Noite Feliz

Yaoi

1x2

by Yoru no Yami

Duo abriu os olhos sonolentos e sorriu, sussurrando o nome do homem que o acordava com tanto carinho.

- Nhuuummm, Heero...

- Bom dia, amor.

- Bom dia.

Duo virou-se e beijou Heero antes de espreguiçar-se e se aconchegar nos braços do amante. O lençol que o cobria escorregou de seu corpo e sua pele arrepiou ligeiramente pela temperatura do quarto, o fazendo tremer. O japonês abraçou o namorado, ao vê-lo arrepiar-se, cobrindo-o com a manta que havia pego durante a madrugada. Afastou os fios soltos que cobriam o belo rosto, para vê-lo bocejar e esfregar a face contra seu peito, buscando calor. Olhou para o relógio que marcava sete horas. Duo deveria sair em alguns minutos para ir trabalhar, mas gostaria de mantê-lo ali, quentinho, contra seu peito, porém sabia que o amante tinha responsabilidades a cumprir.

- Amor...você tem que levantar para ir trabalhar.

- Huummmm....eu sei, mas aqui tá tão quentinho, Heero.

- Eu sei, amor, mas você tem ir assim mesmo.

- Tá bom.

Duo coçou o rosto e bocejou novamente antes de se sentar, seria uma véspera de Natal fria pelo que parecia. Ele resmungou por ter que abandonar a cama quentinha e sair para trabalhar, mas havia trocado com Hilde para trabalhar na véspera de Natal, enquanto ela assumiria seu dia trinta e um de dezembro. Porém agora se arrependia por ter aceito: o dia estava ótimo para permanecer na cama na companhia do namorado; o que o consolava era de que a loja funcionaria apenas até as três horas da tarde. Sentiu os lábios de Heero em seus ombros e encostou a cabeça no peito dele, dando ao japonês melhor acesso a seu pescoço, enquanto podia sentir as mãos do amante deslizando por seus ombros e braços.

- Mmmmmmm, Heero...

- Eu te amo, sabia?

Duo sorriu e abriu os olhos, que havia fechado ao sentir os lábios do namorado em seu corpo. Virou-se ligeiramente para encarar o rosto de Heero, e notou que havia tanto amor refletido em seus olhos; sentia-se tão grato pelo amor e carinho do japonês, que às vezes tinha medo de que tudo não passasse de um sonho, que a qualquer momento acordaria e se veria em seu antigo apartamento, sozinho, levando a mesma vida solitária de antes. Sua antiga vida nunca lhe pareceu tão fria, após ter conhecido o japonês. Acariciou o belo rosto puxando-lhe pela nuca para beijar-lo suavemente, depositando seu coração e sua alma no ósculo. Heero sentiu-se aquecido pelo beijo, enquanto podia sentir o carinho e o amor de Duo através de seus lábios. Eles se separaram e o americano segurou o braço de Heero, repousando sua cabeça nele.

- Eu também te amo, amor, não saberia mais viver sem você.

- Eu também não.

Eles ficaram assim por algum tempo, até que Heero lhe dissesse que precisaria começar a se arrumar ou se atrasaria, e não queria ser acusado novamente pelo atraso do americano ao trabalho, além do mais também tinha algumas coisas a fazer e a providenciar.

- Vamos, Duo, ou você vai se atrasar.

Duo se levantou indo para o banheiro. Heero também se levantou o seguindo. O japonês tomou um banho rápido e deixou Duo no chuveiro, indo para a cozinha preparar o café da manhã. Ele vestiu um robe verde escuro, que havia sido um presente do namorado - sem um motivo específico para isso. Duo às vezes chegava do trabalho trazendo presentes pelo simples fato de gostar de faze-lo e ele se lembrava de ter olhado para Duo e perguntado o motivo, para simplesmente ouvi-lo dizer que ficara encantado com o tom e que combinava com ele. Mas o fato era de que o robe era realmente bonito, além de felpudo e aconchegante, ideal para uma manhã fria como a que estava fazendo.

Heero foi para a cozinha preparar o café da manhã, enquanto o namorado terminava o banho quente e se arrumava, uma coisa que costumava demorar muito em sua opinião. O japonês tinha terminado de colocar a mesa quando o amante apareceu, vestindo o uniforme da loja, enquanto terminava de trançar os cabelos, sentou-se na mesa em frente a Heero que colocava o café na xícara. Duo aguardou que o japonês colocasse três pedrinhas de açúcar em sua xícara e mexesse, antes de leva-la aos lábios. Olhou para o amante despejar o café na própria xícara e leva-la aos lábios - ainda não sabia como Heero conseguia beber café sem açúcar.

- Não sei como você consegue, amor.

- O que? Beber café sem açúcar?

- É....é tão amargo.

- Mais é assim que você sente o real sabor do café, amor.

- Mesmo assim...

Heero sorriu e colocou a xícara sobre a mesa, pegando uma torrada. Sabia que para Duo era um absurdo beber café sem açúcar, assim como era um absurdo o fato dele insistir em determinadas coisas, como um pinheiro de natal. As probabilidades de encontrarem um pinheiro decente em plena véspera de Natal e às quatro horas da tarde, que seria o horário aproximado que chegariam a floricultura, eram remotas, para não dizer nulas. Eles discutiram boa parte da madrugada sobre isso, e no fim achava que não custava nada atender ao capricho do namorado; esperava apenas que ele não se decepcionasse caso não encontrassem o que o americano queria.

- Você vai querer mesmo comprar o pinheiro?

- Claro...eu sei que tá em cima da hora, mas Natal não é Natal sem uma árvore apropriada. Além do mais nós sempre montamos uma, Heero.

- Sim, mas geralmente nós fazemos isso no inicio do mês. Há essa hora ela já deveria estar montada a quase quatro semanas, Duo.

- Eu sei, mas eu fiquei enrolado com as provas e o trabalho na loja; depois você viajou e eu não tive ânimo para ir comprar uma, além do mais por que você não me lembrou?

Heero ficou calado, pois ele também esquecera, afinal era sempre Duo quem se preocupava em enfeitar a casa para o natal e ele simplesmente o ajudava. O americano ficou olhando para o namorado, sabia que Heero não ligava muito para enfeitar a casa no Natal e que simplesmente o fazia para agrada-lo. Mas não podia imaginar uma noite de Natal sem uma árvore. Com um olhar manhoso e um pequeno bico nos lábios ele deixou que sua voz soasse infantil, fazendo Heero balançar a cabeça.

- Onde o Papai Noel vai colocar os presentes, se não montarmos uma?

- Eu poderia dizer um monte de lugares, mas não acho que você gostaria de ouvir.

- Heero!!!

Heero deu um meio sorriso e tomou mais um pouco de café, antes de continuar ignorando o olhar chocado do namorado.

- Se você tivesse me dito isso ontem, nós poderíamos ter saído para comprar uma, mas você não disse nada.

- Eu acabei esquecendo, amor. Acha que não vamos encontrar uma hoje à tarde?

- Não sei, Duo, as chances são pequenas, mas você é quem sabe, amor. Espero que não se esqueça que temos um monte de coisas para fazer ainda e eu gostaria que você fosse comigo a casa de meus pais.

Duo abriu a boca para dizer alguma coisa, mas não disse nada tamanha a surpresa. Ele não sabia que Heero iria à casa dos pais, mas deveria imaginar que o japonês iria vê-los, somente não entendia o porque dele querer que também fosse, se os pais do japonês não gostavam dele. Desde o dia da formatura de Heero que Duo não os via e a verdade era que não tinha boas recordações do encontro com eles. Heero notou o olhar surpreso e receoso de Duo, mas não mencionou que ficara surpreso ao receber o telefonema do pai na tarde anterior. Desde de sua formatura não falava com eles, e o convite para passarem o natal juntos o pegou de surpresa, mas recusara, dizendo que já tinham um compromisso, o que não estava longe da verdade.

Mas o fato era que não queria que Duo se sentisse mal na presença dos pais, não desejava que ele fosse novamente ofendido e não sabia das reais intenções da sua família, mesmo após uma conversa estranha e difícil, onde ele desligara prometendo que passaria na casa deles, antes que ele e Duo seguissem para o lugar onde passariam o Natal. Prometera falar com o namorado, mas não garantira que o levaria com ele, mesmo seu pai tendo pedido perdão pelo ocorrido em sua formatura e pela forma precipitada e preconceituosa com que tratara o americano.

- Se você não quiser ir, não é obrigado, Duo, mas disse a meu pai que o convidaria a ir comigo. Seria uma visita rápida.

- Eles...eles pediram que eu fosse?

- Sim...eles querem se desculpar com você, mas não achou certo vir ate nossa casa depois do que fizeram.

- Se você quiser que eu vá com você eu irei, Heero. Se te faz feliz.

- Apenas se você quiser, Duo, não quero que me acompanhe apenas para me agradar se isso o fizer sentir-se mal.

- Tudo bem eu vou, eles são seus pais e se estão dispostos a esquecer o que houve por que eu não o faria?

- Você é um anjo, sabia?

- Não tanto quanto você. A propósito, posso confirmar com o Charles que a gente vai passar o Natal com eles?

- Você ainda não fez isso?

- Não, eu estava esperando você dizer alguma coisa.

- Eu preferia que a gente passasse o natal apenas nós dois, mas se você quiser passar o Natal com seus amigos, eu não me oponho.

Duo sorriu levantando-se da mesa e aproximando-se de Heero, o abraçando por trás. Beijou-lhe o rosto, enquanto bagunçava os fios rebeldes, o ouvindo resmungar. A verdade era que também gostaria de passar o Natal apenas os dois, mas haviam recusado o convite ano passado e ficaria chato recusa-lo uma segunda vez. Heero segurou os braços de Duo, o impedindo de continuar a transformar seu cabelo numa bagunça, pois sabia que pelo namorado eles ficariam em casa, mas ele mesmo prometera ao amigo de Duo que esse ano iriam para casa dele e do companheiro passar o Natal com o pessoal que trabalhava com Duo e seus familiares. O americano na noite anterior já havia preparado a sobremesa que levariam a noite, então não havia como negar que iriam.

- Agora vamos ou você vai se atrasar.

- Você vai me levar?

- Vou sim, vou trocar de roupa para irmos.

- OK, eu vou colocar a louça na pia.

Em poucos mais de meia hora eles deixaram o apartamento em direção ao shopping, com Duo olhando para o tempo, percebendo que iria nevar a noite e o fazendo sorrir, pois sempre gostara da neve, ainda mais nessa época do ano. Ela parecia poder transformar em realidade todos os sonhos da noite de Natal. Duo suspirou sentindo-se nostálgico; sentia falta dos natais em família, o cheiro do peru, os doces, a árvore enfeitada e repleta de presentes. Mas o japonês agora era sua família e não o trocaria por nenhum dos natais que já tivera antes de conhece-lo; a alegria que sentia ao seu lado era muito maior que as doces lembranças. Heero olhou de lado para o namorado, que se mantinha calado com um ar sonhador, observando as pessoas caminhando apressadas a essa hora da manhã. Era possível sentir o Natal no ar através das decorações nas casas, prédios e centros comerciais.

Em outra época este seria como outro qualquer e jamais se sentiria tocado pela data em si. Nunca ligara muito para essa época do ano, mas Duo fazia questão de comemora-la da melhor maneira possível e com tudo que a data pedia; depois que o namorado entrara em sua vida, se viu comemorando e aguardando a data quase com a mesma expectativa que a dele. Era impossível não ser contagiado pela alegria do namorado, que parecia uma criança que levanta de madrugada na véspera de Natal apenas para ver se consegue ver o bom velhinho. Duo ainda tinha a mania de colocar um copo de leite com biscoitos junto à árvore.

A primeira vez que ele fizera isso quase morrera de tanto rir, mas ao ver o olhar triste de Duo, se desculpara rapidamente, e por mais que achasse absurdo o gesto, sempre o ajudava, até mesmo devorava os biscoitos e bebia o leite todas as manhãs de Natal. Levantando com o rosto mais inocente do mundo quando Duo o acordava dizendo que alguém havia comido os biscoitos e bebido o leite. Mas o melhor era a forma ávida com que o namorado costumava abrir os presentes na manhã de Natal, era encantador e às vezes sentia vontade de encher a casa de presentes, apenas para ter o prazer de ver a alegria e o encanto em seus olhos. Talvez fosse uma boa idéia comprar um pinheiro, mesmo em cima da hora, assim poderia colocar seu presente sob a árvore e ver qual seria sua reação ao encontra-lo, embora ainda não soubesse se o entregava na casa de Charles ou quando retornassem para casa. Decidiria isso com calma, mais tarde.

- Duo, que horas você deve almoçar?

Duo virou-se para Heero pensando um pouco antes de responder; geralmente costumava almoçar por volta do meio-dia a uma da tarde, mas isso variava com o movimento da loja: quando era muito grande, costumavam comprar alguns sanduíches e come-los entre um cliente e outro.

- Não sei, vai depender do movimento da loja. Porquê?

Heero manobrou o carro virando a esquina para dar a volta e sair em uma rua que dava para a entrada lateral do shopping, por onde os funcionários entravam quando ainda estava fechado ao público. Dessa forma Duo não teria que ficar esperando os sinais fecharem para atravessar a longa avenida que se estendia em frente ao local.

- Estava pensando que você poderia dar uma saída, pra gente comprar o pinheiro na floricultura aqui perto, em vez de atravessarmos a cidade para ir onde costumamos comprar o pinheiro, assim a gente tem mais chances de encontrar algum ainda com vida.

- Heero!!!

- Quê!!!

Heero olhou para Duo sorrindo, enquanto o americano também sorria.

- É uma boa idéia, mas você teria que trazer meu almoço, assim eu comeria durante o trajeto.

- Tudo bem, eu trago.

Heero parou o carro ao lado do shopping e Duo deu-lhe um beijo rápido antes de descer e já estava seguindo em direção a entrada quando Heero o chamou. Ele voltou e colocou a cabeça na janela, o olhando.

- Que foi?

- A que horas eu posso passar para pegá-lo?

Duo pensou por alguns instantes antes de responder, iria ver se conseguia escapar da loja e fazer Charles o cobrir por algum tempo caso se atrasasse, mas teria que falar com o amigo antes, no entanto tinha certeza de que o amigo não se oporia em ajuda-lo.

- Eu te ligo, mas venha por volta do meio-dia, eu vou te esperar na porta do shopping, assim você não vai ter que entrar e estacionar e a gente ganha tempo.

- Está bem, eu vou sair de casa por volta das onze, compro alguma coisa para você comer e venho.

- Ok...até mais tarde então.

Heero viu Duo correr em direção a entrada e deu partida no carro, seguindo em uma direção diferente da que tomava para ir ao apartamento; talvez fosse melhor ir a floricultura ver se ainda existiam pinheiros por lá, talvez pudesse deixar reservado algum e simplesmente ir busca-lo mais tarde junto com o namorado.

"Espero apenas escolher um que o agrade".

Duo olhou para o relógio pela décima vez nos últimos dois minutos. Ele havia ligado para Heero a pelo menos vinte minutos, dizendo que o estaria aguardando em frente ao shopping ao meio-dia, e já havia se passados dez minutos e nada do japonês. Ele dissera que chegaria em cinco minutos, pois já estava por perto e até o momento nada; estava a ponto de ligar para ele novamente, quando avistou o carro fazendo a curva na avenida para pegar a rua em frente ao shopping. Duo começou a descer as escadas, assim que o viu e parou na calçada até ele se aproximar. Assim que o japonês parou, subiu, dando um beijo de leve em seus lábios e o assaltando de perguntas.

- Porque você demorou, Heero? Você não disse que estava por perto? Cadê meu almoço? O que você comprou?

Heero franziu a testa e olhou para o namorado que não parava de perguntar. Como ele esperava que respondesse alguma coisa se Duo não lhe dava uma trégua para isso? Sabia que teria que interrompe-lo ou acabaria com mais perguntas e não responderia a nenhuma delas.

- Teve um acidente a alguns metros do shopping e tive que pegar outro caminho.

Duo ia abrir a boca para perguntar sobre o acidente, mas Heero foi mais rápido em responder o que já imaginava que o namorado perguntaria.

- Não sei o que houve, mas parece que dois carros bateram e não, ninguém se feriu gravemente. Seu almoço esta no banco de trás e eu comprei camarões empanados, com um pouco de arroz a grega e salada.

- Sem sobremesa?

Duo se inclinou e pegou o pacote no banco de trás, olhando para o namorado com o olhar tristonho ao perceber que realmente ele não lhe comprara nenhuma sobremesa. Isso fez com que Heero balançasse a cabeça divertido. Duo parecia uma criança quando se tratava de doces.

- No porta-luvas tem um pedaço de torta de chocolate com coco.

Heero deu um sorriso ao ver os olhos de Duo brilharem a menção da torta. O americano esticou o braço para abrir o porta-luvas e pegar a torta, mas levou um tapa de Heero, que o fez encolher a mão, fazendo bico e abrindo o embrulho que continha seu almoço. Ouviu a voz de Heero soar levemente divertida, apesar da advertência em suas palavras.

- Apenas se você comer tudo.

- Você é mal, Heero.

- Hn.

Duo pegou os talheres, que vieram juntamente com o embrulho, comendo com vontade. Heero olhou de relance para o namorado, que mastigava um pedaço de camarão, enquanto a outra metade permanecia segura entre seus dedos. O japonês voltou sua atenção ao trânsito que se encontrava devagar pelo excesso de carros na rua; porém, ele teve sua atenção desviada por um pedaço de camarão empanado colocado em sua frente. Ele abriu a boca e Duo colocou a comida em sua boca, que aproveitou a chance para colocar não apenas o camarão, mas também os dedos, porém Duo não pode suprimir o ofego ao sentir a língua de Heero em seus dedos.

- Huuummm Heero, está com tanta fome assim?

Heero deu um meio sorriso e mordeu levemente os dedos de Duo, antes de libera-los e mastigar o camarão em sua boca. Ele fez o retorno e entrou na rua que dava para a floricultura. O japonês parou no sinal e puxou Duo para beija-lo nos lábios, ao que o americano retribuiu com prazer, se derretendo nos braços do namorado. Era incrível como Heero conseguia mexer com ele com apenas um beijo. Ao ouvir o som de uma buzina Heero se afastou, deixando um Duo atordoado e os olhos nublados de desejo.

- Eu sempre sinto fome quando estou com você...digamos que você abre o meu apetite.

Duo sentiu-se momentaneamente com calor diante das palavras e do olhar de Heero, o beijo o esquentara, mas não tanto quanto o olhar predatório do namorado. O americano sentiu que corava e abriu um pouco a janela do carro para se refrescar, ouvindo a risada do namorado, e acabando por sorrir também. Respondendo ao amante, que manobrava o carro para entrar no estacionamento da floricultura que parecia repleta, pelo número de carros no pátio.

- Você não deveria fazer isso, amor. Eu tenho que trabalhar ainda e não vou conseguir me concentrar se ficar pensando nas coisas que poderíamos fazer.

- Eu poderia seqüestra-lo e leva-lo para algum lugar onde não nos encontrariam.

- Proposta tentadora, amor, mas o Charles ficaria uma fera comigo. E temos um pinheiro para comprar.

Duo soltou o cinto e se aproximou de Heero, beijando-o suavemente, antes de se afastar e sair do carro. Heero saiu do carro trancando a porta e seguindo Duo em direção a loja.

Algumas horas mais tarde – aproximadamente 23h do dia 24/12/2004:

Heero bebia uma taça de vinho na varanda, observando Duo conversar com os amigos da loja. Ele colocou a mão no bolso e respirou fundo; havia se decidido; quando iam a casa dos pais; de que entregaria o presente de Duo ali mesmo. Deu um meio sorriso ao lembrar da visita, o acanhamento de Duo quando sua mãe o abraçou pedindo desculpas pela forma como o haviam tratado aquela noite a quase dois meses atrás. Seu pai também o surpreendera ao dizer que Duo seria sempre bem vindo a casa deles, e de que ele já era da família. Duo chorou e abraçou o sogro, que ficou vermelho diante do gesto. No final havia sido um encontro agradável, que resultou num almoço no dia seguinte ao Natal, no apartamento deles a convite de Duo.

Sabia que ele havia ficado feliz em receber a aprovação de seus pais, talvez não tão feliz quanto ao pinheiro que eles haviam armado a tarde em casa. Felizmente, Duo havia adorado o pinheiro que deixara reservado na floricultura, após deixa-lo no shopping pela manhã. A alegria brilhando em seus olhos não poderia ser esquecida, e nem mesmo o abraço entusiasmado do americano na frente da pobre funcionária da loja, que estava encantada por ele. Heero quase sentiu pena ao ver o olhar de decepção nos olhos da garota ao notar que Duo jamais a olharia da forma como desejava.

Heero fechou os olhos e observou o céu limpo: as estrelas brilhavam no céu escuro e a lua pálida governava majestosamente a noite; o frio havia aumentado, mas ele não o notava porque sentia-se aquecido por dentro. Sabia que estava tomando a decisão certa no que se referia ao namorado. Duo estava conversando com Hil, mas mantinha seus olhos presos em Heero; ele estava tão lindo de olhos fechados, os cabelos balançando ao vento frio da noite, a calça azul marinho, e o suéter de um azul claro que realçava seus lindos olhos azul cobalto. Ele poderia passar a vida inteira apenas o observando, como o japonês o estivera fazendo a noite inteira. Heero havia sido o melhor presente que já recebera em sua vida, a alegria que sentia em sua companhia, a cumplicidade que viviam todos os dias era confortadora e maravilhosa.

Ele era capaz de adivinhar o mais simples de seus pensamentos e transforma-los em realidade, com a mesma eficiência. Tanto ele quanto o japonês haviam crescido e mudado muito na companhia um do outro; haviam feito muitas descobertas em relação ao relacionamento deles, tanto que eram capazes de se ajustar um ao outro. Saber o que o outro deseja antes mesmo que fosse necessário dizer alguma coisa, fato esse que se confirmou quando chegou a floricultura e ele descobrira que Heero já havia deixado um pinheiro reservado pela manhã. O pinheiro apesar de pequeno era tudo que imaginava para o Natal, e não pudera evitar jogar-se nos braços dele ao ver que ele não poderia ter feito melhor escolha. Eles haviam decorado juntos a árvore durante a tarde, quando chegara do trabalho; e ele colocado o copo de leite com os biscoitos de chocolate sobre a mesa antes de sair.

Duo sorriu ao imaginar de que provavelmente quando chegassem os mesmos já deveriam ter sido consumidos pelo namorado, que sempre demonstrava surpresa quando lhe dizia pela manhã que os biscoitos e o leite haviam sumido. Sabia que Heero certamente comera tudo quando tivera que retornar ao apartamento para buscar o presente que esquecera. Tudo era perfeito entre eles, os sonhos, os desejos, as fantasias mais secretas. O fato de saber quando as palavras eram desnecessárias e quando elas eram imprescindíveis, o momento quando um tinha que ceder a vontade do outro apenas para evitar que brigassem desnecessariamente.

Duo se desculpou com Hilde e foi até a varanda. Assim que se aproximou, Heero abriu os olhos e sorriu, afastando-se ligeiramente para dar-lhe espaço para ficar ao seu lado e aconchegado em seus braços. O japonês podia ver, refletido nos olhos de Duo, todos os sentimentos que existiam dentro de si. Ele o abraçou, fazendo-o descansar a cabeça na curva de seu pescoço, enquanto observava os amigos se divertirem dançando e cantando músicas de natal. Ele aspirou o perfume dos cabelos de Duo, antes de aspirar o seu pescoço, o fazendo arrepiar-se e se aconchegar mais ao abraço. Em poucos minutos seria o terceiro natal que passavam juntos. Heero sentiu Duo tremer por causa de uma rajada de vento mais forte e o apertou contra si, sussurrando em seu ouvido e o fazendo arrepiar-se por completo, e isso não tinha nada a ver com o frio.

- Com frio?

- Não...

- Não!?

- Um pouquinho....mas está tão gostoso ficar aqui nos seus braços.

- Você pode ficar nos meus braços dentro de casa, venha vamos entrar.

Heero entrelaçou os dedos nos de Duo, o puxando para dentro da casa. Ele deixou Duo sentado em uma poltrona enquanto ia a cozinha colocar sua taça vazia; ao voltar a sala o viu olhando dois casais, convidados de Charles, dançando ao som de uma musica romântica. Podia ver nos olhos de Duo o mesmo desejo e sorriu; olhou para o relógio e notou que faltavam pouco mais de cinco minutos para o Natal. Ele se aproximou do namorado, estendendo-lhe a mão e fazendo lhe um convite.

- Concederia-me uma dança?

Duo ficou corado e sorriu, balançando a cabeça e segurando a mão forte de Heero, que o puxou para si, o enlaçando pela cintura. Ele segurou a mão direita de Duo, enquanto a esquerda descansava no braço que segurava sua cintura. Duo descansou a cabeça no ombro do namorado, aspirando o perfume de sua pele e sentindo-se arrepiar na lembrança do que compartilhavam juntos. Ele estava tão perdido na sensação de estar nos braços da pessoa que mais amava, que foi com surpresa que registrou o fato de que o japonês cantava, em seu ouvido, uma música totalmente diferente da que saia do rádio.

Se eu te pedir... (by Yoru no Yami)

Eu poderia te dizer milhares de palavras

e elas talvez não explicassem nem um terço do que

eu realmente sinto por você.

A sensação de felicidade e tranqüilidade que

um simples sorriso seu é capaz de me fazer

sentir.

Não sou e talvez nunca venha a ser bom com

as palavras, mas uma vez me disseram que

uma simples palavra é capaz de transformar o mundo.

E talvez você não tenha idéia, do quão especial você

tornou-se para mim e de como a minha vida

mudou desde que te conheci.

Refrão:

Eu preciso saber se você me aceitaria em sua vida?

Aceitaria-me para te amar em todos os momentos?

Para abraçar-te todas as manhãs?

Beijar teu rosto e te fazer um carinho sempre que me pedir?

Você me aceitaria se eu pedisse?

Duo se agarrou ao braço de Heero, diante das palavras que ele cantava maravilhosamente em seu ouvido; podia sentir a vista se embaçando pelas lágrimas, a medida que entendia suas palavras. Não pôde impedir-se de soluçar e afundar a cabeça ainda mais na curva do pescoço do japonês. Ele sentia como se uma enorme bola se formasse em seu estômago e tentasse sair pela boca, obstruindo a garganta, como se fosse sufoca-lo.

- Heero...

Heero podia sentir as lágrimas quentes caindo por seu pescoço e o corpo do rapaz que amava começar a tremer em seus braços. Ouviu seu nome ser pronunciado com emoção, assim como podia sentir os olhares dos outros sobre eles.

Eu soube que minha vida mudaria, no instante em que

nos encontramos frente a frente.

No momento em que eu abri meu coração,

Para que você pudesse entrar.

Simplesmente foi como acordar e pensar que ainda

está-se sonhando um doce sonho.

E imaginar e sentir que a cada momento

este sonho se torna cada vez mais real.

Refrão

Muitos acreditam que palavras não podem

mudar o mundo, mas eu sei que apenas uma mudara

minha vida a tornando ainda mais especial,

se você aceitar o que eu quero te pedir.

Eu preciso saber se você me aceitaria em sua vida?

Aceitaria-me para te amar em todos os momentos?

Para abraçar-te todas as manhãs?

Beijar teu rosto e te fazer um carinho sempre que me pedir?

Você me aceitaria?

Heero deslizou suas mãos pelas costas de Duo, procurando acalma-lo. O americano soluçava em seus braços ehavia passado os braços pela sua cintura, o apertando, como se quisesse fundir seus corpos em um. Heero afastou-se ligeiramente, só o suficiente para que pudesse olha-lo nos olhos e enxugar as lágrimas que lhe caiam pelo rosto; seus olhares se conectaram ignorando que ao redor deles uma platéia aguardava o desfecho de tão bela demonstração de amor. O japonês soltou-se de Duo, que se sentiu perdido diante da falta de calor de seu corpo; os olhos do americano se arregalaram surpresos ao ver o namorado ajoelhar-se a sua frente, tomando-lhe a mão entre as suas e cantando as duas últimas frases da canção que o emocionara.

Se eu disser que você mudaria meu mundo,

Você aceitaria se casar comigo?

Novas e abundantes lágrimas surgiram nos olhos de Duo diante do pedido. Ele tremia como uma jovem árvore em uma tempestade. O americano olhou ao redor e notou nos olhos dos amigos que os estimavam, aceitação e felicidade. Hil se desmanchava em lágrimas nos braços do noivo e o mesmo acontecia com Charles e o namorado. Ele voltou seu olhar para Heero, o ouvindo falar emocionado, os olhos embaçados pelas lágrimas que teimavam em não cair.

- Duo, você quer se casar comigo?

- Eu...

- Eu sei que nunca discutimos isso antes, mas eu quero...

Duo não deixou que Heero continuasse; ele puxou o japonês, se jogando em seus braços e capturando seus lábios com ternura e amor, transmitindo neles a imensa felicidade que sentia. Ele começou a distribuir pequenos beijos pelo rosto do, agora, noivo, para depois o abraçar afundando o rosto contra seu peito e respondendo ao pedido feito por ele.

- Sim, eu adoraria me casar com você, Heero.

Eles puderam ouvir as palmas e as felicitações dos presentes, enquanto Heero retirava de seu bolso uma pequena caixa de veludo preto, que ao abrir, revelou duas alianças de ouro amarelo e branco, entrelaçados como se fossem um. Ele retirou a menor delas depositando no dedo anelar da mão direita de Duo, que soluçou emocionado.

Duo retirou a outra aliança, com os dedos trêmulos, a colocando no mesmo lugar da mão direita de Heero. Nenhum natal poderia ser mais especial do que esse; nenhum presente poderia ser comparado ao de Heero. Assim como nenhum amor poderia superar o que sentiam um pelo outro. Eles se amavam completamente e confirmavam isso perante os céus da noite de Natal.

Owari

Mais um.........

Este é um especial para todos que lêem o Arco.

Desejo a todos um Feliz Natal, repleto de felicidade.

Aos amigos mais chegados Dhandara, Goddness, Arcanjo, Mila, Lú, Shanty, e todos aqueles que me apoiaram e me incentivaram durante todo o ano.

Esse é pra minha família do coração: Mami Evil, Sis amada – querida do coração - Lien, Misao, Dee, Prima Verena, Tia Daphne, Tia Su e todas as ramificações.

Bem, eu também quero desejar a TODOS um Feliz Natal. Que os presentes sejam tão especiais e preciosos quando nós queremos e merecemos. Bjs da beta mais explorada da net, Lien Li.