Já era quase meio dia quando eles saíram para o passeio. Yuri apontou o carro e Viviane sorriu ao pensar na tarde agradável que eles teriam. Inuyasha no entanto não gostou da idéia de andar numa carroça sem cavalos e além de tudo muito barulhenta. Kagome o convenceu de entrar no automóvel e ele se sentou meio desconfiado e farejando tudo. Quando o carro se pôs em movimento ele deu um pulo e caiu no colo da estudante, que o empurrou irritada. Yuri e Vivi riram divertidos com a cena.
Shanara olhava pela janela, embora ainda a luz forte do sol a incomodasse um pouco. Por mais fraco que seu sangue de vampira fosse naquele momento, sua presença nunca deixaria de ser notada. Ela passou a mão por cima dos olhos para poder ver o carro partindo pela rua e a confusão que o hanyou fazia dentro dele. Ela riu. Inuyasha, mesmo quando era grosseiro e sem modos conseguia ser doce aos olhos dela. Queria que continuasse assim, e só ao lado de Kagome ele poderia ser ele mesmo. Apesar de tentar esconder isso por baixo daquele jeito de que não se importa com nada nem ninguém.
Kamala se aproximou dela e tocou seu ombro levemente.
- Ei Narinha... não fique no sol, pode te fazer mal. Ainda não se recuperou totalmente, sabia?
- Sim – ela se virou – você tem razão meu querido... estava olhando eles saírem pra passear... gostaria de poder também...
- Logo minha gatinha. Agora venha e deite-se.
Ele a conduziu até a cama e a deitou. Depois sentou-se ao seu lado e serviu um copo de suco para ele e para ela. Enquanto sorvia o liquido ele a fitava. Seu olhar estava vazio, ela olhava o teto.
- No que está pensando gatinha?
Ela virou o rosto para encará-lo.
- No meu futuro... o que será de mim de agora em diante?
- Seu futuro... bem, eu não sou vidente nem nada, mas acho que seu futuro é... ficar comigo e ter um monte de filhinhos misturados... – a cara que ele fazia ao falar era séria, mas ela ria gostoso – metade chinês e metade russo... será que vai dar uns chinezinhos ruivos?
- Ah Kamala... seu bobo!
- É sério! Daí a gente ia morar aqui com o Yuri, que teria uns filhinhos bem invocados, porque a Vivi é uma gatinha pra lá de invocada! E brava! Hehehehehe!
- Kamala, só você para me fazer rir numa hora dessas! E você... ficaria comigo mesmo eu sendo um ... monstro?
Ele a silenciou pousando o dedo nos lábios dela, e sussurrou.
- Não fale assim... você é a minha gatinha sexy, sendo vampira ou não você foi predestinada para mim desde que o mundo é mundo... e você não é um monstro...
Ela deitou a cabeça no colo do rapaz e ele continuou, afagando os cabelos dela.
- Vai chegar o dia em que o Gabriel vai deixar de existir e essa maldição vai acabar, não se preocupe porque esse dia vai chegar logo Narinha... Eu prometo...
Shanara suspirou agarrada ao colo de Kamala, como antes. Isso a encheu de saudade. Dos dias que não voltariam jamais.
Enquanto isso o passeio aos pontos turísticos da cidade eram de muita confusão. Kagome enfiou um boné na cabeça de Inuyasha pra esconder as orelhas dele mas desistiu de fazê-lo trocar de roupa. Pelo menos ele calçou uma sandália, que apertava o pé acostumado a andar descalço. Ele mancava o tempo inteiro e resmungava sem parar.
- Maldição! Eu preciso usar essa droga Kagome?
- É claro que tem! Por acaso acha que ninguém ia te notar se vissem que anda descalço por ai?
- Feh! Isso tá me apertando os dedos, mas que droga! Maldição!
Vivi e Yuri andavam um pouco atrás dos dois.
- Coitado do homem cachorro Yuri! Isso que a Shanara está fazendo com ele é muita maldade!
- Maldade maior – ele virou o olhar sem mover o rosto – é acabar com o que há de bonito entre esses dois. Veja Vivi, até nas brigas a gente pode sentir o quanto eles se gostam. A Shanara gosta muito desse cara, mas o amor que ela sente por ele é o do tipo que quer que a pessoa seja realmente feliz, e essa felicidade o Inuyasha só vai ter com a senhorita Kagome. O amor como chama, como fogo, esse ela tem pelo Kamala, e você sabe muito bem disso.
- Jeito estranho de amar... – ela suspirou – ela ama querendo que ele fique com outra, eu não consigo entender...
- Nem tente – ele sorriu – a Shanara é assim mesmo, um mistério. Mas ela está fazendo o que é certo, pode crer.
Eles caminharam até um parapeito para apreciar a paisagem. De repente um cheiro fez as orelhas de Inuyasha saltarem, quase fazendo o boné cair de sua cabeça.
- Hum... mas que cheiro bom é esse? – ele quis saber olhando para os lados.
- Ah, deve ser cheiro de cachorro quente! – disse Vivi apontando para uma barraquinha perto dali – vamos comer?
- Cachorro quente? Argh! – o hanyou fez cara de nojo – quem comeria uma droga dessas?
- Ai Inuyasha como você é idiota! – Kagome retrucou – não seja mal educado, se chama cachorro quente mas não é cachorro, é só o nome!
- Claro! – indignou-se Vivi, depois riu divertida – você pensou que ia comer um parente seu foi? Hahahahahahahaha!
Inuyasha ficou bravo com a brincadeira.
- Feh! Esse mundo de vocês é muito estranho pra mim! Tem o mesmo nome mas não é, que lugar mais idiota!
- Inuyasha! Senta!
- AAAIII!
Viviane começou a gargalhar sem parar do tombo do hanyou contra o chão, se aproximou da Kagome e sussurrou no seu ouvido.
- Hahaha! Ei Kagome, onde acho esse colar? Ia comprar um monte deles! Hahahaha!
Nisso Inuyasha se levantava ainda tonto.
- Kagome... por que fez isso...!
O passeio seguiu animado até o final da tarde. Já estava escurecendo quando eles retornaram a casa de Yuri. Quando eles entraram viram Kamala sentado no sofá, polindo a lâmina da Força com uma flanela.
- Como foi o passeio? – ele quis saber.
- Ótimo! – foi falando Viviane e se jogando no sofá maior – estou exausta! Nos divertimos tanto Kamala, você precisava ver!
- Entendo... – ele voltou a polir a espada ao ver Inuyasha que entrava junto com Kagome. O hanyou foi logo tirando a sandália do pé e jogando longe.
- Até que enfim! Agora eu posso tirar essa droga! – ele se sentou no seu canto e cruzou as pernas. Kagome perguntou.
- E a Shanara como passou o dia?
- Bem, agora ela dorme mas se sente melhor... graças a sua ajuda Kagome.
- Ah Kamala... eu só fiz o que tinha que fazer...
- Você devolveu a luz da minha vida, e eu nunca deixarei de agradecer. – ele disse sorrindo.
- Que bom que a Shanara está melhor! – disse Vivi e em seguida se levantou e seguiu Yuri, que foi até a cozinha.
Inuyasha ouvia calado, bem que ele queria ir ver a Shanara, mas isso ia ferir a Kagome, por isso decidiu esperar quando todos estivessem dormindo. Suas orelhas pularam ao ouvir Kagome.
- Bem, acho que poderemos voltar pra casa amanhã. Sabe, é que tenho muita matéria pra estudar...
- É uma pena... sentirei sua falta.
O hanyou se levantou e saiu em direção ao jardim defronte a casa. Kagome observou a expressão de desapontamento em seu rosto. Assim que ele saiu ela se sentou no pufe perto de Kamala. Ele percebeu a tristeza na face da estudante.
- Não se preocupe gatinha. Isso passa, você vai ver.
- Ele se sente preso á ela, mesmo depois de ver que ela está bem. Isso me machuca demais Kamala...
- Eu sei – ele aproximou o rosto dela – mas saiba que a Shanara quer que vocês dois fiquem juntos e ela tem certeza que o Inuyasha irá se desapegar dela assim que vocês voltarem pra casa. Essa obsessão dele é por causa da maldição dela, mas ele age assim porque se sente inútil já que eu estou aqui cuidando dela, entende? O que ele sente é vontade de proteger ela, mas quando ver que ela não precisa ser protegida ele desencana. O vira lata gosta mesmo é de você.
- Sabe, eu acho que esse é o meu destino mesmo, sempre ver o Inuyasha correndo para garotas que foram amaldiçoadas. Mas eu já me conformei com isso...
- Não! Você é uma garota muito especial e forte, e ele gosta de você, precisava ver quando você purificou o veneno no corpo da Shanara e feriu as mãos, o vira lata ficou desesperado! Acredite, a Shanara e eu torcemos por vocês.
Ela o fitou sorrindo.
- Obrigada Kamala.
O rapaz se recostou no sofá e sorriu.
- Além do mais, o amor que me une a Shanara é muito antigo, e depois de tudo acho que esse episodio serviu pra juntar a gente outra vez. Ela é a minha força, e só quando estive a ponto de perdê-la é que passei a dar valor.
Nesse momento Yuri entrou com uma garrafa nas mãos e Vivi trouxe copos.
- Vamos tomar uma cervejinha pra relaxar. Quer Kamala?
- Não, eu preciso subir pra dar uma olhada na Shanara. Até mais.
Kamala colocou a katana na bainha, a pôs nas costas e subiu as escadas.
- Bem, ficamos nós três aqui com essa cerveja... – suspirou Vivi.
- Me desculpem, mas vou procurar o Inuyasha. Com licença.
E saiu pela porta que conduzia ao jardim. Olhou para os lados e não viu o hanyou. Então avistou uma frondosa árvore mais ao canto e se aproximou. Elevou o olhar e pôde ver meio que encoberto pelas sombras Inuyasha, sentado num galho, a luz da lua iluminando seus olhos dourados, que naquela hora irradiavam uma luminosidade estranha, como se refletisse o luar.
- Ei Inuyasha! Quero falar com você!
- Hum? – ele olhou pra baixo – o que foi Kagome?
- Vem aqui Inuyasha, precisamos conversar.
Ele se espreguiçou e escorregou para baixo. Kagome se sentou num banco que ficava embaixo da copa da árvore e ele sentou-se ao seu lado.
- Porque você está triste Inuyasha? Mais cedo ou mais tarde a gente ia ter que voltar pra casa.
- Eu não estou triste Kagome.
- Está sim! – ela disse irritada – e não me diga que não, está estampado na sua cara!
Ele a fitou rosnando e depois virou a cara.
- Ora, se quer saber eu não vejo a hora de voltar! Você sabe que deixamos coisas pra fazer lá, ou você acha que eu esqueci os meus deveres ein?
Kagome pegou o cabelo dele e o fez se virar para ela.
- Você não precisa mentir pra mim sabia?
- Eu não menti – ele disse fazendo cara séria.
Os dois ficaram um tempo se encarando. Depois ela disse.
- Ela está bem agora, não precisa se preocupar porque tem muita gente aqui para garantir que nada de mal torne a acontecer. Ela não precisa de você ouviu?
Inuyasha pegou a mão dela e chegou o rosto bem pertinho. Kagome se arrepiou toda e o hanyou muito sério falou rispidamente.
- Eu sei o que está acontecendo. Eu não sou burro!
Kagome se surpreendeu com as palavras de Inuyasha. Ele largou o pulso dela e saltou de volta ao galho que estava anteriormente. De lá de cima ele sibilou.
- Voltamos amanhã. Sem falta.
A estudante suspirou. Afinal de contas Inuyasha sabia ser bastante frio realmente. Então o que Kamala disse era verdade, vendo o quanto Shanara era amada e protegida por todos, especialmente por Kamala, ele decidiu-se enfim. O próximo suspiro de Kagome, este sim foi de alívio.
