Retratação: o mesmo bla bla bla de sempre, todos sabem que eles não me pertencem, certo?
Agradecimentos: às pessoas fofas que leram, mas que não revisaram, às lindinhas que pelo msn puxaram minhas orelhas virtualmente e especialmente à Arsinoe (sempre ela...me deixou sem dormir até terminar!), Litha (que definiu tudo muito bem e que eu espero que já esteja melhor, afogada no copo de coca-cola), Darksoul (que espero não ter morrido de curiosidade), Anne (que tem que ser mencionada sim e que pensou na Melissa...só você mesma pra fazer isso...), Athena Sagara (que afirmou com todas as letras o que eu sempre disse...que eles são perfeitos, pronto e acabou), Ju (que não me engana por ter ficado surpresa e doída com o final da última parte. Me poupe, filhota!) e Faye (que tem uma opinião muito importante, mesmo que ela diga que não!). Ah, vai...boa leitura! E obrigada mais uma vez por tudo, gente!
Ato 3 – Decisões:
Quando acordei na manhã seguinte, estava sozinho na cama. Sentei-me, sentindo-me pateticamente usado e procurei por Duo. Não demorou para que o surpreendesse a ponto de sair do quarto.
— Fugindo, Maxwell?
A porta, semi-aberta, foi fechada novamente e Duo, de costas para mim, suspirou pesadamente. Encontrou meus olhos e eu senti algo estranho, inimaginável, inaceitável, especialmente depois do ocorrido.
Culpa.
Mentalmente tive vontade de apagar tudo da minha memória, mas ao me lembrar das imagens de Duo tão entregue, tão livre, tão...meu, desisti, não me arrependendo de nada.
— Vou me casar, Yuy. –ele devolveu, no mesmo tom que o meu e me perguntei quando havíamos voltado aos termos dos sobrenomes. E mais uma coisa, por quê aquilo doeu tanto?
— Não importa. Venha aqui.
Ele, relutante, caminhou até mim, sentando-se na ponta da cama, ainda sem me olhar. Instintivamente, toquei os cabelos dele, puxando-o para um beijo rápido, que foi correspondido não tão intensamente como eu queria.
— Me diga porque ia casar ontem.
Ele desviou do meu olhar inquisidor e eu segurei seu queixo, querendo que ele compartilhasse comigo aquela razão, o verdadeiro motivo pelo qual eu estava ali.
— Você não entenderia.
— Me teste, talvez eu entenda.
Uma súbita coragem emanou de cada poro do corpo de Duo e eu sabia que ele ia dividir seu segredo. Finalmente.
— Tudo o que eu disser aqui pode mudar o que aconteceu. –ele disse e eu peguei-me assentindo, mesmo receoso.
Ele desviou os olhos dos meus e eu tinha a certeza de que era algo que me magoaria. Sempre que Duo contava algo a alguém, ele se mantinha firme, olhando-a nos olhos, a verdade saía por aquelas jóias violetas que eram os olhos dele, mas quando ele queria omitir alguma coisa ou quando tinha receio da reação da outra pessoa, ele simplesmente não a fitava.
E era exatamente o que ele estava fazendo comigo naquele momento. O que diabos poderia ser tão ruim pra que ele não me olhasse?
— Por mais que você nunca tenha me dado nenhuma prova de sentimento diferente de amizade, eu te amava, Heero. Sempre amei. –ele disse, naturalmente, aquela bomba, aquela confissão, saindo dos lábios dele com tanta facilidade, como se estivesse me cumprimentando ou perguntando como estava o tempo.
Pensei em interrompê-lo, mas lembrei que aquilo não seria uma boa idéia e molhei os lábios com minha língua, um hábito que poucas pessoas sabiam que eu tinha. Fazia isso sempre que estava nervoso, ansioso.
E era exatamente assim que me sentia.
— Eram sempre as pequenas coisas que me faziam não perder as esperanças. Você me resgatava, me auxiliava, cuidava dos meus ferimentos, não me abandonava, me ouvia, mesmo quando eu sabia que isso não era algo que você fazia com freqüência, mas uma coisa mudou, um dia, Heero. –ele parou de repente para me olhar. Os olhos violeta estavam marejados e eu tive vontade de abraçá-lo, protegê-lo de qualquer coisa, não deixá-lo sair de perto de mim nunca mais.
Será que estava me apaixonando por Duo? Não, aquilo era absurdamente impossível. Duo era meu amigo. Um amigo que ia se casar e que eu deveria simplesmente esquecer o que aconteceu na noite passada. "Você mente...", uma vozinha que eu nem soube de onde, surgiu, me iluminando. Droga, era verdade, eu estava me apaixonando. Inferno.
— Você se casou, Heero. Justamente com Relena. Não sabe como fiquei quando me convidou para ser padrinho do seu casamento.
— Você rejeitou.
— O que esperava que eu fizesse? O que você faria se estivesse no meu lugar?
Duo estava com a razão. Senti o sangue subir, meu coração constringir. Eu morreria e aquela era uma afirmação patética. Mas eu morreria se Duo me convidasse para ser o padrinho de seu casamento. Era simples assim. Não era concebível que aquilo acontecesse, ver que alguém que foi feito pra estar ao seu lado, simplesmente estava com outra pessoa.
Droga, eu havia magoado Duo. Justamente a pessoa que eu prometera nunca fazer nenhum mal.
— Mas você estava feliz, Relena te fazia feliz e aquilo era o que mais importava. Eu estava de volta a cena como seu amigo e aquilo não me satisfazia, mas pelo menos não me aniquilava. Morreria e mataria se ela te magoasse, Heero.
— Isso não justifica o que ia acontecer...
— Não me interrompa novamente ou eu vou embora.
O tom de voz de Duo era tão ameaçador que retraí-me na cama, encostando-me nos travesseiros, cruzando os braços, querendo saber aonde aquilo tudo iria parar.
— E então, ela morreu. –ele disse, e, pela primeira vez, ele procurou meu olhar. Quando o fitei, vi algo que jamais poderia imaginar que encontraria nos olhos de Duo, especialmente quando falasse a respeito da morte de Relena: prazer.
Posso afirmar, sem sombra de dúvida, que não entendi aquilo tudo. Duo havia sido meu companheiro nos momentos em que sofri com a morte de Relena, foi o primeiro em que pensei em chamar pra me acudir no hospital, o primeiro a se prontificar a me ajudar com tudo. Será que tudo aquilo havia sido uma farsa?
Provavelmente ele deve ter percebido que eu estava transpirando confusão, pois logo voltou a falar. Confesso que nos primeiros segundos, não ouvi uma palavra sequer, mas me esforcei para me concentrar naquele conto de mau gosto.
— Você quis ouvir, Heero. –ele disse, como se soubesse o que eu estava sentindo. — Não faz idéia de como fiquei quando ela morreu.
Ele sorriu. Duo sorriu! Que tipo de piada era aquela?
— Parecia que finalmente poderia ter você só pra mim. Era louco, eu sei, mas era somente nisso que pensava. Queria ter você pra mim, você era meu prêmio, minha medalha recebida depois de uma batalha e já estava mais do que na hora de conclamar aquilo pra mim.
— Então você fingiu esse tempo todo? Fingiu ajudar-me para ficar comigo? –bom, eu estava irritado. Mais do que irritado. Estava furioso. Me senti sujo naquele momento e odiei cada maldito segundo que passei com ele na noite passada.
— Muito pelo contrário, Heero. Eu quase morri junto com você quando ela morreu. E aí, percebi o inevitável, o que Wufei nunca cansou de me dizer: que vocês eram almas gêmeas. Que você nunca iria amar ninguém como a amou. E, então, pela segunda vez, eu abri mão de você, naquele dia do enterro.
Maldito Wufei. Ele sempre gostou de jogar as verdades na cara de todo mundo, mesmo que elas não fossem assim tão verdadeiras. E o enterro? Do que ele poderia estar falando?
— Eu estava escondido atrás das árvores quando todos foram embora, Heero. –ele disse, pausadamente e coramos ao mesmo tempo. Ele por me confessar e eu pela vergonha mesmo. — Ouvi sua declaração de amor por ela e sabia que havia perdido. Simples assim. E tudo ficou pior quando você se afastou, se entregou aos negócios que ela havia deixado pendentes, aos amigos que haviam feito. Mais uma vez, mesmo do além, Relena Peacecraft havia vencido.
— Então você resolveu se casar justamente nesse dia. Por quê?
— Não é porque ela morreu que as outras pessoas têm de estar infelizes hoje, Heero. Se não fosse pela intromissão de Quatre, já estaria casado e bem longe daqui. Você quer uma resposta? –ele perguntou, levantando-se ao mesmo tempo em que sua voz ficava mais forte, mais firme, mais fria. — Escolhi esse dia porque eu queria enterrar de uma vez por todas, você, Relena e tudo o que aconteceu.
Aquilo doeu. Doeu mais do que qualquer golpe, machucado, tiro, ataque que já sofrera. Doeu porque eu entendi perfeitamente o que ele havia feito e o porquê. Doeu porque eu sabia que faria a mesma coisa. Doeu porque...Deus, porque sabia que o amava, mas não conseguia perdoá-lo por ter feito aquilo tudo. Infelizmente, Relena ainda era uma parte forte dentro de mim. Tanto quando ele. Inferno.
— Você não precisa falar nada, Heero. Siga seu caminho. E eu seguirei o meu. Mas serei eternamente grato pelo que aconteceu ontem. –ele disse, abrindo a porta.
Por alguns segundos, tive vontade de pedir que ele ficasse, mas sabia que não poderia fazer aquilo. Precisava pensar. Precisava tê-lo longe de mim.
Observei a porta fechar sem nenhum barulho e só então tive noção do que havia acabado de acontecer. Fui até a janela, em passos incertos e fechei as cortinas, caindo no breu novamente. Deitei-me na cama, que ainda tinha o cheiro de canela dos cabelos de Duo e me cobri com as pesadas cobertas. Só então, permiti-me fazer algo que já ansiava há um certo tempo.
Chorar.
A última vez que percebi o relógio despertar, creio que eram às três da tarde. A porta do quarto foi aberta de uma só vez e um pouco de luz entrou. Olhei naquela direção, deparando-me com a visão de ninguém menos do que Wufei. Inferno, era justamente quem eu não queria encontrar.
— Noite boa ontem?
Estranhei aquela pergunta. Será que ele sabia de alguma coisa? Será que Duo falou alguma coisa? Não, não era possível.
— Dormindo até essa hora. A noite deve ter sido boa. Mas não tão boa pela sua cara de derrotado e a falta de companhia na sua cama.
— O que você está fazendo aqui, Chang?
Ele sentou-se ao meu lado e eu não me lembrei de tê-lo convidado. Trocamos olhares por alguns segundos, até que ele tirou as cobertas de cima de mim. Protestei, mas ele simplesmente virou os olhos, como se eu fosse uma criança mimada. Aquilo me enervou ainda mais.
— Pros diabos, Chang! O que quer? –gritei, levantando-me num impulso.
— Finalmente reconheço o Yuy. Estava parecendo uma garotinha, Heero. Olha, não vou me prolongar porque sei que você não quer ouvir o que tenho a dizer.
Com certeza não, Chang. Mas mesmo que eu diga isso, você vai continuar. Sentei-me na cama, esperando as filosofias de Wufei, que geralmente magoavam, mas diziam a verdade. Lembrei-me de como ele adorava destruir Duo psicologicamente com seus joguinhos e frases de impacto. Droga, aquilo não era hora de pensar naquele outro.
— Bom, você tem duas opções, Yuy. –ele começou, calmamente. Olhei-o, tentando adivinhar do que ele estava falando. Logo, não precisei imaginar. — Você pode colocar o seu terno e aparecer lá no casamento e ficar do lado do Duo como ele fez por você uma vez ou então ficar aqui, trancado pateticamente, deixando que ele suma das suas vistas.
Inferno. Ele tinha razão. Mesmo assim...
— De qualquer forma, eu termino sem ele. –disse e nem me importei se Wufei sabia ou não o que havia acontecido. No momento, aquilo não era importante.
Ele sorriu na minha direção, passando a mão pelos cabelos, como se soubesse de um segredo que ninguém mais tinha o conhecimento. Odiava aquilo nele, era estressante.
— Mas essa decisão não cabe a você. Nunca coube. Ainda não percebeu isso?
Droga, será que ele não podia parar de falar em enigmas? Era verdade que a decisão sempre coube a Duo, tudo sempre havia sido decisão dele e só então a realidade me atingia com uma força impressionante. Eu sempre me voltei a ele quando precisava de alguma coisa, das mínimas decisões às mais importantes. Não era a toa que ele tinha esperanças que pudéssemos ser mais do que amigos um dia. Merda, como eu fui idiota.
— Boa decisão, Yuy. O casamento começa em uma hora. –ouvi Wufei informar, enquanto saía do quarto, me deixando com cada vez mais perguntas sem respostas.
Caminhei até a janela e infelizmente, tinha a visão do lugar da celebração do casamento. Era no jardim da mansão de Quatre, um dos preferidos de Duo. Lembrei-me de como gostava se sentar ali sem ter nada para fazer e aquele baka sempre aparecia com algum pedido estapafúrdio ou perguntas que eu não queria responder. Duo sempre foi o único que conseguia me tirar do sério, ao mesmo tempo em que me animava, me fazia sentir um pouco...vivo.
Precisava perdoá-lo. Mesmo que não conseguisse naquele momento, mas sentia que precisava fazer aquilo. Não como obrigação, mas como sendo a coisa certa a ser feita. Queria Duo comigo e aquilo já era óbvio até mesmo para quem estava de fora. Era isso, já havia me decidido.
Resolvi tomar um banho demorado. Enquanto a água morna me fazia massagens pelo corpo, ouvi um barulho no quarto. Logo que terminei vi um belo terno, camisa, gravata e sapatos pretos. Quatre, pensei. Aquele árabe sabia bem como eram meus gostos e mentalmente o agradeci. Vesti-me rapidamente, demorando-me um pouco mais para ajeitar meus cabelos. Precisava ver Duo, antes que ele saísse para o jardim.
Abri a porta do quarto e havia sido como uma obra do destino, ele saía do quarto a frente no mesmo instante. Percebi que ele notara que não estava sozinho no corredor e olhou para trás, me fitando. Sorri displicente para ele, mas ele não me correspondeu, caminhando em direção às escadas. Apressei os passos e segurei-o pelo braço quando ele já estava no primeiro degrau, prestes a descer. Fitamo-nos por alguns segundos e posso jurar que tive que me controlar para não beijá-lo.
Duo estava lindo e aquilo me deprimiu. Ele estava lindo para ela, para seu casamento. O fraque preto com a gravata champanhe combinava tão perfeitamente com o violeta dos olhos dele e com aquela maldita trança, que só pensava em arranjar uma desculpa para que ele ficasse mais um pouco ali comigo.
— O que quer? –ele perguntou, frio, mas sem me olhar nos olhos.
E me senti incomodado, era absurdo que ele estivesse me evitando. Por Deus, dormimos juntos, eu estava dentro dele há poucas horas. Ok, aquele pensamento não foi muito inteligente naquele momento e tenho certeza de que ele percebeu isso, porque se soltou, cruzando os braços.
— Então? –ele perguntou, levantando as sobrancelhas.
Pros diabos, vamos à verdade.
— Não importa, Duo.
Podia dizer que ele estava surpreso. Os olhos estavam arregalados, tentando entender aquela pequena frase. Tive vontade de sorrir, mas não o fiz. Gostava de desestabilizar Duo, ele deveria estar sempre assim, mostrava o quão humano ele era.
Deus, estava divagando.
— O quê não importa, Heero?
Como ele podia perguntar aquilo? Será que eu precisava falar com todas as letras? Desculpe-me, Duo, mas não dessa vez. Não me teste.
— Isso tudo. Não importa.
Duo riu, ironicamente e eu sabia que aquilo não teria um final feliz. Pelo menos para mim e para ele. Inferno.
— Agora é tarde demais. Qualquer coisa importa. A minha vida importa, Heero. Assim como a decisão que tomei.
— O que você...
— Vou me casar. E você é bem vindo. Não se esqueça do que eu disse. –ele se aproximou perigosamente. Tocou meu rosto com delicadeza, reconhecendo cada pequeno detalhe com a ponta de seus dedos. — Obrigada pela noite de ontem. Foi mágica.
E ele se foi, para seu futuro, para sua nova vida. Que não me incluía, obviamente. Senti algo anuviar minha visão e só então percebi que eram lágrimas. Agora chorava por qualquer coisa.
Deus, como eu era patético. Wufei tinha razão.
Desci as escadas, alguns minutos depois, desanimado, e caminhei até o jardim. Tudo estava vazio e eu não tinha a mínima vontade de comparecer àquela cerimônia e presenciar o que estava para acontecer.
Sentei-me por algum tempo na varanda, observando algumas pessoas chegando para a cerimônia. Duo realmente tinha uma nova vida, com novos amigos e uma futura esposa. Eu não podia competir com aquilo, era inviável. Quem eu era? Um cara que roubou peças do Gundam dele, que estava sempre de mau humor, que dava apenas migalhas, quando o que ele mais merecia era o mundo.
— Heero?
Não, podia suportar aquilo. Não naquele momento.
— Sim? –perguntei, sem olhar na direção da pessoa que interrompia meus pensamentos.
— Não pretende ir até o jardim? Eu e Duo ficaríamos contentes. Você é o melhor amigo dele.
Melhor amigo...o que ela diria se soubesse que eu e ele dormimos juntos? Rapidamente apaguei aquela idéia maligna da cabeça, sabendo que Duo não merecia que eu fosse o responsável por aquilo. Mantive a mesma expressão no rosto, impassível, frio, displicente até.
— Não se incomode comigo, Melissa. Você será muito feliz. Faça-o feliz, ele merece.
— Eu farei, Heero.
E ela saiu para o jardim. Só então desprendi um olhar pra ela. Melissa estava bonita, o vestido elegante sem muito brilho, no mesmo tom da gravata de Duo, os cabelos presos em um coque, dando um ar angelical nela. Sim, eles seriam um casal feliz.
Se Duo pudesse viver com aquilo.
Não me recordo por quanto tempo fiquei sentado ali, apenas olhando o jardim, tentando ouvir as palavras do padre que celebrava o casamento. Mas quando resolvi aparecer, percebi que eles encontravam-se na parte mais traumática de todas: a troca de alianças. Malditos. Deveria ter ficado na varanda.
Quatre, Wufei e Trowa estavam no altar improvisado, do lado de Duo, e algumas meninas que eu desconhecia, estavam ao lado de Melissa, secando as lágrimas, enquanto ela observava o futuro marido tirar as alianças de dentro de um dos bolsos do fraque. Fiquei na última fileira, apoiando-me nas cadeiras, com uma incrível vontade de rir daquele filme de mau gosto, onde eu chegava a conclusão de que tinha encontrado algo que havia sido meu por um longo tempo e que não podia ter mais para mim.
Senti-me observado por um segundo e só então olhei novamente na direção do altar. Surpreendentemente, era Melissa quem me fitava, com uma expressão indefinida. Aquela mulher...não sei, será que ela poderia fazer Duo feliz? Claro que não, era a minha resposta óbvia, mas mesmo assim, eu teria que deixar isso acontecer. Wufei tinha razão, a decisão era de Duo, sempre fora dele.
Duo segurou uma das alianças e estava a ponto de colocar no dedo de Melissa e eu concluí que era masoquismo presenciar aquilo. Dei as costas e caminhei na direção da casa. Era isso, estava acabado. Ia me refugiar e nunca mais aparecer. Viver na miséria de descobrir que tive algo muito bom e deixei escapar.
Estava esperando os vivas pelos noivos, mas esses não vieram, o me intrigou. Porém, aquilo não importava. Voltei à varanda e ainda não sabia porque não pegava minhas poucas coisas e ia embora. Não havia mais lugar para mim. E talvez se pensasse melhor, nunca havia tido um lugar para mim; sempre fui o soldado perfeito. Só havia um lugar para mim quando, e eu detestava admitir aquilo, Relena e eu estávamos casados. Ela sempre se empenhara pra que eu tivesse uma casa, um lar.
Ironicamente, eu agora sabia, se deixasse Duo entrar na minha vida, teria meu lar há muito tempo.
Um garçom passou com uma garrafa e eu a tirei da bandeja. Não era hora, muito menos o lugar para me embebedar, mas não me importava. Quanto mais fiasse alheio ao que acontecia, seria melhor.
A visão a minha frente, porém, me impediu de beber. Será que já era efeito da bebida ver a figura que, parada ali, me fitava com um sorriso?
Duo.
Parado ali.
Me olhando como se eu tivesse vindo de outro mundo.
Caminhei até ele, parando a centímetros seguros, não me contendo, deixando meus olhos desviarem até a sua mão esquerda. Para minha frustração, ela estava escondida no bolso da calça preta. Será que aquilo tudo era uma brincadeira de mau gosto?
— O que está fazendo aqui? –perguntei, surpreso e logo percebi que aquilo não era algo para ser perguntado naquele momento.
— Realmente não importa, Heero.
— Mas...
— Não importa. –ele disse, firme, ainda me fitando, esperando que eu jogasse tudo para o alto.
E assim o fiz.
Sorri, genuinamente. Duo estava certo. Não importava, o casamento, a breve separação, a morte de Relena. A única coisa que importava éramos nós dois. Abracei-o, dessa vez não mais contendo a vontade de beijá-lo, de perder minhas mãos naqueles fios de cabelo, amarrados naquela trança ofensiva.
Saímos da mansão Winner, sem destino certo. Definitivamente, não havia perdido o que sempre fora meu. Dei-lhe apenas liberdade e ele voltou pra mim, provando que me pertencia. Porque, como sempre, a decisão sempre coube a Duo.
Continua...
Sim, eu fiz isso...tem um epílogo. Que só postarei se vocês forem bonzinhos e me disserem como ficou essa parte! Até breve!
