Disclaimer: Leiam o primeiro capítulo e tirem suas dúvidas...

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Okinawa

Prólogo: O paraíso de Okinawa não é aqui

Para RubbyMoon

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Deveria ser uma tarde ensolarada, mas não era. Deveria a cidade estar cheia de turistas, mas não estava. Deveriam estar todos na praia, mas ela estava às moscas.

Na sala de um enorme quarto de hotel cinco estrelas, mais precisamente numa das janelas, uma jovem tinha o rosto grudado no vidro enquanto observava o temporal cair com força total na capital da ilha. Estavam todos entediados, pois desde que chegaram, o tempo mudara; fazia frio e chovia todos dia e o dia todo.

-Souichirou-kun... Estou com tanto frio... – Asaba reclamou e tentou agarrar o amigo, que estava abraçado à namorada. A atitude aborreceu o número um de kendo do Japão, que mandou Asaba, com um único golpe, de encontro a uma parede.

-Dá pra largar? – o rapaz falou, irritado.

Depois disso, a sala ficou em silêncio.

-Tsubasa-chan, saia dessa janela. – Sakura recomendou à menina ao baixar a revista de esportes radicais que lia. Viu depois a pequena desgrudar a cara do vidro e encolher-se num canto para caçar insetos.

-Isso aqui 'tá chato. – Miyazawa Yukino deu a opinião dela enquanto esfregava o rosto numa almofada – Não tem tevê a cabo...

-Não tem lanche... – Asaba reclamou.

-Não tem garotinhas de roupas curtas pra ver na praia... – Asaba estava desolado.

-Só tem uma Bíblia cristã pra ler aqui. – Aya estava emburrada.

-CHEGA! – Toonami se estressou, ignorando as tentativas de Arima de acalmá-lo – Não se esqueçam que as malas aqui são vocês!

Protesto no quarto. Como ele podia afirmar uma coisa dessas a respeito dos próprios amigos? Aqueles que tinham tão prontamente aceitado o convite deles se fazer companhia naquela viagem? Aqueles que tinham o divertido durante aquela longa uma hora de aborrecida viagem?

-Vocês estão aqui porque querem! – o rapaz rangia os dentes – Eu só tinha convidado a Sakura!

Silêncio no quarto. Parecia que uma ficha tinha caído nas mentes das criaturas que não tinham percebido uma coisa que só Aya sabia.

-Quer dizer que...? – Miyazawa parecia chocada.

-V-Vocês... Dois... – Asaba tinha os olhos arregalados.

Arima franzia a testa em sinal de preocupação e Rika e Tsubasa pareciam tão surpresas quanto os amigos.

-Eu não acredito que vocês não contaram para nós! – Aya protestou num drama e Sakura ficou mais pálida que Toonami, que estava com parte do rosto azulada – Nós, seus melhores amigos, sangue do sangue de vocês, irmãos de fé, amigos e camaradas!

-A-Aya-chan! – Sakura não sabia o que dizer – N-Nós...!

-Sawada! – Arima ficou pálido, não conseguindo imaginar coisa alguma para ajudar os amigos na explicação.

-Vocês queriam participar do Campeonato Anual de Basquete de Okinawa sem nos contar nada? – a escritora exibiu um pôster que estava em anexo na revista que Sakura lia antes, o que deixou tanto a amiga jogadora quanto Toonami boquiabertos – Não queriam nosso apoio, não? Queriam ganhar o prêmio principal e gastar sem a nossa companhia?

Todo mundo arregalou os olhos, inclusive o casal que era alvo de tal acusação.

-Seus egoístas! – Aya falou com indignação.

-Nunca esperei isso de vocês. – Miyazawa falou com desgosto.

-Nem eu. – Asaba balançava a cabeça em sinal de desolação, o mesmo fazendo Tsubasa e Rika. Já Arima limitou-se a dar um sorriso sem graça.

Toonami, cansado daquela palhaçada, resolveu abrir a boca para falar, mas Aya foi mais rápida:

-E nada de dormir até tarde! Vão já descansar! Amanhã é o primeiro jogo, esqueceram?

-É? – Sakura e Toonami arregalaram os olhos e Aya disfarçou irritação que sentia.

-Mas em que planeta vocês estão? – a escritora colocou as mãos na cintura – Claro que sim!

-Mas... – os dois começaram.

-Vão já dormir! – ela empurrou os dois aos respectivos quartos masculino e feminino – E nada de ver televisão até tarde!

-Mas nós...!

-E não comam besteiras durante a madrugada! – Aya empurrou primeiro Sakura para dentro do quarto e depois jogou Toonami para dentro do quarto que dividia com Arima e Asaba, escutando som de alguma coisa quebrando lá dentro depois de fechar a porta – Ah, esses atletas de hoje em dia...

A escritora voltou-se ao restante do grupo, que presenciaram a cena com as pupilas reduzidas a pontos no rosto, todos perplexos.

-Bem, eles precisam descansar... – Aya começou, voltando a se sentar no maior sofá do local – Agora que Toonami não está mais aqui, vamos ligar pra recepção e pedir pra liberarem a tevê a cabo e a comida, porque tinha sido ele quem proibiu pra não ter que pagar.

-Tá! – os outros concordaram, erguendo os braços numa comemoração.

Madrugada:

Na sala do quarto de hotel, duas figuras suspeitas saíram numa precisão de tempo cronometrada dos quartos masculino e feminino. Andaram com os passos coordenados e foram até uma figura que dormia sem preocupações no sofá.

Chegaram mais perto. A pessoa estava enrolada no lençol e com a cabeça coberta. Não dava para ver quem era, mas já sabiam.

-Agora ela vai nos pagar. – o rapaz sussurrou à garota.

-Eu levanto o lençol no "três".

-Certo. - ele confirmou com a cabeça, depois olhou a pessoa adormecida – Prepare-se, Sawada.

-Um... Dois...

Quando a garota ia falar o número "três", alguém abriu a porta de vidro da sacada e falou com numa voz zombeteira:

-Essa aí é a Tsubasa.

Com o susto, Sakura e Toonami tiveram que conter o grito e colocaram a mão no coração para conter as batidas aceleradas.

-Queriam falar comigo? – a escritora estava fumando e soltou uma baforada ao se apoiar na batente da porta de vidro, jogando as cinzas do lado de fora. Usou um tom inocente ao fazer a pergunta.

Demoraram a responder, mas depois eles a olharam com um ódio que Aya ignorou.

-Você não deveria estar dormindo, Sawada? – Toonami rosnou.

-Claro que não. – ela respondeu com a habitual cara-de-pau – Esqueceram que eu sou uma pessoa noturna? Escrevo meus livros nesse horário, sabiam?

Os amigos rangeram os dentes.

-Vocês não deveriam estar dormindo, hein? – Aya deu um sorriso irônico que eles não puderam ver por causa das luzes apagadas – Amanhã vocês têm o jogo, né?

-Por que diabos você inventou essa história? – Toonami controlou a intensidade da voz para não acordar os outros – Não viemos pra cá pra jogar!

-É que... – Aya jogou no chão o cigarro e pisou nele, cruzando os braços na frente do corpo – Se eu não tivesse falado isso, eles poderiam pensar que você, Toonami – apontou um dedo acusador ao amigo -, está apaixonado por Tsubaki e que ela – apontou um outro dedo tão acusador quanto o outro – também sente o mesmo por você, o que poderiam deixá-los morrendo de vergonha de nos encarar por um bom tempo, já que a gente sabe que isso não é verdade... Né? – disfarçou a vontade de rir.

Momento de silêncio em que o casal sentiu gotas de suor escorregarem pelos lados do rosto enquanto olhavam o rosto sério de Sawada Aya.

Chamando a atenção deles, Tsubasa murmurou alguma coisa relacionada a doces enquanto dormia e mudou de posição no sofá.

-Ela estava vendo um jornal... O senhor Shibahime estava dando uma entrevista... Ela só foi dormir depois de vê-lo falar. – Aya explicou, olhando o céu escuro de Okinawa. Estava feliz porque não chovia naquela noite e que podia agora ver as estrelas.

Toonami e Sakura foram até a menina e arrumaram o lençol nela, ajeitando depois a almofada debaixo da cabeça loira.

-Muito obrigada... Aya-chan. – Sakura falou à amiga ao se virar e ver um sorriso no rosto dela.

-"Obrigada"? – Aya arqueou uma sobrancelha – Vocês acham que eu sei o que é esse sentimento de extrema bondade e gratidão?

-Já 'tava imaginando uma coisa dessas... – Toonami estreitou os olhos – O que vai querer em troca, Sawada?

A escritora deu um sorriso cínico.

-Lembram do nosso joguinho de "verdade ou desafio"?

O casal rosnou uma resposta que soava próximo a um "sim".

-Quero que alguém arrume minha estante de livros em ordem alfabética... E serão vocês dois. – ela esticou o braço para apontar – Farão esse serviço assim que voltarmos pra cidade, entenderam?

-Sawada... Você vai nos pagar... – Toonami rangeu os dentes e Sakura deu um suspiro cansado.

-Sem reclamações. – a escritora voltou a cruzar os braços e empinou o nariz – E vocês não deveriam estar dormindo? Amanhã vocês vão treinar, eu já avisei!

Os três se olharam. Não pareciam bravos, zangados, decepcionados ou algo assim. Estavam extremamente felizes, porque, pela primeira vez, pareciam perceber que se divertiam ali.

Uma semana depois:

No aeroporto de Okinawa, à tarde, um grupo de amigos não escondiam a decepção nos rostos jovens. Além de voltarem para casa de avião – coisa que quase todos ali morriam de medo -, tinham que se contentar com mais uma coisa...

-Eu ODEIO segundos lugares. – Miyazawa reclamou pela oitava vez desde que saíram do hotel e foram ao aeroporto.

-Ei, dá pra parar? – Sakura reclamou – Se queria tanto o primeiro lugar, por que não jogou?

-E desde quando eu devo jogar para ganhar o primeiro lugar em favor de meros estudantes mortais? – a que sempre quer ser número um falou com desprezo.

-Ei! Eu não estou nesse meio! – Toonami protestou.

-'Tá bom, 'tá bom! – Arima teve que se meter na briga – Vamos logo pegar nossos lugares. Está na hora.

-Quero a janela! – quase todos gritaram e correram, deixando apenas Aya e Arima para trás.

-Esse povo... – Arima falou com um sorriso meio gentil, meio sem graça – Nem quero ver o que vai acontecer se não tiver lugar na janela pra todo mundo.

-Que comprem um ônibus – a escritora começou com o natural sarcasmo – e terão janelas à beça. – colocou os braços atrás da cabeça despreocupadamente – Eu tô louca pra chegar... Finalmente arranjei alguém pra arrumar minha estante em ordem alfabética.

-Você vai mesmo obrigar a Sena a fazer aquilo? – Arima perguntou, arregalando os olhos.

Aya deu um sorriso misterioso.

-Não é a Rika... Na verdade, serão duas pessoas... Que vão ficar uma tarde inteira se ajudando.

-Oh? – ele arqueou a sobrancelha.

Aya alargou o sorriso e acelerou o passo para alcançar os amigos.

-Vamos logo, Arima-kun! – ela gritou quando já estava distante – Ou vai perder seu lugar na janela!

Arima só conseguiu rir.

o-o-o

Meia hora depois que o avião decolou, na classe econômica da Japan Airlines, um grupo de amigos estava mais do que decepcionado com a viagem.

-Tá chato. – Aya comentou.

-Não vão servir a comida? – Tsubasa estava inquieta.

-Olha a cidade... – Asaba não desgrudava o rosto da janela.

-Será que vai demorar pra chegarmos? – Miyazawa perguntou.

-CHEGA! – Toonami se estressou.

No outro instante, só se escutava o som dos motores do avião.

Ao lado de Toonami, uma garota o observava pelo canto do olho.

-Fique calmo, Toonami-kun...

-Eu tô doido pra chegar logo em casa e me livrar dessas bagagens! – o rapaz sussurrou num tom revoltado, preocupado em não incomodar outros passageiros.

-Ei... – a garota estreitou os olhos.

-O quê? – ele ainda estava irritado.

-Eu também sou uma dessas malas? – a garota estreitou os olhos.

-Claro que não! – ele nem ao menos perceber quais palavras saíam pela boca.

Os dois arregalaram os olhos e coraram, sentindo as mãos geladas e os corações batendo acelerados. Toonami precisou olhar para o lado da janela para recuperar a calma e Sakura olhou as mãos, que apertavam o tecido da blusa.

Momentos de silêncio depois, ela murmurou:

-Obrigada... Toonami-kun...

O rapaz pigarreou antes de perguntar:

-Pelo quê?

-Pela... viagem...

-... de nada...

Silêncio novamente.

-Sakura...

-O quê..?

-Eu queria... – ele ficou nervoso – Eu queria dizer... que... quer...

-PESSOAL! – Asaba chamou a atenção de todos e assustou o casão ao interrompê-los – Vamos jogar "Verdade ou Desafio"?

-NÃO! – foi a resposta que Aya, Toonami, Sakura e Arima deram, fazendo Asaba se encolher num canto.

E a viagem prosseguiu normalmente depois disto.

FIM (?)

Nota final da autora: Desculpem pela demora:( Eu não queria atrasar tanto com o epílogo deste fic, mas não deu pra evitar...

E aqui está! O que acharam? Está aceitável pra um segundo fic seriado de Karekano? Eu não quis colocar nada além do que já vi no mangá entre Toonami & Sakura, por isso terminou (aqui) assim. Eu pretendo escrever um fic com eles dois como namorados, e provavelmente sairá no final do ano. O mangá de Karekano (infelizmente) terminará em setembro, com o lançamento do último volume. T.T Por isso, até final do ano, acho que escreverei mais alguns one-shots e pelo menos dois fics seriados dessa maravilhosa série. :)

Ruby, espero sinceramente que tenha gostado! Que tenha se divertido, se distraído e... Largue o Urahara. Largue-o! ò.ó Ele é MEU! Solta, solta! (prepara a Zanpakutou) Solte-o!

(Minutos depois)

Voltando à programação normal... Espero que tenham gostado e se divertido. :) Se considerarem este epílogo digno de um comentário, ficarei feliz em recebê-lo!

Até a próxima!

.:Shampoo:.