Uma luz na escuridão
Nota da autora: Olá, pessoal! Gostaria, a princípio, de agradecer a todos pelas reviews que recebi. Adorei todas!
Não se preocupem. Como falei anteriormente, responderei a todos por e-mail, beleza?
Deixem-me dar uma pequena explicação:
Este capítulo era para estar online no site já alguns dias atrás, mas não tive condições de escrevê-lo. Provas, gripe, dores na vista, problemas anexos... Não nos esqueçamos de que o sistema do site mudou, e demorei um pouco para entender os novos meios de se atualizar uma fic. Enfim. Finalmente pude dedicar meu tempinho para continuar esta fic que, felizmente, está causando uma certa polêmica.
Sei que muitos não lêem a "nota da autora", mas, mesmo assim, prefiro esclarecer as coisas.
Vamos direto a fic, que é o que mais interessa no momento.
Cap. 2
Mudanças drásticas
Nada pode ser pior na vida do que a perda de um ente querido - principalmente tratando-se de uma pessoa tão próxima quanto a mãe-, mas a vida nos ensina a nos acostumarmos com a idéia, e nos obriga a aceitar o fato de que somos incapazes de fazer qualquer coisa. A morte é realmente algo imprevisível, frio e doloroso. Só de pensar no real significado dessa palavra, alguns ficam indignados, outros confusos e, até mesmo, arrepiados com a idéia de que tudo um dia acabará.
A morte de um parente pode trazer sérios problemas psicológicos para pessoas sensíveis, especialmente tratando-se de crianças. E ali me vejo enquadrada nesse panorama... Pensei que nada no mundo poderia ser pior do que a morte de minha mãe (e, de fato, é difícil encontrar dor tão profunda quanto sua perda), mas não imaginava que minha vida, ou melhor, os estorvos de minha vivência estavam apenas começando.
Meu pai ficou arrasado com o falecimento de minha mãe. Sua saúde já não ia relativamente bem, devido ao vício do cigarro. Mas, por mais que alertássemos, era como se nada do que disséssemos fizesse sentido.
Sei que meu pai me respeitava. Mas tive plena desconfiança (e eterna decepção) com relação a seu amor paternal. E tive certeza de minhas suspeitas quando me vi sendo entregue a minha tia Kaede. Sim, por ser a caçula e- não duvido disso- mulher, fui praticamente posta para fora de casa como uma vagabunda qualquer. É claro que me exalto ao comparar os fatos dessa maneira, mas apenas quero ressaltar minha indignação com a atitude de meu pai naquela época. Muitas pessoas já disseram para mim:
"Foi a crise financeira..."
Mas recuso-me a aceitar tal fato! Nenhum pai abandona sua filha caçula da maneira como ele fez! Sim, eu estava sendo entregue a minha tia, mas, enquanto estava sendo acolhida por um, estava sendo rejeitada por outro. E esse "outro" era meu pai! Meu próprio pai! Aquele que me deu vida, que me viu nascer, que me viu sorrir e correr ao lado de meus irmãos... Ele mesmo...
Você deve estar se perguntando:
"Por que 'abandonou'? Ele não apenas entregou você a sua tia?"
Antes fosse assim...
Uma coisa é apenas entregar por não ter condições de criar quatro filhos em casa. Outra coisa bem diferente é não fazer a menor questão de saber se você está bem, se está com dificuldades na escola, ou se está precisando de apoio emocional! Que pai faz algo assim? Em toda a minha vida, nunca tive um relacionamento com o meu pai como cada um de vocês deve ter... Ele simplesmente não se importava com a minha existência... E eu sabia disso. Não só sabia, como aquilo me corroia por dentro a cada vez que olhava para a janela da casa de minha tia e via a minha, do outro lado da rua, onde eu poderia estar com meus irmãos naquele exato momento... Ele criara um abismo entre nossas vidas, literalmente.
Certo dia, por curiosidade, resolvi perguntar a minha tia Kaede sobre a morte de minha mãe- o que não deixava de ser mais do que natural obter esse tipo de curiosidade. Ainda era criança, mas queria saber como e por que ela havia falecido.
Contendo as lágrimas com dificuldade, ela me respondeu:
"Sua mãe tinha o coração muito fraco e instável."
De acordo com o que lembro ter escutado dos lábios de minha tia, minha mãe fora encontrada nua no banheiro, caída. Já estava morta naquela altura do campeonato, e nada pôde ser feito para salvá-la...
Algo, entretanto, não saía de minha cabeça.
Aquele meu mal estar... Aquele meu desespero, meu desejo insuportável de ver minha mãe certamente fora minutos antes- ou talvez, no momento- de sua morte.
Teria ela se comunicado comigo?
Teria ela pensado em mim, em seu último segundo de vida? Sua filha caçula, única mulher que gerara... Tenho fé e acredito fielmente que ela teria pensado em mim, se preocupado comigo, talvez. E isso mostra, e comprova, que não há ligação maior no mundo do que a ligação entre mãe e filho. Ela me amou muito... E, sem sombra de dúvidas, ficou desesperada ao sentir que seu fim estava chegando. E nessa hora, seu verdadeiro instinto de mãe veio à tona.
"O que vai acontecer com minha pequena filha?"
É uma característica muito comum entre as mães pensar em seus filhos antes de tudo... Será que o mesmo teria ocorrido com ela?
Até hoje é um fato que me instiga muito.
Poderia dizer que tinha uma boa vida dentro da casa de minha tia, mas estaria mentindo. Em certo ponto, tinha comida, um lar, escola... Mas não tinha amor. Não recebia carícias, nem abraços, nem beijo de "boa-noite"... E pior do que isso, era vista como "ninguém" por Sougu, meu tio. Sentia-me como se estivesse no lugar errado. Por milhares de noites me peguei perguntando a mesma coisa...
"O que estou fazendo aqui?", ou então... "Mãezinha, por que me deixou?"
Todos (ou quase) devem achar absurdo e talvez sejam até incapazes de imaginar o que é não receber uma palavra de incentivo se quer. Ser tratada e olhada como um lixo, como se realmente fosse uma intrusa naquele estabelecimento. Como se fosse um entrave na vida daquele casal.
Jamais permiti que se envergonhassem de mim. Sempre fui boa aluna, estudiosa- apesar de ter todos os motivos do mundo para ser uma pessoa revoltada. Até mesmo na escola não conseguia ter a paz que tanto desejava. Hoje em dia as coisas estão mudadas. Mas, quando eu estudava, ser canhota era uma deformação! Todos aqueles que não fossem destros eram vistos como aberrações na sociedade. Recebi milhões de piadinhas, xingamentos e humilhações. Mas nunca me deixei derrotar. Sempre mantive meu jeito doce de ser, procurando jamais passar por cima dos outros para atingir meus objetivos.
Afinal, onde eu conseguiria a paz que tanto buscava?
Por muitos anos, isso pareceu uma utopia. Estava claro para mim.
Não adianta buscar pelo inalcançável.
Eu precisava me situar no real, no atual, e não no sonho. Mas devo minhas energias aos meus sonhos. Inocentes, infantis, sonhos de criança mesmo. Bonecas, praias, lugares bonitos, o príncipe encantado... Meu único descanso era conseguido somente no meu mundo particular, onde jamais tive a intromissão de outros... Somente neles eu conseguia ver um sorriso em meus lábios jovens e rosados. Muitas vezes sonhei estar ao lado de minha mãe. Quantas saudades...
Sempre dividi as tarefas de casa com minha tia. Lavava os pratos, os copos, cuidava de minhas coisas... Sentiria-me eternamente culpada se, por um momento se quer, trouxesse trabalho para ela. Apesar de não me dar o carinho que merecia, sempre reconheci que ela- ao contrário de meu pai- me amava. Podia não demonstrar, mas ela tinha suas razões. Creio que nada justifica uma negação de ao menos um beijo de boa noite, mas eu via como a vida daquele casal estava conturbada. E eu começava a me sentir a principal culpada pelos problemas que ameaçavam surgir...
P.S.: Gente, sei que o capítulo está curto, mas eu resolvi encerrar por aqui. Quero aproveitar por agora para atualizar a fic, para não deixar vocês mais ansiosos, ok?
Repetindo:
AS REVIEWS FORAM RESPONDIDAS POR E-MAIL!
Apenas uma, a da mc-chan, que não pude responder porque não tinha o seu e-mail. Muito obrigada pela review! Fiquei super feliz ao saber que vc está gostando. Muito obrigada mesmo pela presença!
Sei que recebi apenas 5 reviews, mas o que importa não é a quantidade, e sim a qualidade! Todas foram importantíssimas para mim, cada uma contendo uma mensagem especial. Todas são o meu maior insentivo para continuar esta fic. Valeu, galera!
Mil beijos para todos! Aguardo as reviews!
DanyMoon
