Título: O Começo do Fim
Autora: Kwannom
Censura: M
Gênero: Ação/Aventura/Angst
Beta: Nenhum até o presente momento
AVISOS: Violência, linguagem e sexo explícitos
Disclaimer: Eu não sou proprietária de nada do Senhor dos Anéis. Todos os personagens e nomes de lugares mencionados pertencem a JRR Tolkien. Eu não pretendo, nem estou tendo qualquer ganho financeiro com a criação dessa história. Apesar disso, os personagens originais - Wilrog, Haleth, Siward, Seyton e outros - são meus e ninguém tasca:D
Linha temporal: Ano 3423 da Segunda Era. Universo Alternativo.
Sumário: Fic derivada de Máscara Dourada. Wilrog, um jovem humano que sonhava em ser um guerreiro tão valoroso quanto Beren, acaba por se tornar o mais temível capitão de Sauron. Esta é a sua história.

NOTA DA AUTORA

Eu não sou a favor de sexo com um menor, mas dentro do tipo de sociedade que estou tentando representar, isso não seria visto com maus olhos.

Tem uma frase nesse capítulo "Somente quando a sentinela dá os doze toques é que o dia realmente começa." As sentinelas são as que dão os toques de corneta quando passa a hora na cidade. E a frase é uma referência à música Lemon, do U2, um hino à curtição e aos hábitos do homem moderno, que diz "Midnight is where the day begins." Meia noite é onde o dia começa. Meia noite seriam os doze toques da sentinela.

CAHAL

O exército de Hamá deixou a segurança do santuário de Henneth Annûn um dia depois e partiu em sua jornada de dois dias pelas florestas de Ithilien rumo à segunda maior cidade de Gondor. Wilrog apreciava a paisagem, curioso, mas o cansaço da viagem o deixou exausto.

Foi por isso que quando finalmente chegaram a Minas Ithil, Wilrog estava dormindo.

Ele mal pôde acreditar no que tinha acontecido quando acordou e se achou dentro dos portões da cidade. Sentando-se na carroça que sacolejava um pouco, ele esfregou os olhos para espantar os resquícios de sono que insistiam em turvar sua visão. Observando as vastas paredes de pedra e os majestosos salões, Wilrog sentiu como se tivesse entrado num reino élfico. E talvez realmente houvesse algo de élfico naquelas construções, pois Minas Ithil, a Torre da Lua Crescente, era a morada de Isildur, amigo dos Eldar. Pelo menos, era isso que Wilrog sabia.

"Vejo que acordou, dorminhoco. Bem vindo a Minas Ithil," a voz de Siward chegou aos seus ouvidos, mas Wilrog nem sequer se voltou para encarar o rapaz. As casas que surgiam à sua frente enquanto passavam por uma larga abertura na montanha eram muito mais interessantes do que aquele soldado arrogante.

Pelo visto, eles já estavam bem dentro da cidade e logo a carroça de Wilrog parou. O soldado que guiava os cavalos saltou, fazendo menção para que ele fizesse o mesmo. Siward se afastou junto com um grupo de soldados e Wilrog ficou sozinho, se sentindo perdido. E agora? Deveria seguir o rapaz? Ou deveria permanecer do lado da carroça, esperando que alguém o chamasse? Ele olhou em volta, mordendo o lábio de preocupação, e não encontrou nenhum rosto conhecido. Nem mesmo Haleth estava ali.

"Está preparado para encontrar Cahal, pequeno Wilrog?"

A voz de Hamá o assustou, mas também lhe trouxe um sentimento de alívio. Ele virou-se para encarar o Homem ruivo que estava parado em pé atrás dele com a mão sobre o cabo da espada, esperando por uma resposta.

"Estou pronto."

Hamá gargalhou, dando um tapinha amigável no ombro do menino. "Então vamos andando."

Wilrog o seguiu, tendo trabalho para acompanhar as largas passadas do enorme guerreiro pelas ruas pavimentadas de pedras lisas e bem cortadas. A cidade parecia fervilhar com viajantes de todas as raças, vendedores chamando a atenção dos transeuntes para as suas mercadorias e vozes e risadas de mulheres. Wilrog viu um grupo de Anões, um pouco mais altos do que ele, que, ao avistarem Hamá passar, pararam para cumprimentar o guerreiro com suas potentes vozes que falavam uma língua estranha. Como pessoas tão pequenas conseguem falar tão alto, pensou. Os homenzinhos barbados deram gargalhadas trovejantes e apontaram para ele em sinal de aprovação. Com mais algumas palavras o grupo se despediu alegremente e Wilrog e Hamá retomaram seu caminho, agora entrando numa rua estreita e menos movimentada.

Quando dobraram a esquina, com Wilrog praticamente correndo e tropeçando atrás de Hamá, ele viu um estranho e silencioso grupo próximo à entrada do que parecia ser um alojamento. Era composto por Homens extremamente altos que usavam elegantes capas com capuzes de um profundo azul escuro por sobre as cabeças, o que dava a eles um ar de nobreza. Um deles voltou o rosto parcialmente escondido na direção de Hamá. Quando o Homem retirou o capuz para cumprimentar o guerreiro com um leve aceno de cabeça, Wilrog viu que se tratava de um Elfo. Então os olhos azuis brilhantes do Eldar se voltaram para ele e o fizeram engolir em seco, tamanha era a força daquele olhar.

Mas havia uma nova rua, e uma nova esquina, e não demorou muito para os Elfos ficarem para trás. A cidade parecia ter sido construída para dentro da pedra da montanha, que cercava as casas com uma muralha de pedra protetora, e produzia caminhos intermináveis. Arfando, Wilrog já não tinha mais paciência para observar as pessoas que o olhavam com curiosidade, nem os sorrisos de algumas meninas de sua idade que o viram passar e logo se esconderam dentro de uma casa, rindo. Ele só queria saber quando iam finalmente chegar onde esse Homem chamado Cahal estava!

Passando a mão pela testa suada, Wilrog não percebeu que Hamá havia parado e quase se chocou contra as costas do guerreiro.

"Chegamos," Hamá apontou para uma construção que mais parecia uma enorme pousada com muitas janelas e uma entrada em formato de arco que dava para um longo corredor. "Esta é a residência de Cahal e onde você vai morar até completar o seu treinamento," Hamá disse passando pela arcada.

Wilrog o seguiu e logo pôde ver que o corredor dava para um amplo espaço aberto nos fundos da construção. De lá, vinham sons metálicos de espadas se chocando e vozes de garotos. Uma voz poderosa se ergueu e reverberou pelo corredor.

"Levante esse braço, Sador, onde foi parar tudo o que eu lhe ensinei? Sua cabeça agora só se lembra do que as saias das mulheres escondem!"

Risadas se seguiram, mas logo morreram quando Hamá finalmente parou ao final do corredor. O único som que ainda se podia ouvir era a risada solitária do homem sem camisa parado no meio da arena e de costas para eles.

"Hamá, seu velho safado, você já está de volta?"

Hamá riu, se aproximando do Homem que ainda estava de costas. Wilrog permaneceu parado, observando à distância.

"Como sabia que era eu?"

O Homem se virou, finalmente mostrando o rosto. "Você é o único que consegue fazer esses pestinhas ficarem calados. Seja bem vindo, Hamá."

"É bom estar de volta... Cahal."

Wilrog observou os dois Homens se abraçarem e conversarem alegremente enquanto os outros meninos esperavam educadamente e lhe lançavam olhares de curiosidade. Então aquele era Cahal? Wilrog o observou atentamente. Com a cabeça raspada e barbudo, Cahal possuía um físico poderoso, com músculos que brilhavam de suor e pareciam ser feitos de pedra. Diversas cicatrizes cobriam as costas e o torso cabeludo do Homem, mas Wilrog logo percebeu duas características que tornavam Cahal peculiar.

Ele não tinha um braço.

O membro esquerdo havia sido cortado na altura um pouco acima do cotovelo e exibia uma cicatriz deformada.

E não tinha o olho direito.

Mas o esquerdo, de um tom castanho e amarelado, estava olhando fixo para ele agora. Se não fosse pelo sorriso do Homem, Wilrog teria tremido de medo.

"Então você é que é o filhote de Elfo? Estou vendo agora o motivo do apelido."

Filhote de Elfo! Mas como ele sabia? Siward...

Wilrog se encolheu um pouco de raiva diante do uso do apelido, seu corpo tremendo de ódio por todas as vezes que o haviam chamado daquilo. "Não sou filhote de Elfo." Wilrog retrucou e levantou o queixo, os olhos faiscando. "E com certeza você não será meu mestre, porque você não passa de um aleijado."

O rosto de Cahal empalideceu e depois ficou vermelho, tão vermelho, que Wilrog pensou que a cabeça do Homem fosse explodir. Hamá levou a mão ao rosto, um pouco envergonhado diante daquela situação, e um sorriso crispou o rosto de Cahal.

"Acho que Siward se enganou... Você não é um filhote de Elfo. É um filhote de Balrog!"

E antes que Wilrog pudesse perceber o que estava acontecendo, ele se viu com o lado do rosto enfiado na terra pelo braço bom de Cahal. O peso do Homem nas suas costas o forçou a ficar imóvel no chão e ele sentiu o ar lhe faltar nos pulmões.

"Me larga!" ele conseguiu gritar e Cahal riu.

"Ora, mas um aleijado não sabe lutar. Você devia poder se livrar de mim com facilidade! Onde foi parar a sua arrogância, pirralho?"

Wilrog bufou, já quase sem ar. "Eu me enganei! Você pode lutar! Me solte!"

Devagar, Cahal se levantou, libertando Wilrog. Depois de alguns instantes respirando profundamente para se recuperar da falta de ar, Wilrog se levantou e avançou de punhos cerrados para Cahal que apenas o observou calmamente. Hamá segurou o menino pelos ombros.

"Eu avisei que ele tinha um gênio terrível."

O rosto barbado de Cahal se contorceu num sorriso vagaroso enquanto ele se aproximava lentamente de Wilrog. Em nenhum minuto sequer o menino havia desviado os olhos dele e Cahal sentiu uma força estranha no olhar verde do garoto.

"Bom," disse Cahal. "Gosto de garotos com espírito forte e que me olham nos olhos." Ele se ajoelhou na frente de Wilrog, que ainda se debatia nos braços de Hamá. "Eu vou te ensinar a controlar esse gênio, garoto, e a usá-lo em coisas melhores do que atacar um Homem aleijado." Erguendo-se novamente, Cahal coçou a barba. "Você fez uma boa escolha, Hamá, domar esse potrinho selvagem e transformá-lo num grande soldado me dará muito prazer."

Hamá sorriu. "Eu sabia que você iria gostar do menino." Ele virou Wilrog para que pudesse encará-lo. O garoto finalmente havia se acalmado. "De hoje em diante, Wilrog, você estará sob os cuidados de Cahal e aprenderá a arte da guerra. De tempos em tempos eu voltarei para testá-lo e decidir se você está pronto para ingressar no meu exército. Espero que da próxima vez que nos encontrarmos, você tenha aprendido a controlar sua raiva."

E com estas palavras, Hamá assanhou uma última vez os cabelos louros de Wilrog e partiu, deixando o menino sozinho com Cahal e os aprendizes. O guerreiro calvo passou por ele e o chamou na direção de uma escada que dava para os andares superiores da construção.

"O que vou ter que aprender," Wilrog perguntou, fazendo Cahal parar e se voltar para ele. "O que vou ter que aprender para ser um grande guerreiro?"

Cahal suspirou e coçou o coto do braço. "Não sei responder sua pergunta em poucas palavras, pequeno. Um grande guerreiro precisa honrar seu reino, defender o bem e os fracos, respeitar seus inimigos e saber estraçalhá-los assim que eles lhe derem a oportunidade. Mas não é só isso." A mão que coçava o coto de braço foi até o rosto para coçar a barba espessa. "Acima de tudo, um guerreiro precisa ser inteligente. A força de um guerreiro não está na espada, Wilrog, mas na sua inteligência, pois o maior de todos os erros é deixar-se rude ou inculto."

"Nesse caso, vejo que tenho que começar já a aprender."

A gargalhada de Cahal retumbou novamente pelo ar. "Venha," disse. "Vou mostrar o quarto onde você passará os novos anos de sua vida."

Sonhando em se tornar um grande guerreiro, Wilrog o seguiu em silêncio e se preparou para o terrível treinamento de Cahal.

W&W&W&W&W

E assim seguiram-se quase dois invernos de Arda.

Wilrog avançava rapidamente em tudo. Havia uma coragem e uma determinação nele que causava inveja entre os menos dotados em habilidade. Sua inteligência se revelou prodigiosa. Adorava aprender e logo se interessou tanto pela escrita quanto pelas matérias eruditas que Hamá fazia questão que seus futuros soldados aprendessem.

Mas antes de tudo, ele nascera para a guerra.

E por isso Cahal amava o menino.

O garoto apreendia a arte da batalha por instinto, compreendendo-a sem qualquer esforço. Em dois anos, Wilrog já superava os outros rapazes do ponto de vista físico e intelectual. Alto, forte e ágil, gostava de manejar armas como se elas fossem amantes voluptuosas. A espada longa, sua favorita, ele empunhava com tamanha precisão e destreza que Cahal mal podia ver a lâmina cruzar o ar durante o ataque. Wilrog suportava as horas longas e árduas de treinamento mesmo quando sangrava - ou quando quebrou o braço - saboreando cada momento, enquanto seus pares imploravam para Cahal parar. De Wilrog, entretanto, o veterano sempre ouvia:

"Pode continuar."

Pois somente continuando e perseverando ele conseguiria atingir o seu sonho de se transformar num herói e num grande guerreiro.

O tempo passou até que nenhum dos garotos era páreo para ele - nem mesmo o habilidoso Sador - e Cahal teve que providenciar para que guerreiros mais experientes pudessem treinar suas habilidades. Um Homem enorme chamado Seyton, que tinha acabado de chegar na cidade vindo da vila do irmão de Hamá, tornou-se uma escolha constante.

Todas as tardes, ao final dos exercícios, os alunos de Cahal e alguns curiosos que passavam se reuniam para verem Wilrog e Seyton lutar. Guerreiros habilidosos, o menino e o gigante – pois Seyton era de um tamanho e força descomunais – formavam um contraste excepcional. A força bruta tomava conta dos golpes pesados de Seyton, que urrava e xingava e brandia seu machado com uma fúria que fazia tremer a audiência.

Leve e rápido como um gato, Wilrog possuía a elegância de um felino e a precisão de um Eldar. Seus olhos verdes permaneciam fixos em seu oponente e Cahal jurara várias vezes que bastava a força daqueles olhos recair sobre o oponente para Wilrog vencer a luta.

E a sua sede de vencer era realmente enorme. Não havia lugar em seu coração para a derrota. Ele queria ser o mais forte! Quando Cahal colocava um guerreiro mais habilidoso em seu caminho, Wilrog agradecia aos Deuses pela oportunidade de testar sua força mais uma vez. Como agora. Ele lutava com o brutamontes Seyton com uma energia controlada, saboreando cada movimento, cada ataque.

Wilrog amava a sensação de cada gota de suor ou sangue que escorria de seu corpo, cada músculo contraído, cada dor causada pelo punho poderoso de Seyton e pelo entrechoque de armas.

Ele amava a dificuldade em vencer, porque só assim poderia provar o seu verdadeiro valor. Wilrog era a juventude, a destreza, o refinamento. E como ele tinha consciência disso! Disso e dos suspiros de garotas... e garotos que vinham vê-lo lutar.

Porque além de forte, Wilrog havia se transformado num Homem belíssimo.

A princípio, ele achara inconveniente a atenção que atraía de todos, evitando-a sempre que possível. Entretanto, o tempo foi passando e quanto mais tomava consciência dos olhares vindos de mulheres e, algumas vezes, de homens que o observavam com uma fome estampada nos rostos, mais Wilrog sentia um estranho sentimento de satisfação queimar-lhe o peito.

Seu cabelo, novamente longo e na altura dos ombros, ele usava solto. O dourado forte dos fios formava um magnífico contraste com o marrom escuro que sempre estava presente em suas roupas. Agora mais alto do que Cahal e dono de um físico delineado pelo duro e intensivo treinamento com as espadas, Wilrog olhava para o mundo de cima e com um certo ar de desdém. Seus olhos verdes passaram, então, a buscar as pessoas mais susceptíveis aos seus encantos, algo não muito difícil de encontrar.

E foi então que, quando completou quatorze anos, Wilrog foi introduzido aos prazeres das mulheres e da bebida pelas mãos de Cahal.

"Vamos, Wilrog, acorde!" Cahal entrou berrando no dormitório que Wilrog dividia com Aodh sacudindo-o e gargalhando. "Quatorze anos, já é um Homem! E precisa logo aprender a fazer coisas de Homens! Vamos, acorde, sua merda preguiçosa!"

Aodh, mais velho um ano do que Wilrog, acordou esfregando os olhos castanhos e observou o rapaz louro levantar nu e resmungando.

"Mas que merda, Cahal, ainda nem amanheceu!"

O olho único de Cahal brilhou de divertimento e seus lábios se curvaram por entre os fios da barba espessa.

"Ainda nem amanheceu! É noite, Wilrog, e somente quando a sentinela dá os doze toques é que o dia realmente começa! Pensei que você quisesse conhecer os prazeres que guarda o corpo de uma mulher."

Num instante, Wilrog se sentiu completamente acordado e seu belíssimo rosto se iluminou num sorriso. Ora esse velho safado. Não esqueceu a promessa nem o meu aniversário! Há um ano, quando Wilrog sentiu o primeiro ímpeto de deitar uma garota em sua cama, Cahal o havia feito esperar. Disse que ainda não era o momento. E também que a garota em questão, filha de um nobre da cidade, ia trazer enormes problemas para Wilrog. O garoto ainda se lembrava dos beijos molhados da menina e das mãos femininas tocando o seu corpo. Infelizmente, quando ele estava prestes a descobrir a fonte da quentura que vinha daquele lugar escondido entre as pernas da garota, Cahal entrou no quarto gritando e o xingando de imbecil. Mas agora, parecia que a hora certa havia chegado.

"O que estamos esperando?" Wilrog perguntou excitado e jogando uma camisa por sobre a cabeça.

A gargalhada de Cahal retumbou pelas paredes "Você achou que eu tinha me esquecido! Mas é um verdadeiro idiota mesmo! Primeiro, nós vamos beber até você nem se lembrar mais de seu nome. E depois... virão as mulheres."

Wilrog riu, tropeçando enquanto vestia as calças e arrumando o cabelo do melhor jeito possível. Queria que as mulheres se disputassem pela sua companhia.

"Você não vem, Aodh?" Wilrog perguntou e observou o rapaz moreno corar.

"Não, não gosto dessas coisas."

Wilrog terminou de calçar as botas. "Você devia deixar de ser tão tímido, Aodh, e arranjar uma mulher para você. Não é mesmo, Cahal?"

Cahal bufou. "Esse aí? Arranjar uma mulher? É mais fácil a Montanha da Perdição congelar!"

"Não é verdade, Cahal. Já vi mulheres lançarem mais de um olhar na direção de Aodh," Wilrog disse enquanto penteava os cabelos.

Cahal se aproximou coçando o coto do braço e, com uma expressão séria, confidenciou-lhe ao ouvido.

"Elas podem até olhar, mas o problema é que ele prefere admirar as calças de um Homem do que as saias de uma mulher."

O quê? Wilrog franziu o cenho e olhou na direção do rapaz que estava sentado na outra cama. Quando percebeu que estava sendo observado, Aodh desviou o olhar e corou, fazendo as feições de Wilrog se suavizarem um pouco. Sim, era verdade. Já tinha percebido os olhares de Aodh em seu corpo muitas vezes, mas os tinha ignorado. Agora, entretanto, que o observava, podia ver que havia algo mais naquele olhar castanho de Aodh. Algo mais do que desejo. A ternura estranha contida na expressão do rapaz silencioso e tímido fez as entranhas de Wilrog se apertarem e por um momento se sentiu confuso.

"Acho melhor nós irmos, Cahal," Wilrog disse empurrando o guerreiro pelo coto do braço na direção da porta e então se aproximou do rapaz moreno que havia se tornado o seu mais fiel companheiro desde que entrara para o treinamento do exército de Hamá. "Espere pelo meu retorno... Aodh."

O rapaz corou ainda mais diante da maneira sensual com que Wilrog pronunciou o seu nome, como se fosse uma carícia íntima. Sem poder fazer nada a não ser assentir com um aceno de cabeça, Aodh observou Wilrog atravessar a porta e ir de encontro aos prazeres da noite em Minas Ithil ao lado de Cahal e outros rapazes.

W&W&W&W&W

Naquela noite, Wilrog sentiu pela primeira vez o gosto amargo do álcool, o gosto doce e quente das mulheres...

E o gosto de algo que ele não esperava experimentar nunca em sua vida.

Cantando e gargalhando ao lado dos companheiros e de Cahal, Wilrog entornava uma caneca atrás da outra no bar da casa que recebera o nome de sua dona, a cortesã Madame Mavelle. O álcool esquentava as suas entranhas, fazia sua cabeça zunir e seu coração se encher de uma alegria e de uma coragem que nunca seriam possíveis se ele estivesse sóbrio. Muito vagamente sentia a jovem mulher ruiva chamada Anya, um pouco mais velha do que ele, sentada em seu colo e acariciando a frente de suas calças. Wilrog se engasgou quando os dedos ficaram mais ousados e mergulharam dentro da vestimenta. Os Homens ao seu redor gargalharam.

"Ora se Wilrog não está vermelho como uma virgem!" Cahal gritou com o braço bom enlaçado na cintura de uma morena alta.

Sador bateu sua caneca vazia na mesa. "Vamos Wilrog! Mostre para essa moleca que você já é um Homem!"

Os Homens gargalharam, Dewain arrotou e os olhos verdes de Wilrog brilharam de desejo e embriaguez.

"Não se preocupem meus amigos!" ele disse para toda a mesa. "Vou mostrar para essa coisinha aqui que eu sei um truque ou dois."

Um gemido feminino logo se seguiu quando as mãos de Wilrog subiram a saia de Anya e acariciaram a pele macia das coxas até o ponto molhado e quente entre as pernas.

"Ora ora, que menina travessa, não usa as roupas íntimas de uma dama..." Wilrog sussurrou no ouvido da garota e a beijou sob os gritos e assobios de seus companheiros.

Enquanto estava preocupado descobrindo os encantos femininos de Anya, Wilrog sentiu que estava sendo observado e abriu os olhos. Um Homem alto, elegante, de cabelos longos e negros que estava sentado junto a uma das janelas levantou a caneca de bebida em sua direção numa saudação polida. Esnobe... O que você pensa que está olhando? Mas Wilrog reconheceu que o Homem era belo e aquilo o encheu de orgulho por ser capaz de atrair a atenção de alguém como aquele

Encorajado pela bebida, Wilrog se levantou, puxando a garota consigo. "Acho que já aprendi o suficiente sobre a cerveja por hoje. Agora está na hora de eu aprender mais sobre as mulheres."

Os Homens uivaram, batendo com as mãos e copos na mesa, gritando palavras de incentivo. Quando estava prestes a deixar o bar e subir para um dos quartos, Wilrog sentiu uma mão suave tocar o seu ombro.

"Um rapaz como você não pode ter qualquer uma em sua primeira noite, somente a melhor. Chamo-me Mavelle," a voz, tão suave quanto a mão, chegou-lhe aos ouvidos em meio a mais gritos de seus companheiros.

Wilrog se virou e sentiu suas entranhas se contraírem quando viu a mulher que estava parada na frente dele e a senhora daquela casa. Alta, cabelos longos e castanhos claros que caíam feito ondas sobre um colo magnífico, Mavelle possuía também um par de olhos azuis que pareciam capturar a alma masculina. Ela estendeu a mão para ele e Wilrog a beijou respeitosamente. Com um leve aceno de cabeça, Mavelle fez Anya se afastar, contrariada.

"Você é extremamente belo... E muito seguro de si. É uma honra ser a primeira a montá-lo, meu senhor."

Os lábios de Wilrog se curvaram num sorriso brincalhão. "A honra é minha em me deixar montar por uma dama tão bela," ele disse com a voz rouca. "Agora, se você não se importa, estou ansioso para a minha primeira corrida pelos campos entre as suas pernas."

Mavelle sorriu um riso cristalino que lhe iluminou o olhar. "Está bem. Siga-me, rapaz," disse, tomando o caminho das escadas.

Sorrindo, Wilrog começou a segui-la, mas antes um desejo estranho o fez virar-se na direção do Homem misterioso. Os olhos do moreno alto ainda estavam fixos em Wilrog. Engolindo em seco, ele subiu as escadas quase correndo, sabendo que estava brincando com o que não devia e desejando somente mergulhar nos braços macios de Mavelle.

W&W&W&W&W

Wilrog jamais havia conhecido tamanho prazer em toda a sua vida.

Arfando, suado, seu corpo tremia dentro da quentura deslizante do corpo de Mavelle pela terceira vez aquela noite. A mulher gemia, e o apertava com tal força que ele pensou que fosse desmaiar. Cada curva, cada suave diferença dos contornos dos seios cheios contra o seu peito liso o faziam pensar que tinha morrido e estava morando junto aos Valar. E o cheiro... O cheiro feminino o embriagava e o deixava num estado de êxtase eterno. Mavelle também o ensinou a dar prazer a uma mulher e a certeza de que havia aprendido bem a lição vinha no formato de gritos entrecortados e dos tremores que sacudiam o sinuoso corpo da cortesã.

Ele beijou a mulher profundamente ao sentir a última gota de seu prazer se perder entre as pernas de Mavelle. "Você... é maravilhosa."

A mulher riu se aconchegando ao lado dele quando Wilrog abandonou o seu corpo e deitou, esgotado. "Você é belo demais... Nunca esqueça de que nem sempre apenas um rosto bonito é capaz de dar prazer a uma mulher. Lembre-se do que ensinei."

"Com certeza irei lembrar de seus ensinamentos," Wilrog disse com uma gargalhada, "mesmo que isso torne as minhas noites muito mais solitárias."

E Wilrog dormiu, meio embriagado de álcool e de desejo recém descoberto. Mais tarde, acordou para uma cama vazia. A belíssima Mavelle havia se retirado e Wilrog grunhiu quando sentiu um enjôo súbito toldar-lhe a visão. Merda de cerveja... Levantando-se, ele havia começado a vestir-se quando ouviu uma leve batida na porta. Quem pode ser? Trôpego, pois o efeito da cerveja ainda dificultava os seus movimentos, Wilrog foi até a porta e a abriu.

Parado em pé do outro lado estava o Homem de longos cabelos negros do salão.

Wilrog engoliu em seco. "O que quer aqui?"

"Não vai me convidar para entrar?" o estranho respondeu numa voz doce demais para Wilrog.

"O que quer aqui?" ele repetiu a pergunta e o estranho suspirou.

"Chamo-me Lord Ferghus, sou um dos conselheiros do rei."

Wilrog apertou as sobrancelhas. "O que um nobre como você está fazendo num lugar como este?"

Ferghus deu um passo à frente, se aproximando de Wilrog, que não recuou. "Estava tentando ter um minuto a sós com o Homem mais belo que já vi," ele disse e Wilrog mordeu o lábio, sentindo o coração disparar no peito.

Com mil demônios... Wilrog deixou que o Homem acariciasse o seu rosto, a mão áspera proporcionando uma sensação diferente do suave toque das mãos de uma mulher. Ferghus era belo, Wilrog tinha que concordar com aquilo, mas se sentiu meio atordoado diante do desconhecido, do sentimento de que estava fazendo algo errado, transgredindo regras. Os dedos tocaram os seus lábios e Wilrog fechou os olhos.

"Meu nome é..." Ele começou a se apresentar, mas o dedo em sua boca o impediu pressionando para que se calasse.

"Wilrog, eu sei." Um sorriso lânguido iluminou o rosto levemente barbado do Lord e os olhos castanhos brilharam. "Acho que está na hora de você aprender mais uma lição do mundo dos Homens."

E Ferghus o beijou.

Depois de sentir a barba rala de Ferghus contra o seu rosto liso e a língua masculina entreabrir os seus lábios, Wilrog deixou-se perder em sensações. Mesmo agora, caminhando por entre as ruas desertas em direção ao seu alojamento, ele pouco se recordava. Lembrava-se do corpo nu e rígido do Homem contra o seu, de ser empurrado com certa força contra a cama, dedos molhados penetrando-o, medo, recusa, braços o prendendo, dor, e então prazer, um prazer diferente, masculino.

Mas de uma coisa Wilrog tinha certeza: ele havia gostado.

Tomara que ninguém saiba o que aconteceu, ele pensou enquanto caminhava mancando de leve – Ferghus o havia deixado dolorido. Mas ao mesmo tempo, outra voz dentro dele dizia e daí se eles souberem? A vida é minha, eu faço com ela o que eu quiser. Wilrog inspirou fundo, tentando acalmar aqueles sentimentos contraditórios. Ele sabia que também havia gostado da mulher, Mavelle, talvez até mais do que de Ferghus. Como diabos aquilo foi acontecer?

Uma nova onda de vômito o assolou e Wilrog vomitou num canto da rua. Que pedaço de merda que eu sou, pensou enquanto limpava a boca e respirava fundo para acalmar suas entranhas.

Quando se recompôs ele apressou o passo e chegou logo aos alojamentos, subindo as escadas em direção ao seu quarto. Não havia barulhos, os garotos mais novos estavam dormindo e os mais velhos ainda se encontravam na taverna de Madame Mavelle. Somente Wilrog havia abandonado o lugar, querendo sair dali o mais rápido possível, como se tivesse cometido um crime abominável.

Além de Wilrog, o bruxulear da chama de uma vela denunciava o outro único rapaz que permanecia no alojamento.

Aodh.

Em silêncio para não acordar o amigo, Wilrog entrou no quarto, descalçou as botas e tirou a camisa. Indo até a vasilha de água, lavou o rosto e depois se aliviou no pote que ficava no aposento. Só então olhou para Aodh, que se encontrava deitado na cama com as costas viradas para ele. O rapaz soluçava baixinho, chorando e Wilrog sentiu pena do amigo.

Caminhando até ele, Wilrog se sentou na beira da cama.

"Saia daqui!" Aodh falou por entre os dentes trincados. Wilrog suspirou.

"Por que está chorando?" Aodh não respondeu e Wilrog tocou o ombro do rapaz, virando-o para que pudesse encarar o rosto molhado de lágrimas. "Não precisa ter medo, já sei a resposta. Você tem ciúmes de mim, não tem, Aodh?"

Uma expressão de espanto crispou o rosto de Aodh e ele o escondeu com as mãos, soluçando com ainda mais força. "Me perdoe! Sei que você não é como eu e me odiaria por isso, mas não pude evitar! Me perdoe!"

Wilrog sacudiu a cabeça em reprimenda pelo estado fragilizado de Aodh e com gentileza retirou as mãos que encobriam o rosto do amigo. Os olhos castanhos, que por um momento o fizeram se lembrar de Ferghus, encontraram seus olhos verdes. Mas em vez de luxúria, Aodh trazia carinho no olhar. E depois de uma noite daquelas, a sua primeira noite como um Homem, era de carinho que Wilrog precisava. Suspirando, ele afagou o cabelo curto e molhado de suor do amigo.

"Você se lembra do que eu disse antes de sair?" ele perguntou e esperou que Aodh se acalmasse para responder.

"Você pediu que eu te esperasse," Aodh respondeu, trêmulo.

"E você esperou. Agora chegou a hora de sua recompensa."

E com aquelas palavras, Wilrog beijou um atônito Aodh. O rapaz, a princípio tímido, foi ficando cada vez mais ousado com as carícias íntimas que as mãos masculinas do seu companheiro de quarto lhe proporcionavam. Wilrog beijava, tocava, acariciava, sentindo uma pontada de arrependimento, mas também um desejo forte de impor sua força depois de ter sido subjugado por Ferghus e Mavelle. Agora era ele, Wilrog, quem estava no comando dos sentimentos do tímido rapaz que se contorcia sob o seu corpo.

Despindo-se em pé, Wilrog permitiu que Aodh admirasse sua beleza nua.

"Você é um Vala, é o meu sol..." Aodh disse com uma voz embargada, enquanto beijava a pélvis orgulhosa que tanto desejava ter entre os seus lábios num sinal de adoração. Wilrog arrancou o rosto do rapaz do seu sexo puxando-o firmemente pelos cabelos.

"Que você compreenda que jamais poderei corresponder a esse sentimento, fui claro, Aodh?"

O rapaz fez que sim com a cabeça, trêmulo, e Wilrog o virou de costas, imitando as ações de Ferghus. Deixou que Aodh lambesse os seus dedos e invadiu o corpo do amigo com eles para prepará-lo. Aodh ficou tenso diante do toque estranho e íntimo.

"É a minha... primeira vez," ele disse, a voz rouca.

Wilrog beijou-lhe a nuca, movimentando os dedos para que atingissem o ponto que daria prazer a Aodh. O espasmo que percorreu o corpo do rapaz fez Wilrog sorrir, arrogante.

"Não se preocupe, meu tímido Aodh," disse diminuindo um pouco a pressão de seus dedos e retirando-os para dar lugar ao seu sexo. "A dor é rápida, fugaz. Logo você encontrará prazer, isso eu lhe juro."

Aodh engasgou ao primeiro sinal de dor que queimava, aguda. "Como você... sabe?"

Wilrog sorriu contra os cabelos curtos de Aodh, regozijando-se por ter o total controle de uma pessoa em suas mãos. "Eu apenas sei," respondeu e deixou-se perder dentro da quentura do corpo intocado e masculino.

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Depois daquela noite insana, uma nova aura de auto-confiança parecia ter envolvido Wilrog.

Cahal notava com freqüência a crescente arrogância do aluno e como o rapaz se utilizava de extrema sensualidade para seduzir e conseguir tudo o que queria. Homens, mulheres, todos caíam aos seus pés, atendendo ao mais absurdo de seus desejos. Sempre exigia; sempre punia quem lhe negasse algo com uma surra na arena durante o treinamento. Entre os aprendizes, houve uma clara divisão entre aqueles que ainda apoiavam Wilrog, como o fiel Aodh, e aqueles que começavam a contestar o autoritarismo do filhote de Elfo, como Sador e outros voltaram a lhe chamar.

Quanto a isso, Wilrog não se importava. A ele agora só interessava saber quando Hamá viria testá-lo e ver que estava pronto para ingressar em seu exército. Wilrog não tinha dúvidas de que seu lugar estava garantido. A cada dia treinava com mais afinco até seus braços ficarem dormentes com o peso da espada e seus dedos sangrarem com o ato de retesar a corda do arco.

Wilrog queria que Hamá viesse, ou pelo menos Haleth!

Haleth...

Nunca mais tinha visto a menina, que agora devia já ser uma mulher de dezessete anos. O que sabia dela vinha das notícias que chegavam até a cidade. A fama de Haleth só fazia aumentar e, sem saber o motivo, aquilo enchia o peito de Wilrog de orgulho e fez com que voltasse a se lembrar da garota que o havia salvado de uma vida solitária numa floresta. Não foram poucas as vezes que se deparou pensando nela, tentando lembrar do contorno do seu rosto, dos cabelos cacheados, ou dos olhos tristes e melancólicos. Aqueles pensamentos chegavam sem ser convidados e muitas vezes se abatiam sobre ele quando Wilrog se encontrava na companhia de uma mulher exótica ou de um Homem interessante.

Às vezes, Ferghus vinha visitá-lo, mas Wilrog não estava mais interessado nele. Muito menos em Aodh, que somente lhe aquecia a cama durante as noites em que se sentia solitário ou que não tivera tempo de buscar uma mulher ardente e complacente para entretê-lo numa noite tediosa.

Já se passaram dois anos! Onde está você, Hamá?

A ansiedade de Wilrog somente crescia, para desespero de Cahal, que tinha que agüentar os rompantes de fúria e frustração do rapaz, cada vez mais freqüentes.

Mas então, no dia 2425 da Segunda Era, durante uma tarde de treinamento em que os rapazes riam e apostavam para ver qual dos dois, Wilrog ou Cahal, venceria uma luta, a figura imponente de um Homem ruivo parado à frente da arena fez todos os sons morrerem ao mesmo tempo que Cahal ia ao chão pelo golpe certeiro de Wilrog.

"Vejo que o menino assustado se transformou num Homem habilidoso com a espada."

A voz de Hamá ribombou pela arena e Wilrog sorriu supreso, orgulhoso e excitado. "Meu senhor Hamá," ele disse respeitosamente e inclinando a cabeça.

"Vejo, também, que aprendeu boas maneiras," Hamá disse rindo enquanto Wilrog ajudava Cahal a se levantar. "O menino está lhe dando trabalho, Cahal?"

Cahal bufou, contrariado por ter sido arremessado no chão na frente de Hamá. "Não mais do que os outros pestinhas."

Hamá sorriu e caminhou na direção de Wilrog que permaneceu ereto, os olhos verdes brilhando. Já é mais alto do que eu, pensou Hamá quando ficou em pé diante do rapaz. "Está pronto para matar Orcs, Wilrog?"

A boca de Wilrog se abriu de espanto, as palmas da mão ficaram suadas em volta do cabo da espada que ainda segurava. "Você não deveria me testar primeiro?"

"Já vi o suficiente," Hamá disse e olhou na direção de Cahal, "e já me contaram o suficiente. Está pronto, rapaz?"

Um sorriso encurvou os lábios de Wilrog que sentia o coração disparar no peito e um nó se formar em sua garganta. "Desde o dia que coloquei meus pés aqui."

"Ótimo. Então arrume suas coisas e venha comigo, porque nós partimos amanhã bem cedo." Hamá colocou uma mão sobre o ombro de Wilrog. "Seja bem vindo."

"Obrigado, Senhor."

Cahal grunhiu e deu um tapa nas costas de Wilrog que o fez derrubar a espada. "O que está esperando? Vá pegar suas coisas logo, Wilrog! Hamá não tem o dia todo!"

Com um sorriso aberto no rosto, Wilrog subiu as escadas até o seu quarto devorando cada degrau de um salto. Quando chegou lá, viu um escudo com o símbolo do clã de Hamá – um lobo branco – e uma espada novasobre sua cama. Isso foi obra de Cahal, com certeza. Wilrog pegou os objetos com as mãos trêmulas e chorou de alegria.

Finalmente seu dia havia chegado.

Quando deixou a casa onde havia morado por dois anos, caminhando orgulhoso ao lado de Hamá e de Seyton – para espanto seu – Wilrog não notou o olhar triste de Aodh, ou os olhares de inveja de Dewain e outros rapazes, ou a indiferença de Sador.

Também não notou as lágrimas de Cahal.

Pois no dia em que viu Hamá levar Wilrog, Cahal chorou; de todos os aprendizes que tivera, o menino - agora Homem - Wilrog, fora o que ele mais amara.

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