Capítulo XIII – A carta de Harry

"E então descobri que não haveria nada mais nada a se fazer. Em apenas um mês Harry me ensinou muita coisa, pena que eu não aprendi nada. A vida as vezes é engraçada e dá muitas voltas. É preciso saber contornar tudo para se viver direito. Ás vezes eu me pego pensando que tudo não passou de uma experiência. O acampamento serviu, além de tudo, para me fazer crescer. Talvez, com tudo o que aconteceu, eu tenha crescido até demais, mas pelo menos aprendi a aceitar opiniões, ou tudo pode se complicar de um jeito totalmente irreversível. Durante um ano eu me fechei em um casulo e não quis saber do mundo ao meu redor. Foi então que eu descobri que tinha amigos. É, e este foi um outro fator em que o acampamento ajudou. Fazer amigos. Amigos que o Harry me deu. Eu via sua garra e força nos momentos mais difíceis. Por um momento eu me achava pequeno, frágil e vulnerável. Eu nunca tinha sentido medo antes, e até então não sabia o que era chorar. Eu já tinha chorado muitas vezes, mas por motivos fúteis e por emoção, mas eu nunca tinha chorado por dor. Descobri também que a dor é algo horrível e que não sei como Harry suportava. A vida dele foi tão difícil. Pelo menos agora ele está feliz. Hermione me visitou uma semana depois de tudo. Ela tinha lágrimas nos olhos e soluçava bastante. Entregou-me um pergaminho, que segundo ela Harry havia escondido sob um assoalho solto no quarto dele. Era uma carta que ela não teve coragem de abrir. Nos assentamos numa mesa que estava na cozinha e começamos a ler. Hermione chorava o tempo inteiro, enquanto eu lia a carta, com os olhos cobertos por lágrimas."

"Talvez eu goste dele. Talvez não. Disso eu não sei. Mas agora eu estou me matando para encontrá-lo antes que eu enlouqueça. Talvez ele tenha se casado e tido muitos filhos loiros e bonitos. Talvez ele tenha me limpado totalmente de sua cabeça. Provavelmente ele me esqueceu. Mas eu não conseguirei me esquecer dele. Pharys não deixará. Ele nunca me deixa fazer nada. Eu prefiro assim, pelo menos eu sei que ele se preocupa comigo. Uma das pessoas que ainda se preocupa comigo. Claro, tem Mione. Mas só os dois. Os amigos que antes eu tinha, que me faziam rir, que me ajudavam e que queriam me ver bem agora me abandonaram. No momento em que eu mais precisava deles. O momento mais difícil da vida e eu estou sozinho. Até o Rony abriu os olhos para quem Harry Potter pode realmente ser. Um traidor. Ele deve pensar 'puxa, como eu pude viver tanto tempo com o meu maior inimigo?'. Mas eu acho que foi bom enquanto durou. Não sinto raiva do Rony. Eu queria que ele voltasse a ser meu amigo. Por causa dos meus medos eu estou sozinho. Eu me escondi atrás de Hermione. Covarde. Agora, por causa disso estou sem o Rony. E pior do que isso, estou sem ele. Eu o espantei e ele correu. Correu para sempre. Eu não o culpo. Na verdade eu entendo. Eu acho que se um egoísta idiota insistisse em uma mentira para o seu bem estar pessoal e social se negasse aos seus sentimentos e me dissesse tudo que eu o disse, eu não faria outra coisa a não ser fugir de um idiota como esse. O pior é que esse idiota pode vir um dia a se arrepender de tudo. E descobrir que nada daquilo valeu a pena. E agora eu estou aqui, procurando-o como um louco. Ah, tudo seria tão fácil e bom se ele ainda insistisse. Eu juro que não iria esperar que ele falasse novamente. Seria só aparecer novamente na minha frente e ser atacado. Às vezes eu tenho vontade de invadir e arrebentar todo aquele ministério idiota. Eu tenho que descobrir onde ele está antes que algo de ruim aconteça. Eu estou sentindo que algo de ruim irá acontecer. O meu maior medo é que eu não possa revê-lo. Sentir seus lábios quentes e molhados novamente. E pedir perdão também. Se algum dia ele me perdoar, eu sei que serei a pessoa mais feliz do mundo, tentando fazer dele a pessoa mais feliz do mundo. E se eu nunca mais vê-lo, eu desejo que ele seja uma pessoa muito feliz, e que alguém que o mereça faça dele uma pessoa muito amada. Se eu pudesse escolher, preferiria que essa pessoa fosse Hermione. Além de ser linda ela é uma amiga incrível, que sempre me ajuda nos momentos mais difíceis. Ele gostaria dela. Fariam um belo par. E ela até que tem um beijo bem gostoso. Bem, mas eu ainda prefiro o dele. Draco, se algum dia, de algum modo você descobrir isso é porque eu estou lutando contra Voldemort em outro cenário. Saiba que eu sempre te amei, ou pelo menos depois daquela noite. Seja muito feliz e tenha muitos filhos. Mais do que nunca agora é o momento ideal para que você me esqueça. Por favor, cuide de Hermione, e se der tempo, de Pharys também."

"Naquele dia, lendo a carta, para mim e Hermione, no ponto em que ele fala sobre nos casarmos nós paramos e nos entreolhamos. Durante um ano pensamos no assunto no tempo livre em que o choro nos deixava pensar. Harry tinha um desejo e precisávamos cumpri-lo, mesmo que nossa vontade achasse que seria traição e erro. Eu tenho tentado, durante estes quatro anos e um mês, fazer como ele disse. Tenho tentado cuidar de Hermione do melhor jeito possível. E quanto a Pharys... bem eu não tive tempo de conhece-lo. Eu queria tê-lo abraçado, educado e beijado muito. Mas o meu egoísmo não deixou que eu pudesse cuidar de uma criança, educar, brincar e dar muito amor a ela. Eu chorava e me arrependia. Tudo doía em mim, inclusive minha cabeça, que quase ficara sem um único fio de cabelo, por causa das tentativas desesperadas de arrancá-los. Por vezes eu tentei usar um vira-tempo, mas Hermione não deixava. Poderia ser perigoso. Se eu pudesse mudar minha realidade nasceria denovo. A minha vida toda foi um erro. Aliás, toda não. Acho que a única coisa boa que eu fiz foi Spott. Há um oito meses Spott começou a alegrar mais minha vida. Ele me ajuda a suportar todas as pressões e tristezas que tenho vivido até hoje. Hermione e eu damos tudo que ele quer e precisa: muito amor e carinho. O sorriso dele é cativante. Os cabelos castanhos, os olhos verdes e a pele branca e macia. Eu gostaria de saber como seria Pharys. Teria olhos verdes, como os meus e os de Harry, com certeza. Seria loirinho com o cabelo muito liso ou teria os cabelos pretos e rebeldes? Outra criança que surgiu a pouco tempo foi Maryan, filha de Rony. Ele também sentiu a falta de Harry, ou pelo menos finge muito bem. Tornou-se nosso amigo, apesar de tudo. Harry o perdoaria, eu também o perdoei. Tudo o que aconteceu fez com que Harry passasse sua vida para mim. Agora eu tenho os amigos dele e sofro com a sua falta. Depois de entrar pela sala de cirurgia bruxa Harry disse que me amava. Eu nunca me esqueci disso, e nunca me esquecerei. Os medi-bruxos disseram que a camada onde estava o que restou de Pharys grudou no fígado, e que, tentando lançar um feitiço para separarem os dois, o pulmão foi danificado. Harry não conseguiu respirar. Harry não percebeu, mas morreu de sufocamento. A lembrança dele ainda está presente em nossa memória. Não sofremos tanto. Pelo menos sabemos que ele agora está feliz. Todo ano, no mesmo dia ao que Harry morreu Mione e eu o visitamos. No próximo levaremos Spott. Hermione e eu trabalhamos no ministério enquanto Spott e Maryan ficam com Nelly Weasley, mãe de Maryan. Hermione trabalha com o programa de NOM's e NIEM's de Hogwarts e eu me tornei chefe do departamento de saúde. Rony trabalha com trouxas, embora ele não entenda nada deles e se espante cada vez que descobre uma coisa nova assim como quando descobriu o que era um CD. Os pais de Rony moram com Gina, que preferiu ficar com eles a se casar com Blaise Zabini. Os gêmeos continuam com as Geminidades. Percy é zelador de Hogwarts. Gui e Carlinhos se casaram e sumiram pelo mundo. Os Weasley já superaram tudo, assim como Hermione e eu. Todo fim de tarde eu olho para o horizonte, o céu quase escuro e as primeiras estrelas surgindo. Eu me lembro do anoitecer em que tive a última conversa com Harry, onde ele disse que compriria sua promessa. Este era um dos maiores motivos que me faziam chorar. Por três anos eu perdi a fé em tudo, até em Harry. Eu não sabia que precisava de um pouco mais de tempo. Na noite em que Spott nasceu eu senti a mesma dor que senti na última conversa com Harry, onde o frio, a solidão e o desespero me atacaram fortemente, porém foi tudo ao contrário. Pela primeira vez em tres anos eu me senti vivo novamente. Harry tornou-me uma pessoa capaz de viver e amar. Spott me torna uma pessoa mais alegre e amada. Eu assento o meu pequeno bebê em uma almofada na cama e começo a trabalhar ao seu lado todos os dias. Impressiona-me ver que ele não faz nada, nem se mexe. Apenas olha para mim durante todo o tempo. Quando estou triste, ele se arrasta até mim, e deita sua pequena cabecinha no meu peito. Ele não faz isso com Hermione. Com ela ele apenas ri. E ri muito. Mas o que mais me espanta é o fato dele estar me observando sempre. Hermione divide bem o nosso tempo, o que não o faz se sentir sozinho. Spott gosta muito de Maryan, assim como Harry gostava de Rony. Ele ri quando a garota chega, e por algum motivo, os dois começam a sussurrar alguma coisa que ninguém pode nos traduzir. Às vezes ele tenta me dizer coisas. Força para falar, mas não consegue. Ele observa tudo que eu faço, desde quando eu penteio o cabelo, até quando eu trabalho. Sinto a falta dele quando ele sai com Hermione. Falta dos cabelinhos castanho-claro, quase loirinho, a boquinha semi aberta deixando uma gota de baba cair, os olhinhos verdes, um pouco fechadinhos de preguiça, sempre em minha direção. Outro fator interessante que posso mencionar, é que ele só consegue dormir depois que eu lhe der um beijo. Se alguém fala em um tom mais alto comigo ele começa a gritar desaforadamente, agarrando meu pescoço. Quando sinto os olhos dele em cima de mim, eu sinto os olhos de Harry em cima de mim. Eu vejo o Harry sorrir atrás do pequeno bebê que sorri quando eu faço alguma 'palhaçada de pai'. Eu vejo que Harry quer me dizer alguma coisa, quando Spott se ajoelha em meu colo e olha nos meus olhos, mais babando do que falando: Da-dao. Me dá vontade de chorar quando relembro de toda a história, e penso que Harry sempre me amou de verdade, e mesmo depois de sua morte, estar sempre cuidando de mim."

The Fim. :)

N/A: Olá... Enfim, o fim. Demorou, mas eu pude fazer um final que combinasse. Eu sei que eu fui má, mas o que posso fazer? A vida continua? Não fiquem tristes por causa do Harry... e nem por causa do Draco. Eu peço desculpas por fazer um fim tão trágico, e uma fic tão pequena. Mas acreditem: as alegrias que faltaram aqui cairão em peso sobre Relíquia. Mandem reviews, para que eu saiba se vocês gostaram do final, e leiam Relíquia. Beijos.

Ma-Chan2: Olá... è a primeira vez que te vejo aqui, não é? Leu direto da internet? Porque você não salvou? Que bom que gostou da fic, e continue lendo "Relíquia", acho que você vaigostar. Mais uma coisa: Relíquia é continuação de Ironia do Destino, então, espero que esteja preparada... Beijos.