Disclaimer: All the characters were conceived by J.K. Rowling and are her property.

Aniversários

As férias até que estavam boas, apesar da tristeza e das preocupações de Harry. Sempre que o tempo estava bom, os amigos treinavam quadribol. Mas sentiam falta de Hermione e dos demais amigos. Luna escreveu que já tinha voltado de sua viagem. Não conseguiu caçar nenhum Bufador de Chifre Enrugado, mas obteve alguns chifres deles e os tinha trazido para mostrar aos amigos e pesquisar suas propriedades mágicas. Neville também escreveu. A Sra. Longbottom ficou orgulhosa do neto, pelo seu papel na captura dos Comensais, no Departamento de Mistérios. Isso fez muito bem ao rapaz, que estava todo orgulhoso e, pela primeira vez desde que entrara Hogwarts, resolveu dar uma festa de aniversário e chamar os amigos.

Quando Gina propôs a ele que aproveitasse para comemorar também o aniversário de Harry, ele logo topou, mas não admitiu que Harry ajudasse nas despesas.

Um dia, quando Molly estava fazendo o jantar, com a ajuda dos adolecentes, ela reparou na barba do rapaz, irregularmente distribuída pelo rosto. Perguntou:

"Harry, você sabe feitiços para se barbear?"

O rapaz ficou sem graça. "Não. Quando estava na casa do meu tio, usei uma lâmina usada do Duda, mas só serviu para que agora eu esteja mais precisado de fazer a barba decentemente. De manhã notei que precisava tomar alguma providência a respeito dela, mas fui voar e me esqueci."

Molly olhou para Rony e viu que a barba dele também precisava de um trato. "Vou pedir ao Gui para ensinar direito a vocês como melhor aplicar o feitiço de barbear."

Pouco depois, Gui chegou de Gringotes e logo ensinou aos rapazes como cortar a barba e sugeriu algumas poções que poderiam usar para tornar a barba mais fácil de fazer e a pele mais macia.

Harry teve dificuldade com a oclumência nos dias que antecederam a festa. Era muito difícil segurar a ansiedade. Aquela era a primeira festa de adolescentes bruxos a que comparecia, fora da escola, uma festa onde supostamente eles teriam mais liberdade, sem os professores ou Filch a reprimir sua farra. É verdade que haveria membros da Ordem, mas Tonks e Gui, que ele sabia que lá estariam também, eram jovens e não iam ficar regulando ninguém. Harry achava que a festa poderia ser muito boa, mas havia uma coisa que o preocupava. Dino certamente iria à festa e provavelmente monopolizaria Gina. Harry não queria nem imaginar como seria ver Gina e Dino se beijando, se agarrando.

Na véspera, ele teve aula de Dumbledore, que comentou: "Harry, você vinha fazendo bem melhor que isso. Parece que você desaprendeu não só os avanços que tivemos juntos, como as aulas de Remo também. Seu desempenho está para lá de ruim. O que houve para você piorar desse jeito?"

"Ahn... Estou ansioso com a festa, professor", disse Harry, enrubescendo.

Dumbledore percebeu que tamanha ansiedade devia ter outras razões, ou a festa significava mais do que parecia, mas não comentou. Aproveitou a ocasião para ensinar a Harry algumas técnicas de relaxamento para evitar a ansiedade.

No dia da festa, eles foram cedo para a casa dos Longbottom, para ajudar a prepará-la. Dumbledore tinha dado autorização, depois de reforçar a proteção da casa e de pedir a Tonks que os acompanhasse. Outros membros da Ordem chegariam mais tarde para ajudar a proteger os adolescentes. Afinal, estariam na festa todos os que tinham enfrentado os Comensais da Morte no Departamento de Mistérios.

O dia foi divertido. Gina teve ótimas idéias para a decoração e Hermione chegou cedo, toda queimada de sol e, por milagre, não falou de dever de casa. À medida em que se aproximava a hora marcada, Harry ia ficando triste. Pensava em Sirius, que deveria estar ali e também em que logo Dino chegaria e provavelmente Gina se afastaria dos demais.

Os presentes de Harry foram bem legais: Hermione trouxe um livro sobre técnicas de relaxamento da mente e Rony deu-lhe um livro de táticas de Quadribol, pois achava que Harry tinha chances de ser o novo capitão do time da Grifinória. Gina o surpreendeu com um frasco de poção para barbear de última geração. Deixava a pele macia e tinha um perfume sensual e marcantemente masculino.

Fred e Jorge, como sempre, já chegaram causando sensação. Trouxeram um monte de uísque de fogo, que não era vendido a menores, disfarçado de suco de abóbora. Mostraram a última novidade da loja Gemialidades, bombinhas de todos os odores, que prometeram não soltar na festa.

De presente para Neville e Harry, deram em segredo, para que ninguém mais visse, batons, que tinham acabado de inventar e que faziam as meninas ficarem doidas para beijar. Queriam que os dois experimentassem passar em alguém na festa. Harry não gostou muito da idéia: se oferecesse o batom a Gina, ela provavelmente o usaria com Dino e não tinha vontade de usar com nenhuma outra garota. Acabou convencendo os gêmeos que, se era presente, ele deveria poder fazer o que quisesse com ele, na hora que bem entendesse. Neville se aliou a Harry na argumentação. Se os gêmeos queriam cobaias, eles que procurassem.

A festa estava ótima, com boa música, muita comida e cerveja amanteigada em abundância, além do uísque dos gêmeos. Os membros da Ordem presentes se misturaram tão bem à galera, que os adolescentes nem lembravam que eles estavam ali para protegê-los. Tonks ficou fazendo palhaçadas com a sua metamorfomagia e os amigos de Harry acharam-na uma garota fascinante. Lupin deu uma passada rápida, só para estar com Harry, mas não ficou. Outro membro da Ordem apareceu, um cara de cabelos cor de palha, que ficou quietinho num canto. Harry sabia que já o tinha visto no verão anterior, até que se deu conta que se tratava de Estúrgio Podmore.

O bom do tipo de música que tocava é que era possível dançar aos pares ou sozinho ou como se tivesse vontade. Harry decididamente não estava com vontade de convidar garotas para dançar. Esse tipo de coisa ainda lhe parecia mais difícil que enfrentar dragões. Principalmente naquelas circunstâncias.

Lá pelas tantas, cansado e suado foi pegar mais cerveja na cozinha e reparou que havia gente discutindo em voz alta logo junto à porta. Não pode deixar de reconhecer as vozes de Gina e Dino.

"Só me faltava essa, berrava ela, você agora dizer o que eu posso ou não posso dar de presente de aniversário aos meus amigos. Ora, dei uma poção perfumada para Harry sim. E daí? Sei que ele não tinha uma e que mal sabe fazer feitiços para se barbear. Meu irmão teve que lhe ensinar."

"E por que ele não pode fazer a barba como um trouxa, já que foi criado como um? Eu também não sei feitiços de barbear, nem tenho poções perfumadas para isso."

"Ah, francamente! Dá um tempo! Você tem uma família que lhe ensina essas coisas. Harry não pode usar as coisas dos trouxas porque teria que sair para comprá-las e não tem dinheiro trouxa para isso. Teria que trocar no Gringotes e sair para comprar, colocando-se em risco. Será que é tão difícil de entender? Qual o seu problema? Quer que peça a Gui para também lhe ensinar a maneira bruxa de lidar com barba?"

"Coitadinho, não pode sair de casa porque corre perigo. Todo mundo tem que proteger o Harryzinho. Qual é?"

"Dino, isso tudo não faz nenhum sentido. Qual o problema de eu dar uma poção para Harry?"

"Uma poção para deixá-lo mais cheiroso! Isso não é presente de amiga! Está, mais para presente de namorada."

"Acontece que, por enquanto, ainda sou sua namorada. E ele sabe muito bem disso. Ele nunca tentou avançar nenhum sinal comigo e temos tido uma convivência de muita amizade, mas não passa disso. Agora se você não acredita, que procure outra, porque não suporto ceninha de ciúmes. Tenho os amigos que quiser e nenhum namorado vai se colocar entre mim e meus amigos. Se você insistir nisso, passa rapidinho a ex."

Dino engoliu em seco e Harry, do outro lado da porta também. Realmente, ele não tinha, como é mesmo que ela dissera? "Avançado o sinal". Mas, certamente, vontade para isso não lhe faltava. Desistiu da cerveja e serviu-se de uma dose de uísque ao invés. Queria não pensar em Gina e no estado de fúria em que ela se encontrava. Será que um pouco dessa raiva se voltaria contra ele?

Sem vontade de retornar à dança, sentou-se junto de Estúrgio, que estava bem isolado dos demais, e puxou assunto.

"E aí? Soube que está morando em Grimmauld Place."

"Provisoriamente, sim. Não posso voltar para minha casa. Sou um homem muito marcado pelos Comensais. Ainda estou pensando o que fazer. Provavelmente vou acabar comprando uma casa trouxa, como fez o Gui. Mas ainda vou dar um tempo, até os Comensais decidirem que não há por que ir atrás de mim. Mas ficar o dia inteiro naquela casa tem sido bom. Ninguém estava dando atenção à casa. Mesmo quando Sirius estava por lá, ninguém prestava atenção a ela, pois ele odiava o lugar."

"E por que raios alguém deveria prestar atenção à casa? Pô, a Ordem não tem outras prioridades?"

"Aí é que está. Por todos pensarem assim, não notaram coisas muito estranhas que vêm acontecendo por lá há muito tempo. Barulhos que parecem vir de trás daquela tapeçaria enorme. E aquele elfo é decididamente estranho. Há algum mistério em torno dele, alguma coisa que não parece estar certa."

"Que novidade! Certo ele não é mesmo. Piradinho, eu diria."

"Aí é que está, Harry. Pirado ele não é. As coisas que ele faz e diz têm uma coerência com as idéias de seus antigos donos, que ele adotou e segue. O que não faz sentido é ele não respeitar o Sirius e muito menos a Tonks. Ele não mentiu para você sobre Sirius estar em casa naquele dia por ser pirado e gostar de ser do contra. Ele sabia que, com isso, ajudava em algum complô."

"É verdade! Como não parei para pensar nisso? Agora me lembro. Na hora, estava tão afobado que nem pensei no absurdo da coisa. Mas quando perguntei a ele se Sirius tinha ido ao Departamento de Mistérios, ele respondeu algo como: 'O senhor não vai voltar do Departamento de Mistérios! Monstro e sua senhora estão outra vez sozinhos.' Como se ele soubesse que eu estava preocupado com a possibilidade de Sirius estar em perigo de vida."

"E eu nem sabia que as coisas tinham sido assim. Isso que você diz reforça ainda mais a minha preocupação. Monstro não agiu como se Sirius fosse o seu dono. As pessoas da Ordem ficam arranjando desculpas para isso e para outras coisas, como o fato de ter sumido no Natal, que Molly me contou outro dia. Sinceramente, pelo que conheço de elfos domésticos, acho muito estranho. E ele não obedece a Tonks! Ela é filha da sua dona. Mesmo havendo litígio sobre a questão, não consigo engolir as desculpas que o pessoal da Ordem inventa para isso. Para mim, aí tem coisa. Ele parece estar fazendo só o que quer. É como se tivesse recebido roupas. Será que a mãe de Sirius lhe deu roupas antes de morrer?"

"Roupas? Não creio! Ela não parece o tipo de dar roupas a um elfo só para vê-lo livre, não? E ele morreria de desgosto de receber roupas dela. Mais fácil seria ela cortar-lhe a cabeça e pendurar junto com as outras. Harry se calou por um tempo, mas de repente lembrou-se de um fato."

"Escuta, Estúrgio, uma vez libertei um elfo dos Malfoy, fazendo Lúcio jogar uma meia em sua direção. Você acha que Sirius poderia ter libertado Monstro sem querer, ao jogar fora uma roupa velha de seu pai na direção de Monstro, e não dar bola quando Monstro a recolheu?"

"Como assim, Sirius fez isso? Por que se fez, é claro que libertou Monstro."

"Não sei ao certo, mas esse assunto me fez lembrar um dia em que estávamos jogando coisas fora e Sirius comentou que uma vez vira Monstro beijando com enlevo um par de calças de seu pai, mesmo não sendo o seu pai o dono preferido de Monstro. Por que um elfo ficaria tão arrebatado com um par de calças? Sirius não mencionou como as calças foram parar na mão de Monstro. Mas isso ocorreu bem no período em que ele jogava fora as coisas que tinham pertencido a seus parentes."

"Quem mais sabe dessa história?"

"Quando Sirius contou, estávamos eu , os gêmeos, Gina, não lembro bem. Mas na hora em que ele pegou Monstro com as calças, acho que eram só os dois."

"Vocês não mencionaram isso a Dumbledore nem a Molly?"

"Eu não. Os outros, não sei."

Estúrgio levantou-se. "Com licença, Harry vou tirar isso a limpo. Harry foi com ele. Gina, os gêmeos, Rony, ninguém lembrava do episódio e nem sabiam por que Estúrgio parecia tão interessado no assunto. Harry questionou-o sobre isso."

"É que isso poderia explicar muita coisa. Suponha que Sirius realmente tenha jogado a calça fora, na direção de Monstro, sem nem perceber o elfo. Isso seria bem o tipo de coisa que Sirius faria. Ele não levava o elfo em consideração. Não parecia ter nenhuma preocupação acerca de como lidar com o Monstro, a não ser fazer uma lista de proibições. Tinha tanta raiva dele, que preferia não pensar sobre o assunto. Bem, mas supondo que Sirius tenha feito isso, Monstro estaria livre há muito tempo e já pode ter dito tudo o que sabe da Ordem para os Malfoy, ou até para os Lestrange."

"Mas depois da morte de Sirius, o que a Ordem tem feito com ele? Pensei que vocês estivessem cuidando para que ele não tivesse mais nenhum tipo de informação!"

"Sim, temos mantido ele trancado sempre que vai haver uma reunião da Ordem. Ele não tem como saber quem está vindo a elas, nem o que estamos dizendo. Ainda assim, o que ele já sabia, era suficientemente perigoso. Poria em risco muitos de nós. Pior, se ele já está livre há tempos, essas informações certamente já estão com os Comensais. Quando mesmo foi esse episódio?"

"No verão passado."

"É. O caso é muito grave. Só vejo um furo nessa hipótese. Por que Monstro teria ficado até agora por lá, se não consegue mais informações?"

"Uma vez Hermione perguntou a Sirius por que não libertava Monstro e ele disse que Monstro sabia demais sobre a Ordem e também que o choque o mataria e que ele não estaria disposto a deixar a casa."

"Não estaria disposto a deixar a casa. É talvez isso explique. Talvez ele queira ficar não só para preservar as coisas dos Black, mas tenha relação com os estranhos barulhos da casa. Decididamente precisamos averiguar melhor esse negócio. Obrigado pelas informações, Harry. Eu estava desconfiado, mas não conseguia fazer com que o povo da Ordem desse bola para as minhas dúvidas. Mas com essas informações que vocês me deram, creio que convenço Dumbledore a investigar melhor este assunto."

Harry ficou matutando. Será que Monstro estava livre e ninguém tinha se apercebido disso? Que perigos eles estariam correndo sem saber? Bem, como ele já tinha feito o que estava ao seu alcance, era melhor não pensar muito no assunto, que poderia deixá-lo ansioso. Já tinha muitos elementos a perturbar a sua oclumência para buscar mais um. Assim refletindo, Harry achou melhor ir dançar e beber mais um pouco de uísque. Na sala reparou que Rony estava dançando agarradinho com Hermione e ficou imaginando se rolava alguma coisa entre os dois.

No dia seguinte, o dia propriamente de seu aniversário, Harry acordou com dor de cabeça. Não devia ter bebido tanto, não estava acostumado. E para piorar ainda tinha que ir para a rua dos Alfeneiros. Por sorte, Gui, que tinha reparado que os garotos tinham abusado do uísque, preparou uma poção para ressaca antes mesmo deles acordarem. Harry pensou que eles tinham sorte de estar na casa de Gui e não sob os cuidados de Molly. Ainda bem que ela não vira o estado deles. Não que a situação tivesse ficado fora de controle, mas Molly realmente costumava exagerar nos cuidados e broncas.

Remo veio logo cedo, com cumprimentos e uma chave de portal. Dispôs-se a ir com Harry até a casa de seus tios e ficar um pouco com ele. Afinal era o seu aniversário. Ao chegar lá, nem Válter nem Duda estavam. O primeiro estava no trabalho e o outro na rua, provavelmente atormentando algum garotinho da vizinhança. Tia Petúnia, porém, estava e levou um susto ao vê-los.

"O que faz por aqui? Não disse que ia passar o verão longe?"

"Lembra que eu disse que teria que passar o meu aniversário aqui?"

"E hoje é seu aniversário, que dia é mesmo?"

"É, tia. 31 de julho, lembra?"

"Ah,' tá bem. Mas você não vai agir de modo estranho, vai? Não vai fazer aquilo?"

"Bom, terei que usar outra chave de portal no fim do dia, para voltar ao local onde estou hospedado. Mas se você prefere, procurarei ficar no meu quarto, ou em algum outro lugar longe de você."

"É. Faça isso."

Harry não se surpreendeu pelo fato da tia não cumprimentá-lo pelo aniversário, nem mesmo tendo sido lembrada do fato. Os Dursley nunca tinham dado bola para o seu aniversário mesmo.

Antes de ir para o quarto, resolveu aproveitar a presença de Remo para ficar um pouco no jardim, ao ar livre. Sabia que não era prudente ficar do lado de fora da casa sozinho. Os dois sentaram-se um pouco no quintal e ficaram conversando. Harry contou a Lupin sobre a conversa que tivera com Estúrgio na véspera e os dois ficaram pensando sobre o assunto. Remo ficou assustado com a idéia de Monstro já estar fora do controle de Sirius há tanto tempo, mas achou que a hipótese era plausível.

Estavam os dois assim, quando Harry notou duas cobrinhas no jardim. Eram cobras inofensivas, mas estavam muito perto do garoto, que ouviu o que diziam. Comentavam sobre outra cobra, enorme e perigosa, que, pelo que diziam se escondia no quintal vizinho.

"Aquela giganta está com vontade de matar pessoas!" dizia uma delas. "Ouvi quando dizia que precisava dar cabo do menino com a cicatriz e da mulher."

Harry se assustou e perguntou-lhes do que estavam falando. Disfarçou, fingindo conversar com Remo, para que nem os vizinhos, nem sua tia percebessem que falava com as cobras.

Os animais disseram que no quintal do vizinho estava escondida uma estranha cobra, com um penacho vermelho na cabeça que só falava em matar o menino da cicatriz e a mulher que o protegia e que lhes perguntara se o conheciam. Como elas eram novas na região, não sabiam de nada. Ao falar disso, repararam na cicatriz de Harry. "Ei, você é o tal menino, não é? Fuja, pois aquela cobra estranha parece muito empenhada em matá-lo."

"O que está acontecendo, Harry? O que você está conversando com essas cobras?" perguntou Remo.

"Elas estão falando de uma cobra com um penacho na cabeça que está por aí procurando por um menino com uma cicatriz para matar. Também está, aparentemente atrás de tia Petúnia, embora seja estranho pensar nela como alguém que me protege. Que cobra poderia ser, com penacho na cabeça?

"Ora, você não sabe? Um basilisco!"

"O basilisco que matei não tinha penacho.'

"Porque devia ser uma fêmea. Basilisco macho tem penacho. Fêmea não."

"O que faremos?'

"Bem, se ele é suficientemente pequeno para estar escondido no quintal, deve ser um basilisco ainda bem novinho, menos perigoso. Ainda assim todo cuidado é pouco. você não tem um espelho pequeno que possamos usar, para evitarmos olhar em seus olhos?"

"Sirius me deu um espelho, que serviria para entrar em contato com ele. Parece que era o par de um outro, que ele costumava usar com o meu pai. Deixei aqui, porque está quebrado, mas não tenho coragem de me desfazer dele."

"Por que não o usou para entrar em contato com Sirius?"

"Porque quando Sirius me deu, não disse o que era. Só disse que se tratava de algo para eu chamá-lo, caso Snape aprontasse alguma nas aulas de oclumência. Como não queria trazer problemas para ele, prometi a mim mesmo que jamais usaria o que estava no embrulho e simplesmente esqueci dele. Só o encontrei em minhas coisas, depois que o espelho já não poderia ser usado. Mas acho que há pedaços grandes o bastante para usarmos."

"Harry, é só consertá-lo! E esse espelho deve ficar com você. É um ótimo instrumento para mantermos contato com você. Vou procurar o seu par em Grimmauld Place. Mas agora, a prioridade é outra. Poderia conjurar uma arma, mas acho melhor evitar usar a magia, para não ter que dar explicações ao Ministério, que pode achar que foi você. Vamos falar com sua tia, para ela nos arranjar um facão."

Tia Petúnia não acreditou muito na história de que havia uma cobra perigosa no jardim e relutou muito em dar o facão. Remo disse, que se ela não desse, ele teria que conjurar um, chamando a atenção de outros bruxos, que mandariam corujas. Ela se convenceu que o melhor era mesmo dar-lhes o facão.

Mal Remo chegou na cozinha com o caco do espelho, para pegar o facão, viu que a ponta de um penacho vermelho aparecendo por detrás do basculante. a cobra já estava entrando na cozinha pela janela. Preparou-se para atacar. Harry observava com ele e viu que a cobra aparentemente preparava um bote sobre Petúnia. Não se conteve e disse em língua de cobra. "Por que quer fazer mal à mulher? Deixe-a em paz."

O basilisco se assustou. "Ei, você fala a nossa língua também. Recebi uma ordem de matar a mulher que vive na casa do menino da cicatriz. É esta a casa, não? E quem é você?"

Isso foi suficiente para distrair a cobra que não percebeu o ataque de Remo, que rapidamente atingiu a víbora.

Harry olhou o bicho meio entristecido. "Ele parecia amigável. parou o ataque quando eu disse para fazê-lo. Será que eu não poderia ter tentado controlá-lo?"

"Harry, deixe de bobagens. Um basilisco é um monstro perigoso demais para ser usado como animal de estimação. Só mesmo Voldemort para ter tal idéia. Ainda bem que foi morto logo e ainda bem que as cobrinhas o avisaram."

Petúnia, enquanto isso, estava sem fala. Nunca tinha visto uma cobra tão estranha. Por sorte, ela não chegou a olhar para o basilisco, que a estava atacando pelas costas e foi morto antes dela se virar. Ao perceber, pela aparência do bicho, que se tratava de uma criatura mágica, teve tanto medo, que preferiu nem saber o que era. Apenas pediu a Harry para não mencionar o episódio para Válter e Duda. Harry obviamente não pensaria em partilhar essa informação com eles.

Remo logo teve que ir embora, para contar o episódio a Dumbledore e assumir outras missões para a Ordem. Harry comeu algo e trancou-se em seu quarto para não mais sair até a hora de ir embora. Sua cabeça rodava com tantas questões. Ainda bem que tinha trazido o presente de Hermione. Mergulhou na leitura do livro, para tentar fazer oclumência direito. Ao voltar para a casa de Gui levou consigo o espelho, já consertado por Lupin.