Apesar do mau humor de Snape, nos dias que se seguiram Alyssa e as crianças conseguiram fazer com que ele se distraísse e não pensasse no novo professor de DCAT. Passava boa parte do tempo dando atenção à filha caçula que se divertia com os feitiços que o pai fazia. Os dias corriam tranqüilos, até que Mark entrou na cozinha, colocou o exemplar do Profeta Diário e avisou:
– Mãe, chegou o jornal!
– Obrigada, filho, depois eu vejo. – respondeu a mãe, colocando sobre a pia uma assadeira cheia de bolinhos de abóbora - Você não quer trazer a Julie para tomar café? Hoje de manhã irei fazer umas compras. Você fica com a Julie em casa?
– Tudo bem. – respondeu o garoto indo buscar a irmã que brincava na sala.
Alyssa foi colocar as xícaras na mesa quando bateu os olhos na primeira página do jornal que o filho havia deixado, onde estava escrito em letras enormes "BLACK FUGIU DE AZKABAN". Alyssa deixou as xícaras espatifarem no chão.
– Não pode ser! Mas como conseguiu? – disse para si mesma lendo a matéria.
As crianças entraram na cozinha.
– Mãe, o que aconteceu? – perguntou o garoto assustado, com a irmã no colo.
– Fique aí Mark, o chão está cheio de caco de vidro. – alertou Alyssa, pegando a varinha. Ela apontou para os cacos e disse: "Reparo". As xícaras voltaram para a mesa.
Mark colocou a irmã na cadeirinha e foi para o lado da mãe.
– O que aconteceu mãe? Você está tremendo... – disse se aproximando da mãe.
– Não é nada querido. – respondeu dobrando o jornal e colocando-o de volta na mesa.
– Foi essa notícia do jornal que te assustou? – tornou a perguntar o garoto olhando para a foto de Black e para a mãe.
– É, é incrível, ninguém nunca conseguiu fugir de Azkaban... – dizia Alyssa para si mesma, tentando se convencer que aquilo que acabava de ler era um grande equívoco, nunca ninguém havia conseguido sair de Azkaban, tudo só podia ser algum mal entendido ou alguma brincadeira de mal gosto. Mas Mark começou atentar confortá-la, e percebeu que não havia lido errado e que não se tratava de uma brincadeira, "realmente ele fugiu de lá", pensou.
– Papai me contou que essa prisão é muito bem guardada. Mas logo vão prender esse homem, não precisa se preocupar.
– Sim, é verdade... Bem... Vamos tomar café, está bem? – disse Alyssa tentando se acalmar e pensar nas coisas que teria fazer durante o dia.
Eles tomaram o café. Alyssa arrumou a cozinha e saiu deixando as crianças em casa com mil recomendações.
Mark e Julie estavam brincando na sala quando a cabeça de Snape apareceu na lareira.
– Mark. – chamou a cabeça em volta às labaredas esverdeadas que crepitavam na lareira – Onde está a sua mãe? – perguntou Snape.
– Ela saiu, foi fazer compras no mercado. – respondeu.
– Assim que ela voltar, peça para ela falar comigo. – pediu Snape rápido.
– Pai, aconteceu alguma coisa? O senhor parece um pouco aflito e mamãe ficou nervosa hoje no café... – falou o garoto.
– Como assim? – quis saber.
– Foi depois que ela leu o jornal... Só porque aquele homem conseguiu fugir daquela prisão que você disse que era impossível sair... – respondeu Mark.
Snape pensou um pouco e disse:
– Eu converso com ela, filho. Só não esqueça de avisá-la.
– Está bem...
Passou um tempo e Alyssa voltou.
– Mark, Julie, já cheguei! – disse Alyssa levitando as compras até a mesa.
Mark veio correndo para a sala:
– Mãe...
– Onde está a Julie? – perguntou Alyssa.
– Está brincando lá em cima... Mãe, eu tenho um recado do pai.
– Recado?
– Ele disse que precisava falar com você assim que chegasse...
– Está bem, vou falar com ele. Filho, eu comprei aqueles biscoitos que vocês gostam, mas comam lá na cozinha, chame a Julie.
– Oba! Jú! – saiu correndo chamando a irmã.
Alyssa esperou Mark sair da sala, pegou um punhado de Pó de Flú e jogou na lareira dizendo "Severo Snape".
A cabeça de Snape apareceu novamente na lareira coberta por chamas verdes.
– Mark me avisou, Severo. – disse Alyssa sentando-se na poltrona próxima à lareira.
– Acho que você sabe o que aconteceu... – falou olhando seriamente para a mulher.
– Sirius fugiu de Azkaban... – respondeu.
– Ótimo. Então não preciso explicar mais nada. Quero que vocês arrumem as coisas, pois você e as crianças virão para cá. – resumiu Snape.
– O quê! – disse Alyssa levantando-se da poltrona.
– Vocês virão para Hogwarts. Já avisei Dumbledore e ele permitiu que vocês ficassem aqui em segurança até Black voltar para Azkaban. – disse Severo calmamente
– Severo, eu não vou voltar para Hogwarts. Não vou deixar a nossa casa! – respondeu Alyssa se aproximando da lareira.
– Alyssa, eu não estou pedindo. Estou mandando! – tornou Severo mais enérgico.
– Não fale nesse tom comigo! Já disse que para Hogwarts eu não volto! – rebateu.
– Querida, não tenho tempo para ficar discutindo. Black é perigoso e com certeza virá para cá. – disse Severo num tom mais ameno, procurando não piorar a situação.
– Como você sabe?
– Fudge esteve em Azkaban e os guardas disseram que ultimamente Black murmurava sobre Hogwarts durante o sono, provavelmente virá atrás de Potter. E eu não vou poder voltar para casa todos os dias – respondeu Severo – Não vou deixar você e Julie sozinhas aí. – finalizou.
– Severo, por favor... Podemos ir para outro lugar então. Voltar para minha casa em Londres. – pediu.
– Não. Eu fico mais tranqüilo com vocês aqui comigo. – disse Snape.
– Mas Hogwarts não, Severo. – implorou Alyssa.
– Alyssa arrume as coisas, no final da tarde irei buscar vocês! – Snape disse e desapareceu.
– Mas que droga, Severo! – esbravejou Alyssa "Ele vai estragar tudo!" pensou Alyssa se dirigindo para arrumar as coisas das crianças.
À tarde, Alyssa havia separado algumas roupas e objetos pessoais dela e das crianças e ficou esperando Severo chegar. Mark estava radiante com toda a mudança, afinal, mal podia esperar para começar as aulas, e com a notícia que ele já estaria em Hogwarts algumas semanas antes era maravilhoso.
As crianças estavam no andar superior quando Snape chegou.
– Estão prontos? – perguntou para a mulher com uma certa urgência.
– Severo... – começou Alyssa numa última tentativa de tentar convencer Snape que era bobagem irem todos à Hogwarts - Você acha mesmo que precisamos sair de casa? Sirius não virá para cá, ele sabe que o Ministério todo está à sua procura, e voltar para Hogwarts seria a primeira coisa que o Ministério imaginaria que ele fosse fazer.
– Não vamos discutir mais sobre isso. Vamos, a carruagem está aí fora. E tenho que voltar logo para o castelo. – respondeu Snape.
Chegando ao castelo, Dumbledore e McGonagal esperavam na porta. Mark e Julie olhavam o castelo maravilhados, enquanto que Alyssa queria fugir dali. A carruagem parou à frente do grande portão do castelo. As crianças foram as primeiras a descerem, seguidos pela mãe. Os professores que aguardavam desceram as escadarias para receberem as visitas.
– Alyssa! Que bom vê-la novamente! – disse o Diretor amavelmente.
– Olá prof. Dumbledore, olá profa. McGonagal. – cumprimentou Alyssa um pouco nervosa.
– Seja bem vinda Alyssa. – disse McGonagal – Como seus filhos cresceram! A última vez que os vi, foi no nascimento de Julie.
– É verdade profa... faz muito tempo mesmo. Julie já está com 5 anos.
– E você, Mark. Como está? – disse Dumbledore.
– Bem! Quero muito que comecem logo as aulas! – disse o garoto animado.
McGonagal olhava fixamente o garoto, mas de uma maneira gentil. Parecia que ela conhecia aquele rostinho, mas não conseguia se lembrar de onde. Severo percebeu e disse:
– Vamos, eu vou levar vocês para nossos aposentos.
– Ah sim claro – disse o Diretor – Alyssa, sinta-se em casa. – finalizou carinhosamente.
– Muito obrigada, prof. – agradeceu Alyssa.
A família Snape foi para as masmorras enquanto McGonagal comentava com o diretor:
– Julie é muito parecida com a mãe, claro que aquele olharzinho dela é do Severo, mas quem será que o Mark puxou? Ele é um pouco parecido com Alyssa, mas o jeito dele, aquele olhar...
– Ah minha cara, eu acho que ele se parece muito com o pai. – respondeu Dumbledore sorridente.
– Severo! – disse McGonagal fazendo uma cara que não acreditava no que acabara de ouvir.
O diretor não disse mais nada apenas sorriu.
A família Snape dirigia-se para as masmorras. À medida que desciam os lances de escada, Mark vislumbrava-se com os quadros, estátuas e armaduras que decoravam as paredes do castelo. Eles entraram nos aposentos de Snape. Logo na entrada havia uma sala ampla contendo uma prateleira com livros dos mais variados temas, mas principalmente Poções e Artes das Trevas, uma enorme mesa de carvalho, contendo anotações em diversos pergaminhos espalhados sobre a superfície, num outro canto o armário de ingredientes e a lareira. Do outro lado da sala havia uma porta que levava aos quartos.
– Mark, você e Julie ficarão aqui, até você ser selecionado para uma das casas e ir dormir com os outros garotos nos dormitórios. – explicou Snape apontando o quarto próximo à sala dele. O quarto não era muito grande, ele fora adaptado às pressas para receberem as ilustres visitas, mas era aconchegante para os irmãos dividirem por algum tempo.
– Está bem. Posso ir conhecer o restante do castelo? – perguntou o garoto ansioso.
– Eu também quero ir! – disse Julie.
– Está bem, mas não demorem muito, pois antes do jantar quero que vocês dois estejam de banho tomado. – falou Snape.
– Vamos Julie! – chamou.
As crianças saíram correndo. Alyssa não disse nem uma palavra. Ela estava encostada na porta do quarto, de braços cruzados, olhando friamente para Snape. Ele aproximou-se dela, tocou-lhe o rosto e disse:
– Não está contente? Seu filho está.
– Você sabe que eu não queria estar aqui! – respondeu olhando para ele e depois se virou e foi para o outro quarto.
Severo foi atrás dela.
– Este é o lugar mais seguro que existe! – respondeu num tom firme.
– Mas não para mim! – disse Alyssa num tom mais firme ainda.
– O que quer dizer! – perguntou Snape olhando nos olhos dela.
– Me deixe sozinha. – disse Alyssa dando as costas para Snape. – Vou arrumar nossas coisas...
O Prof. de Poções saiu do quarto, sabia o porquê de Alyssa não querer voltar à Hogwarts. Mas ele não podia deixar ela e Julie sozinha em casa enquanto Black estivesse solto.
No jantar, estavam todos os professores e mais Alyssa, Julie e Mark. A mesa estava repleta de comida. Os elfos domésticos haviam caprichado no jantar daquela noite, para os novos convidados.
– Então Mark, o que está achando da sua escola? – perguntou o prof. Flitwick, servindo-se de um pedaço de bolo de carne.
– Esse castelo é incrível! Já encontramos até alguns fantasmas, uma moça sentada em uma das salas de aula conversando com um frade gordinho. – respondeu o menino empolgado.
– Ah querido, aqui você vai encontrar vários! – falou Alyssa.
– Quantos anos têm a Julie, Alyssa? – perguntou a profa. Sprout sorridente.
– Ela tem 5, vai fazer 6 em dezembro. – respondeu Alyssa.
– Ela é uma graça! – tornou a profa. de Herbologia.
– É. Ela é o xodó do Severo. – disse sorrindo Alyssa olhando para a filha.
– Mesmo! – perguntou McGonagall surpresa. Ela não conseguia imaginar Snape ser pelo menos gentil com alguma criança...
– É sim – confirmou Alyssa – Ela sim faz o que quer com o pai – tornou a falar. E todos da mesa riram, menos Snape, é claro.
– Mark é alto para uma criança de 11 anos... – observou McGonagal que continuava intrigada, pois em nada ele parecia-se com Snape, ainda mais com a afirmação do Diretor naquela tarde, ela olhava mais para o menino a fim de descobrir alguma semelhança com o colega carrancudo.
– Será? – disse Alyssa, olhando para o filho.
– É sim, e esperto também. – continuou a professora.
– Ele não pára! Quer ver tudo, além de que é muito curioso! – completou a mãe.
– Meninos são assim mesmo, creio que seja da própria natureza... – falou Dumbledore.
– Severo não era assim... – disse McGonagall.
– Ah, nisso ele puxou a mãe... – respondeu Snape finalizando o assunto.
Depois da janta, eles foram para os aposentos. Mark e Julie já estavam dormindo. Alyssa estava ajeitando os travesseiros quando Snape saiu do banho.
– Ainda está zangada?
– Eu só queria não estar aqui... Aqui não é a minha casa...
– Pense pelo lado bom. – falou deitando-se também – Você poderá ficar perto do seu filho por algum tempo... – disse abraçando-a.
– Está bem... Não vamos mais falar sobre isso... – disse beijando Snape. – Boa noite.
– Boa noite.
Oi meus queridos leitores!
Calma, eu não abandonei a fic, estou postando o 4º capítulo e tentando finalizar o 5º. Peço desculpas pela demora, mas minha vida não tem sido fácil e ultimamente não tenho tido muito tempo para colocar minhas idéias no papel.
Quero agradecer muito todo mundo que têm lido a fic, que tenha postado reviews, mandado críticas e sugestões. E para quem perguntou se a Alyssa ama o Severo ou não esqueceu o Sirius, é uma coisa meio complicada de responder, pois muito tempo se passou, agora ela tem uma nova vida, uma família, por outro lado tudo que estava meio "apagado" da lembrança dela está voltando, então os sentimentos dela estão todos misturados. (hehehehehe saí pela tangente né... XD).
Grande beijo para vocês!
Ma Black
Maira valeu por ter betado viu! ;)
