A chuva que caía nas terras japonesas durante o mês deixaram floridos os campos ao redor da floresta do Inuyasha. Haviam pessoas que comentavam ser este o mês mais úmido em muitos anos, o que os deixavam animados pela próxima colheita. Todos estavam felizes no vilarejo, exceto um certo hanyou.
Fazia exatamente um mês que Shanara foi levada inconsciente através do poço come ossos. Desde então Inuyasha nunca mais a vira. Ele ia até a era atual sempre, seja buscando Kagome ou por qualquer problema que aparecesse. Mas ele evitava as proximidades do sobrado onde ela viveu. Naquele dia, ele resolver ir apanhar a estudante que mais uma vez se atrasara em regressar ao Sengoku Jidai, o que era sabido ser irritante para o meio youkai, por natureza um ser impaciente. Como era de costume ele saltou para fora do Hokora quase invisível tamanha era sua velocidade, impulsionada pela impaciência e pelo cheiro de comida que vinha da cozinha.
Kagome estava em seu quarto estudando, ou melhor, cansando o cérebro inutilmente. Inuyasha adentrou o aposento pela janela e rosnou irritado quando viu Kagome debruçada sobre uma pilha de papéis que ele julgava serem inúteis.
- Kagome! Outra vez você se atrasou! Precisamos ir agora mesmo!
Ela o olhou séria.
- Eu não posso Inuyasha... fiquei de recuperação em quatro matérias, se eu não fizer as provas e tirar boas notas eu serei reprovada... aiai...
Kagome suspirou e apoiou a cabeça quente de estudar na mesa. O hanyou falou finalmente.
- Ótimo! Se você for reprovada não precisará mais ir a escola e poderemos procurar os fragmentos sem interrupções!
Ela explodiu.
- O que? Eu não posso ser reprovada Inuyasha! Se eu for reprovada terei que ficar mais um ano na mesma série, isso seria uma tragédia! Minha mãe ia me botar de castigo durante a minha adolescência toda!
O hanyou se sentou na cama e ficou calado. Os olhos dourados fitavam o céu lá fora, vazios e tristes. Kagome suspirou mais fundo, pois tinha em sua mente o mesmo pensamento de Inuyasha.
- Soube – ela enfim comentou – que eles tiveram que voltar pra terra deles porque ela não se recuperou de tudo aquilo Inuyasha. A Sayaka esteve aqui ontem de manhã.
O brilho nos olhos de Inuyasha denunciaram seu interesse pelo assunto, mas ele não se moveu nem disse nada. Ela continuou.
- A Sayaka disse que ela saiu do sobrado carregada, e eles tomaram o primeiro avião do dia, uns dois dias depois deles atravessarem o poço. Há alguns dias pelo telefone o Yuri contou que ela estava em casa, mas muito fraca e dormindo quase o dia todo. Ele acha que o organismo reagiu tão fortemente a uma ... contaminação... que o corpo ainda não se recuperou.
Inuyasha rangeu os dentes levemente. Uma contaminação, pensou ele amargurado. Sim, eu a contaminei com meu sangue de youkai e ela estava doente. Queria muito vê-la, mas se antes evitava se aproximar do sobrado agora era quase impossível voltar a ver Shanara novamente, pois ela estava muito, muito longe dali. Sentiu-se impotente e derrotado. Kagome se aproximou dele e sentou-se ao seu lado, encostando a cabeça em seu ombro.
- Não se sinta culpado Inuyasha. Você não teve escolha naquela hora.
Ele permanecia calado. Kagome quis consolá-lo, mas não achou palavras para fazer isso. Pensou em fazer como Kamala, mas não teve coragem. Sabia que o hanyou queria ver a guerreira e isso a entristeceu um pouco. Mais uma garota para ela dividir o coração de Inuyasha. Afinal, que capacidade que ele tem de se envolver com mulheres amaldiçoadas, ora bolas, pensou Kagome. Eu que não tenho maldição nenhuma, ele me deixa de lado, veio ao seu coração um sopro de raiva. Mas depois se lembrou das palavras de Kamala. Ele vê em você uma garota forte, que sabe se virar sozinha, por isso corre atrás das desamparadas. Mas o amor dele é seu, incondicionalmente. Será, a palavra invadiu seu pensamento como um punhal afiado se cravando em seu cérebro. O olhar distraído da menina foi atraído pela sombra que passava veloz como um piscar de olhos. Ele saía pela janela e sumia por entre as árvores que ladeavam o templo. Em direção ao sobrado.
Inuyasha esperou pela noite, já que durante o dia muitas pessoas andavam por ali, vendo o imóvel desocupado para alugar. Quando o ultimo transeunte passou pelo portão, ele saltou em direção á sacada que ficava em frente a uma frondosa cerejeira, sem flores. O trinco da janela rangeu quando ele abriu a veneziana, adentrando no quarto, que ainda conservava o cheiro dela. Como é bom, pensou Inuyasha, aspirando mais fortemente o ar perfumado, como se quisesse conservar em seu nariz o odor de flores que só ela tinha. Sentou-se no chão e fitou o aposento em todos os seus cantos. Sacudiu a cabeça e pensou, esse perfume parece um veneno, por que essa vontade de ver essa garota? Será que estou amaldiçoado? Ele divagou por algum tempo e resolveu remexer as gavetas. Estavam vazias, mas no chão perto da cabeceira da cama ele achou uma revista estrangeira, e folheando as paginas ele achou uma foto, que o perturbou muito. Nela Shanara aparecia sentada numa carruagem de aço um pouco parecida com a da Kagome, mas bem maior, rodeada por diversas pessoas, entre elas Yuri e Kamala. Também na foto estava impregnado o cheiro dela, por isso resolveu guardar ambos, a revista e a foto.
Mais tarde, já na casa de Kagome, o hanyou mostrou a ela a revista que achara no sobrado (mas não a foto...). folheando um pouco, Kagome olhou Inuyasha e sorriu.
- Esta é a terra natal deles Inuyasha. – o hanyou olhou interessado – o pais deles fica muito longe daqui, na verdade do outro lado do mundo. Veja...
- Fica muito longe Kagome? – e se a gente fosse na Kirara?
- A gente ia ter que viajar dia e noite, a Kirara ia cansar e demoraríamos uns dois meses para chegar... – falou a estudante um pouco irritada. – só dá pra ir de avião, mas é muito caro, portanto esqueça...
O desapontamento de Inuyasha fez Kagome espumar de raiva. Ele não podia estar falando sério, ir atrás daquela garota desse jeito. A mocinha devolveu a revista pra ele e saiu pisando duro. Inuyasha entretanto não parava de pensar. Subitamente saltou pra fora e pulou dentro do hokora, sumindo lá dentro.
Na era feudal, o hanyou procurou Miroku por toda parte, o encontrando sentado num banquinho do vilarejo olhando um bando de mulheres tagarelando sem parar. Shippou estava a seu lado chupando um pirulito.
- Ei Miroku! Preciso de sua ajuda! – o hanyou parou em frente ao monge que o olhou surpreso.
- O que aconteceu Inuyasha? Brigou com a senhorita Kagome para chegar afobado desse jeito?
- Preciso que me ajude numa coisa! Venha logo!
E saiu arrastando o monge pelo hábito. Quando chegaram a um lugar mais tranqüilo, o hanyou disse.
- Preciso de dinheiro e você vai me ajudar!
- Você? De dinheiro? Pra que Inuyasha?
- Pra pagar para voar no passaro de aço que vive na era da Kagome.
Miroku arregalou os olhos.
- Existe tal criatura no mundo da Kagome? E você disse que vai viajar nela?
- É complicado de explicar isso! Eu sei que essas suas malandragens rendem um bom dinheiro, então me ajude!
- Peraí Inuyasha, não chame meus exorcismos de malandragem não! De qualquer forma, acabamos com todos os youkais da região, como poderemos exterminar um por aqui? A não ser que...
O monge olhou matreiro pra Shippou, que permanecia distraído com o pirulito. Mal sabia ele...
Um rugido fez os moradores do castelo tremerem. Um enorme youkai raposa batia a cauda em cima do telhado, fazendo a estrutura ranger ofendida. Todos fugiam apavorados diante do youkai que estranhamente fazia muito barulho mas não destruía nada. Miroku chegou correndo e o chefe dos homens do castelo logo o abordou.
- Houshi-sama! Por favor, nos livre desse youkai!
- Não se preocupe. Eu exterminarei essa fera mas... – chegou bem pertinho do pobre homem – será que não há uma recompensa pelo trabalho?
O homem o olhou confuso.
- Bem... o senhor desse castelo é bastante generoso, creio que ele ira recompensá-lo houshi-sama. Mas nos livre do youkai por favor!
- Será um prazer. – Miroku se afastou segurando o riso. Se aproximou da raposa e sacou um de seus pergaminhos.
- Vá embora daqui espírito maligno!
O papelzinho sem poder algum colou na testa da raposa que se desfez em fumaça. Os aldeões aplaudiram Miroku entusiasticamente. Ele foi conduzido ao senhor do castelo que o recebeu sorrindo. Um dos guardas se aproximou e cochichou no ouvido dele. Batendo palmas ele pediu que lhe trouxessem um de seus tesouros e alguns rapazes trouxeram a recompensa do monge.
Miroku saiu do castelo amargurado. O tal senhor generoso lhe dera uma estatueta de Buda das mais vagabundas, feita de madeira talhada. Inuyasha vai me matar, pensou o monge desanimado enquanto seguia até o vilarejo.
