Retratação. Todos os personagens conhecidos são de criação da Edward Allen Bernero, e propriedade de NBC (atual CBS) cast and crew, nos EUA, e no Brasil os direitos de exibição pertencem ao SBT (série conhecida como "Parceiros da vida") exibida pela emissora até o começo de 2005, mas retirada da programação por enquanto. (Fiquei P! da vida!).

A fic não tem fim lucrativo e blá, blá, blá. Não ganho nada com isso além de umas poucas reviews... porque ninguém conhece a série! Legal né!

Partes em itálico são as lembranças, mescladas no meio do texto atual, lá no fim docapítulo.

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Há 20 anos, sempre nesta mesma data ele estava lá, fizesse sol ou chuva. Olhava saudoso para a pedra fria e inerte, deslizando os dedos sobre a superfície áspera. Sorriu tristemente. Um herói descansava ali, pena que toda a tragédia tivesse tirado sua vida enquanto jovem.. Derramou uma lágrima solitária, como ele próprio, por aquele que um dia fora seu parceiro. O senhor já grisalho ajoelhou-se diante do marco, a última memória que aquele jovem deixara para alguns, a única prova de sua existência para outros... mas para milhões, aquele lugar sequer existia. Quem imaginaria que ali jazia um Maurice Boscorelli?

"O Senhor está bem, senhor Sullivan?" – Perguntava o enfermeiro da casa de repouso onde ele, por vontade própria se recolhera após muitos ano mais de serviço prestado à comunidade de Nova York, ao ver o idoso se curvar diante do lugar para onde olhava, como quem sofre. Sim, ele sofria, mas não pelas dores de sua idade, e sim, pelo vazio que aquele rapaz arrogante, impetuosos e cheio de si e de vida deixara no seu coração, assim como no de todos que o conheceram.

"É a primeira vez que você me acompanha até aqui, certo?" – questionou ele sem olhar.

"Correto, todas as outras vezes eu fiquei no carro esperando." – respondeu o outro quase que num sussurro. O senhor parecia concentrado em olhara para aquele lugar todo.

John Sullivan era, agora, um homem senil, aposentado, ligeiramente mau- humorado, mas por quem todos na casa de repouso tinham grande carinho e respeito. Um homem modesto, ex – oficial de polícia da cidade, que devotara sua vida a proteger os cidadãos e resolver os problemas deles, e que mesmo após toda a tragédia de 11 de setembro não deixou seu posto, somente parando quando os anos já não davam mais conta do serviço.

Todos tinha curiosidade sobre quem ele ia visitar naquele lugar de paz e tranqüilidade, em meio a agitação da megalópole.

A suspeita era que esse fosse o lugar onde descansava sua ex – esposa, Tatiana, uma ucraniana com quem ele havia se casado anos antes. Sua mãe, Dona Irene, havia sido sepultada em outro lugar, e até onde se sabia ele não tinha filhos, apenas parentes que viviam em outro estado.

Um recente acidente o deixara dependente de acompanhamento por ter machucado o joelho numa queda. Por esse motivo, hoje, ele estava acompanhado do enfermeiro. O mesmo que conhecera anos antes, e com quem mantinha agradáveis conversas. O homem olhava, questionando-se sobre a estranha afeição que ele demonstrava olhando para aquele marco. O nome era familiar, mas poucas vezes fora mencionado, mas a julgar pelo carinho com que o outro olhava devia ter sido alguém muito especial.

Observou-o deslizar os dedos sobre a superfície da pedra mais alguns instantes, agachando-se na relva verde que crescia ali, até que finalmente falou alguma coisa:

"Há quanto tempo, hein, Bosco? Desculpe não ter vindo mais com tanta freqüência, mas minha idade não ajuda muito. Esse é o Cristian, enfermeiro do lugar onde eu moro agora." – disse ele apontando para o homem em pé, como se fizesse uma apresentação. – "Há tempos que ele me traz para te ver. É bom saber que seu irmão não esqueceu você e que mantém esse lugar limpo. Não trouxe flores porque imagino que você deva ter ficado com certo receio delas depois daquelas que te deram alergia, não é..."

Sullivan falava como se estivesse conversando com alguém presente e vivo. O senhor ria ao lembra-se de como ficara medonha a alergia e do quão inchado ficou o rosto do rapaz, e principalmente de sua relutância em ser medicado.

"Senhor Sullivan, se não se importa de eu perguntar, que é ele?" – questionou o homem de pé, fazendo voz a curiosidade de todos na casa de repouso.

"Nós trabalhamos juntos na polícia da cidade. Ele era oficial como eu, fomos parceiros algumas vezes, não nos dávamos muito bem mas não tinha jeito. Estávamos como parceiros inclusive no dia em que ele se foi." – uma sombra de tristeza cobriu os olhos do senhor.

"Ele era policial na época dos atentados?" – questionou o outro, observando as datas na lápide... era alguém relativamente jovem.

"Sim, era. Foi o primeiro do 55 a chegar lá. Era dia de folga dele, e ele tinha conhecido uma garota... acordou na casa dela, que ficava na região do WTC, acordou na hora em que aconteceram os atentados. Ele correu para lá. Quando eu cheguei, ele já estava lá, todo coberto de poeira." – respondeu o outro.

"Lembro que depois disso ele ficou um pouco estranho, teve que ir num terapeuta da Departamento de polícia, e como a parceira dele e ele não estavam se entendendo muito bem, e meu parceiro tinha sido baleado, ficamos juntos uns tempos depois disso. Não nos dávamos bem mesmo. Ele era arrogante demais para os meus padrões." – continuou ele, como quem lembra de algo bom.

"Vocês eram amigos?"

"Não definiria assim. Eu era o cara calmo, que só queria resolver os problemas e ir para casa. Ele era um cara impetuoso, atrevido, inquieto... pelo menos era o que eu pensava até descobrir a verdade sobre a vida dele antes da polícia." – disse Sullivan, como se o passado se fizesse presente, naquele instante, como se o tempo tivesse retroagido e ele vivenciasse novamente tudo o que presenciara.

"Que verdade?" – o outro estava curioso... tudo aquilo era tão contraditório, figuras antagônicas, pessoas de gênios diferentes que teriam de tudo para se odiar, mas o idoso demonstrava extremo carinho ao mencionar o outro ex – policial.

"É uma longa história... " – disse Sullivan olhando para cima pela primeira vez desde quando se sentara lá, e sorrindo, como se a lembrança dos velhos tempos lhe desse nova vida, mas passando pelos olhos toda a tristeza que sentia em seu coração.

"Nós temos tempo." – disse o enfermeiro, conversar com Sr. John Sullivan era sempre algo interessante. Ainda mais para ele que teve um pai que era bombeiro em outro Estado.

Sullivan fez sinal para que o outro se sentasse junto a ele sobre a grama. Havia uma sensação de paz naquele local. Sullivan inspirou fundo, antes de iniciar a história das últimas horas de vida daquele oficial. Uma lembrança que o tragava para um passado impossível de esquecer.

Estranhamente aquela lembrança, tão dolorosa à época hoje o fazia se sentir melhor. Compartilhava o que sabia sobre a vida do policial Maurice Boscorelli, alguém por quem ele tinha o mais profundo respeito e admiração.

20 de março de 2004:

Era um dia como outro qualquer...

"... Eu acordei, tomei banho, café da manhã, levei o lixo para fora enquanto saía para o trabalho e me arrumei para a reunião de início de turno. Como sempre o Bosco – era como ele era conhecido – chegou atrasado, entrando feito um furacão no vestiário e se trocando às pressas. Nada de anormal até então. A reunião sem assuntos interessantes, pegamos a viatura e saímos.

Ele queria dirigir, mas só de pirraça eu não deixei." – "Sempre que ele pegava no volante era um inferno. Tinha que ir onde ele queria, sabe? Por isso eu não deixava, além do fato que ele parecia ter chumbo no pé. Nunca andava a menos de 80, dentro de Nova York... dá prá acreditar?"

"O início do turno seguiu sem novidades. Mas quando ficou de tarde, e nós íamos sair para o jantar... foi aí que tudo começou."

Bom... a continuação fica para outro dia.

Perdão a quem acompanha a fic de Senhor dos Anéis, mas eu PROMETO que logo estarei voltando a publicar meus textos lá. Já tenho alguma coisa escrita, só me falta tempo para digitar.

Me aguardem... logo, logo terão notícias minhas. Hua Hua Hua Hua!

Beijos da Kika-sama.