CAP III
Quando fechei a porta atrás de mim, senti como se entrasse em uma batalha.
Bem complicada.
Jápilotara uma máquina não sei quantas vezes maior que eu, explodira milhares de bases, matara milhares de soldados e tinha medo de um loiro machucado deitado numa cama de hospital.
Patético.
-Duo? – Dei um pulo para trás, assustado. – O que foi?
-Na...nada. – Gaguejei, sentando a uma distância absurda dele.
-Não seja bobo, Duo, chegue mais perto. – A voz suave foi um alívio e me aproximei, puxando a cadeira e me sentando ao lado da cama.
Ele estava mortalmente pálido, os olhos azuis não pareciam tão brilhantes e os pontos na testa não ajudavam muito.
Mas estava vivo.
-Como...como se sente? – Perguntei, tocando seus dedos.
-Como se tivesse sido atropelado por um veículo a 120km/h. – Sufoquei um gemido. – Mas acho que estou bem, huh? – Tentei sorrir, mas falhei miseravelmente.
Seus olhos pousaram sobre mim, me fazendo sentir quase desnudo.
Merda! Eu tinha que começar a droga da conversa, mas...as palavras não saíam.
Havia tanto em jogo. Deus! Eu tinha tanto medo dele odiar Trowa! Meu coração se partiria com o sofrimento de meu amigo.
-Você está patético com essa cara de quem roubou doce de criança e se sente arrependido. – Arregalei os olhos. – Vamos, Duo, você pode fazer melhor que isso.
Minha mente insistiu em pintar o quadro patético de um Trowa vestido como um grande chocolate e eu roubando-o, deixando um Quatre esperneando pra trás.
Balancei a cabeça, tentando expulsar esse pensamento absurdo.
-Quatre...por que você estava lá? – Perguntei bem devagar, temendo que ele começasse a chorar.
-Eu e Trowa tivemos uma história um pouco...conturbada. – Segurei sua mão entre as minhas ele me sorriu. – Eu não conseguia acreditar que ele me amava, o pressionava, achando que me traía...eu era tão inseguro que isso me afastou dele. Mas por Deus! Como eu o amava, Duo! Tanto que doía e a hipótese de perdê-lo me tirava o sono e me fazia chorar como um louco. – Eu ri, vendo-o rir junto. – E então toda a pressão e insegurança ficaram insustentáveis e eu o mandei embora, achando que dessa forma doeria menos.
-E?
-Não adiantou, doía muito, Duo...todas as noites, todos os dias...foram meses simplesmente vegetando, até que há um semana eu consegui o endereço dele e...resolvi tentar ajeitar as coisas, rezando para que...ele ainda me amasse.
-Ele ama, Quat! – Afirmei, mas ele pareceu não ouvir.
-E quando cheguei ele estava tão...lindo! – Seus olhos brilharam. – Ele tomou minha mão e me levou até o quarto e eu...percebi a bagunça sobre a cama e recuei, mas ele disse que precisava me contar algo e então... – Engoli em seco.
-Eu surgi, de toalha. – Completei, apertando sua mão. – Quatre, nós...
-Eu, por Deus! Eu pensei que meu coração iria parar de bater! Você estava lá, sorridente e Trowa só com um lençol na cintura...eu me senti traído...por vocês dois. – Suspirei.
-Eu sinto muito, Quatre, nós dois só...
-Eu corri, Duo...como um maldito louco, quase rolando as escadas e tropeçando nos meus próprios pés. A dor que senti...nada nunca doeu tanto. – Me aproximei, acariciando seu rosto.
Eu pensei que ele fosse desabar em prantos e me socar até a morte, mas ele...apenas sorriu e tocou meus cabelos.
-Eu não queria me matar, Duo. – Sorriu docemente. – Eu só não conseguia pensar em nada, eu queria tanto me afundar em algum buraco e chorar até perder as forças. – Suspirou, seus olhos fitando a janela entreaberta. – O acidente, tudo isso... – Fez um gesto largo com as mãos, mostrando o corpo. – Eu não queria...quando eu esfriasse a cabeça, iria procurar vocês e conversar, mas agora...
-Me sinto tão culpado. – Murmurei, deitando a cabeça na cama, sentindo seus dedos em meus cabelos. – Meu envolvimento com Trowa foi apenas uma forma de nós suportarmos tudo que nos aconteceu. – Suspirei. – Mas isso tudo aconteceu e eu me sinto tão culpado...
-Não seja idiota. – Ergui o rosto, olhando-o, espantado. – É a minha parte me sentir culpado por tudo, lembra-se? – Piscou de forma marota. – Nem você, nem ele tiveram culpa.
Me sentei novamente, encarando-o abertamente.
Ele nunca parava de me surpreender.
Durante a guerra era uma pessoa calma e extremamente gentil, mas a bordo de seu Gundam era uma verdadeira máquina de matar e destruir, e isso sempre me surpreendia, batalha após batalha.
E deitado numa cama, operado, machucado, dolorido, conseguia simplesmente tirar todo o peso das minhas costas com apenas algumas palavras.
Quatre era simplesmente incrível.
-Você não nos odeia? – Perguntei, timidamente, vendo seus olhos arregalarem-se.
-Por Deus! Não! Claro que não! – Quase caí da cadeira com a veemência de suas palavras.
-Mas...
-Trowa que deve me odiar. – Abri a boca, mas nenhum som saiu dos meus lábios. – Primeiro inseguro, depois fraco como ontem...ele não deve me amar mais. – Sua voz soou tão dolorida que eu tive que abraçá-lo.
Deus! Como os dois podiam ficar separados daquela forma?
Os olhos de Quatre brilhavam da mesma forma que os de Trowa quando falavam um do outro!
-Ele te ama, Quat, e está lá fora, desesperado, morrendo de medo de que você o odeie por tudo.
Ele me afastou, seus olhos derramando incontáveis lágrimas.
-Nunca...eu jamais o odiaria, Duo, ele é minha razão de viver. – Torci o nariz pra frase clichê.
-Então não vamos deixá-lo definhando por mais tempo. – Sorri, beijando sua testa e caminhando até a porta.
-Duo, você o...
-Nunca, Quat, ele é meu amigo e sempre vai ser só isso. – Afirmei. – E acho que você sabe o quanto amo aquele cabeça dura do Heero, huh? – Ele me deu um de seus sorrisos brilhantes e eu saí.
Trowa quase me sufocou com a força de seu abraço, assim que deixei o quarto.
-Duo, por favor, me diga que... – Me afastei dele, meus lábios pousando sobre os seus brevemente.
-Nosso último beijo. – Sorri, travesso. – E, por Deus, nunca mais se separe dele, eu odeio hospitais. – Seus olhos se arregalaram e logo seus braços estavam novamente a minha volta.
-Obrigado por tudo, Duo, nunca vou esquecer o que fez por mim. – Se afastou. – Por nós.
-Vá vê-lo e lhe dê um grande beijo! – Pisquei e ele sorriu, entrando no quarto em seguida.
Me virei, encarando os olhos azuis cobalto que me fitavam intensamente.
Eu também teria minha cota de felicidade.
1x2x1x2x1x2x1x2x1x2x1x2x1x2x1x2x1x1x2
Dei um suspiro tremendamente aliviado quando Trowa finalmente entrou naquele bendito quarto.
Caminho livre.
Duo era só meu e coitado do infeliz que tentasse atrapalhar aquele momento.
-Fei, você pode me dizer que barulho foi o que eu escutei agora à pouco? – Duo se aproximou, sua mão apoiada em meu ombro e um sorriso cansado no rosto. – Muita gente correndo, resmungando.
-O Yuy decidiu extravasar a raiva numa máquina de refrigerantes. – O chinês deu de ombros, pouco se importando com o rubor que atingiu minhas bochechas. – Vou dar uma volta, depois volto para ver como Winner está.
Assentimos os dois e logo me vi sozinho com Duo.
Torci as mãos, malditamente nervoso.
Merda! Eu me sentia um colegial estúpido.
-Hee, por que veio até o hospital? – O encarei, esperando qualquer pergunta, menos aquela. – Quer dizer, como soube de tudo?
Respirei fundo, levando-o para se sentar ao meu lado em um dos sofás.
-Wufei me contatou e contou que Quatre estava hospitalizado e eu...decidi vir. – Dei de ombros, segurando suas mãos nas minhas, ansioso para que o foco da conversa se tornar-se mais pessoal.
-Como Wufei te achou, Yuy? – Quase me encolhi com a menção de meu sobrenome. – Eu procurei você por todo o maldito sistema solar por semanas!
-Ele...sempre soube onde eu estava. – Disse de forma calma.
Claro que ele iria explodir como um cachorro louco, num daqueles ataques tão típicos dele e depois viria a calmaria e nós poderíamos conversar sossegados.
-Seu maldito desgraçado de uma figa. – Se recostou no sofá, braços cruzados e um adorável biquinho.
Deus! Como eu o amava!
-Está bravo comigo, amor? – Murmurei de forma doce.
Ele suspirou e logo seus braços estavam em volta dos meus ombros e seus lábios em meu ouvido.
-Como eu poderia ficar bravo com você me chamando assim, huh? – Respirei aliviado, beijando sua testa. – Você anda jogando sujo, Yuy! Isso não é justo. – Afundou seu rosto em meu pescoço, resmungando algo bem baixinho.
-Não posso correr o risco de te perder novamente, não é? – Disse de forma suave, alisando suas costas. – Alguém pode querer colocar as mãos nessas suas curvas que são só minhas. – Grunhi possessivamente.
Ele se afastou, os olhos brilhando de uma forma estranha.
Quase me afastei, temendo aquela expressão tão...aberta.
Seus dedos contornaram meu rosto, quase com adoração. Eu me senti derreter, contendo o impulso de abraçá-lo e lhe beijar com paixão.
-Deus, Yuy! Você é tão adoravelmente idiota. – Franzi as sobrancelhas, mas não pude retrucar, pois seus lábios logo estavam sobre os meus.
O beijo foi suave, quase um roçar de lábios apenas, mas eu me senti estremecer, mergulhando naquele calor tão surreal que Duo emanava.
Fiquei ali, com Duo em meus braços, sua cabeça em meu ombro e suas mãos nas minhas.
Tentei esvaziar a mente e não pensar em quantas vezes Trowa também o tivera assim.
Deus! Eu precisava esquecer daquilo.
Nunca havia me considerado um cara ciumento. Pelo contrário, achei que nunca daria importância a alguém a ponto de me deixar completamente louco de ciúmes.
Mas Duo era...Duo.
-Merda, Yuy, se continuar pensando nisso vai enlouquecer! – Arregalei os olhos, sentindo-o suspirar contra meu pescoço. – Você está pensando tanto que posso escutar as engrenagens do seu cérebro. – O segurei pelos ombros, olhando em seus olhos. – Trowa está com Quatre, eu estou com você, será que pode processar essa informação simples?
-Desculpe. – Murmurei, envergonhado, roçando meus lábios nos dele. – É difícil para eu esquecer tudo tão de repente, foram informações demais, entende? – Ele assentiu, sorrindo.
-Eu te amo, seu bobo, não precisa ficar assim. – Fiquei estático, como uma perfeita imitação de uma estátua.
Ele me amava.
Ele realmente amava um cabeça dura como eu.
-Deus, Duo! – O abracei com força. – Eu te amo tanto que queria te enfiar numa redoma e guardar só pra mim. – Ele riu abertamente, retornando meu abraço.
O som da sua risada serviu como bálsamo ou qualquer outra coisa que implicasse em um grande alívio pro meu espírito atormentado.
Ele ainda era o Duo de sempre.
O mesmo homem que amei...desde sempre, mesmo que não soubesse disso.
-Hee, você realmente socou uma máquina de refrigerantes? – Assenti, envergonhado.
-Você me faz perder o controle. – Confessei.
-Isso é ruim? – Seus olhos violetas brilharam de uma forma quase infantil e eu tive que sorrir, acariciando seus cabelos.
-Não, amor, é maravilhoso.
Não houve mais palavras, Duo permaneceu em meus braços, suspirando de contentamento.
E eu apenas...fiquei lá, sentindo-o tão perto quanto sempre desejei.
-Heero? – Ergui os olhos, assustado. – Quatre gostaria de ver vocês. – Encarei, Trowa, que sorria suavemente.
Ele estava feliz e isso era bom pra mim.
-Trowa, eu... – Comecei, sentindo que Duo adormecera.
-Pelo amor de Deus, Yuy! Esqueça essa história! – Ele riu, passando a mão por aquela franja estranha. – Ou vai estragar essa chance que Duo está te dando.
Dois puxões de orelhas no mesmo dia.
Bela marca.
Suspirei, assentindo.
-Amor. – Chamei suavemente, vendo-o piscar seus maravilhosos olhos devagar. – Quatre quer nos ver, tudo bem?
-Claro, Hee! – Se levantou, animado, logo começando a conversar com Trowa.
Merda de ciúmes dos infernos!
1x2x1x2x1x2x1x2x1x2x1x2x1x2x1x2x1x1x2
Um Heero que me amava era maravilhoso.
Um Heero que me amava e sentia ciúmes era um verdadeiro prêmio.
-Trowa cuidou bem de você, Quat? – Perguntei, sorrindo e me aproximando da cama.
-Oh sim, Duo, ele foi muito bom comigo. – Sorrimos, cúmplices e de relance vi Heero erguer uma sobrancelha.
Trowa lançou um olhar tão doce para Quatre que eu mesmo me senti derreter.
Caminhei até Heero, parando ao seu lado, vendo Trowa sorrir de uma forma que eu jamais havia visto.
Ele estava realmente feliz.
-Você se sente bem, Quatre? – Olhei para Heero, sorrindo.
Ele ficava lindo tentando esconder a preocupação que eu sabia que ele estava sentindo por ver nosso amigo árabe naquela cama.
-Sim, Heero, na verdade muito melhor por ver que vocês estão bem. – As bochechas de Heero ficaram levemente rosadas, mas ele sorriu, tomando minha mão na dele.
Eu sabia bem que aquele era um claro sinal de: Duo é meu.
Mas claro que também podia interpretar como apenas um gesto de carinho.
Trowa sentou-se ao lado de Quatre, beijando docemente sua bochecha.
De alguma forma aquilo me parecia estranho, apesar de ser o certo.
-Duo, tudo bem? – Balancei a cabeça, me livrando daqueles pensamentos.
-Tudo, eu só estava pensando...
-Em como o mundo pode dar uma volta tão grande em tão pouco tempo. – Trowa me sorriu e eu assenti. – Mas tudo está em seu lugar. – Concordei, realmente feliz.
Heero apertou firmemente minha mão e só de olhá-lo eu pude perceber que queria sair dali.
Devia ser difícil realmente, ele não tinha o nível de compreensão de Quatre.
-Por que vocês dois não vão descansar? – Eu tinha que perguntar como aquele árabe conseguia perceber as coisas tão perfeitamente. – Trowa ficará como meu acompanhante e amanhã vocês vêm me visitar, que tal?
-Deus, Quatre, como consegue? – Ele riu, suavemente, e fez um gesto de dispensa com as mãos.
-Cuide bem dele, Heero. – O japonês assentiu, com as bochechas absurdamente coradas. – Veja, Tro, ele não é uma graça, ruborizado assim?
Nós três rimos, mas Heero não achou tanta graça assim, saiu puxando minha mão, arrancando ainda mais risadas.
-Tome conta dele, Quat! – Disse já na porta do quarto, recebendo dois sorrisos brilhantes.
A porta abriu-se sozinha e um chinês, parecendo mais irritado que o de costume, entrou.
-Não o deixe quebrar mais máquinas, Maxwell, eu tive que conversar com toda a segurança agora! Eles acharam que Yuy ia explodir o prédio! – A gargalhada coletiva deixou Heero mais irritado e em um segundo eu estava sendo arrastado pelo hospital.
Só pude sorrir, sentindo os dedos firmes em volta do meu pulso, enquanto podia ver um sorriso tentar escapar da prisão de seus lábios.
Adorável.
-Calma, amor. – Disse o obrigando a parar, já do lado de fora do hospital.
Ele me olhou, seus olhos transmitiam tantos sentimentos que eu tive que me jogar em seus braços, beijando-o ternamente.
Era realmente perfeito estar com ele.
-Duo, eu... – Pousei um dedo sobre seus lábios.
-Tudo bem, amor, sem desculpas, nem nada disso tudo que aconteceu, ok? – Ele assentiu, afundando os dedos em minha cintura. – É um recomeço e eu não quero, em hipótese alguma, estragar isso. – Sorri, acariciando seu rosto. – Eu só preciso saber de uma coisa. – Respirei fundo. – Você realmente me ama? Está disposto a começar tudo de novo e tentar acertar? – Ele assentiu de forma veemente. – Você precisa entender que eu te amo demais, mas não posso suportar segredos ou medos de você se expor pra mim, ok? Eu sempre estive aberto pra você e agora exijo isso de volta. Está disposto a isso?
-Duo... – Ele suspirou, suas mãos segurando firmemente as minhas. – Eu te amo e não vou errar de novo, eu pertenço a você de verdade. Por Deus! Nem sei se consigo ficar um segundo sem te olhar! – Eu ri, deixando algumas lágrimas escorrerem.
Tanta espera, tanta dor e finalmente...finalmente todo aquele maldito inferno tinha acabado e eu tinha o homem que mais amava no mundo bem a minha frente, me jurando amor.
Oh...eu poderia chutar o traseiro dele por ter demorado tanto a perceber que nós dois tínhamos que ficar juntos, mesmo que o maldito inferno congelasse.
Mas abraçá-lo seria bem melhor.
Ele me beijou apaixonadamente, ignorando o fato de que estávamos em frente a um hospital, com dezenas de pessoas assoviando ao redor.
-Vamos sair daqui. – Ele suspirou entre meus lábios.
-Pra onde? – Minha respiração saía em ofegos desesperados e eu me lembrei do porquê era louco por ele de todas as formas.
-Algum lugar onde eu possa me lembrar de todas as suas curvas e decorá-las com a ponta dos dedos e com meus lábios, que tal?
Mordi os lábios, tentando conter o gemido que cortou minha garganta.
-Sim, Hee, agora.
Finalmente os olhos que me fitariam depois de fazer amor seriam da cor certa.
Azuis.
Como sempre deveriam ter sido.
1x2x1x2x1x2x1x2x1x2x1x2x1x2x1x2x1x1x2
Meus dedos deslizaram por suas curvas, seus cabelos, sua pele...ele era tão perfeito que chegava a assustar.
Duo dormia calmamente sobre os lençóis da minha cama. Da nossa cama.
Nosso antigo apartamento.
Tantas lembranças, tanta...dor.
Balancei a cabeça, afastando aqueles pensamentos. Duo estava comigo e era só o que importava, pro inferno tudo que havia acontecido.
E eu podia apostar que ninguém jamais o tocara como eu.
Beijei seus lábios, entrelaçando meus dedos nas mexas castanhas, sentindo sua maciez.
-Ainda acordado, amor? – Seu tom de voz era rouco, deixando claro que ainda estava cansado.
-Estava vendo o quanto você é perfeito. – Ele sorriu, seu rosto roçando contra meu peito. – E percebendo que consigo te amar mais a cada segundo.
-Você está ficando piegas, Hee. – Eu ri, abraçando-o fortemente.
-Eu sei, amor...por Deus, como eu sei.
Ele se aconchegou no meu corpo, suas curvas nuas encaixando-se perfeitamente nos minhas.
O desejo assumiu o lugar daquela ternura e não pude resistir, murmurando o quanto o queria de novo.
A resposta afirmativa me fez viajar, novamente, naquele mundo pra onde só Duo conseguia me levar.
Possui-lo, amá-lo, beijar seu corpo era...divino.
Eu conseguia saber, através dos seus gemidos e de seus beijos, o quão perto do ápice ele estava, conseguindo conduzi-lo de modo a enlouquecê-lo.
Só que nunca sabia quem chegava mais perto da loucura.
Abracei sua cintura, meus lábios buscando os seus de forma quase desesperada.
Eu amava vê-lo entregue daquela forma.
Seus cabelos cascateavam ao nosso redor, roçando em sua pele, em meus ombros, minhas mãos.
Eu não entendia como conseguira ficar tanto tempo longe dele. Longe daquela explosão e da calmaria que só Duo me proporcionava.
Caímos na cama, dedos entrelaçados e respirações ofegantes.
Como eu havia sentido saudades daquele peso delicioso sobre meu corpo.
-Eu te amo, Duo. – Sussurrei contra seus lábios, invertendo as posições, ajeitando-me entre suas pernas. – Tanto que...
-Azuis... – Ele murmurou, tão baixo que quase não ouvi. – Por Deus! São azuis...é você! – Seus dedos apertaram meus braços, viajando por meus ombros, meu pescoço até que encontraram meu rosto.
-Duo?
-Eu senti tanto a sua falta! – Seus olhos transformaram-se em duas poças violetas brilhantes. – Muita, amor...muita.
Ele parecia...desesperadamente feliz.
O beijei com força, voltando a entrelaçar nossos dedos.
-Não me abandone mais, amor...eu não sei se suportaria. – Seu tom era cansado, como se tivesse lutando para pronunciar aquelas palavras.
-Eu não vou te abandonar. – Afirmei. – Eu preciso de você.
Ficamos agarrados, como dois desesperados. Meus dedos estavam fincados em seus ombros e os dele em meus braços.
-Teremos marcas. – Ele sussurrou, mais docemente, beijando meu pescoço.
-Eu não me importo. – Disse, deitando-me ao seu lado, puxando-o para mim. – Te amo, te amo...
-Muito piegas, realmente. – Eu ri, beijando a ponta de seu nariz.
-Eu gosto disso. – Afirmei. – Gosto de estar com você, de te abraçar, te beijar...de ter essa sensação de que posso te proteger de tudo.
-Você pode. – Ele deu um de seus sorrisos brilhantes, deitando a cabeça em meu peito. – Eu deixo.
-Em troca de que?
-De uma música. – Disse, bocejando. – Daquela música.
-Tudo por você, pra você. – Sussurrei.
-Pra sempre?
-Pra todo o sempre.
Seus braços me apertaram possessivamente e eu sorri, entoando a canção que o embalou docemente e me fez ter a certeza que, de qualquer forma, eu estaria com ele.
Sempre.
Nemure nakute mado no tsuki o miageta...
Omoeba ano hi kara
Sora e tsuzuku kaidan o hitotsu zutsu aruite kitanda ne
Nani mo nai sa donna ni mi watashite mo
Tashika na mono nante
Dakedo ureshii toki ya kanashii toki ni
Anata ga soba ni iru
Chizu sae nai kurai umi ni ukandeiru fune o
Ashita eto terashi tsuzuketeru ano hoshi no you ni
Mune ni itsu no hi ni mo kagayaku
Anata ga iru kara
Namida kare hatete mo taisetsu na
Anata ga iru kara
Arashi no yoru ga machi ukete mo
Taiyou ga kuzurete mo ii sa
Modo kashisa ni jama o sarete umaku ienai kedo
Tatoe owari ga nai to shite mo aruite yukeru yo
Mune ni itsu no hi ni mo kagayaku
Anata ga iru kara
Namida kare hatete mo taisetsu na
Anata ga iru kara
To your heart
To your heart
To your heart i need your love and care
Owari
Chegando ao fim de mais um fic / triste /
Obrigada a todos que acompanharam e comentaram, espero que tenham gostado desse último cap!
Até a próxima!
