Parte 4/5
Bom, faz pouco tempo que eu postei o terceiro capítulo, mas como estou com um tempinho sobrando, resolvi postar a penúltima parte desta fic hoje. Como sempre espero que se divirtam e aguardem o desfecho semana que vem.
Ao que interessa:
"Lembra-se de como é, escolher quem vive em quem morre? Capitão Boscorelli?"
"Capitão? Perdi alguma coisa Sr. Sullivan?"
"Foi exatamente o que eu me perguntei quando ouvi aquelas palavras. Não tinha entendido nada até que ele me deu uma breve explicação."
"Tenente,.. nenhum de nós dois está mais no exército. Não precisa fazer mais isso." – Dizia o policial de pé, com o máximo de sutileza que conseguia reunir. A vontade que imperava dentro dele era a de estourar a cabeça do sujeito e espalhá-la por toda a parede.
"A culpa é sua capitão! Foi você quem desistiu por que não agüentava mais fazer isso! Então eu tive que fazer no seu lugar!"
"Fazer o que Bosco?" - "Eu questionei sem pensar duas vezes. Talvez tenha sido aí que minha visão do Boscorelli começou a mudar, e eu comecei a entender algumas das reações que ele tinha."
"CALADO!" – Chad gritava ao ouvir a voz de Sullivan.
"Lembra que eu comentei que fui da infantaria Ranger, antes de entrar para a academia de polícia? Pois é. Foi lá que nós nos conhecemos." – Bosco respondia a questão se Sullivan sem se importar com os gritos histéricos do outro.
"VOCÊ NÃO TEM QUE CONVERSAR COM ELE, SÓ COMIGO! VOCÊ ME DEVE ISSO!"
DO LADO DE FORA...
"Acho que ele não escondeu por que quis. Ele sabia que se declarasse o curso superior e a patente ele seria mandado para cargo de chefia, e isso era a última coisa que ele queria. Ele passou por uma fase difícil, até onde eu sei, ele largou a infantaria por que a noiva dele na época ameaçou largá-lo se ele não o fizesse. Mas depois eles nem se casaram. Ela o abandonou quando ele quis ir para a polícia. A mãe dele também o pressionou muito, me lembro de ele Ter ficado muito recluso e fechado antes de dar baixa." – disse o coronel. Sentia falta das atitudes que o outro costumava tomar. A tropa ficou muito defasada sem ele.
"E onde o Tal Chad entra nisso tudo?" – questionou o tenente da polícia.
"Chad e ele se conheceram anos antes. Boscorelli era tenente na época, ainda, estava indo para a recém promoção, Loan... o Chad, ela o mais próximo dele, e o segundo no comando do grupo. Nessa época nós estávamos na Somália. Foi a primeira vez que ele pensou em largar tudo. Foi um combate cruel, pessoas atirando nos soldados americanos de todas as direções. Quase 24 horas de sítio dentro de uma cidade onde todos estavam contra nós..." – Swerski prestava tenção no relato do coronel, e a julgar pelo que ouvia, foi um milagre que Boscorelli não tivesse ficado igual.
DENTRO...
"VOCÊ NÃO TEM QUE CONVERSAR COM EL..."
"CALA A BOCA! Tenente, quem manda aqui sou eu!" - gritou Boscorelli.
"Não estamos mais no exército!" – retrucou o outro, contradizendo o que pensava instantes atrás.
"EXATO! Antes eu era o capitão e você o tenente, agora você é civil e sou policial. A autoridade aqui dentro sou eu, em qualquer caso! QUIETO!" – Bosco gritava intercalando com momentos e extrema frieza na voz.
"Eu nunca tinha ouvido ele falar assim antes. Acho que eu teria obedecido, se fosse comigo aquela ordem."
"Mas ele foi treinado para isso."
"Sim, só que ele nunca mostrou esse lado. Foi aí que eu entendi que ele não gostava de quem ele realmente era. Ele tinha tentado mudar tudo, inclusive os hábitos dele..."
"Você não é Deus, Maurice! Não pode decidir quem vive em quem morre, como fez na Somália! É um covarde." – Chad ria enquanto apertava o braço em torno do pescoço da refém.
Tudo era silêncio por alguns instantes. Bosco olhava para Lindsen, respirava fundo. Estava cansado daquela situação. Sullivan estava ansioso em ser de alguma ajuda, mas não havia nada que ele pudesse fazer, sem pôr em risco muitas vidas. Olhou para o parceiro mais uma vez. Ele estava perdendo a cabeça.
"Central, onde está o tático?" – sussurrou Sullivan.
"Realmente, Sr. Sullivan. Onde eles estavam? Sempre ouvi dizer que eles resolvem logo a situação." – Disse Cristian.
"Pois é... a Central me informou que eles estavam sem ação, por que não tinha visibilidade, e que se houvesse invasão alguém podia morrer. Foi aí que eu percebi que nós estávamos por nossa conta, sozinhos lá dentro com o tal sujeito."
"Talvez..." – Bosco suspirou, atraindo a atenção do parceiro que falava com a Central.
"O que?" – questionou Chad, irônico.
"Talvez eu tenha sido um covarde mesmo. Mas eu não decidi, Chad, as coisas deram errado. O que eu podia fazer?" – questionou o policial, visivelmente cansado, agora.
"Podia não Ter feito o que fez! Lembra? Você atirou numa mulher com uma criança no meio da rua!"
"Ela estava dando nossas posições para os atiradores! Você não percebeu? Onde ela apontava chovia bala!"
"E por isso você a matou!" – Chad parecia se divertir com o remorso que estava provocando no outro. Olhava para o policial fixamente, como se esperasse vê-lo desabar. Mas não aconteceu.
"Matei sim! Era ela ou todos nós! Não se esqueça de que eu quase morri lá, também!"
"Seus homens morreram lá!" – disse ele, ainda mantendo seu plano.
"Você está vivo, não está!" – questionou Boscorelli, parecia que tinha certo arrependimento em seu tom de voz.
"Outros não!"
"E talvez um deles estivesse fazendo coisa melhor da vida do que ameaçar os outros enquanto tenta se matar, sua besta!" – Boscorelli já tinha perdido totalmente o senso.
"Mas eles estão mortos, e você sabe."
"E você acha que eu saí no lucro? Hein, Chad? Acha que eu consigo chegar em casa e dormir sem me lembrar de todos que morreram lá? NÃO! E talvez eu tenha perdido mais do que qualquer outro! Minha noiva me largou por que disse que não ia esperar por outro telefonema dizendo que eu fui ferido ou morto, minha mãe me pressionava prá eu abandonar tudo! Eu tinha continuado vivo para me lembrar de tudo, de cada um deles. Foi isso o que eu consegui, quando acordei depois de 4 meses em coma! Pelo menos eu fiz com que alguns de nós voltassem prá casa! E você, o que fez? Virou um cagão! Abandonou seus homens, e agora está aqui, ameaçando sua família. Você devia Ter morrido lá, seu merda!"
"LARGA A ARMA!" – Chad ficou desestabilizado com aquilo. Não imagiava que o outro fosse tão louco a esse ponto, de ofender alguém com um refém.
"Você sabe que eu não vou fazer isso" – respondia o policial, suspirando. Ele estava cansado de todas as formas, física, mental e emocionalmente. Sullivan o olhava, desejando que aquilo acabasse logo, ele não ia aguentar muito mais. Resolveu tentar:
"Chad, por que você não conversa comigo um pouco? Podemos resolver isso." – Sullivan tentava chamar a atenção do agressor, para dar ao parceiro algum descanso.
"Cala a boca. Não é com você o problema! Isso é entre nós dois, ele e eu." – respondeu o outro seco.
"Mas se ele não estivesse aqui você ia conversar com outra pessoa, não ia?" – Sullivan tentava dar o máximo de tempo ao outro. A aflição por que ele passava era visível.
"Se fosse outro já estaria morto! Ninguém sabe se defender como os caras do exército."
"Talvez, mas o que você acha de me deixar falar com você?" – Sullivan tentava mais uma vez.
"Larga a arma Maurice!" – Chad gritou com o outro sem dar atenção ao policial atrás do balcão.
"Não." – foi tudo o que ele conseguiu responder.
A história do combate na Somália foi baseada no livro "Falcão Negro em Perigo" (Black Hawk Down – no original) de Mark Bowden, e no filme de mesmo nome, dirigido por Ridley Scott. Maravilhosos, apesar de violentos.
Perdão pelas palavras de baixo calão, mas é difícil se falar em polícia e imaginar um cara que usa o termo obnóxio em vez de c()zão!"
Agradecimentos à Juni Bristow. que bom que você está gostando. Espero que você leia também a outra história que eu postarei em breve (pretendo traduzir esta para o inglês, mas o meu tá meio fraco...sabe) , logo que esta terminar. Quero ver fics suas aqui!
Beijo da Kika-sama
Até semana que vem.
