Realmente Inuyasha ficou muito irritado quando viu o que Miroku tinha ganhado por exterminar o youkai. Ele jogou a imagem inútil na cabeça do pobre monge. Mas quem estava mais bravo era o Shippou, que entrou de gaiato na história e pagou mico, a troco de nada. O hanyou voltou desolado pra era da Kagome, levando o Buda consigo. Vou ver se a Kagome quer ficar com isso, pensou ele.

A surpresa de Inuyasha foi quando o avô da estudante viu a estatueta. Disse que era um artefato histórico valioso e se propôs a comprá-lo por um bom preço. E assim o meio youkai conseguiu dinheiro pra comprar a passagem de avião para ver Shanara. Kagome naturalmente quis ir junto com ele. E além do mais, Inuyasha não saberia se virar sozinho no mundo atual.

No outro dia a mocinha comprou passagens para daqui a três dias. Inuyasha mal se cabia em si de felicidade, o que irritou um pouco Kagome. Por que será que ainda gosto desse idiota, se perguntava ela achando que mais uma vez iria se ver entre ele e uma outra garota. Seria esse seu destino afinal?

Ás vésperas da partida, enquanto Inuyasha comia vorazmente dentro da cabana da Kaede, Kagome confidenciou seus pensamentos para a Sango. A exterminadora suspirou quando Kagome terminou.

- Kagome, eu não sei como você tolera essas coisas. Eu no seu lugar já teria jogado o Inuyasha de um precipício...

- Vontade não me falta. Mas acho que tenho que aceitar que ele se sinta responsável pelo destino dessa moça...

- Eu não acredito! Quando ele a conheceu ela já estava amaldiçoada! Ele fica atrás dela porque é um idiota mesmo! Não o defenda porque isso me ferve o sangue!

Kagome surpreendeu-se com as palavras de Sango. Nossa, eu não sabia que a Sango podia ser tão violenta... pensou a estudante. Mas no fundo ela tinha razão, ela tinha que defender o seu amor custasse o que custasse. E decidiu que não sairia do calcanhar do Inuyasha durante toda a viagem.

No outro dia eles foram cedo para a era atual. A contragosto ele aceitou colocar roupas mais adequadas a época, mas ninguém o fez deixar a Tessaiga. Kagome sabia que teria problemas para embarcar com uma arma branca na bagagem, mas o avô deu um jeito: despachar a espada como um artefato antigo, para uma suposta exposição. Foi duro, mas Kagome convenceu o hanyou a se separar da Tessaiga. E eles embarcaram.

Dentro do avião, mais problemas. Até quando a aeronave estava no chão, tudo bem. Inuyasha estava tranqüilo, mas quando decolou, ele sentiu-se mal e quis vomitar, para desespero da Kagome, que teve que sair correndo com ele para o banheiro. Quando a aeromoça lhe ofereceu uns petiscos, ele pegou a bandeja toda, e bebeu um vidro inteiro de saquê. Depois desse porre todo, dormiu e roncou a viagem toda. Kagome não via a hora de chegar.

Finalmente o avião pousou. A mocinha estava exausta, não pregara o olho por causa do meio youkai. Ele acordou ainda meio tonto do saquê e quase caiu da escada do avião. No saguão do aeroporto eles foram recebidos por Yuri. Inuyasha logo perguntou pela Tessaiga e todos foram ao local onde as bagagens eram retiradas. Eles tomaram um táxi rumo a casa do rapaz.

No caminho Inuyasha permaneceu calado o tempo todo. Kagome quebrou o silêncio e perguntou por Shanara. As orelhas do hanyou pularam. Yuri disse.

- Ela está na mesma. Dorme quase o dia todo e á noite fica um pouco mais ativa, mas sonolenta e sua pele está cada vez mais pálida. E... aquela sede se intensificou.

- Sinto muito por sua prima Yuri. E os outros como estão?

- A galera está na mesma. Mas Kamala não sai lá de casa. Teme que alguma coisa ruim possa acontecer. E soubemos que a Trovoada Negra tem rondado por ai. É sinal que o Gabriel voltou junto com a gente.

Inuyasha rosnou baixinho ao ouvir o nome. Foi através dele que essa maldição começou. Jurou a si mesmo que cortaria a cabeça desse maldito.

O táxi encostou em frente a um portão branco. A casa era grande, um sobrado como onde eles moraram no Japão. Assim que saiu do veiculo, o hanyou identificou imediatamente a janela do quarto de Shanara, pois dela exalava o mesmo perfume de flores que ele tanto ansiou em sentir novamente. Em seu ímpeto saltou até o parapeito da janela e viu a moça deitada, dormindo, o peito movendo-se suavemente no ritmo lento de sua respiração. Seu corpo semimorto quase não vibrava com o pulsar do coração, a um passo da morte total. A pele estava ainda mais pálida que da ultima vez que a vira, quando ela foi embora carregada, e ele não teve coragem de se despedir. Inuyasha se aproximou do leito e olhou para a bolsa de sangue que estava pendurada numa haste, ligada ao pulso dela por tubos finos. Ele tocou seu rosto levemente e sentiu-a fria como um cadáver. Isso doeu profundamente no coração dele, que sem dizer palavra saltou pra fora do quarto, em direção ao telhado, e lá se sentou. Kagome e Yuri entraram no momento em que Inuyasha deixava o aposento, e a mocinha suspirou.

- Inuyasha...

- O que há com o homem cachorro senhorita Kagome? Ele está estranho.

- Ele... se sente culpado pelo que aconteceu com ela. É melhor deixá-lo sozinho agora.

- Hum... entendo.

Mais tarde, todos estavam reunidos na sala. Kamala permanecia calado, sentado numa poltrona. Yuri sentou-se no sofá junto com Kagome e Inuyasha se enfiou em um canto do recinto, no chão, com as pernas cruzadas e os olhos fechados. Ele apenas ouvia tudo que era dito, e não falou mais com ninguém.

- O que podemos fazer para que ela melhore Yuri? – Questionou Kagome.

- Sinceramente estamos sem opções. Não conhecemos bem certas coisas em relação á maldição que caiu sobre ela. É um caso difícil, mas acho que algo mais aconteceu para que o vampirismo de Shanara tomasse essa proporção. Vocês não se lembram de nenhum outro fato que aconteceu além dela ter bebido o sangue do Inuyasha?

- O Naraku colocou nela um fragmento corrompido da jóia de quatro almas. – Kagome lembrou – talvez isso seja ação do veneno que estava no fragmento.

- Também acho que o fato dela ter tomado o sangue do vira lata não tenha sido a causa dessa doença da Narinha – falou Kamala puxando a trança para o lado. – senão a transformação teria sido imediata.

- Concordo com você. Então, o que podemos fazer para curá-la? Vocês conhecem algum antídoto para o veneno do fragmento?

Kagome abaixou o olhar. Se lembrou de como purificou o veneno do corpo da Kikyou, quando o Naraku tentou matá-la no monte Hakurei. Talvez ela pudesse fazer o mesmo com Shanara, mas... será que era isso mesmo que ela queria? Recordou de como Shanara mexia com Inuyasha, ainda mais do que a própria Kikyou. Mas, por amor a Inuyasha, ela não queria vê-lo sofrendo, e tomou a decisão. Iria tentar.