Bolinhos Queimados

Por Mary-san e Kk-chan


Capítulo 02

Detenção!


No último capítulo...

-Você tem algum problema comigo?

Hiei não respondeu. Não teve tempo para pensar em uma resposta, na verdade.

-Você e eu, - a garota disse alto – lá fora!


-Briga! Briga!

Os estudantes que há pouco haviam assistido a luta entre Yusuke e Mukuro, agora seguiam o coro puxado pelo mesmo garoto alto de cabelos castanhos que parecia cuidar das apostas.

-Você não tem vergonha? Nem está mais na escola, Koenma! – disse uma garota um pouco mais baixa que ele, e com belos cabelos castanhos, ao se aproximar com um cigarro na boca.

-Shizuru, vai dizer que você não vê graça nessa bagunça? – Koenma perguntou, sorridente, puxando a garota pela cintura e tomando o cigarro dela.

Ele atirou o cigarro no chão e pisou em cima para apagá-lo sob um olhar de protesto da garota, e com a risada do outro garoto alto que estava em sua companhia.

-Qual é? Assim você vai acabar com todos os meus cigarros! – ela disse, parecendo zangada.

-Acho que esse é o objetivo... – o outro garoto disse, ainda sorrindo.

-Vamos lá, Yomi! Não podemos perder essa briga! – disse ele, arrastando o amigo para o pátio externo da escola e deixando a namorada sozinha – que logo tratou de acender um novo cigarro.

Não apenas as pessoas que estavam no ginásio, mas grande parte do pessoal que tinha saído das salas no intervalo se agrupava em volta de Hiei e Mukuro – alguns ainda gritando por briga. Outros apenas sorriam, enquanto os mesmos apostadores do ginásio já se aproximavam de Koenma e Yomi com as carteiras em mãos.

No centro da roda, Mukuro parecia tentar provocar Hiei, enquanto ele apenas sorria e balançava a cabeça, imaginando porque uma garota seria estúpida o suficiente para procurar uma briga como aquela.

-Do que está rindo, seu idiota? – perguntou Mukuro, logo em seguida tentando empurrar o garoto, ao que Hiei segurou a sua mão firmemente para que não o fizesse.

-Você não vai querer começar uma briga comigo, menina. – disse ele, arrogante, frisando a última palavra da frase.

-Gostei de você, acaba com ela, baixinho! – Hiei pôde ouvir Yusuke, que estava bem próximo dos dois, gritar animado.

-É melhor não me subestimar. – Mukuro ameaçou, parecendo mais zangada ainda, desvencilhando facilmente o seu pulso da mão dele.

A garota preparava-se para acertá-lo em cheio no rosto, quando, de repente, se ouviu a voz de uma mulher já bem velha, o que fez todos se calarem aos poucos.

-Ihhh... Essa velha chata tinha que aparecer pra atrapalhar... – resmungou Yusuke para Kurama, que estava ao seu lado, mas o rapaz apenas sorriu desconfortavelmente.

-Bom dia, Yusuke. – a mulher, que era pequena e vestia uma roupa antiquada, disse ao chegar bem atrás do garoto.

-Bom dia, diretora Genkai! Você ta uma gatinha com essa roupa, hein? – disse o garoto com um sorriso no rosto, fazendo Kurama ter de se segurar para não dar uma gargalhada.

-E vocês dois aí? – disse a diretora, lançando um olhar severo a Hiei e Mukuro – Preciso ter uma conversa com os dois. Já para a minha sala!

Os dois brigões acompanharam a diretora zangados e sem se encarar, enquanto Yusuke e o resto dos alunos lamentavam a interrupção do que poderia ser uma briga muito interessante. Koenma e Yomi pareciam estar tendo problemas com os apostadores que queriam o seu dinheiro de volta, quando Keiko, Botan, Kuwabara e Yukina chegaram ao pátio.

-O que foi dessa vez, Yusuke? – Keiko perguntou, aparentemente aborrecida, tomando uma pose de chaleira.

-Ah, Keiko! Eu nem tava envolvido na briga dessa vez! – disse o garoto, como se procurasse se explicar.

-Quer dizer que você está vestido nessa roupa idiota de graça? – a garota arqueou uma das sobrancelhas, desconfiada.

-Você ta falando da briguinha do clube de luta livre? Aquilo foi rapidinho... O que estava acontecendo aqui era outra coisa... Não tinha nada a ver comigo, não! – Yusuke respondeu com um sorriso.

-Outra briga, foi? – intrometeu-se Botan, curiosa, já enlaçando o braço do namorado.

-Mas não deu em nada... Aquela velha chata da Genkai acabou com a festa. É lamentável... – Yusuke comentou, provocando risos.

-Quem estava brigando? – perguntou Kuwabara, logo depois de consultar o relógio, preocupado em voltar à sala de aula antes que o sinal tocasse.

-O garoto novato e aquele canhão da capitã do time...

-Novato...? – Yukina perguntou um pouco nervosa – O meu irmão?

-Ele mesmo. – respondeu o moreno, ainda sorrindo.

-Ah, não...! Eu vou até a diretoria ver como ele está... Até mais, pessoal. – a garota deu as costas aos amigos e começou a caminhar em direção ao interior do prédio da escola.

-Espere, Yukina! Eu vou com você! – Kuwabara disse, seguindo a menina logo em seguida.

-Bom, nós também já vamos entrando, não é? – Kurama disse, depois de trocar um olhar bastante sugestivo com a namorada – Nos vemos na sala de aula. – ele disse a Yusuke e Keiko.

Depois de assistirem o casal de amigos ir embora, Yusuke, que já tinha percebido a expressão de raiva no rosto de Keiko, tratou de tentar escapar de mais um sermão.

-É, eu também já tenho que ir... – ele disse, já se afastando da garota, com as mãos nos bolsos.

-Não vai, não, senhor! – Keiko ordenou, fazendo-o parar – Você não tinha me dito que ia parar de lutar ano passado?

-Lá vem você de novo pegar no meu pé... – Yusuke sorriu e abraçou a menina.

-Acontece que se eu não pegar no seu pé você não passa de ano... – ela disse, tentando manter uma expressão séria – Parece que você só quer saber de brigar...!

-Ué... E tem coisa melhor que isso? – Yusuke disse, sorrindo bastante para provocá-la.

Keiko revirou os olhos, afastou os braços do garoto de si e começou a caminhar para a sala de aula, pisando duro e de braços cruzados.

-Espera aí, Keiko! Eu estava brincando! – o garoto gritou, correndo atrás da namorada.


Na sala da diretora Genkai, Hiei e Mukuro escutavam impacientemente o discurso da velhinha, que parecia muito zangada. O garoto não conseguia evitar fitar o teto a cada cinco ou seis palavras da mulher, enquanto Mukuro simplesmente fitava um canto qualquer com os braços cruzados.

-Hei, vocês dois! – Genkai gritou, batendo uma das mãos sobre a mesa à sua frente com muita força – Não estão ouvindo o que eu estou falando?

Diante da ausência de qualquer resposta, a diretora pareceu ficar ainda mais irritada.

-Estão pensando que isso aqui é a casa da mãe Joana? Comportamentos idiotas como os de vocês dois têm um preço! – disse a velhinha, voltando-se agora somente para Mukuro – Será que ser capitã do time de Luta não é suficiente para você, menina?

-Desculpe. – foi o que Mukuro se limitou a comentar, num tom um tanto irônico.

-Desculpe... – a diretora repetiu, deixando bem claro que não engolia a resposta da menina, e logo depois se dirigindo a Hiei – E você? Confusão no primeiro dia de aula? Não sei de onde você veio, mas esta escola não tolera esse tipo de coisa!

-Hum... – resmungou o menino, como se não ouvisse nada, olhando mais uma vez para o teto.

-Está me ignorando?

-Não. – Hiei respondeu com cinismo.

-Você acha que eu sou besta, menino? – a diretora pareceu ficar mais pê da vida ainda.

-Se a carapuça serviu...

A diretora lançou um olhar furioso a Hiei, que continuava sério, e um mais raivoso a Mukuro, que sorria de leve. Ainda pensou em continuar com aquilo, mas raciocinou melhor e viu que já encontrara um jeito de encerrar aquela discussão.

-Muito bem... – ela começou, suspirando em busca de mais calma – Vejo que conversar com vocês não vai adiantar, então acho que vou ter que dar uma detenção para os dois.


O sinal para o recomeço das aulas após o intervalo já havia tocado, e todos os alunos já procuravam tomar os seus lugares na sala 9. Depois de trazer Yukina de volta, Kuwabara e Keiko tentavam convencer a amiga de que nada de ruim aconteceria com o seu irmão. Foi então que um professor alto e magro – e com um jeitão um pouco excêntrico – chegou de repente.

-Melhor a gente conversar outra hora, Yukina. – Keiko alertou a amiga, olhando para o homem com uma expressão de desagrado – Esse cara é um saco!

-Quer dizer que ele... – Yukina começou, mas foi interrompida pelo professor.

-Conversando no primeiro dia de aula, mocinha? – ele perguntou com um sorriso estranho.

-Eu...

-Você se acha muito espertinha, não é? – o homem interrompeu a menina mais uma vez.

-Eu...

-Me diga o seu nome. – ele ordenou.

-Yukina... – a garota, muito nervosa, disse em tom choroso.

-Yukina, saiba que eu dou aula para esta turma desde o ano passado e conheço cada um aqui. – o professor se aproximou da garota – E não estou com uma boa primeira impressão ao seu respeito!

-Desculpe... – disse Yukina, com os olhos cheios de lágrimas.

-Vamos começar a aula de geografia, turma! – ele disse, tirando um comportamento entusiástico deus sabe-se de onde, e virando-se de costas para caminhar até o quadro.

Na penúltima fileira de carteiras, Botan virou-se para trás um pouco, a fim de cochichar alguma coisa para Yusuke e Kurama.

-Puxa, coitada da Yukina... – ela disse com um cara de "eu sei como é isso".

-Tem razão, mas é melhor ficar calada se não quiser que ele chame a sua atenção também. – Kurama disse calmamente.

-É mesmo! – disse Botan sorrindo.

Um momento depois, porém, a garota já parecia ter esquecido do que o namorado havia lhe avisado.

-O que está fazendo aí, Yusuke?

O garoto parecia bastante concentrado em amassar inúmeras folhas de papel e cobri-las com seu corretor líquido.

-Estou fazendo um presentinho para o nosso ilustre professor... – ele respondeu, com um sorriso malicioso no rosto.

-Yusuke... – Kurama tentou ficar sério, mas não pôde conter um sorriso que se formava no canto dos lábios.

-Ele merece... "Sensui é uma bixona"... – Yusuke leu o que escrevia na bola de papel.

O professor Sensui estava muito concentrado em desenhar inselbergs e falésias no quadro, quando foi atingido pelo que parecia ser um tiro de festim, bem atrás da cabeça.

-Ui! – o homem gritou, se remexendo de uma forma muito engraçada e se abaixando para pegar a bolinha de papel.

O professor pareceu ficar furioso ao ler a mensagem escrita nela – e sua raiva ainda piorou quando ele percebeu que Yukina tentava abafar um sorriso naquele momento. Isso porque a garota não sabia que Sensui era conhecido pelos alunos como o professor que tinha um defeito marcante: um complexo de inferioridade incrível.

Ele simplesmente assumia que tudo o que seus alunos diziam ou faziam em sala de aula tinha alguma coisa a ver com ele – alguma coisa nada boa, por sinal.

-Yukina é o seu nome, não é? – Sensui perguntou.

-Si-sim, senhor... – ela respondeu, receosa pelo que viria a seguir.

-Você acha que eu tenho cara de bichona, garota? – o professor perguntou, irritando-se por perceber que provocara risos em toda a sala.

-Não, senhor, nem um pouco! – Yukina respondeu mais uma vez, ao que toda a classe reagiu com mais gargalhadas ainda.

-Então... Você se acha engraçada? Pois saiba que isso vai lhe custar uma transferência de volta para qualquer que seja a espelunca de onde você veio!

-Não! – Kuwabara nunca conseguiria explicar como, mas já estava de pé e protestando antes mesmo que Yukina conseguisse se dar conta do que lhe era dito.

-O quê? – Sensui assumiu uma expressão desconcertada.

-Você não pode fazer isso...

-Está querendo me contrariar também, Kuwabara?

-Kazuma... – a garota de olhos vermelhos olhou para o amigo como se perguntasse o que diabos ele estava fazendo, mas Kuwabara apenas continuou a falar.

-Você não pode fazer isso com ela porque fui eu quem jogou a bola de papel!

-Você? – Sensui perguntou, incrédulo.

-Sim, professor.

-Mas você é um ótimo aluno, Kuwabara.

-Parece que eu não sou tão bom quanto o senhor imaginava.

-Está acontecendo alguma coisa na sua casa, meu jovem? – o professor perguntou, surpreendendo o garoto.

-Na minha casa? – ele perguntou, sem entende.

-Se uma pessoa como você... – ele apontou para Kuwabara - ...está fazendo coisas como esta... – ele mostrou a bolinha que tinha em mãos - ...deve estar com algum problema.

-Eu não...

-Sugiro que você vã ver a psicóloga do colégio. – Sensui disse, parecendo estar falando sério.

-O quê?

-Não há motivo para ter vergonha, Kuwabara, psicólogos não são para loucos... – ele explicou.

-Mas é só isso?

-Como assim?

-Não vai me matar?

-É claro que não! – o professor sorriu, ao que Kuwabara pareceu bastante aliviado.

-Ufa...

-Pode ir agora, se quiser. – Sensui sugeriu.

-Ôpa, ôpa, ôpa! – Yusuke se levantou antes que o "amigo" se retirasse da sala de aula – Quem foi que disse êpa?

Sensui revirou os olhos, sem disfarçar a antipatia que sentia pelo aluno que interrompeu a aula.

-O que você quer, Urameshi?

-Fui eu quem jogou a bolinha de papel, fessora... Ops! Fessor!

-O quê? – o homem já estava ficando cheio daquele assunto.

-Yusuke, você pirou na batatinha? – Botan perguntou baixinho.

-Não faz isso cara, você vai se dar mal. – Kurama alertou o amigo.

-Que nada, Kurama, se o castigo é cabular aula na sala da gostosa da psicóloga, até eu quero! Vou chegar lá e dizer pra ela que acho que sou uma banana...

-Deve ser por isso que a Keiko detesta a Dra. Luka... – Botan comentou com o namorado, como se Yusuke não estivesse ali.

-É isso mesmo, chefia, fui eu, o primeiro e único Yusuke Urameshi, quem jogou a bola de papel! – o aluno voltou a afirmar, ignorando os avisos dos amigos.

-Que baboseira é essa, menino?

-Fui eu sim, ué!

-Quantos mais Spartacus têm nessa sala de aula?

-Não me chama dessas coisas estranhas, não! Olha que eu fico bravo...

-Yusuke, Spartacus foi... Ah, esqueça! Uma cabeça limitada como a sua não entenderia e isso não é aula de história ocidental!

-É sério, coroa, fui eu! "Bichona" ta escrito com "x"!

O professor deu mais uma olhada na bolinha que lhe acertara momentos antes e viu que o aluno – leia-se: delinqüente juvenil – tinha razão.

-Bom... Nesse caso... – um sorriso já se formava no rosto de Yusuke – Detenção!


Olá, pessoal! Eu sou a Mary Ogawara e estou postando este segundo capítulo!

Desculpem mesmo a demora – nossa, faz um mês que postamos o primeiro capítulo! -, vamos tentar ser bem mais rápidas das próximas vezes, ok?

Adoro YuYu Hakusho, mas, como A Kk-chan falou, esta também é a minha primeira fic, por isso fico muito feliz de ver que tantas pessoas gostaram através das reviews! Muito obrigada, então, à: menininha das trevas, Priscilla Gilmore, Anna e Sasami – todos os casais vão aparecer também, não se preocupem, Ti Souma, Yukina Mukuro, drik, Satuki Hikari.

Beijos e até o próximo capítulo!

Mary-san Ogawara