breve de Gildor durou dez anos. Agora, se ele é mesmo pai de Wilrog, eu não sei, a peste do pirralho não me contou. Na minha opinião, eu acho que é hihihihi

Também tive dificuldades para escrever esse capítulo, porque como eu tinha comentado com algumas pessoas, Wilrog não estava me deixando escrever. Quase que eu dou um murro nele! Eu tentando escrever e ele me dando bloqueio mental. Esse metido a engraçadinho só quer que eu tenha criatividade para descrever ele mais velho...

Agradecimentos a (thanks to):

Azashenya: You've honored me, my friend, when you've decided to try to learn Portuguese and read this story in my native language. I'm looking forward to our next virtual lessons! It was fun ;)

Giby a Hobbit: Ai meu São Neo, esse povo que fica falando mentira hihihi Pois é, eu acho que Wilrog é meio-Elfo. Infelizmente, como ele não sabe se isso é verdade, eu também não sei :P Frustrante... Também não sei se Gildor vai encontrílo de novo, Wilrog ainda não me contou essa parte da história. Só esperando mesmo para ver :D Eu tenho que arranjar tempo para escrever senão minha cabeça explode de tanta história implorando para sair :P Só quero ver se vou conseguir agora que o balé voltou. Mas o balé é uma escravidão muito bem vinda :D

Reginabernardo2002: Afe que review gigaaaanteeeeeeee hahahahah Essa foi a maior review que eu já recebi na vida! Pois é, você também acha que Wilrog é filho de Elfo, né? Eu devia fazer um placar, para ver quem acha que é e quem acha que não é :D O pobrezinho do meu Wilrog sofreeeeu snif snif Mas ele também foi um sacaninha muitas vezes, o descarado não é santo. Ele nem chega a ser Mogli, porque já tá bem grandinho e vai passar pouco tempo na floresta, você vai ver. Você diz que está brigada com sua irmã há um mês, pior sou eu que estou brigada com a minha desde o dia em que nasci :P

SadieSil: Pode desafiaaar! Eu só vou escrever seis capítulos! Ou mudo meu nome para Belsecréia! Se Wilrog quiser que eu escreva mais, ele que vá se queixar ao bispo. Agora você entende porque a criatura não queria que eu falasse nada da infância dele? Tadinho... Ele realmente lembra o Ani, mas eu acho que Wilrog foi psicótico e megalomaníaco desde criança, enquanto Ani só virou Darth Vader depois de muitas idas e vindas. E mesmo assim Ani venceu o mau no final! Mas acho que o meu Wilrog tem um pouquinho de Ani sim, apesar de tudo :P As guerras... e eu nem caprichei no gore dessa daí. Como eu já disse, adoro cena de batalha! São muito mais fáceis de descrever heheheh

Kiannah: Já sei que cumpriu a promessa hehehe ;) Que bom que está gostando da minha visão de mundo de OSDA. É como você disse, meu texto é cruel às vezes... Mas é culpa de ter lido livros como O Quarto Protocolo, O Poderoso Chefão e O Dossiê Odessa com menos de 12 anos de idade :P Ah, e dizer que assistir filmes como Apocalipse Now uma vez por semana também não ajuda... Virei uma pessoa crué lol Se você tiver filhos, já sabe, não faça como meu pai e dê esses livros miseráveis para eles lerem. Os coitados podem ficar loucos como eu!

Myri: Myriiiii! Cadê o pequeno Haradrin? Rodriguinho ta te dando muito trabalho? Aêeee finalmente uma pessoa que gosta de Wilrog igual a mim! Eu tinha que escrever essa história, Wilrog é tão possessivo que ele estava me fazendo ter branco na hora de escrever Haldir e Haleth... Se eu não tivesse postado essa fic, eu não teria conseguido destravar em HH. Não acho Gildor tão parecido com Haldir, ele é mais emotivo. Eu acho :P Pois é, eu estou de quatro por Hephaestion! Que homem é aquele, que filme é aquele, que trilha sonora brega é aquela! Eu odiei a primeira vez que vi, mas resolvi assistir de novo para ter certeza e amei tanto que já vi uma terceira vez. Paguei minha língua, a história é fantástica, só que a gente precisa de uma segunda vez para digerir tudo aquilo. E as batalhas são fenomenais! Tem um personagem novo que vai entrar em alguns capítulos (17, 18 e 19) de HH que é baseado em Hephaestion, by the way. Bjos em você no haradrinzinho!

Lore aka Kwannom

Ainda,

Apaixonada por Derfel Cadarn, Capitão saxão dos exércitos do rei Arthur;
Fissurada em Hephaestion, General amante de Alexandre o Grande;
Protetora de Wilrog e
O pior pesadelo de Haldir bwahahahaha.

O ENCONTRO

"Vamos logo, Kehl, eu não tenho o dia todo!"

Wilrog, escondido entre densas árvores, ergueu a cabeça, atento. O que era aquilo? Vozes? Não, não pode ser. Wilrog balançou a cabeça; devia estar imaginando coisas novamente. Fazia muito tempo que não se voltava com o coração disparado na direção de qualquer som que se assemelhasse à fala humana. Já estava conformado de que só tinha bichos e plantas por companhia, nada mais.

Voltou sua atenção para a pequena perdiz que havia matado há pouco tempo. Depenou a ave e com seu pequeno punhal, agora já quase cego, fez um corte no peito do animal com certa dificuldade. Aos poucos foi retirando pequenos pedaços de carne tenra que levou aos lábios. Um fio de sangue escorreu pelo canto de sua boca quando mastigou a carne crua.

Crua, sem gosto e fria.

Há quanto tempo não sabia o que era o gosto de um pernil cozido? De um assado crocante? Dias sem conta, desde que me perdi nessa floresta estúpida! pensou enquanto cuspia um pedaço de pele no chão. Sentia falta da casca torrada em volta da carne, do gosto suave do tempero levemente picante em sua língua. O tempero que sua mãe preparava, sempre com um pouco de sal além da conta.

Wilrog sorriu diante da lembrança de Frea. Fazia muito tempo que havia deixado de chorar a morte dela, mas a memória de sua mãe foi o que o manteve quase são nos longos dias em que teve que aprender a sobreviver naquela densa floresta. Saber quais frutos podia comer, onde podia caçar, onde não poderia pisar porque ali ele se tornaria a caça. Ainda tinha a marca de garras no lado esquerdo do ventre, uma pequena lembrança de um grande leopardo faminto. Mas desde aquele dia aprendeu também a enfrentar os animais que às vezes o caçavam.

Cuspiu no chão novamente. Talvez tivesse sido melhor eu ter acabado com a minha vida do que viver desse jeito.

Wilrog coçou o cabelo loiro que agora lhe chegava até os ombros. Olhou para os pontos pretos deixados na palma da mão. Piolhos. Eram insuportáveis. Voltou a mastigar lentamente a carne sem gosto, tentando imaginar que era um belo rosbife, e riu de leve. Um rosbife, que piada. Nunca mais saberia o que era o gosto de um, a não ser em sonhos.

Estava se preparando para levantar quando o barulho de passadas pesadas esmagando os gravetos do chão da floresta fez com que todos os músculos do seu corpo se contraíssem, em alerta. Seria um leopardo? Então as vozes recomeçaram novamente, trazidas pelo vento até o esconderijo onde estava.

Vozes? Estava realmente ouvindo vozes?

Sem fazer nenhum barulho, Wilrog deixou o resto da perdiz no chão e escalou uma grande árvore com o punhal preso entre os dentes. Lá de cima pôde ver dois homens, um mais velho e outro mais novo, parecendo estar à procura de algo. Será que tinha finalmente enlouquecido? Aqueles homens eram reais? Seus olhos verdes brilharam num lampejo de esperança.

Eram reais. Tinham que ser reais.

Wilrog desceu um galho para observar mais de perto, ainda cheio de suspeita. Não era possível, aqueles dois estavam fazendo barulho demais para serem apenas fruto de sua imaginação.

O mais novo, que não devia ainda ter alcançando os vinte anos, usava um casaco de peles enorme e o cabelo, preto como a noite, era adornado por diversas tranças que se fundiam num rabo de cavalo curto. Os olhos cor de cinza pálido e extremamente vivos buscavam incessantemente alguma coisa entre as raízes da floresta. O mais velho possuía um rosto coberto por uma barba densa, mas Wilrog não podia vê-lo claramente de onde estava. Os cabelos cor de palha do homem estavam começando a mostrar alguns fios grisalhos e ele vinha reclamando sem parar.

"Você poderia fazer o favor de me lembrar o que diabos eu estou fazendo nessa floresta de merda, Siward?" o mais velho perguntou, parecendo estar irritado.

"Eu preciso achar uma flor, Kehl, tenho certeza de que vi aquela que ela gosta por aqui..." o mais novo disse enquanto se abaixava para examinar um arbusto.

"Uma flor? Pelo amor dos Valar, rapaz! Você perdeu a cabeça? Não me diga que vai entregar a ela... Hamá vai lhe comer vivo por isso!"

"Então que coma!" o mais novo rebateu e, de repente, um sorriso largo se estampou no rosto dele quando afastou alguns galhos e encontrou uma flor branca e frágil, cujas inúmeras pétalas formavam um bouquet delicado. "Eu morreria feliz se soubesse que esta flor agradou Haleth," disse enquanto colhia a tenra planta com um cuidado inacreditável. O mais velho suspirou.

"Siward, e eu que pensava que ainda houvesse esperança de você ter um cérebro no lugar certo, mas parece que ele está localizado entre as suas pernas..."

"Vá pra o diabo, Kehl, e me deixe em paz!" o mais novo retorquiu e Wilrog não pôde conter o riso diante daquela discussão tão idiota. Dois guerreiros brigando por causa de uma flor! Realmente, a imaginação dele não poderia ter criado algo mais irônico do que aquilo.

Mas seria mesmo imaginação dele?

Talvez... Talvez se pudesse fazer com que um deles sangrasse de leve, tivesse certeza de que eram reais. Sonhos não sangravam.

Isso, agora vamos ver se vocês são reais.

Os olhos de Wilrog brilharam diante da própria inteligência e um sorriso arrogante fez com que seu rosto inteiro se iluminasse. Sorrateiramente, descendo com cuidado cada galho de árvore que tinha escalado, chegou até o solo da floresta. Seus pés tocaram o chão suavemente e os dois homens, que continuavam a discutir mais à frente, não perceberam seus movimentos.

Pegou o punhal, apontando-o na direção das suas presas imaginárias e, pé ante pé, avançou devagar na direção dos guerreiros. Cada passo era tomado com cautela, para não fazer estalar nenhum galho caído no chão, e Wilrog caminhava escondido pelas sombras das árvores. Faltava pouco agora para que soubesse se estava ficando louco ou não. O homem mais velho estava só a alguns passos de distância dele, do lado direito.

Só uma gotinha, uma gotinha de sangueé tudo de que eu preciso...

Ele ergueu o braço, a lâmina do punhal se aproximando do braço do guerreiro. Só mais um pouco... Esticou-se mais, mas não alcançou o alvo, então deu um passo.

E um graveto estalou.

"Meu doce Eru o que é isso!" o mais novo gritou, fazendo uma careta de espanto, e o homem mais velho se virou bruscamente para encarar Wilrog.

E ele viu, Wilrog viu um buraco no lugar do olho do homem e a visão aterrorizante o encheu de tamanho pavor, Estou tendo um pesadelo! Isso é um monstro! que o terror fez seu coração se acelerar no peito e, urrando, avançou para os dois adultos, num instinto de defesa.

Logo, o silêncio da floresta se encheu com os grunhidos e o arfar de homens em luta.

W&W&W&W

Siward surgiu no acampamento correndo de dentro da floresta, seguido por Kehl, e quando parou curvado com as mãos nos joelhos, para recuperar o fôlego, sentiu os olhares de todos os soldados do exército de Hamá recaírem sobre ele. Mas que merda! Já não bastava ter amassado a flor que tinha tido tanto trabalho para achar, agora ia ter que se ver com a fúria de Hamá com certeza. Endireitou o corpo e xingou baixinho novamente quando seu comandante veio até ele e cruzou os braços.

Hamá era uma figura poderosa, que impunha força com um só olhar. O corpo extremamente forte estava coberto pela roupa rústica de seu clã, com um lobo branco pintado no peitoral, e os cabelos ruivos contrastavam com o marrom puído do couro da vestimenta. Ele havia armado acampamento nas bordas da floresta próxima a Isengard e tinha dado ordens expressas para que nenhum soldado se aventurasse pela floresta. Todos sabiam que aquele lugar era traiçoeiro, confundia as mentes das pessoas que entravam nela para que se perdessem, e somente alguns Elfos sabiam andar por ali com segurança.

Ele olhou para o rapaz afogueado na frente dele, pensando que iria puni-lo, mas a visão da flor nas mãos de Siward o fez deixar a punição para mais tarde. Hamá esperou enquanto o garoto recuperava o fôlego, algo que Kehl ainda não tinha conseguido fazer, para saber o que havia acontecido.

Siward, ainda respirando com dificuldade, encarou seu Comandante. "Tem um filhote... tem um filhote de Elfo nessa floresta!"

Hamá ergueu as sobrancelhas diante da escolha de palavras de Siward.

"E eu posso saber o que você estava fazendo na floresta, Siward?"

Siward escondeu a flor atrás de si. "Nada, Senhor."

Hamá o encarou, esperando pela verdade, mas Siward apenas corou e desviou o olhar. "Havia alguém com ele?"

"Não, estava sozinho, Senhor."

Kehl, que parecia ter finalmente se recuperado, se dirigiu ao seu comandante, o suor ainda escorrendo pelo rosto.

"É um demônio, um demoniozinho louro, Senhor Hamá" disse enquanto passava a mão pelos cabelos suados. "Precisava ver como lutava! Não conseguimos nem desarmá-lo! Porcaria de merda de demoniozinho, me chutou no saco..."

Siward riu se lembrando da cena, mas Hamá pigarreou e o rapaz ficou sério novamente.

"Modere o seu linguajar, Kehl, você não tem mais idade para xingar como um moleque de rua," Hamá repreendeu o soldado e se voltou para Siward. "A... criança élfica ainda está na floresta, Siward?"

Criança élfica? Aquilo é um filhote de demônio, Kehl resmungou e Siward lhe enfiou o cotovelo nas costelas. "Está sim, Senhor Hamá."

"Então volte lá e vá buscá-la, Siward."

Siward abriu a boca de espanto. "Voltar lá? Mas ele não deixa nem que eu me aproxime! E já deve ter se embrenhado pela floresta, nós não vamos achar aquele garoto novamente."

Hamá suspirou, cansado, então viu os olhos de Siward brilharem e logo depois sentiu uma mão pousar em seu ombro.

"Eu vou buscar a criança, pai, se você permitir," a pessoa atrás dele disse e Hamá virou-se para encará-la com um sorriso.

Ali estava Haleth, sua filha. Ela era o seu orgulho, seu melhor soldado e seu melhor companheiro. Não sabia o que seria da vida dele se não tivesse Haleth ao seu lado. Os homens a reverenciavam agora, como a um herói, e a garota só tinha apenas quinze anos. Mas eles também não a consideravam mais como uma mulher e Hamá temia pela solidão que isso poderia causar à sua filha.

Sim, temia, mesmo que aquela situação a protegesse dos homens que não tinham honra e das autoridades de Gondor que executavam as mulheres que ousavam portar armas.

Hamá voltou sua atenção para o rapaz que agora olhava para Haleth com admiração nos olhos e um sorriso nos lábios. Ainda bem que ele podia confiar em Siward. O garoto havia desenvolvido uma forte amizade com Haleth, e se aquilo se se tornasse algo mais sério, ele não iria hesitar em permitir que Siward cortejasse a sua filha.

Hamá acariciou o rosto de Haleth, que sorriu gentilmente. "Você pode ir buscar o garoto, filha, mas leve Siward com você."

"Obrigada, pai," Haleth disse e beijou Hamá na testa. "Daqui a pouco estarei de volta."

Hamá riu da certeza da filha. "Está bem. Tome cuidado."

Haleth apenas sorriu e começou a caminhar na direção da floresta. Antes que Siward pudesse segui-la, Hamá o impediu segurando-o pelo braço.

"Senhor?" Siward perguntou, confuso. Então Hamá tomou a flor branca levemente amassada de suas mãos e a inspecionou com cuidado. Siward prendeu a respiração; era agora que Hamá o comeria vivo! Seus olhos observavam as expressões de seu comandante com cuidado, esperando pelo rompante de fúria.

"Uma orquídea," Hamá disse calmamente e Siward exalou o ar que estava lhe queimando os pulmões. "Boa escolha, Siward. Ela vai gostar," Hamá disse e devolveu a flor a Siward que sorriu encabulado. "Agora vá atrás dela antes que eu mude de idéia."

"Sim, Senhor!" Siward respondeu, o coração batendo de felicidade, e saiu correndo atrás de Haleth.

W&W&W&W

Os Homens de mentira já tinham ido embora, mas Wilrog continuava escondido. Ele não conseguia sair dali. Suas pernas simplesmente não o obedeciam. Por mais que negasse, a simples presença daqueles dois guerreiros o fez perceber o quanto ele sentia falta do contato humano. E como sentia... Foi como se um abismo se abrisse e ele finalmente percebesse em suas entranhas o cruel peso da solidão que o envolvia.

Já sei, vou atrás deles, pensou. Duas vezes se levantou, desejando perseguir os humanos, mas voltou a ficar sentado atrás de alguns arbustos, respirando pesadamente, o suor escorrendo pela testa, enquanto seus ouvidos buscavam atentamente por algum sinal de vozes.

Ele continuava lá, paralisado, porque tinha medo, medo de não encontrar ninguém e ter certeza de que estava sozinho de novo.

Wilrog passou as mãos pelos cabelos, nervoso, seu rosto contraído entre o choro e a vontade de gritar. O coração doía e um nó havia se formado em sua garganta. Idiota! Você ficou maluco, idiota! Ele abaixou a cabeça, o corpo tremendo, então suas orelhas estremeceram em alerta quando ouviu um ruído difuso, distante. Ergueu a cabeça, atento. Não pode ser... Para sua surpresa, os ruídos se transformaram em conversas, no relinchar distante de cavalos e no ranger de rodas.

Será que não estava louco? Será que havia caminhado tanto que havia encontrado a saída daquela floresta sem querer? O som de passos se aproximando acabou com suas divagações e Wilrog se agachou ainda mais entre os arbustos, esperando pelo que quer que aparecesse.

E então ele a viu pela primeira vez. Uma garota, mais velha do que ele, mas ainda muito jovem e vestida como se fosse um homem. Duas espadas balançavam na cintura dela, presas pelo cinto, e ela caminhava altiva. A pele bronzeada de sol era de um dourado crepuscular e os cabelos cacheados cortados como os de um homem, na altura dos ombros, dançavam ao toque do vento. A força daquela beleza exótica o deixou boquiaberto.

Mas o que realmente cativou sua confiança, foram aqueles enormes olhos negros e tristes.

Wilrog engoliu em seco. O coração batia tão forte que ele podia sentir o pulsar do sangue em seus ouvidos. Por favor, Valar, façam com que ela seja de verdade, façam com que ela me tire dessa prisão! pediu silenciosamente aos Deuses. Munido de uma súbita esperança que lhe enchia o peito, suas pernas lhe obedeceram novamente e ele se levantou, determinado a encontrá-la nem que aquilo fosse a última coisa que fizesse no mundo. Entretanto, um dos Homens imaginários apareceu atrás da menina e Wilrog sentiu a sua esperança se esvair. Se aquele guerreiro estava ao lado dela, a garota não podia ser real.

Estava louco. E agora só desejava morrer.

W&W&W&W

Haleth seguia pela floresta com passos seguros e se voltou uma vez para ver se Siward já estava atrás dela. Quando viu o amigo aumentar o passo para acompanhá-la, sorriu. O rapaz estava agindo de forma estranha desde aquela manhã, mas ela não o tinha convencido a falar o motivo para o comportamento estranho. Haleth deu de ombros. Que Siward ficasse com seus segredos.

"Onde vocês o encontraram, Siward?" perguntou.

Siward apontou para uma clareira mais à frente. "Logo depois dali, perto de um barranco cheio de raízes."

Haleth assentiu com a cabeça e continuou andando na direção apontada por Siward, mas ele continuava a encará-la. Haleth parou e se voltou para ele. "O que foi? Há algo de errado?"

Siward sentiu o suor escorrer frio pela sua têmpora, seu coração batendo disparado no peito. Era agora, ele ia dar a flor a Haleth e beijá-la, como tinha sonhado tantas vezes. Ela estava tão linda, apesar de ter cortado o cabelo mais curto, como os Homens. Sua mão apertou o talo da orquídea nervosamente e ele respirou fundo, criando coragem para falar. Infelizmente, a realidade se interpôs em seu caminho e o barulho de algo se movendo entre os arbustos desviou a atenção de Haleth para longe dele. Pelas bolas de Morgoth! Siward praguejou por entre os dentes.

"O que foi isso?" Haleth perguntou e ele teve vontade de esmurrar o tronco de uma árvore de raiva.

"Não sei, escute, Haleth..." ele começou a falar, mas ela o interrompeu.

"Espere, Siward, algo se moveu por ali."

Sem se voltar para ele, com a atenção inteiramente concentrada no movimento entre os arbustos, Haleth se afastou, caminhando devagar. Ela afastou os galhos com cuidado e inclinou o corpo para passar por baixo de um galho de árvore. Logo depois dos arbustos havia uma clareira e agachado no meio dela, com os joelhos colados junto ao peito, estava a pessoa que ela devia encontrar. Ora, mas não é um Elfo, é um menino!

Um menino extremamente belo, com olhos verdes ferozes e expressão carrancuda.

Os dois se estudaram por alguns instantes, examinando cada gesto, cada olhar. Haleth sorriu e Wilrog franziu o cenho e lhe mostrou os dentes. Bem devagar, como se o garoto fosse um animal assustado, a menina foi até ele, os olhos fixos um no outro. Wilrog fez como se fosse levantar, assustado, e Haleth parou, olhando para ele. Então, Wilrog se sentou de novo, esperando, e Haleth continuou a caminhar, ganhando confiança, até que se agachou na frente do menino.

"Quantos anos você tem, criança?" ela perguntou e esperou.

A voz dela soou grave e macia e Wilrog a olhava de cima abaixo, sem saber se confiava naquela aparição. Então respondeu, a voz áspera e baixa pela falta de uso. "Acho que mais que onze, não tenho certeza."

Haleth suspirou, pensando no que fizera o menino se esconder naquela floresta. Pelo estado de destruição das roupas dele, o garoto já devia estar ali, sozinho, por muito tempo. "E você tem nome?"

"Claro que tenho. Me chamo Wilrog," Wilrog respondeu, a garganta doendo pelo esforço de falar.

Haleth sorriu um sorriso cuja alegria não alcançou os grandes olhos tristes. "Eu me chamo Haleth."

Um silêncio profundo se seguiu, o coração de Wilrog ribombando em seu peito, esperando pelo momento em que a menina iria desaparecer no ar. Ele precisava ter certeza de que aquilo não era mentira, ele desejava que aquilo não fosse mentira. Wilrog estendeu a mão, com a respiração presa na garganta, até que tocou a face de Haleth onde uma cicatriz vermelha formava uma fina meia lua. Quando seus pequenos dedos encontraram pele de verdade, ele engasgou.

"Você... é real?" Wilrog perguntou baixinho, os olhos marejados de lágrimas.

Haleth cobriu a mão dele com a sua. "Sou."

Sim, é, Wilrog disse para si mesmo, quase sem acreditar. Seu coração se apertou de felicidade e ele chorou, as lágrimas escorrendo quentes pelo seu rosto. Os soluços sacudiam o seu corpo e ele deixou que Haleth o abraçasse, acariciando seus cabelos emaranhados.

Finalmente, estou salvo.

W&W&W&W

Escondido atrás de uma árvore, Siward observava a cena, comovido. Ele olhou para a orquídea branca que ainda estava em sua mão e suspirou.

A flor e o beijo teriam que esperar por outro dia.

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A/N: Mais uma vez, esse capítulo não foi betado por ninguém, então pelo amor de São Neo, me digam se eu estiver assassinando o português!

Só para vocês se situarem, nesse capítulo Wilrog tem 11/12 anos, Siward tem 19 anos e Haleth tem 15 para 16 anos.