A Dor da Saudade

Yaoi

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by Yoru no Yami

Aeroporto de Boston – 19hs do dia 21/12/2004

Engraçado como as coisas acontecem, como oportunidades surgem quando menos se espera e se precisa, como pequenas alegrias e conquistas podem causar contratempos e uma significativa e profunda tristeza - não algo forte ou permanentemente danoso - mas ainda assim capaz de nos fazer sofrer e enxergar que nos tornamos dependentes das coisas, e ás vezes das pessoas. Assim como a minha relação com Heero, e eu adoraria não ter me tornado tão dependente de sua companhia e de seu calor, do sussurrar de sua voz em meu ouvido pela manhã. Se não fosse assim, talvez eu não estivesse agora fazendo um cavalo de batalha pelo simples fato de ter ouvido dos lábios do homem, que há poucos minutos haviam me levado ao paraíso, de que ele precisaria se ausentar por duas semanas a trabalho. Talvez esse nem fosse realmente o problema, uma vez que ele não tem conhecimento de que me deixara sozinho no momento em que mais preciso de sua companhia. Essa, sem dúvida, é a razão de ter agido tão irracionalmente.

Tudo começou há quase três semanas atrás, no início de dezembro. Felizmente eu havia tirado boas notas na faculdade, o que me permitiram terminar o semestre mais cedo e não ficar atolado em provas finais, como no ano passado. Mais isso também me deixava com mais tempo livre após o trabalho, o que me permitia fazer extra na loja, afinal dezembro era época de Natal e as pessoas costumavam adiantar as compras de presentes. Mas não era sobre isso que eu estava pensando e sim em como a saudade pode doer quando se ama tão profundamente e você se vê longe de quem se ama, mesmo que por pouco tempo ou por quase sete anos.

Duas semanas atrás – 03/12/2004 – Sábado:

Heero olhava o movimento da loja onde Duo trabalhava, o namorado andava de um lado a outro atendendo os clientes remanescentes, que ainda se encontravam na loja após esta fechar as portas para evitar que mais consumidores entrassem. Eram aproximadamente 22 horas e Heero havia ido buscar o namorado para que fossem jantar fora essa noite. Precisava dizer algo ao americano e não sabia exatamente como faze-lo ou qual seria sua reação. Duo costumava ser passional em determinadas situações e sabia que o namorado não reagiria bem ao ouvir o que tinha a lhe dizer. Ele mesmo não reagira muito bem a notícia, mas não pudera se opor. Heero viu o segurança da loja abrir a porta para que alguns clientes pudessem sair e o cumprimentou com um aceno de cabeça, porém antes que ele a fechasse Duo apareceu sorrindo.

- Eu vou pegar minha bolsa e já venho.

Heero sacudiu a cabeça e Duo voltou para dentro da loja. O japonês passou a mão atrás do pescoço, ignorando os olhares de um grupo de garotas, que passaram e pararam a poucos metros, suspirando por ele. Estavam admiradas pela beleza do japonês de olhos azuis cobalto, e cochichavam, até que uma ruiva, de cabelos cacheados, deu um sorrisinho e se aproximou. Ela ficou admirando mais de perto o físico perfeito do rapaz a sua frente, que mantinha os olhos fechados. Heero sentiu-se observado, assim como sentiu um perfume enjoativo próximo a si; abriu os olhos para encontrar um par esverdeados o secando abertamente. Ele estreitou seus olhos friamente, o que fez a garota recuar ligeiramente amedrontada. Ela olhou para as outras quatro, como que buscando apoio, que sinalizavam para a ruiva continuar.

- O que quer?

A voz fria de Heero fez com que os pelos do corpo da garota se arrepiassem ligeiramente. Como alguém poderia ser tão perfeito: corpo, olhos e uma voz maravilhosa? Ela estava pronta para responder quando ouviu as amigas se agitarem a fazendo olhar para trás, que pareciam petrificadas por alguém a suas costas. A ruiva virou-se para o japonês, que tinha um meio sorriso em seu rosto, pois ele certamente sorria para alguém que se encontrava atrás de si. Ela virou-se para encontrar outro rapaz, tão lindo quanto o que estava a olhar anteriormente, porém a voz do outro rapaz era o oposto do japonês: era levemente alegre, embora parecesse levemente sarcástica.

- Estou interrompendo alguma coisa?

- Não que eu saiba, você não a deixou me dizer o que queria.

- Desculpe. Pode continuar se quiser, embora eu ache que você deva saber que ele já está comprometido e você não faz o tipo dele... EU garanto.

Heero revirou os olhos antes de se desviar da garota, simplesmente a ignorando. Ele se voltou para Duo dando um meio sorriso sarcástico, antes de falar para irem embora. Sabia que se continuassem ali Duo, sem dúvida, faria uma cena.

- Vamos embora.

Heero puxou Duo pela manga da blusa, ignorando o olhar de surpresa da garota ruiva e das amigas dela. O americano era tão ciumento quanto ele, embora não deixasse transparecer tão abertamente. Seu namorado trançado era mais a favor de palavras sarcásticas a demonstrações de ciúmes, embora ele também fosse bem claro quando decidia demonstrar ser ciumento. A voz de Heero, apesar de monocórdica, soava ligeiramente divertida e irônica, o que fez com que Duo ficasse na defensiva.

- Estávamos apenas conversando, Duo, não precisava ficar com ciúme ou tratar a garota daquele jeito.

- Quem está com ciúme? Eu não estou com ciúmes de ninguém, muito menos daquela menininha que mal terminou de crescer. Ela tem idade para ser sua irmã e o fato dela e das amiguinhas o estarem secado como um pedaço de carne exposto ao sol, não significa que eu esteja com ciúmes.

- Sei...baka.

Duo jogou a trança por sobre o ombro enquanto dava uma olhada a suas costas, para verificar se elas ainda os estavam observando. Ele notou que as garotas ainda os olhavam e segurou o braço de Heero possessivamente, fazendo o japonês gargalhar abertamente e Duo ficar vermelho como um tomate. Heero pegou a mão de Duo e levou-a aos lábios mordendo-a levemente, ignorando os olhares chocados de algumas pessoas; talvez pudesse tirar proveito disso e tornar a noite mais interessante.

Algumas horas depois no apartamento:

Heero se encontrava deitado com o lençol a cobrir a cintura, deixando as pernas musculosas a mostra, enquanto seu ciumento namorado trançado havia ido a cozinha buscar algo para comerem. Ainda não havia tido a conversa que precisava e sabia que não tinha muito tempo para ficar adiando o inevitável. Duo chegou com uma bandeja, que foi imediatamente pega por Heero, que a colocou sobre a cama em meio aos lençóis. Pode ver o sorriso malicioso de Duo diante de sua nudez e balançou a cabeça estendendo a mão para que se juntasse a ele na cama. Eles ficaram em silêncio compartilhando a companhia um do outro, enquanto comiam o conteúdo da bandeja, que se resumia a fatias de bolo, biscoitos, sanduíches, alguns frios e suco.

Duo sabia que Heero queria lhe dizer alguma coisa, mas que estava protelando. Conhecia suficientemente o namorado para saber que algo o incomodava; a verdade, era que o japonês estava estranho desde ontem, quando chegara mais tarde do trabalho. No momento ele não dissera nada, pois estava ocupado na cozinha preparando o jantar e depois acabara por esquecer, quando o japonês o arrastou para correrem um pouco no parque. Mas agora era o momento ideal para conversarem e ele também precisava falar, ou melhor, pedir uma coisa a Heero.

- Então o que você quer me dizer?

- Hã!?

- Hã!?

Duo imitou Heero sorrindo da expressão em seu rosto, pegou a bandeja e colocou-a no chão junto a cama, antes de se aproximar do namorado, beija-lo suavemente nos lábios, para depois se ajeitar em seus braços.

- Você está esquisito desde ontem, amor, mas hoje você conseguiu bater o recorde. E você somente fica assim quando algo o preocupa. O que é?

- Como você me conhece tão bem?

- Eu te amo, esqueceu.

- Não, como poderia se também te amo.

Heero beijou Duo devagar, lhe provando os lábios macios e quentes, e sentindo o americano se ajeitar em seus braços, estreitando seus corpos, enquanto o beijo se tornava mais intenso e profundo, até apartarem o beijo, quando isso os impossibilitou de respirar. Suas respirações se encontravam descompassadas e seus corpos despertos, mas ambos sabiam que precisavam conversar antes que sucumbissem novamente ao desejo que sentiam um pelo outro. Foi Heero quem iniciou a conversa, segurando a mão de Duo entre as suas. Ele não sabia como dizer, então optou por ser direto, ao invés de tentar enrolar.

- Duo, eu terei que viajar na próxima terça-feira a San Diego para um Congresso de Engenharia e um Treinamento.

- Viajar!?

- Sim, eu soube ontem, por isso eu demorei a chegar.

- E por quanto tempo?

Duo temia que Heero ficasse fora por muito tempo, afinal Congressos tendiam a demorar, mas ao ouvir o tempo que Heero ficaria fora, teve que se afastar dele, sem acreditar no que ouvira.

- Duas semanas.

- DUAS SEMANAS!!!!!.

- Duo, eu sei que é a primeira vez que nos separamos, mas será por pouco tempo. Duas semanas apenas, você vai ver como passaram rápido e você nem vai perceber.

- Quando você pretendia me contar, Heero? Depois que tivesse embarcado?

- Eu pretendia contar ontem, mas não sabia como fazer.

- Porque você tem que ir? Porque você não diz que não pode ir?

- Eu não posso fazer isso. Meu chefe me comunicou ontem que já está tudo arranjado, passagens e estadia.

Duo ficou calado por algum tempo tentando assimilar as palavras de Heero. Duas semanas, e logo agora!! Duo começou a fazer um cálculo e notou que Heero voltaria na semana no Natal, precisamente a quatro dias do feriado. Mas isso não era tudo, também significava que ele não estaria presente para acompanha-lo em um lugar, como gostaria. Não estaria lá com ele, e sem que notasse deixou que sua voz soasse com raiva e acusatória.

- Você não me contou que teria que viajar quando recebeu sua efetivação na empresa. Você escondeu isso de mim...mentiu pra mim.

Heero fechou os olhos procurando se acalmar. De nada adiantaria se perdesse a cabeça na discussão com o namorado. Sabia que o outro estava chateado e não tinha noção do que estava dizendo e nem de como estava dizendo.

- Duo ...nem eu sabia que precisaria viajar. Amor, eu jamais mentiria para você e sabe disso.

Heero olhava para Duo, que tinha o olhar magoado; não achou que o namorado fosse ficar assim, não que esperasse que ele fosse pular de alegria, mas sua reação estava bem longe do que imaginava que seria. Ele também não queria ir e deixar seu baka trançado sozinho - era a primeira vez em quase três anos que se separavam e sabia que não seria fácil o distanciamento, mesmo que fosse por duas semanas. Heero viu Duo deixar a cama aborrecido e se trancar no banheiro, bem, seria difícil faze-lo entender... Sem opção, se levantou da cama levando a bandeja para a cozinha. Tentaria conversar com ele pela manhã, quando estivesse mais calmo.

Na manhã seguinte:

Duo saiu cedo do apartamento, não conseguira dormir direito e decidira ir para a loja, o que era irônico, pois era seu dia de folga. Deu um meio sorriso triste dentro do ônibus, enquanto pensava que levantara antes de Heero, algo não muito comum desde que moravam juntos. Esse era o único dia na semana em que o japonês ficava um pouco mais na cama, e tudo para aproveitar sua companhia. Suspirou observando a paisagem pela janela do ônibus; sabia que estava sendo infantil ao sair como um ladrão do apartamento, sem tomar o café da manhã para não acordar o namorado, pelo simples fato de não querer falar com ele. Sabia que Heero não tinha culpa quanto a viagem, mas ele precisava descontar sua frustração em alguém, embora soubesse que não tardaria a se acalmar.

Algumas horas depois:

Heero terminou de colocar as compras dentro da geladeira, sabia que não precisava, mas não podia deixar de abastece-la para o namorado. Havia comprado tudo que Duo costumava comer, além de alguns doces que o namorado gostava. A maioria a base de chocolate, que sabia ser a perdição de Duo. Surpreendera-se ao levantar pela manhã e não encontra-lo, e o único lugar que conseguia pensar para o americano ir era a loja, e não se surpreendeu quando ligou para lá apenas para confirmar o que já sabia. Olhou para o relógio e viu que já eram dez horas da manhã. Trocou de roupa e pegou as chaves do carro, disposto a ir até o shopping atrás do namorado.

Duo se encontrava ajudando Charles na vitrine quando Heero chegou a loja. Seus olhares se encontraram e ele corou como uma criança pega fazendo algo errado. Viu o japonês sorrir e sabia que o mesmo não estava aborrecido. Heero sentou-se em uma das cadeiras dentro da loja, enquanto observava o namorado terminar o que fazia. Em alguns minutos Duo despediu-se dos amigos e deixou a loja na companhia do japonês, que notou um embrulho dourado nas mãos do amante, alguns minutos se passaram até que perguntasse do que se tratava o pacote.

- O que é isso?

- Um presente.

- Presente?

Duo não parecia que iria fornecer mais nenhuma informação, mas ao virar para olhar o rosto de Heero, sabia que meias palavras não seriam o suficiente, e que não poderia deixar de contar-lhe o que desejava saber.

- Minha mãe faz aniversário no próximo dia 17, e eu comprei isso para ela.

- Ah! Vai entregar a ela?

- Não sei.

Duo ficou calado enquanto olhava o embrulho em suas mãos. Há essa hora no dia seguinte Heero estaria em San Diego e ele estaria sozinho pelas próximas semanas. Era tão assustador pensar nisso, que não pode impedir-se de tremer ligeiramente. Heero viu o namorado tremer e o puxou para si, colocando o braço por sobre os ombros do outro, que o olhou triste. Vê-lo assim o fazia sentir-se culpado pela viagem, embora soubesse que não era sua culpa. Tudo que podia fazer era torcer para que os dias passassem rapidamente, mas sabia que eles seriam ainda mais longos.

Dia 07/12/2004 - Oito horas da manhã:

Duo entrou no aeroporto correndo, procurando pelo terminal da companhia aérea do vôo de Heero; verificou com a atendente o terminal de onde sairia o vôo e correu até lá, sendo seguido por Hilde, que tentava acompanha-lo. O americano havia implorado que a amiga faltasse ao emprego e o levasse até o aeroporto de carro, porque não sabia dirigir e jamais chegaria antes que o namorado embarcasse se fosse de ônibus, e uma corrida de táxi àquela hora sairia muito caro. Faltava pouco mais de uma hora para o vôo sair em direção a San Diego e Duo esperava apenas que Heero, já não houvesse feito o check-in e embarcado. Mas assim que chegou ao local de embarque viu o japonês sentado em uma das poltronas, ao lado de um senhor de cabelos quase grisalhos.

Hilde chocou-se com as costas de Duo, quando o americano simplesmente parou bruscamente. Ela reclamou ligeiramente alto, o que fez com que algumas pessoas os olhassem, e um certo japonês erguesse os olhos e se perdesse ao encontrar a íris ametista o observando por entre as lágrimas.

- Hei, Duo, não pare assim, você não é tão macio para se chocar.

Heero tentava prestar atenção no que Sam dizia, mas seus pensamentos se encontravam presos em outro lugar, precisamente em seu apartamento onde deixara Duo chorando. Ele convidara o americano para acompanha-lo ao aeroporto, mas ele recusara, alegando que se atrasaria para o trabalho. Sabia que isso era apenas uma desculpa, pois Duo quase sempre chegava atrasado a loja e isso nunca pareceu incomoda-lo realmente. Ele queria poder sentar e tentar fazer Duo aceitar o afastamento de duas semanas, mas o namorado, desde o dia anterior, não lhe dava uma chance. E se o tivesse feito pela manhã antes de sair, certamente perderia o vôo, então simplesmente saíra dizendo que ligaria assim que chegasse ao hotel. Agora se sentia a pior das criaturas, e sabia que seu semblante não era dos melhores, pois sentira a mão de Sam em seu ombro assim, como a pergunta feita em um tom preocupado.

- Quer conversar? Você não me aparece bem e se não o conhecesse diria que matou alguém e se sente culpado.

Heero deu um meio sorriso, enquanto passava os dedos pelos fios desordenados, os bagunçando ainda mais. Encostou-se na cadeira e abaixou os olhos, pensando que talvez lhe fizesse bem falar sobre isso com alguém. Estava a ponto de começar a falar quando ouviu um certo movimento que chamou a atenção de algumas pessoas. Ergueu os olhos e viu um par de ametistas o observando. Por um momento achou que estava vendo uma miragem, mas não pode impedir de chamá-la pelo nome.

- Duo.

Sam olhou na direção de Heero ao vê-lo pronunciar um nome. Já o havia ouvido uma vez, quando Heero se encontrava em sua sala discutindo um projeto e a secretária o avisara da ligação de um tal de Duo Maxwell. Naquele momento, em que ouviu o nome pôde perceber que o japonês ficara vermelho e preocupado, e quando atendera a ligação falara o mínimo possível na sua presença, como se temesse revelar alguma coisa. Mas agora, ele podia notar um certo brilho nos olhos, que até pouco tempo se encontravam abatidos, para depois vê-lo levantar-se ao ver um casal caminhar na direção deles. Notou que o rapaz com uma longa trança chorava e tremia levemente, o mesmo parou a alguns centímetros de Heero e ambos ficaram se encarando por alguns segundos, antes que a jovem pigarreasse fazendo o rapaz ficar vermelho.

Duo queria dizer alguma coisa, mas tudo que conseguia fazer era olhar dentro dos olhos de Heero e ver refletido neles alegria e amor por vê-lo ali. Duo não sabia quanto tempo eles ficaram se encarando, mas sabia que deveria ser o suficiente, pois Hilde se manifestou pigarreando e dando uma risada que o fez ficar vermelho e desviar os olhos dos de Heero, que também pareceu despertar. Eles olharam ao redor e podiam notar os olhares sobre si. Heero olhou para o relógio e viu que não tinham muito tempo, logo anunciariam o vôo e ele teria que embarcar para o congresso. Quando falou sua voz saiu preocupada e baixa, mas foi o suficiente para que Sam ficasse surpreso com o tom de voz e com a conversa.

- Você vai ficar bem?

- ....

- Duo?

- Vou...snif...vou ficar bem.

- Eu vou ligar todos os dias, depois das dez da noite, assim você não vai precisar sair correndo da loja pra casa.

- Tá.

- Prometa que tomará cuidado quando voltar pra casa.

- Eu terei..não se preocupe.

- Não esqueça de trancar tudo, antes de sair e de ir dormir.

- Está bem, Heero.

- E...

- Eu vou ficar bem.

Heero estava agindo como uma mãe superprotetora que deixava o filho sozinho em casa pela primeira vez. Podia notar o riso mal disfarçado nos lábios de Hilde e resolveu saber se ela ficaria com Duo, pelo tempo que estaria fora.

- Hilde, poderia ficar com Duo no apartamento?

- Eu já me ofereci para ficar com ele, pelo menos na primeira semana, mas não posso me ausentar muito mais que isso ou o Brian vai querer matar o Duo. Ele ainda tem ciúmes dele.

Heero deu um meio sorriso e meneou a cabeça em acordo, ficava mais tranqüilo em saber que Duo não ficaria sozinho, pelo menos nos primeiros dias, e sabia que podia confiar em Hilde para ficar com ele. Duo abaixou a cabeça enxugando as lágrimas que caíam; queria poder abraçar Heero e beija-lo, mas não podia, não na frente das pessoas e do senhor que deveria ser o chefe do namorado. Ele levantou a cabeça ao ouvir Heero falar com ele e fungou diante de suas palavras.

- Eu te levaria comigo se pudesse, mas...

- Eu sei, Heero, vou ficar bem...sozinho...não se preocupe..apenas volte pra mim.

- Duo...amor, não faz isso, eu vou voltar logo.

Duo fungou e abaixou a cabeça tentando conter as lágrimas que ameaçavam ficar mais fortes. Os alto-falantes do aeroporto anunciaram o vôo de Heero, que olhou de por sobre o ombro ao ver Sam levantar e falar que precisavam ir.

- Precisamos ir, Heero.

Heero sacudiu a cabeça e voltou seus olhos para Duo, que tinha o rosto banhado pelas lágrimas. Ele respirou fundo e acolheu o corpo trêmulo em seus braços. Que se danassem todos a sua volta os olhando e seu chefe, Duo havia ido até ali para vê-lo e não iria partir sem consola-lo e dar-lhe um beijo, mesmo que fosse no alto da cabeça. Afinal uma hora seu chefe saberia sobre Duo e a verdade era que estava cansado de fingir quando o namorado ligava para ele na empresa. Sua opção sexual dizia respeito apenas a ele e a mais ninguém. Se a amizade que Sam lhe apresentara desde o início fosse verdadeira, sobreviveria a revelação.

Duo tentou se afastar ao sentir os braços de Heero o puxando e acolhendo, podia ver o olhar de surpresa do senhor que comunicara a partida, assim como os das pessoas que cochichavam e os observavam, porém não desejava constranger ainda mais o namorado além do que fizera indo até o aeroporto na companhia de Hilde. Mas o japonês não parecia se importar com isso, e apenas o apertou mais forte, sussurrando em seu ouvido de forma que apenas ele ouvisse.

- Eu vou voltar em duas semanas, serão as mais longas de minha vida e eu vou pensar em você a cada segundo, e quando voltar pretendo matar essa saudade que sei que vai apenas crescer. E nós não iremos deixar o quarto por um bom tempo, pelo menos não até que eu tenha pagado o tempo que ficaremos longe um do outro, está bom para você?

Duo sentiu o rosto esquentar e balançou a cabeça contra o peito forte do japonês, aspirando seu perfume. Ele sentiu o abraço afrouxar e a mão de Heero enxugando seu rosto, assim como o beijo suave em sua testa, segundos antes dele caminhar até os portões de embarque, sumindo segundos depois. Ele sentiu os braços de Hilde ao seu redor e colocou suas mãos sobre os braços dela suspirando. Como Heero dissera, seriam as duas semanas mais longas de sua vida.

Os primeiros dias passaram devagar, apesar da companhia de Hilde. A tristeza era amenizada pela companhia da amiga e pelas ligações de Heero, que como prometera, ligava todos os dias e ao término de cada ligação, Duo se desmanchava em lágrimas sentindo falta do japonês.No quinto dia Hilde tive que voltar para o apartamento, antes que o noivo a deixasse por causa do ciúmes.

- Duo, você vai ficar bem sozinho?

- Vou sim, Hil, não se preocupe. Já causei problemas demais para você...se me sentir sozinho eu assisto a um filme ao faço alguma coisa.

O olhar de Hilde era duvidoso. Sabia que o amigo ficava um caco após falar com o namorado ao telefone: chorava e ficava triste até conseguir se animar novamente, e ela gostaria de ficar, mas Brian havia sido bem claro quanto a sua permanência na casa do amigo. Hilde o abraçou fazendo-o prometer de que não ficaria triste.

- Promete que não vai passar a noite inteira chorando?

- Eu prometo.

- Ele vai voltar em alguns dias, Duo.

- Eu sei, Hil.

- Se precisar conversar me liga, não importa a hora, Ok?

- Está bem.

Duo abraçou a amiga e a viu pegar o elevador, fechou a porta e deixou o corpo escorregar por ela, ouvindo o silêncio do apartamento agora que realmente se encontrava sozinho. Ele levantou antes que começasse a chorar: tinha que guardar a janta e tomar um banho antes que Heero ligasse. O japonês dissera que ligaria mais tarde devido a um coquetel que teria que participar. Por volta da meia-noite o telefone tocou e Duo atendeu - ele havia tomado um banho e se deitado agarrado a uma peça de roupa que tinha o perfume do japonês - tentou soar alegre e descontraído ao telefone, mas falhara terrivelmente.

- Heero...

- Duo, como está?

- Bem.

- andam as coisas?

- Bem.

- Agora eu sei que algo não está bem,você está respondendo por monossílabos.

- Eu estou bem...

A voz de Duo soou com uma nota de brincadeira e Heero deu um sorriso. Eles conversaram por quase duas horas antes que Heero precisasse desligar. O japonês ficara um tanto apreensivo ao ouvir que Hilde fora para casa e que Duo passaria sozinho à noite, então ele dissera que ligaria duas vezes por dia: uma vez pela manhã e outra à noite. Ao se despedir à voz de Duo já se encontrava mais disposta e alegre, o que o tranqüilizou um pouco. No momento em que colocou o fone no gancho Sam entrou no quarto. O senhor olhou para o jovem que encarava o aparelho como se fosse o fim do mundo, notando que cada vez que ele desligava ficava assim pensativo e abatido.

Durante a viagem a San Diego, Heero lhe contara sobre o outro rapaz e não ficara surpreso ao descobrir eram namorados, pelo menos não depois da cena no terminal de embarque, o que surpreendera em si foi o fato de que ambos estavam juntos a quase três anos. Era visível o amor cada vez que o japonês falava sobre o rapaz chamado Duo, mas era estranho pensar que tão belo e jovem rapaz fosse homossexual, porém não lhe pareceu tão estranho ao lembrar dos dois rapazes juntos. Eles formavam um belo par: ambos jovens e atraentes, e pelo que ouvira do jovem, se completavam perfeitamente. Sam sentou-se em sua cama olhando para Heero, que parecia não notar sua presença no quarto que compartilhavam.

- Ele está bem?

Heero piscou e finalmente pareceu notar que não estava sozinho. Deitou-se na cama olhando para o teto antes de responder.

- A amiga que estava com ele teve que voltar para casa e ele vai ficar sozinho pelos próximos dias.

- Entendo...ele vai ficar bem, Heero.

- Eu sei, mas...

- Não pode impedir de se preocupar com ele.

- É.

- Eu me senti assim a primeira vez que tive que deixar minha esposa sozinha. Mas ambos sobrevivemos e foi bom para nós. Eu pude proporcionar conforto e segurança a ela, uma vez que consegui um cargo com um salário melhor. Nada do que eu disser vai aliviar a saudade que está sentindo, mas ajuda se não pensar a cada segundo se ele está bem.

- Hn.

Heero fechou os olhos, sabia que as palavras de Sam tinham fundamento. Pensar em Duo, se estava bem, se estava seguro, apenas o fazia ficar irritadiço e angustiado e não ajudava a nenhum dos dois e nem diminuía a saudade. Abriu os olhos para encontrar Sam o encarando, sabia o motivo do outro estar ali: ele deixara o coquetel a quase duas horas atrás, quando disse que iria ao banheiro e não retornara, deixando o chefe conversando com o grupo que viera de outra filial da empresa. Ele deu um meio sorriso antes de perguntar como havia terminado a conversa sobre o novo projeto que talvez viesse a ficar a frente.

Quinta-feira 16/12

Duo estava sentado em uma lanchonete em Nova York, tomando coragem para fazer o que o trouxera ao estado. Havia pegado pela manhã o primeiro vôo, ligara para Heero avisando-o que iria a Nova York para resolver algumas coisas e que ligaria assim que voltasse. O japonês não o questionara sobre o que ele faria em outro estado e agradeceu intimamente pelo fato dele o conhecer tão bem. Não sabia se estava fazendo a coisa certa, mas sentia saudades e queria vê-la, mesmo que por pouco tempo. Desejava que Heero estivesse com ele para dar-lhe apoio, mas o destino não permitira que isso fosse possível. Pegou o celular e discou um número que conhecia de cór e que não discava há mais de seis anos. Escutou o som de chamada e alguns segundos depois uma voz que não conhecia.

- Residência da família Maxwell.

Duo sentiu um ligeiro baque em seu coração ao ouvir o sobrenome de sua família, mas procurou recuperar-se ao ouvir a pessoa do outro lado repetir o anúncio, e falou calmamente, evitando parecer tenso ou assustado.

- Poderia falar com a senhora Maxwell, por favor, diga que é Duo.

- Poderia informar o sobrenome, senhor.

- Ela sabe quem é.

- Aguarde um instante, senhor.

Duo aguardou alguns segundos antes que uma voz de mulher soasse do outro lado da linha. Não pode impedir que lágrimas caíssem de seus olhos ao ouvir a voz da mulher que o colocara no mundo.

- Duo, meu filho é você, querido?

- Mãe...

- Deus!!!

A mulher do outro lado da linha levou a mão aos lábios, a voz do outro lado era um pouco diferente da que se lembrava, mas ainda assim sabia ser a de seu filho. Esperava a tanto tempo o dia em que receberia a ligação dele... Podia ouvir o soluço do rapaz do outro lado da linha e sabia que precisava vê-lo.

- Onde você está, meu filho? Eu preciso vê-lo, por favor?

Duo sentiu um ligeiro tremor diante da pergunta. Viera até ali para vê-la, então porque motivo sentia-se inseguro em atender seu pedido? Sabia que seu medo não era pelo fato de se encontrar com ela, mas com seu pai. Não desejava encontrar-se com ele, esse havia sido um dos motivos que o fizera vir um antes dia do aniversário de sua mãe, sabia que as chances de que seu pai estivesse em casa eram ínfimas. A mulher do outro lado aguardou com paciência que o filho respondesse, sabia que deveria ser difícil para ele encontrar-se com ela, depois de tudo que acontecera, mas foi com alegria que o ouviu dizer que iria encontra-la.

- Está bem, mãe, eu irei até ai. Ele não está em casa, não é?

- Não, querido ele está viajando e chegara apenas no fim da tarde.

- Estarei aí em meia hora.

- Estarei esperando, querido.

Duo desligou o celular e respirou fundo, levantou-se pagou o café. Decidido, saiu para pegar um táxi até o lugar que um dia chamara de lar. Em pouco mais de meia-hora se encontrava em frente a sua antiga residência, o lugar que vivera até os dezessete anos de idade, quando resolvera fugir de casa e viver a vida que desejava e não a que seus pais planejaram. Assim que chegou a entrada, a porta se abriu e uma mulher de aproximadamente quarenta e poucos anos, cabelos castanhos curtos, e olhos da mesma cor que os seus, o abraçou antes que pudesse dizer alguma coisa. Ele estreitou o corpo da mulher, que era quase do seu tamanho, entre os seus braços, sentindo as lágrimas quentes caindo de seus olhos. Eles ficaram abraçados por longos minutos, apenas desfrutando do calor um do outro.

Duo foi quem primeiro se afastou e olhou carinhosamente para o rosto da mulher que conservava a mesma doçura e beleza, dando o melhor de seus sorrisos. Ele se estendeu o embrulho que trouxera de Boston até Nova York.

- Feliz aniversario, mãe!

Tábata Maxwell olhou para o embrulho e depois para o filho. O melhor presente que poderia ter era a presença de seu menino, nada a deixara mais feliz quanto vê-lo e saber que ele havia se tornado um belo rapaz. Ela segurou em um de seus braços, o puxando para entrar, pois tinham muito que conversar e pouco tempo para faze-lo. Após fechar a porta da entrada ela o puxou e deu-lhe um beijo no rosto, segurando-o e olhando dentro de seus olhos.

- Você é o melhor presente que eu poderia receber, querido.

- Mãe.

- Venha temos muito que falar.

Duo se deixou ser levado para dentro da casa que um dia deixara para trás. Nada parecia ter mudado e, ao mesmo tempo, tudo parecia diferente a seus olhos. Eles foram para o escritório da casa e sentaram-se juntos no pequeno sofá. Ele aguardou que sua mãe abrisse o presente, enquanto deixava seus olhos vagarem pelo aposento. Quantas vezes não entrara correndo pela porta e fora repreendido por isso? Repreendido por ser tão impulsivo, agitado e extrovertido. Ele fechou os olhos com pesar, o que não passou despercebido por sua mãe. Duo sentiu as mãos macias e calorosas, que diversas vezes o confortara das intermináveis brigas com o pai. Deu um pequeno sorriso, levando a mão dela aos lábios, beijando-as.

- Gostou?

- É lindo, querido, você sempre teve bom gosto para presentes. Mas eu quero saber de você... O que anda fazendo? Onde mora? Como vive?

- Nossa tudo isso, mãe? Resumindo, eu estou bem e isso é o que importa, não é?

Tábata concordou com a cabeça, sabia que dificilmente faria seu filho revelar seu paradeiro. Ele era inteligente e mantivera-se afastado por mais de seis anos, essa era a primeira vez que tinha notícias reais dele e não cartas ou telegramas sem um endereço que pudessem rastreá-lo. Não iria pressiona-lo quanto a isso, se ele não desejava revelar onde estava, era suficiente para seu coração de mãe ter a certeza de que estava bem, embora pudesse perceber uma ligeira tristeza em seus olhos, assim como uma intensa felicidade, e sabia que isso não tinha nada a ver com o reencontro entre eles. A felicidade que via escondida em meio a tristeza era mais profunda, algo apenas conseguido quando se encontra sua outra metade.

Algumas horas depois:

Duo abriu a aporta do apartamento sendo saudado pelo silêncio, jogando sua bolsa no chão da entrada. Estava cansado, havia sido horas de vôo até chegar em casa, mas sentia-se bem por ter ido a Nova York e conversado com sua mãe. Ele passara horas agradáveis com ela, conversando sobre os mais diversos assuntos, mas sempre evitando o principal deles, o que ele estivera fazendo nesses quase sete anos, onde vivia e como vivia. Ele havia notado nos olhos de sua mãe todas as perguntas que não revelara a ela, assim como notara que ela sabia que algo havia mudado. Duo sorriu ao lembrar que em dado momento, ela não agüentou a curiosidade e perguntara se havia alguém em sua vida.

Nova York – Residência da Família Maxwell:

Duo colocou a xícara de chá sobre a mesinha e pegou um biscoito, enquanto ouvia sua mãe falar sobre suas atuais atividades junto à associação beneficente da qual fazia parte. Ele tentava parecer interessado, mas sua mente estava presa em San Diego, imaginando o que Heero estaria fazendo àquela hora.

"Será que ele está pensando em mim?"

Tábata notou que seu filho parecia em outro lugar e não ali a seu lado, ele tinha os olhos saudosos e um pequeno sorriso reluzia em seus lábios. Havia tanta felicidade e paz em seu sorriso que não pode impedir-se de perguntar.

- Há alguém em sua vida? Quem é a responsável por esse brilho de felicidade em seu rosto, querido?

Duo engasgou assim que ouviu a pergunta de sua mãe. Ele não esperava por ela; um hora sua mãe falava sobre a feira para arrecadação de fundos para a igreja e de repente mudava o assunto para sua vida amorosa. Sentiu a mãos dela batendo em suas costas, enquanto pedia desculpas.

- Desculpe-me, Duo....você está bem?

Duo bebeu um pouco de chá enquanto balançava a cabeça dizendo estar bem. Colocou a xícara novamente na mesinha e olhou para sua mãe com os olhos lacrimejantes devido ao acesso de tosse. Então começou a rir e a beijou no rosto.

- Nada escapa a seus olhos não é, senhora Maxwell?

Duo suspirou soltando o ar e olhando para o tempo através da janela, as nuvens escuras anunciando a chuva. Voltou seu olhar para a mãe, que parecia aguardar sua resposta; ele gostaria de contar-lhe tudo, mas decidiu pelo mínimo possível.

- Há sim alguém especial....alguém que...deu sentido a minha vida.

- Que maravilha, querido, e quem é ela? Quando vou poder conhece-la?

Duo ficou calado por alguns segundos, vendo a alegria nos olhos da mãe, mas o que ela faria quando descobrisse que o responsável por sua felicidade, não era ela, mas ele e que entregara não apenas seu coração como sua vida. Lembrou-se dos pais de Heero e da reação deles ao descobrirem sobre os dois. Sabia que a reação de seu pai seria dez vezes pior que a do pai do namorado, já sua mãe, não tinha certeza de que atitude ou posição assumiria, mas tinha quase certeza de que seria a mesma que a de seu pai. Afinal, desde que se lembrava, sempre fora assim.

O telefone tocando tirou Duo de seus pensamentos, ele correu para atende-lo antes que parasse de tocar. Sabia que era Heero, pois já estava no horário do japonês ligar. Ao quinto toque Duo alcançou o aparelho, ouvindo a voz monocórdia de que tanto sentia falta do outro lado da linha. Eles conversaram por várias horas, onde Duo contou por alto onde fora e quem fora visitar. Heero ouviu tudo em silêncio, contando depois tudo o que fizera durante o dia. Ao final da ligação fez Duo prometer que continuaria se cuidando direito e que em cinco dias estariam juntos.

Aeroporto de Boston – 19h30 do dia 22/12/2004

Duo olhou para o painel e viu que o vôo que traria Heero havia acabado de aterrissar; ao ouvir pelos alto-falantes a chegada do vôo, levantou-se da poltrona, em que estivera sentado durante a última hora, se encaminhando para o setor de desembarque. Ele ajeitou suas roupas, porém gostaria de estar vestindo algo mais bonito e atraente, mas havia acabado de sair do trabalho e não tivera tempo para passar em casa e trocar de roupa, e nem ao menos se lembrara em levar algo para ajeitar-se na loja. Duo tentava tirar uma sujeira da blusa branca quando sentiu um ligeiro estremecimento e a sensação de que alguém o observava. Ao erguer os olhos encontrou-se com a íris azul cobalto que tanto amava.

Ele sorriu e aguardou que Heero viesse até ele. Ficaram se olhando por algum tempo, até que Heero lhe abrisse os braços e Duo se jogasse neles, recebendo seu carinho. Por sobre o ombro, Heero viu Sam sorrir e acenar para ele, deixando o terminal com a esposa e o filho pequeno. O japonês fechou os olhos, desfrutando do aconchego que era Duo; havia sentido falta desse aconchego e sensação de paz. Suas mãos o apertaram fortemente antes de se afastar e entrelaçar seus dedos para deixarem o aeroporto e seguirem para casa. A saudade seria sanada aquela noite e nas outras que se seguiriam. Como Sam lhe havia dito, a saudade era inevitável, mas a certeza de se ter alguém a esperar suplanta a espera e a dor que ela causa.

Owari

Ai mais um.....sem lemon (ahahahahahahah)

Sis essa é para você meus parabéns adiantado, (FELIZ ANIVERSÁRIO SIS.....FELIZ 17/12) que você possa ser muito feliz. Espero que goste do presente, pois foi de coração.

A todos que comentaram muitíssimoooooooooooooo obrigada e por favor não deixem de continuar comentando.