Era uma ponte longa, as mesmas gradinhas vermelho-douradas que acompanhava a rua da estação seguiam por toda a extensão da ponte; havia, a espaços iguais de distância, largos pedestais de pedra que ostentavam grandes postes acesos, que criavam cones distintos de iluminação. A partir dos mesmos blocos de pedras, arcos eram criados e, as calmas águas do Tamisa, corriam livres e inocentes sobre as estruturas de ferro. Do lado próximo à margem oposta de onde Dumbledore se encontrava havia uma multidão negra.

Era o Exército das Trevas. Harry pode distinguir dementadores, um monte deles. Comensais lideravam o grupo e tinham as varinhas erguidas. Harry notou uma mão prateada no meio da multidão, sabia que era Rabicho. Havia também três gigantes atrás do exército negro, tinham entre cinco e seis metros de altura e seguravam enormes maças pesadas e cheias de espinhos. Acromântulas, umas dezenas de aranhas gigantes, batiam com as presas na direção oposta, os oito olhos vermelhos escorriam veneno. As aves que atacaram Hogwarts duas vezes também engrossavam os números das Trevas. À Frente da multidão macabra, uma bruxa, de cabelos louro-prateados e olhos cinzentos, mantinha a varinha erguida.

Do lado próximo a Dumbledore, encontravam-se os membros da Ordem da Fênix. Entre eles, Hagrid, com seu guarda-chuva cor-de-rosa e seu meio-irmão, Grope; ambos com mais de dois metros e meio de altura. O lobisomem Lupin e a metamorfomaga Tonks empunhavam as varinhas com furor e poder. Fleur e Krum estavam ao lado de Gui, Carlinhos, Fred e Jorge, todos com as varinhas prontas para combate. Havia uma centena de caranguejos de fogo, com cristais incrustados nos cascos fazendo um cordão animal de uma extremidade a outra da ponte, impedindo o avanço do tropel elitista de Voldemort. Muitos outros bruxos compunham as fileiras da Ordem da Fênix e à frente de todos, Severo Snape e Minerva McGonnagal coordenavam as ações. Mantinham as varinhas erguidas e os olhares atentos.

Entre os dois grupos havia um vazio, O Vazio moribundo e épico que sempre o precede o fim. Quando o diretor pisou na ponte houve um rebuliço geral por parte de todos ali presentes. Era possível ver que todos gritavam "É Dumbledore!", ou, "Ele chegou!", e foi instaurado um clima estranho e eletrizante que conquistava a todos e tudo. As acromântulas pararam de bater as presas com seus cliques-cliques mórbidos e os caranguejos de fogo começaram a irritar-se fazendo com que seus cascos tremulassem e produzissem um zumbido incomodo e presente. O rebuliço cessou totalmente quando uma voz grossa e enrregelante, vinda de trás da ponte, exclamou no ar frio da noite.

MORROSMORDRE! – um enorme crânio verde girou no ar. Era composto por pequenas esmeraldas brilhantes e uma fumaça espessa e verde vivo. A Marca Negra subiu veloz até o céu, ela tomou uma posição central sobre a ponte. Pronta para reger o Exército das Trevas. Mas antes que o mesmo ocorresse Harry escutou a voz onipresente de Dumbledore gritar ao seu lado.

PHOENIX FLAMARIOUNS! – um espiral dourado de luz brilhante subiu no céu. A ponta do raio era guiada por uma bela fênix também dourada, suas asas eram enormes e balançavam até chegar próximo à Marca Negra. Quando o mesmo aconteceu, a cobra que saia do crânio verde preparou-se para dar o bote no pássaro milenar, mas o mesmo esquivou-se e deu uma bicada no crânio. Era um duelo diferente, mas que representava a raiva que se passava muitos metros abaixo.

Ambos os sinais luminosos no céu serviram para que ambos os exércitos pudessem finalmente correr para a batalha. Foi como o estopim da guerra iminente, agora ela ocorria verdadeiramente, varinha a varinha, fogo a fogo, feitiço a feitiço. A Fênix guiava os integrantes da Ordem e fazia com que eles se sentissem fortes e corajosos. O crânio, com a Cobra, dava aos Comensais o gosto único de ver no céu aquilo que os mantinha unidos, a devoção.

Harry estava atrás do batalhão da Luz. Dumbledore ergueu a varinha e faíscas azuis saíram de sua ponta. Harry pode ver que Snape, metros a frente fez com que os caranguejos de fogo caminhassem até o meio da ponte e lançasse jatos de fogo que construíram, juntos, uma parede fervente fazendo com que os exércitos fossem ao meio divididos. Mas a barreira de fogo durou pouco, em breves minutos acromântulas, negras e enormes, ultrapassaram as paredes de fogo sem dificuldade e pisaram sobre os frágeis caranguejos de fogo.

As aranhas de três metros de altura picavam os pequenos caranguejos e estes por sua vez lançavam jatos de chamas quentes e abaláveis que queimavam a curta pelugem aracnídea que recobria o encefalotórax da besta mágica. Alguns caranguejos conseguiram, entretanto, fazer com que cinco ou seis aranhas carbonizassem. Mas infelizmente, havia vinte feras para serem ainda derrotadas.

– ESTUPORADORES! – Harry ouviu a voz de Minerva clamar pelos bruxos. E instantaneamente milhares de jatos vermelhos foram lançados contra as aranhas enormes. Alguns raios ricochetearam na couraça dura e inextricável das aranhas. Porém feitiços fortes e precisos explodiram nas presas de muitas e fizeram com que elas caíssem, com as pernas articuladas retraídas próximo ao corpo inerte. A maioria das bestas de oito patas foi estuporada e uma montanha de corpo negros e arredondados formou-se n'O Vazio. Apenas duas permaneciam vivas na batalha. – EXTINCTOS! – gritou a professora e mais uma vez àquela noite foi à vez de vozes gritarem em uníssono.

EXUMAI! – raios dourados ricocheteantes foram de encontro ao dorso das aranhas horríveis e gigantes. As que já se encontravam imóveis apenas desapareceram no risco negro de fumaça, mas as duas últimas que permaneciam, foram, primeiro, viradas de borco; suas pernas mexiam-se de forma incontrolada até que para o alívio conjunto dos bruxos atrás de McGonnagal todas elas sumiram. Foi uma breve felicidade, mas a parede de fogo já havia sido desfeita completamente, e os poucos caranguejos de fogo que restaram, foram insuficientes para construir outra barreira tão resistente.

Naquele momento uma outra tropa negra encaminhava-se na direção dos ordenados à Fênix. Harry não pode enxergar bem o que eram, se é que havia algo para se enxergar. O vislumbre único que Harry conseguiu foi de uma enorme cobra prateada; era longa com mais de três metros de comprimento e esmeraldas cravejadas em seu dorso brilhoso, a cabeça triangular guiava a pequena tropa rumo à batalha. Era Nagini, sem dúvida alguma, a cobra de Voldemort. Suas finas presas verticais brilhavam a luz da lua e Harry finalmente viu o que era o segundo batalhão das trevas: centenas de cobras rastejavam na direção oposta da ponte.

Eram Farosutis, cobras listradas em negro e laranja que rastejavam pelo chão úmido. A grande característica das Farosutis era a presença de três cabeças. Todas com finas presas, mas apenas a da direita com um veneno moral. Conforme se aproximavam silvos que invadiam a noite. Os silvos eram para Harry uma linguagem audível e compreensível e Harry escutou as ordens confusas da cabeça esquerda. "Ataque os calcanhares e seja rápida!". A cabeça destra apenas respondia "Sim!", com um silvo longo, agudo e irritante.

Harry sentiu o braço do diretor erguer-se ao seu lado para lançar mais faíscas no ar, mas não foi necessário. Do céu escuro, cheio de nuvens cinzas e pretas, dezesseis cavalos surgiram voando. Eram enormes, três vezes o tamanho natural de um cavalo normal, a pelugem na cor do mais puro malte, os olhos vermelhos em fogo e os cascos na mais fina e pura prata eram combinados ao gracejo do leva bater das emplumadas asas compridas. Eram os cavalos abraxanos de Beauxbatons. Voavam velozmente e desceram dos céus como raios de justiça. As asas brancas planavam delicadas sobre a Brigada da Fênix. Uma nova saraivada de silvos invadiu a mente de Harry. "Vamos! Retirada!", gritou desesperada uma Farosutil. "NÃO! Não desapontem o Lorde das Serpentes!", este sibilo grave e fechado era o silvo de Nagini a cobra mestra da ordem de Voldemort.

– Ah Maxime... – Dumbledore suspirou – você sempre me surpreendeu! – e baixou a varinha.

Os cavalos trotaram na ponte e as cobras foram esmagadas e viraram pós. Os cascos reluzentes de prata esmagavam apenas uma cabeça das farosutis e elas mesmas terminavam de se matar, entravam em conflito. Nagini, como já esperava Harry, continuava a lutar, cravou as afiadas presas egípcias no dorso de dois dos dezesseis cavalos que relincharam de dor. Estes instantaneamente perderam a força e caíram na ponte com um firme baque surdo. A cor amarronzada esvaiu-se dos cavalos e por fim ficaram cinza, cor-de-chumbo. Apenas os olhos mantinham-se abertos e vermelhos. Enquanto isso os outros cavalos abraxanos investiam contra as cobras remanescentes. Por fim não restou nenhum ser rastejante ali, apenas os destroços de cabeças laranjas vivo arrancadas.

Os Comensais mais próximos começaram a movimentar-se, mas os cavalos franceses logo galoparam até as linhas limites das tropas das Trevas e empinaram relinchando fazendo com que se mantivessem parados onde estavam. Mas as maldições eram mais fortes que os cavalos gigantes, não resistiriam muito tempo, pensando nisso, Harry sentiu novamente Dumbledore erguer a varinha no ar, desta vez o lançou faíscas vermelhas no céu que se demoraram no ar, ficaram brilhando no vazio por no mínimos dois minutos até que Snape ergueu a varinha e exclamou para as nuvens vazias.

– Bombus! – um zumbido, alto e ensurdecedor, foi proclamado a partir das palavras de ordem de Snape. O som era profundo, grave e fez com que as águas do tamisa tremulassem mais que o habitual. As grades vermelhas retiniram em seus postos, mas voltaram ao normal. Mesmo os lustres dos altos postes balançaram em seus compartimentos firmemente parafusados. Foi a autorização para atacarem.

Tudo parou. A mente de Harry desacelerou rapidamente e ele começou a ver tudo muito devagar. Nada ali deixou de ser observado em câmera lenta. Dumbledore e Harry começaram a caminhar até a metade da ponte. O restante dos integrantes correu como loucos até o encontro dos adversários negros. Houve lampejos verdes e vermelhos, azuis e dourados, negros, prateados e roxos. Também houve gritos de dor e risadas escalafobéticas de ironia ou persuasão. Varinhas eram lançadas no rio e duelos mortais decidiam o futuro de todos.

Era possível ver todos, era o feitiço de Dumbledore, Harry sabia, mas impressionava-se a cada segundo de batalha transcorrido. Lupin já correra até o meio da ponte e batalhava ferozmente com um Comensal de mão prateada, era Rabicho. O Comensal traidor brandiu a varinha contra o antigo professor, mas este se defendeu com uma outra maldição branco pérola que Harry não conhecia.

Próximos aos dois, Mione e Rony lutavam contra dois Comensais encapuzados. Não era covardia alguma; Hermione e Rony duelavam como bruxos feitos, defendiam-se com dignidade e atacavam com soberania. Hermione lançou um raio azul gelo na perna de um Comensal e conseguiu com sucesso congelar a perna do meio. Rony, no entanto utilizou a preferida de suas azarações, a do Corte. Harry ficou satisfeito ao ver que, por fim, Mione e Rony conseguiram juntos transformar os dois Comensais em estátuas perfeitas com o Feitiço do Corpo-Preso.

Dumbledore já havia atingido um quarto da ponte. Ele procurava obviamente, Voldemort. De alguma forma estranha Harry sabia que Voldemort estava ali; em algum beco ou brecha, sabia que ele ali estava, naquela ponte, calculando os altos e as baixas da batalha. Ele passou ao lado de Tonks. A metamorfomaga batalhava com Narcisa Malfoy. A bruxa de olhos claros lançou uma maldição vermelha contra Tonks e a mesma desaparatou, aparatando a metros de distância e lançou uma azaração negra contra a Comensal que foi atingida pelo feitiço e ficou de olhos estatelados, paralisada. Por fim Tonks tentou estuporar a Comensal, mas um outro bruxo das Trevas impediu seu êxito protegendo a colega com um escudo Protego. Harry não viu se Tonks conseguiu defender-se a tempo, precisava achar Voldemort.

A sua esquerda, McGonnagal lançava um raio azul no rosto de um Comensal atingindo-o e fazendo com que sua máscara fosse banida do rosto. Este se desesperou levou a mão ao rosto, mas já era tarde e o feitiço já havia sido executado. O capuz caiu e a mascara despedaçou-se. O Comensal era alguém que Harry conhecia, e para sua surpresa, convivia com ele também. Tinha um rosto fino; sardas no rosto, os cabelos vermelhos e o nariz arrebitado: eram as características Weasley mais marcantes. Era, com toda a certeza do mundo, Percival, o mais ambicioso dos Weasley. Ele não hesitou em lançar uma Maldição da Morte em McGonnagal que desviou da luz verde transformando-se em gata e pulando no rosto do adversário.

Mais ao longe, um ícone da Ordem batalhava ferozmente. Alastor Olho-Tonto Moody; era um bruxo velho, mas os cabelos grisalhos lhe conferiam muito mais poder dos que os joviais fios negros. Ele empunhava a varinha de forma segura e estrondosa, com apenas um movimento ele fez dois Comensais curvarem-se e caíssem de joelhos, como se o tendão mestre das pernas fosse cortado e ficar em pé fosse algo realmente impossível. Os Comensais rastejaram no asfalto frio, as varinhas foram recolhidas pela força do "Expelliarmus!", e Moody finalmente as atirou nas águas escuras do Tamisa. Um terceiro Comensal, também mais velho, apareceu apadrinhando o duelo. Era um velho magricela de olhos esbugalhados e assustados, muitas rugas acentuavam suas feições austeras. Harry o vira em seu segundo ano, em uma loja de Magia Negra na Travessa do Tranco. Era Borgins, um antigo servo do Lord e dono da loja Borgins 'n Brukes. O velho Comensal lançou uma maldição tão rápido contra Moody que este perdeu seu olho de vidro, azul-elétrico, o olho caiu no chão e rolou pelo asfalto.

À frente, próximos a Fleur, Fred e Jorge entravavam um duelo de duplas. Eles lançavam azarações conjuntas e feitiços combinados para poderem derrotar os pais dos capangas lerdos e idiotas de Draco Malfoy, Crabbe e Goyle. Os gêmeos lançavam maldições conjuntas que convergiam em uma só, transformando-se em algo muito mais forte e inesperado. Crabbe e Goyle não tinham tempo, ou capacidade, para atacar e apenas conjuravam escudos de esmeraldas que ricochetavam os feitiços para longe. Colados as costas dos gêmeos Fleur e Krum batalhavam com Peasegood e Bonani, traidores do Ministério da Magia. A fina varinha de Fleur e a curta varinha de Krum conjuraram maldições e feitiços poderoso que Harry jamais vira. Fleur conjurou uma profusão de folhas secas, finas e afiadas que voaram contra os Comensais no intuito óbvio de cortarem-lhe a face. Mas antes que pudessem alcançar o êxito um escudo invisível fez com que as folhas que se aproximasse queimasse e virassem cinzas. Krum lançou um imponente raio vermelho escuro nos dois e fez com que os Comensais, sem reação algumas fossem espancados com chutes e socos invisíveis. Até que conseguiram, para a felicidade de todos, derrotar os traidores Peasegood e Bonani.

Próximo ao beiral da Ponte Snape conduzia uma batalha com Avery e Nott, servos leais a Voldemort. Os dois Comensais pareciam enfurecidos pela traição de Snape, mas do que isso estavam determinados a matar Severo. Eles não recorriam a nenhum feitiço diferente, senão a Maldição da Morte. A profusão de raios verdes que eram destinados ao coração de Snape era infinita e para o alívio de Harry o mestre de poções salvava-se de várias formas, por vezes aparatando, outras chance ele lançava pesadas rochas no rosto dos Comensais que a explodiam com a facilidade de quem brinca com crianças.

Próximos ao duelo de Snape, Luna e Neville azaravam Nott e Blás Zabini. Era uma garota de longos cabelos negros que lhe desciam até as costas. Fora integrante da Brigada Inquisitorial e agora servia às maldades de Voldemort. Nott ria-se de Luna e Neville, mas os dois reverteram a situação rapidamente. Luna lançou um raio torto e rosa que entrou dentro da boca de Nott. O efeito foi imediato, o pequeno Comensal agora estava gago e a execução de feitiços perfeitos era impossível. Blás tentou ajudar o amigo, mas felizmente Neville lançou um feitiço de Herbologia na bruxa, exclamou "Permanai Incêndio!", a garota ficou totalmente desesperada, o cabelo foi lambido pelas chamas vermelho-azulada e as mechas betumes foram encolhendo, as vestes começaram a queimar-se rapidamente e por fim a garota pulou ao rio.

Finalmente Dumbledore chegara ao meio da ponte. Acima de sua cabeça prateada, a Cobra e a Fênix permaneciam lutando, forças opostas, representadas pela luz no céu. Dumbledore Parou e Harry fez o mesmo; este último encheu-se do calor inundável que sua força o prometia. Eles pararam, as varinhas erguidas, como se nada, feitiços, maldições, gritos, azarações, destroços e vibrações, os atrapalhassem. O diretor cruzou os braços, a varinha ainda erguida, e cochichou para Harry em um tom audível apenas para o garoto. – Fique ao meu lado. Derrotaremos ele esta noite. Isso já foi longe demais.

– Você acha mesmo Dumbledore? – questionou a voz fria e cruel de Lord Voldemort. O bruxo aparecera na multidão negra e pareceu ser um alivio aos Comensais ver seu mestre ali, entre eles. – Quê isso já foi longe demais?

– Sim, acho com a convicção que me é prevista! – retorquiu o diretor com a calma presente na voz. – Você sabe que não há nada para se ganhar ou perder agora!

– Não diria isso tão convicto. – disse o lorde enfurecido.

– Tom... Encare como quiser. – Dumbledore fechou os olhos e brandiu a varinha. De sua ponta uma onda de luz dourada expandiu-se para todos os lados, como se fosse uma enorme força visível vinda da varinha do diretor. Harry notou que embora Voldemort tivesse bem preso ao chão, tudo se movimentou, o chão transformou-se movediço e as altas construções balançaram devido à força do feitiço. Todos, Comensais e integrantes da Ordem, caíram de joelhos no chão, apenas Harry, Dumbledore e Voldemort continuavam de pé. Após segundos conflitantes os duelos voltaram à tona. O bruxo recebeu a maldição, calado, mas assim que pode movimentar a varinha ele criou um globo de luz prata, era enorme do tamanho de uma roda de caminhão, branco-pérola era feito de uma luz brilhante e poderosa pronta para explodir; por fim Voldemort o lançou contra o peito do diretor, que por usa vez, segurou o feitiço com um escudo de uma enorme mão projetada por luz roxa, lançando o globo amaldiçoado para o infinito noturno.

– Ah Dumbledore! – começou Voldemort. – Você e o garoto Potter! Vocês me fazem rir. – o Lord das Trevas riu alto e cruel. Aquilo irritou muito Harry. Ele ergueu a varinha e exclamou prontamente direcionando o feitiço para o Lorde das Trevas.

Junctus! – Voldemort foi erguido alguns metros do chão e suas costas foram coladas contra o pedestal central do poste de luz. Mas antes mesmo que Voldemort ficasse algum tempo preso com a Azaração da Cola, uma Comensal exclamou o contra feitiço "Diverbero!", e Voldemort saiu daquele estado horrível e lastimável.

– Você esta sendo tolo, menino... – desdenhou Voldemort limpando a maga das vestes verde-escuras. Sua varinha erguida na altura de seu coração. – Sabe que não pode me vencer!

– É o que você pensa! – exclamou Harry ignorando um raio estuporante que raspou seus cabelos.

– Tom, você ainda acha que Harry é o menino fraco que você conheceu dezesseis anos atrás? – questionou Dumbledore como se estivesse lecionando Feitiços para Animar a um aluno resistente.

– Riddle! – gritou Harry – Você escutou? – Harry disse impaciente.

– É obvio criança... – desdenhou Voldemort novamente – Mas acredito que você ainda seja um verme persistente no meu caminho glorioso!

– Sua glória acaba hoje Tom. – disse Dumbledore sério – Esta noite este duelo terá de findar-se!

– Não Dumbledore! Você não conhece minhas forças! Você não sabe de meus poderes!

– Ele sabe sim! – explicou Harry nervoso, mas com uma calma semelhante a do diretor na voz – E para ser sincero, – continuou – ele sabe, pois você me deixou ver, me deixou entrar em sua mente!

– NÃO!

– Sim Tom, ele diz a verdade. – confirmou Dumbledore lívido.

– Então foi você a força que senti em janeiro!

– Sim Riddle! E você terá de senti-la novamente esta noite! – Harry não aguardou mais nem um minuto. – ECLAIRE! – um relâmpago prateado saiu da varinha de Harry e correu na direção de Voldemort. O raio prateado tremulou reluzente e correu de encontro ao alvo. O bruxo foi rápido o suficiente para recuperar-se do choque e por fim exclamar um escudo defensivo, o mesmo utilizado por Crabbe e Goyle.

Abníxus! – houve um clarão de luz verde e um forte escudo, gigantesco, feito de esmeraldas octogonais e reluzentes formou-se diante de seus olhos. O rosto ofídico de Voldemort ficou verde através das gemas e suas expressões finas foram arrojadas pelos ângulos e facetas das pedras. Dumbledore aproveitou o momento de transe do bruxo e não se precipitou em brandir a varinha na direção do escudo de Voldemort e este se desfez como se um ácido corroesse a pedra lisa e polida.

Dumbledore correu na direção do bruxo, as vestes enfunando a sua volta, o azul belo e jovial de suas pesadas capas de veludo emanavam uma fonte de poder e magia que acendia dentro de Harry uma animosidade incrível e inquestionável. Voldemort não entendeu porque Dumbledore corria em sua direção, apenas espantou-se com o movimento tolo do mago. Voldemort ergueu a varinha.

Avada Kedavra! – da ponta da varinha negra um jorro de luz verde foi conjurado onde antes havia apenas ar. Harry estava estático, paralisado de terror. Dumbledore corria para a morte. O raio fatal estava a poucos centímetros de seu coração quando o bruxo desapareceu. A maldição perpassou por entre muitos duelos, até que por fim colidiu com o asfalto abrindo uma enorme cratera na ponte. Um buraco se formou, abaixo apenas às escuras águas do rio londrino.

Harry não sabia onde Dumbledore havia ido, mas tinha apenas a certeza, Voldemort tinha a única intenção de matá-lo aquela noite. Ele não poderia ficar parado aguardando o retorno do mestre. Era a hora de agir sozinho, Harry ergueu a varinha, fechou os punhos e encarou as pupilas verticais que tantas noites lhe atormentaram os sonhos.

– RIDDLE! – chamou Harry. O bruxo virou a cara ofídica para Harry, seu pescoço virou quase exatos cento e oitenta graus fazendo uma pose realmente macabra e sinistra. As ventas verticais latejavam pelo nervoso. O vento ondulava a capa, a pele macilenta sorria de forma sardônica.

– Potter! – exclamou Voldemort de longe – Parece que até hoje você literalmente nasceu para me atrapalhar... – Voldemort elevou os dedos finos da mão livre à testa e balançou em sinal de descrença – Você até me enfureceu, mas isso é passado. – Tom começou a aproximar-se, caminhando a longos passos lentos. – Você conhece meus meios... Já sabe que não ligo de morrer de pena não é mesmo?

– Não tente me seduzir com suas palavras arranjadas! – exclamou Harry. Mas por breves instantes ele viu-se glorioso, reinado, à cima de todos e de tudo ele governava com a mão de ferro, todos eram seus amigos e nada lhe impedia. Mas de súbito uma mulher de cabelos ruivos invadiu-lhe a mente os olhos chocados e espantados. Ele não podia pensar isso, fora apenas um lapso juvenil, aquilo nunca mais se repetiu na vida de Harry Potter. Nesse momento Dumbledore apareceu ao lado de Harry com um estampido seco, Harry notou que o diretor ofegava, mas que parecia mais satisfeito.

– Harry, no três. – resmungou baixinho para o Escolhido. Dumbledore olhou altivo para Voldemort, tremulou os lábios iniciando uma conversa.

– Você voltou Dumbledore! – disse Voldemort com a voz cínica. Três dedos finos e longos de Dumbledore ergueram-se da palma de sua mão – Já sentia sua falta...

– Tive de sair uns instantes, – um dos dedos de Dumbledore abaixou-se. – afinal me receber com um raio de morte não é algo tão agradável.

– Não seja exigente, Dumbledore! – o segundo dedo de Dumbledore abaixou-se.

– Com certeza que não, só farei o equivalente. – o terceiro dedo de Dumbledore abaixou-se. Era a hora. Harry ergueu a varinha, começou a executar uma Maldição do Empurrão, mas lembrou-se do que sabia fazer melhor. Ele elevou a varinha, mirou no peito de Voldemort e exclamou.

EXPELLIARMUS! – o jato de luz dourada que sempre saia da ponta de sua varinha, agora estava mais forte e resistente, não era apenas um jatos, haviam labaredas douradas que elevavam-se e voltavam ao núcleo do feitiço. Ao seu lado, Harry viu um raio preto emanar da varinha de Dumbledore. Harry não sabia o que aquilo poderia causar, mas sabia que não gostaria de receber dois jatos tão intimidadores.

FIRMEM! – Voldemort gritou no ímpeto de defender-se. Altos muros de pedra bruta ergueram-se à volta do bruxo com um barulho ensurdecedor e opaco. Não era um muro, era uma muralha, o asfalto estava ligado a ela como a muralha estava nele. Mas o esforço negro foi dispensado. Os feitiços de Harry e Dumbledore abriram crateras na enorme Muralha protetora e a destruíram como se a pedra firme fosse um singelo castelo de areia.

A força dos feitiços combinados empurrou Voldemort metros para trás, Harry apenas viu que a coluna e os braços do Lord formaram ângulos estranhos conforme ele subia no céu escuros e descrevia arcos no ar. Harry apenas elevou o braço na altura dos olhos para não ver mais do que o necessário. Ele escutou o barulho de algo sólido caindo na água, era, provavelmente, Voldemort sucumbindo á força dos feitiços. Dumbledore olhou para Harry.

– Ele não se cansará tão fácil assim. – afirmou o diretor muito sério.

Harry confirmou com a cabeça, mas antes pudesse recuperar-se da felicidade momentânea e espontânea a peste de Voldemort surgiu pela cratera recém-feita na ponte. Ele ergueu-se flutuante, estava estranhamente feliz. Ele tinha os braços cruzados, no rosto molhado, uma expressão de destreza. Os olhos vermelhos fitavam a cena; às suas costas duelos menores ocorriam. Os espectros coloridos e os sons da guerra eram implacáveis aos ouvidos de qualquer um, mas para Voldemort, aquilo era música de qualidade. As vestes estavam ensopadas pela água e, agora mais delgadas, delinearam um corpo fino, magro e descarnado que era o fruto único da mais maldita magia da Terra, o ritual de Anúbis em presença: Lord Voldemort.

O lorde negro ergueu a varinha e pisou no asfalto raivoso. A cicatriz na testa de Harry ferveu e queimou em brasa. Ele caminhou até chegar diante dos dois oponentes que já importunaram-no demais. As vestes molhadas rastejavam como cobras serpentiantes. Ele analisou os dois, balanço a cabeça e ergueu a varinha.

– Tarde demais. – sentenciou o lorde. – Austríleos! – umas centenas de facas afiadas foram conjuradas a frente de Voldemort. Ele sorriu malicioso e sacudiu a varinha. As facas voaram na direção dos dois, pareciam borrõezinhos de prata no ar escuro.

– JUDICATRIX! – Dumbledore descreveu um enorme círculo com a ponta da varinha e um portal dourado foi aberto, as facas, todas elas, entraram no portal. Harry virou a cabeça para proteger-se do impacto cortante, mas ele escutou um estampido próximo à margem do rio. O mesmo círculo que Dumbledore acabara de fechar em um redemoinho dourado, havia se aberto e as facas transportadas afundaram como tiros de escopeta nas águas calmas do Tamisa.

Voldemort não disse nada, apenas brandiu a varinha contra os dois e eles sentiram a força letal de um feitiço fortíssimo. Uma massa de ar invisível forçou-os a recuarem muitos metros para trás. Dumbledore tentava refrear o feitiço com os pés, mas o asfalto apenas criava dobramentos inúteis ás suas costas. Harry rolou no chão frio quando o efeito mágico acabou.

Antes pudesse levantar-se, ele recebeu outra investida da Varinha de Voldemort. Ele escutava a risada fria do lorde e a voz cruel em sua mente. Enforque-se. As mãos de Harry subiram involuntariamente até sua jugular. Enforque-se, repetiu a voz macabra de Lord Voldemort. NÃO! Exclamou um Harry baixinho em sua mente. Enforque-se já! Não precisava fazer aquilo, na podia fazer aquilo.

– ESTUPEFAÇA! – um raio estuporante, vermelho e poderoso, cortou o ar na direção de Voldemort. O bruxo apenas esticou a capa com o braço fino e o feitiço de Harry ricocheteou nas gradinhas, produzindo um tilintar agudo e aborrecido.

Harry sentiu algo quente invadir-lhe as costas. Ele tentou mover-se, mas não conseguiu, havia sido atingido por uma Azaração do Impedimento, mas não havia ninguém atrás de si, o feitiço que Dumbledore aplicara-lhe ainda na estação de metrô lhe garantiu isso. Fora um feitiço perdido que o imobilizara. Voldemort riu da situação. Dumbledore estava ao seu lado, a varinha erguida na direção de Voldemort.

Os dois maiores bruxos de todos os tempos encaravam-se mutuamente alimentando o ódio e a raiva que os ligavam por puro desejo de apenas um deles. As varinhas mágicas, poderosas e exclusivas estavam quentes pelo uso demasiado. A pena de fênix da varinha de Voldemort estava num vermelho sangue profundo, mesmo que não fosse possível á ninguém constatar isso. O pelo de unicórnio de Dumbledore estava extremamente esticado e algo mais em sua varinha asopitava poder. Os olhos azuis e vermelhos fundiam-se numa linha real de poder, mas antes que algo ocorresse, que o menor grão de poeira tocasse o chão, ou que a mais fina linha se desprendesse da roupa, as varinhas agiram impetuosas.

Da parte de Dumbledore, um raio dourado e vermelho, fundindo em um espiral poderoso correu até o adversário. Havia pequenas estrelas no espectro do feitiço e um barulho de metal sendo amassado foi produzido ao soar desta magia. Voldemort, não optou pela morte, mas pela sofreguidão. Um jato de luz cinza fúnebre correu até o peito do diretor. Havia um cheiro moribundo e infecto no feitiço de Voldemort, um regurgitar noturno e sonoro ecoou na noite. Por alguns centímetros preciosos os feitiços não se encontraram. O feitiço ultramagnífico de Dumbledore alinhou-se paralelo à maldição infernal de Voldemort e correu até chegar próximo do alvo. O mesmo ocorreu com a maldição de Voldemort. O lustroso raio cinza cemitério curvou-se diante da força dourada e vermelha, mas prosseguiu triunfante sua meta.

Harry lutou com os braços, pernas e pescoço. Nada podia permitir que aquilo se realizasse. Ele impulsionou e as cordas mágicas soltaram-no do solo frio. Tão perto do incontestável e tão longe da solução, Harry desenfreou a correr, não mais se importava em ser morto ou fazer com que a profecia não se cumprisse, sua única meta era impedir o êxito final da maldição cinza. Ele sentiu o pé mutilado doer mais uma vez àquela noite e , seus músculos refeitos estavam pedindo perdão, mas recusaram-se a trabalhar. Seu cérebro trabalha vegetativamente, ele caiu de joelhos e assistiu o fim.

Ele já estava velho, cento e cinqüenta e sete anos de sabedoria extrema e conhecimentos profusos. Os olhos azuis fitavam o sucumbir próprio, mas a glória geral, uma confusão de sentimentos tomou-lhe o negro dos olhos que se dilatou ao máximo. Os longos cabelos prateados refletiram o inevitável e tornaram-se cinzentos e sem vida. Harry fechou os olhos e sentiu uma lágrima descer-lhe o rosto. Sua mente reproduziu uma imagem de um bruxo velho e jovial, emoldurado por uma moldura azul escura. Era sua primeira figurinha de Sapos de Chocolate. "Então este é Dumbledore?" Recordou solitariamente triste. Ele enxugou o rosto e virou mais uma vez a figurinha e Dumbledore havia sumido. "Ora, você não pode esperar que ele fique aí o dia todo!" A voz latejante de Rony invadiu sua mente. Uma rajada de vento frio o envolveu e ele viu o rosto do diretor um ano atrás, lhe contando as verdades sobre a profecia que regia a ordem natural das coisas desde seu nascimento; "... me preocupava demais com você...". Harry abriu os olhos.

Não podia acontecer daquele jeito de forma alguma. Harry ergueu a varinha e evocou a força que sua mãe criara, não fazia idéia do que poderia salvar. Ele ergueu a varinha e concentrou-se em Dumbledore.

– BLASOUM MAXIMUS! – uma bala prateada foi disparada como foguete da varinha de Harry. Voldemort assustou-se, não acreditava que seus adversários estivessem se matando, uns aos outros. A bala dourada e onipresente ultrapassou a maldição de Voldemort em velocidade e atingiu o diretor. Ele recebeu o feitiço com o furor da felicidade profunda. A maldição de Voldemort correu o restante do trajeto e atingiu o peito aberto de Dumbledore. A longa barba, prateada e esvoaçante, tornou-se dura e estática. As lentes dos oclinhos de meia-lua que por muitos verões o reconfortaram, trincaram-se. As pernas que o guiaram por todo o seu caminho, dobraram-se e o diretor caiu. A varinha caiu no chão e quicou com estrépito. O corpo do diretor caiu de borco, o rosto colado ao solo.

Uma risada fria, cortante e cruel cortou o ar frio da noite. A risada sardônica e rumorejante penetrou nos ouvidos de Harry e latejaram como um gongo oriental. Harry ficou estático, observando; Voldemort vangloriava-se do incerto e Dumbledore jazia caído no asfalto. Enquanto Harry observava o corpo e Voldemort contava vantagem à ninguém, Snape correu de encontro ao do corpo de Dumbledore. O poderoso oclumente brandiu a varinha e Dumbledore dissolveu-se no ar. Snape desaparatou e restaram apenas os duelos divorciados do seu próprio e Voldemort.

Harry preparou-se para gritar blasfêmias e tudo o que desejasse, mas Voldemort já havia voltado sua atenção para o garoto.

– Acabe com isso! – pediu Voldemort – Você não precisa sofrer!

– SEU ESTÚPI... – mas a voz de Harry foi calada pelo Feitiço Silenciador de Voldemort. Estava definitivamente acabado. Não poderia nem mais lançar um feitiço com precisão. Voldemort riu do estado em que Harry se encontrava.

– Harry Potter... O menino-que-sobreviveu... – Voldemort brincou com a varinha – Paradoxo não? Olhe para você... É o fim dos que amam, dos que se alimentam da tragédia do amor, todos seus amigos terminaram ou terminarão assim... É uma questão óbvia de tempo... Até nunca mais Harry Potter...

Harry arregalou os olhos, brandiu a varinha, mas nada aconteceu, seu nervosismo o incapacitava totalmente.

– Avada Kedavra! – disse Voldemort com gosto na voz amarga.

Houve um clarão de luz verde que cegou os olhos de Harry. O garoto sentiu algo lhe atingir o peito, ele foi fisgado pelo umbigo e por fim caiu em uma superfície fria. Harry pensou, Estou morto, falhei. Houve um silvo agudo e sinistro.

– Harry! Acorde! – era uma voz doce e melodiosa. Não estava morto. – McLaggan tomou seu lugar e salvou sua vida. – Harry abriu os olhos e viu sua fortaleza maior sorrir-lhe. Harry abrir a boca, mas som algum foi pronunciado.

Finite! – exclamou a voz de Gina. – Você deve voltar ao duelo, é uma oportunidade única. Gina deu-lhe o ósculo da sorte e Harry reanimou-se e encheu-se de esperança. Ele levantou-se do chão e recuperou a varinha das mãos de Gina.

– Obrigado Gina. – Harry fechou os olhos – Eu te amo. –, virou as costas e correu de volta ao duelo. Todas as dores, fraquezas e perturbações foram deixadas de lado e sua Força maior voltava a ter competência total. Ele viu que ao longe, Voldemort batalhava furioso com o bruxo que recolhera Gina da estação. Ele era poderoso, sim; esquivava-se de maldições com facilidade e era corajoso o suficiente para realizar fintas para confundir seu oponente.

Harry chegou próximo ao duelo e gritou.

– Voltei Riddle!

Voldemort encheu-se da mais pura ira que poderia existir no mundo. Cancelou a maldição que lançava em McLaggan e a reverteu para Harry. O garoto apenas defendeu-se com a varinha erguida defronte ao feitiço das Trevas que se curvou diante do Escolhido e fez com que virasse nada senão poeira.

McLaggan não dizia muitas coisas, mas agia de forma brilhante. Enquanto Voldemort indignava-se por ter sua maldição impedida pela Força de Harry, o bruxo de juba castanho-amarelada aproveitou a ocasião para lançar azarações do corte no bruxo que recebeu sem defender-se, sete, dos dez cortes forjados por McLaggan.

Voldemort não teve tempo de pensar em mais nada ele recebia investidas duplas e todos seus Comensais estavam desabilitados a ajudar-lhe. Nott e Avery haviam sido abatidos por Snape. Percy ainda duelava com dois integrantes da Ordem da Fênix. Narcisa estava estuporada e muitos outros bruxos de capas negras estavam caídos no chão. Os que não haviam sido derrotados duelavam com os militares da Luz.

Voldemort permanecia de pé, mas era visível seu enfraquecimento. Ele produzia escudos muitos menos resistentes e suas maldições eram lentas e infantis. Antes que sucumbisse solitário, sua Comensal mais fiel chegou como recurso. Bellatrix Lestrange adentrou a ponte feito heroína.

– Milorde... – lamentou a bruxa – você...

– Não há mais tempo Bella... – a bruxa entregou ao mestre um frasco de bolso e ele serviu-se do líquido prateado e viscoso que lhe escorreu pelo canto da boca. Ele pareceu recobrar um pouco as forças. Bellatrix, agora ao seu lado conduziu o duelo.

Foi um curto espaço de tempo: com longos, muitos longos minutos de duração. As maldições verdes e roxas de Bellatrix colidiam com os escudos de Harry. McLaggan por sua vez não se cansava de recorrer a Azaração do Corte ou ao Feitiço de Estuporamento. Não foram uma ou duas vezes que Harry por pouco não se carbonizou com a lava novamente, mas Bellatrix também teve de correr do Impacto do Escudo da Rainha.

Voldemort continuava a batalhar e mantinha o foco em Harry. Ele lançava apenas certeiras Maldições da Morte que lhe raspavam o cocuruto da cabeça. Ao seu lado ele sentiu o braço de McLaggan. A voz grave disse lhe. – Precisamos recuar, não nado o que fazer aqui.

Bellatrix distraiu-se observando seu lorde e foi nocauteada por um estuporamento de McLaggan. Mclaggan ergueu a varinha e conjurou as mesmas cordas que utilizara no metro para prender Voldemort ao peso inerte de Bellatrix. Voldemort tentou se soltar, mas estava inapto para o mesmo. Precisava de forças que não tinha. Harry não se contentou em observar a derrota do bruxo.

– Se você está nesta situação deplorável, – gritou Harry para Voldemort – tudo foi culpa sua! – Harry desdenhou Voldemort como se ele fosse nada, tratou o com o mais malicioso sentimento humano, a indiferença. – Não tenho pena de você, não sinto nada por você!

Harry ergueu a varinha.

Os olhos vermelhos de pupilas verticais fitaram o jovem garoto como se aquilo fosse nada.

– Foi você quem me escolheu… AVADA KEDAVRA! – houve um clarão de luz verde proveniente da ponta da varinha de Harry. O raio verde correu até os dois bruxos amarrados. Mas quando Harry olhou novamente, Voldemort estava de pé novamente. Bellatrix ao seu lado, caída, estuporada, no chão.

– Você não achou que me derrotaria fácil assim, não é mesmo Harry Potter? – persuadiu a voz maléfica. Ele não esperou pela resposta de Harry apenas brandiu a varinha e exclamou a abertos pulmões. – AVADA KEDAVRA! – um jato de luz verde saiu da varinha de Voldemort.

Harry pensou em sua mãe. Ao seu lado McLaggan corria desnecessariamente. Ele escutou a voz de Rony encher os ares da noite.

– HAAAARRY!

Não havia o que fazer. Ele viu o reflexo verde cruzar-lhe a lente dos óculos. Pensou na lápide de sua mãe, nos esforços que ela havia preocupado em deixar e no quanto ele havia se esforçado em atingir o objetivo da profecia. E como havia sofrido, não fora pouco. Por fim Harry abriu os braços e deixou a varinha cair das mãos, sentiu um jorro quente encher-lhe o peito. Havia sido atingido; a maldição da morte o havia nocauteado. Mas Harry ainda estava vivo. Vivo o suficiente para lembrar de sua mãe e para saber que seus esforços máximos havia sido suficientes e que na singela arte de amar acabara com a praga do ódio.

Voldemort ria e se deliciava. Houve um silêncio triste para a Ordem da Fênix, suas maiores esperanças haviam sido esgotadas. Voldemort ria desvairado ignorando tudo e todos. Ele fechava os punhos de felicidade astuta e conquistada. Pensava que tudo lhe valera a pena, poderia finalmente dizimar a escória dos sangues-ruins sem empecilho algum.

Ele só não se atentou para o efeito imediato da maldição. Ela instantaneamente matava, mas Harry permanecia vivo. Após três minutos de atingido, Harry não havia caído. E foi a vez de Harry rir. Ele abriu a boca e a maldição da morte foi expelida como fogos de artifício. Harry riu com gosto, uma risada poderosa e sonhadora. A maior arma, aquela cujo bloqueio era impossível fora simplesmente posta em xeque. Harry recuperou a varinha e caminhou na direção de Voldemort. O bruxo sabia o que havia ocorrido, Harry sentia isso em sua mente. Ele sentia que sua ligação com Harry Potter ainda não havia sido desfeita.

– Tom Riddle! – exclamou Harry com a varinha apontada para o coração do Lord. – Você não achou que me derrotaria fácil assim, não é mesmo?

O bruxo não respondeu. Harry sentiu uma vibração na ponte. A Marca Negra no céu tornou-se vermelho sangue. Toda a extensão da ponte Vauxhall tremia e balançava. A ira de Lorde Voldemort tremulava as estruturas da ponte londrina e interferiam na vazão do rio tamisa que agora tinha uma revolução nas águas. Voldemort ergueu a varinha e explodiu tudo num raio de cinco metros. Harry, McLaggan, McGonnagal e Moody criaram escudos distintos que se unificaram e protegeram os Membros da Ordem da Fênix. Um enorme cogumelo de fogo ergueu-se no ar, nas nuances da explosão Harry vislumbrou o rosto ofídico de Voldemort dizer-lhe...

– Por pouco tempo Potter... – os olhos de pupilas verticais sumiram na fumaça cinza e escura.