Nota da Autora: Desculpem pela longa demora. Um jegue mexeu no meu computador e ele precisou ser formatado... Foi terrível.
Obrigadinha a quem comentou no capítulo passado (Yukino-chan, Lan Lan, Vane-chan, Ruby... Beijos pra vocês!). Espero que gostem deste aqui! Comentários são bem-vindos, principalmente se acharem que vale a pena mandar um.
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Okinawa
Capítulo 2: Segunda hora: "Paixões Avassaladoras", por Sawada Ayaki.
Para RubbyMoon
Alguns passageiros tentavam cochilar durante a segunda hora de uma viagem de trem, mas não conseguiam. Algumas vozes chamavam por alguém e perturbavam o sono deles.
–Tsubasa! – Toonami gritou.
–Tsubasa-chan! Tsubasa-chan! Tsubasa-chaaan! – Sakura estava rouca.
–Tsubasa, my angel! – Asaba gritava após se juntar ao grupo.
–Tsubasa-chan, cadê você? – Rika não parecia tão nervosa.
Aya tentava controlar a irritação por escutar tantas pessoas gritando e não mandá-las se calarem.
–Acho melhor nos dividirmos. – ela sugeriu – Rika e Toonami, vocês vêm comigo.
– 'Tá. – os dois falaram.
–Sakura, fique com Asaba. – a escritora continuou.
– 'Tá. – os dois concordaram.
–Heeein? – Toonami prendeu a respiração.
–Qual é o pró agora, Toonami? – Aya estava irritada e fingindo não entender o motivo do rapaz ter gritado.
–Por que ela... Por que ele...? – ele se atrapalhava ao falar.
–Por que não? – Aya ergueu uma sobrancelha.
–É que... – Toonami ficou vermelho e os que não travavam aquela conversa estavam confusos.
–Olha, Toonami... – Aya revirou os olhos e deu um suspiro cansado – Eu quero encontrar Tsubasa-chan e tentar formular minhas idéias pro meu próximo livro. Eu preciso – enfatizou a palavra – pensar com cuidado nos detalhes e anotá-los para não esquecê-los! Você por acaso quer ver a sua amiga aqui, Sawada Ayaki, se descabelando porque perdeu uma idéia que poderia ser de um romance maravilhoso? Hein, hein, hein? – ela começou a fazer um drama – Hein, Toonami? É isso que você quer?
– 'Tá bom, esquece! Es-que-ce! – o rapaz ficou irritado e Aya estava triunfante.
–Qual será o nome dele? – Rika perguntou e a amiga sussurrou alguma coisa no ouvido dela, falando depois – Não parece um pouco clichê, Aya-chan?
Aya a censurou com um olhar e Rika encolheu-se.
–Vamos nos separar. – a escritora mandou – Quem a encontrar primeiro, esperem pelos outros nos nossos lugares.
–Certo. – responderam juntos.
Separaram-se. Quando Aya viu Toonami de costa e ainda ao alcance da voz dela, comentou:
–Asaba-kun, Sakura-chan, procurem sozinhos por Tsubasa-chan.
Toonami congelou no lugar e lançou um olhar furioso à amiga, que saiu cantarolando dali, passando o grupo dela em frente a uma cabine.
Dentro, ainda sozinhos e abraçados, Miyazawa e Arima namoravam sem ter a mínima idéia do que acontecia do lado de fora.
–Quer dizer então que seu filme favorito é "Laços com Ternuras"? – Arima perguntou.
–É. – ela confirmou e assumiu um tom sonhador – Eu acho tããão emocionante o final!
–Que coincidência, Yukino-san... Esse também é meu filme favorito.
Um sorriso falso se formou nos lábios dela, que desejava de toda a alma ver a cara de Asaba quando soubesse daquela conversa, dando risadas íntimas ao pensar.
o-o-o
Meia hora depois:
Toonami contou até dez para não gritar com a colega de temperamento zen e uma das melhores e inseparáveis amigas de Sakura. Mas o certo era que Rika o estava deixando nervoso. Resolveu se afastar dela e ir embora, procurar Tsubasa pelos outros.
Por causa de um plano dela, o rapaz aceitou se vestir de sorveteiro para chamar a atenção de Tsubasa. Rika, habilidosa no corte e costura, confeccionara a roupa usando pelas da própria bagagem, mas não conseguiu fazer o bonezinho por não encontrar o modelo de um. Em lugar disso, ela escreveu "SORVETEIRO" na testa dele e se autodenominou ajudante de sorveteiro, além de arrumar um carrinho de sorvete sem sorvete.
Mas aquilo não funcionou: Tsubasa não apareceu. E Rika não pareceu se importar com isso e começou a chamar a atenção dos transeuntes para a promoção de verão de sorvetes, sem nem ao menos lembrar que o carrinho era falso. As crianças, quando escutavam o mal-humorado aviso de Toonami, choravam ou berravam e eram consoladas por Rika.
Toonami, para não se aborrecer ainda mais, saiu dali e deixou a colega brincando de roda em torno do carrinho com a meninada. Andou por um corredor até o final e ficou surpreso ao encontrar Aya fazendo anotações num caderninho que sempre carregava pelos cantos.
–Sawada? – ele piscou incrédulo, ainda não acreditando que a garota estava tranquilamente escrevendo enquanto os outros procuraram desesperadamente por Tsubasa.
–Ah... Oi, Toonami. Tudo bem? – ela perguntou despreocupada e alegremente.
–O que faz aqui? – ele estava irritado.
–Ué... Escrevendo. Não 'tá vendo, não?
–Nós estamos procurando por Shibahime há quase meia hora e você 'tá sem fazer nada?
–Sem fazer nada, uma vírgula! Estou escrevendo meu próximo romance!
–Sério? – ele estava surpreso – E onde estão Asaba e Tsu... Er... Sakura?
–Estão por aí. – Sawada respondeu despreocupada.
–Sozinhos?
–É.
–Namorando?
–Talvez.
Surpreendentemente o caderno no qual escrevia foi fechado com força e ela se viu ameaçada por um sorriso maligno de Toonami, recuando até as costas encontrarem a parede do canto que procurou para escrever sossegada.
–E por que os deixou sozinhos? – ele perguntou numa ameaça, sabendo que Aya fizera aquilo de propósito para deixá-lo com ciúmes.
–Achei que não fosse se importar! – ela gritou assustada.
–Por acaso acha que 'tá escrito "otário" na minha testa, Sawada?
–Na verdade, está escrito... – ela apontou timidamente para o local.
–Eu sei o que está escrito, Sawada. – Toonami a interrompeu, irritado – Quero saber o porquê de deixar Sakura sozinha com Asaba!
–Ué, não pode? – ela fingiu inocência.
–Claro que não!
–Por quê? – Aya arqueou as sobrancelhas, imensamente surpresa.
–Porque...! – ele deu uma pausa e lutou contra o rubor que queria aparecer no rosto moreno dele – Porque...
–Por quê? – ela insistiu. Seria demais se Toonami admitisse o que sentia por Sakura.
–Qual é o roteiro do seu próximo livro mesmo? – ele mudou de assunto, suavizando a expressão do rosto a tal ponto que Aya chegou a classificá-la como "boba".
–Por que você quer saber?
Toonami de um largo sorriso.
–Quem é mesmo o financiador junto à sua editora? – ele perguntou e ela rangeu os dentes. Não tinha como escapar daquilo.
–D-Droga, Toonami-kun... – ela murmurou com raiva.
–Conte-me. – ele a ameaçou numa voz sombria, apertando leve e suspeitamente o ombro dela.
–É... É sobre... É sobre um casal. – ela gaguejou – Um casal que... que... que se amava, mas não sabiam disso. A-Aí... Aí... Aí eles viajam juntos e tentam se declarar, mas os amigos deles ficam atrapalhando. É-É isso. O nome é "Paixões Avassaladoras".
Toonami piscou duas vezes.
–Que coisa mais clichê, Sawada.
A garota estreitou os olhos ameaçadoramente e ele não ligou.
–Pode ficar aí escrevendo... Vou procurar por Tsubasa.
Viu-a suspirar aliviada.
–Boa sorte. Só tome cuidado para não entrar em alguma cabine por aí atrapalhar um casal namorando. – ela brincou.
–Quem? – Toonami rosnou – Sakura e Asaba?
Aya arqueou as sobrancelhas com surpresa.
–Estava falando de Miyazawa e Arima... – falou inocentemente e contendo a vontade de rir ao vê-lo corar absurdamente – Por que achou que era Sakura e Asaba?
–Esquece! – ele virou-se e começou a andar depressa.
–Ei, eles estão namorado? – ela começou a segui-lo.
–Vá escrever seu livro, Sawada!
–Ah, me conta, vai!
o-o-o
Hora de desembarque:
Muitos passageiros começaram a andar pelo longo corredor do Shinkansen para saírem, e num fluxo contrário ao deles alguns adolescentes corriam e gritavam o nome de alguém em desespero.
–Tsubasa! Tsubasa! – Sakura se esgoelava.
–Tsubasa! – Toonami e Aya gritaram ao mesmo tempo.
Rika olhava preocupada para os lados.
–E cadê aquele Asaba? – Aya reclamou – Ele sumiu!
–Deve ter se perdido também. – Toonami disse com maldade.
–Asaba! Asabaaa! – Sakura começou a gritar e Aya fez o possível para não rir do ciúme estampado no rosto de Toonami.
Os quatro conseguiram sair da "correnteza" humana e foram para a parte das cabines reservadas, gritando pelo nome dos amigos no momento em que passaram por uma das cabines, justamente na qual Arima e Miyazawa estavam. Os dois saíram e deixaram os amigos surpresos.
–O que estavam fazendo aí? – Aya perguntou.
–Cuide de seus livros, Sawada. – Arima foi seco.
–Não encontraram Tsubasa-chan? Souichirou-kun me contou que ela está sumida. – Miyazawa perguntou.
Silêncio.
–Quem é Souichirou? – eles perguntaram.
–Vamos procurá-la. – Arima ficou irritado e puxou a namorada para andar depressa ao lado dele.
–Acho que isso me dá uma idéia pro meu livro... – Aya comentou.
Ao correrem por uma ala estreita do último vagão, todos pararam ao escutar certo comentário já familiar:
–Linda! Maravilhosa!
–Mais uma, mais uma!
–Kawaii yo!
O grupo entrou abruptamente na cabine e finalmente encontraram Tsubasa. Não somente ela como também Asaba.
Os dois estavam numa sessão de fotos de muito sucesso e não imaginavam quão preocupados estavam os amigos por causa deles.
–Asaba! Tsubasa! – eles passaram direto pelos holofotes para abraçá-los, principalmente a menina.
–Stop! – uma voz meio fina comandou, que era provavelmente do chefe ali – Não dêem nem mais um passo, seus selvagens!
Para quem nunca foi chamado daquilo, algumas pessoas do grupo se sentiram ofendidas.
O chefão de maneiras femininas se aproximou deles e falou:
–O que querem aqui? Não perceberam que estão atrapalhando um ensaio fotográfico da revista "Aruu Sutaasu" (N.A: "All Stars", em inglês)? Têm idéia do que fizeram?
Os amigos baixaram os rostos envergonhados.
O fotógrafo-chefe iria mandá-los embora, mas a boca apenas se abriu para não sair voz no momento em que os olhos pousaram em Arima. Asaba, que permanecia "congelado" na mesma pose de quando os interromperam, percebeu aquilo e correu para ficar ao lado do amigo, colocando um braço em torno dos ombros dele.
–Este aqui é o rapaz de quem eu falei. – ele começou, ignorando uma Miyazawa enfurecida e revoltada por tamanho contato íntimo entre os dois – O nome dele é Souichirou-kun.
–Muito prazer. – o homem falou com ar sedutor – Meu nome é Ayame, mas pode me chamar apenas de Aya, Souichirou-kun.
Miyazawa soltava fumacinha pelos ouvidos ao perceber que havia mais um homem no mundo que chamava ao namorado dela pelo nome próprio e não de família. Felizmente Arima olhava com uma expressão de indiferença o fotógrafo.
–Não gostaria de participar de um ensaio ao lado de Asaba? – Ayame perguntou e todos caíram de lado, exceto Arima e Asaba, que se sentia vitorioso. O mundo todo veria os dois numa foto e Miyazawa teria sua amarga recompensa por ter rasgado a única foto dele.
–Não quero, obrigado. – o rapaz falou sem emoção e deixou Asaba e Ayame chocados.
Mas, além deles, outra pessoa não gostou da resposta.
–Arima, o que 'cê 'tá falando? – Miyazawa o puxou pelo colarinho e o sacudiu – Ele vai te pagar pra tirar essas fotos! Aceita, aceita, aceita!
–Toonami e Sakura: peguem Tsubasa. Vou "salvar" Arima-senpai. – Aya assumiu o controle da situação. Simplesmente não admitia a existência de um xará no mesmo trem.
–Certo. – os dois foram até a menina, que se entupia de doces num momento de distração da mulher da maquiagem.
–Rika, vá ajudá-los. – Aya não queria se irritar com a amiga, que olhava as costuras de alguns modelos sem se importar com a situação em que estavam.
Respirando fundo enquanto as idéias clareavam para o plano de fuga, ela caminhou decidida até os quatro, cujo centro das atenções era uma Yukino decidida a tirar a camisa de Arima de tanto sacudi-lo.
Quando chegou perto de Asaba, a escritora esbarrou "acidentalmente" no rapaz e ambos caíram no chão.
–Ah... – a voz dela soou dramática – De-Desculpe, Asappi... – deu tossidas violentamente forçadas – Mas eu me sinto doente... Você e Arima poderiam me levar nos braços ao centro médico desta estação? – enfatizou a palavra para que Arima pudesse entender que estava na hora de irem embora.
–Mas há um médico na equipe de Ayame-san...
A escritora deu um soco no estômago dele e Asaba engasgou.
–Eu tô falando que quero ir ao centro médico desta estação, Asaba! – ela repetiu entre os dentes.
–Ei, menina... – Ayame tentou intervir.
– "Menina", olha o respeito! Meu nome artístico é Sawada Ayaki!
Miyazawa revirou os olhos e falou:
–Aya-chan, eu duvido que ele...
Um grito estridente de Ayame a interrompeu:
–Kyaaa! Você é Sawada Ayaki, a escritora de Hokuen?
Nem mesmo Aya acreditava que o outro a conhecia.
–Eu adoro as suas poesias! Adoro seus contos! – deu um outro gritinho histérico – Se eu soubesse que Sawada Ayaki estava no mesmo trem que eu, teria feito um ensaio somente com ela pra ter autógrafos em TODAS as fotos.
–Hã... – Aya já estava com vontade de ir embora. Imagine ter que assinar um monte de fotos com a cara dela!
–Diga-me, é verdade que seu novo projeto se chama "Paixões Avassaladoras"?
–HÃ? – como ele já sabia o nome?
–Quem será o principal? Hein? Hein?
–Hãããã?
–Acho melhor a gente tirar a Aya daquela situação. – Arima, reunido com Toonami e os outros, falou.
Uma voz amplificada pelo auto-falante deu o último aviso para que todos se retirassem para o embarque dos passageiros da próxima partida.
Apressados e ansiosos para saírem o mais depressa possível do trem, Arima agarrou o braço de Aya e a tirou da conversa absurda que ela travava com o fotógrafo, e todos saíram correndo porta afora, perseguidos pela equipe do fotógrafo afeminado.
–Vamos pegar nossa bagagem e sair daqui. – Arima falou antes de tropeçar e sentir os amigos caírem em cima dele.
Segundos depois, a única coisa que se escutou foi um "NÃO" desesperado quando Arima e companhia viram Ayame e a equipe os alcançarem.
o-o-o
Próximo capítulo:
Vocês gostariam de visitar de novo a ilha de Okinawa? Um certo grupo de amigos diz que não.
Epílogo: O paraíso de Okinawa não é aqui.
"-Souichirou-kun... Eu estou com tanto frio..."
