Capítulo 2 – O começo de uma longa jornada

O percurso até a sala do diretor foi silencioso. Dumbledore não precisava indicar o caminho, pois o homem já o conhecia. Ele estudara lá. Não havia muito tempo que tinha se formado. Os dois andavam quase que lado a lado, o homem de preto estava um pouco mais atrás, pois tinha que tomar cuidado com o que carregava em seus braços. Minutos depois chegaram à entrada do local desejado.

Quando Dumbledore estava prestes a entrar em sua sala foi interrompido pelo homem que o acompanhava.

- Algum problema? Sr... – perguntou o Diretor, embora já soubesse a resposta.

- Snape. Severo Snape.

- Hum… Sonserina, excelentes notas em Defesa Contra as Artes das Trevas e Poções, se formou há quase dois anos. Estou certo, Severo?

- Sim, o senhor está. – concordou Snape.

- Mas qual o problema? Pensei que iríamos conversar. Não foi para isso que você veio até aqui? - indagou Dumbledore.

- Não só quero, como preciso falar com o senhor. Mas tem que ser apenas com o senhor. Poderia pedir para as pessoas nos retratos nos darem licença? – disse Snape olhando para o que trazia junto a si.

- Está certo. Aguarde um instante, por favor. – disse Dumbledore que também olhava para o que Snape carregava consigo.

Snape assentiu.

Instantes depois Dumbledore o chamou. Snape entrou na sala devagar, observando cada detalhe a sua volta. Enquanto isso, o diretor contornou sua escrivaninha. Mas, antes de sentar-se virou para o lado, e com um feitiço que Snape não conhecia, conjurou um móvel de madeira. Então, voltou a encarar Snape e disse:

- O que carrega ficará mais bem acomodado ali – disse ele apontado para o objeto que acabara de conjurar.

Snape o encarou, hesitou um pouco e concordou com a cabeça. E, com todo o cuidado, colocou o que carregava no lugar indicado por Dumbledore.

- Sente-se Severo – disse, indicando uma confortável poltrona em frente a sua mesa.

Snape respirou fundo e sentou-se na poltrona. Ao olhar para o Diretor assustou-se um pouco. Dumbledore estava com os dedos entrelaçados, o queixo apoiado sobre as mãos, o encarando por cima dos seus óculos em forma de meia lua. A sua expressão era quase que de indiferença, não fosse o ar misterioso que rondava toda aquela situação. Severo ia dizer algo, mas foi interrompido.

- Severo, eu sei o que você esteve fazendo. O que não sei é o por quê. - Falou Dumbledore.

- O senhor vai... - e mais uma vez foi interrompido pelo Diretor.

- Se eu quisesse denunciá-lo ao Ministério da Magia, eu já o teria feito. O que eu quero saber é o por quê? E o que significa isso? - disse apontando para o que estava no móvel de madeira. - Severo, para poder ajudá-lo preciso que confie em mim. Que me conte, com toda a sinceridade, o que aconteceu e pelo visto ainda está acontecendo. - disse Dumbledore tentando transmitir calma e confiança.

Mais uma vez Snape respirou fundo. Depois olhou para o que deixara no móvel e em seguida fixou seus olhos no chão. Só então começou a falar. A conversa se arrastou pela madrugada. E nas primeiras horas da manhã o diretor chamou à sua sala os membros da Ordem da Fênix presentes em Hogwarts.

Enquanto isso ajudou Severo a esconder o móvel e seu conteúdo em seu quarto. Ao final da conversa haviam firmado um pacto: o que havia sido dito, bem como o que Snape trouxera consigo seria um segredo dos dois. Nem mesmos os outros membros da Ordem saberiam. Seria mais seguro assim.

McGonagall, Pomfrey, Flitwick, Sprout e Hagrid chegaram à sala de Dumbledore poucos minutos depois. Minerva McGonagall bateu na porta e perguntou:

- Alvo, podemos entrar?

- Claro que sim, respondeu o Diretor.

Ao entrarem na sala todos se assustaram com o que viram. Então, Minerva indagou:

- O que ele faz aqui?

- Este é Severo Snape. Tenho certeza que alguns já o conhecem porque foi aluno de Hogwarts. Ele é o mais novo membro da Ordem. Será nosso espião junto ao Lord das Trevas.

- Mas, Alvo... - retrucou McGonagall.

- Minerva...Todos vocês. Severo conta com a minha confiança e, em breve, tenho certeza, contará com a de vocês também. A reunião está encerrada. - afirmou Dumbledore para que não houvesse mais confrontações.

Apesar de contrariados eles se retiraram, deixando novamente Severo e Alvo a sós.

- Bom, precisamos cuidar do nosso segredo - disse Dumbledore.

- Certamente - afirmou Snape.

- Vamos até meu quarto, lá decidiremos como você vai trabalhar e cuidar desse segredo. - propôs Dumbledore.

- Alvo...Não sei se vou conseguir fazer isso... Eu...

- Minha criança, o mais difícil você já fez. Agora, temos que nos adequar a situação e seguir em frente. Haverá um dia em que toda essa maldade que nos cerca terá se extinguido por completo. Neste dia, todo o medo e angústia que apertam o seu coração desaparecerão e você voltará a ter paz.