Capítulo 9 – O Lord das Trevas.

Snape foi até o Beco Diagonal. Ultimamente ele sempre tinha que se encontrar com outro comensal para ir ao encontro de Voldemort. Ele já estava ali há alguns minutos, a sua irritação era visível...Então uma voz baixa e doce o chamou:

- Severo meu amigo...Quanto tempo? – Karol Baker disse com um largo sorriso no rosto.

- Realmente, já faz tempo que eu estou aqui. – Snape devolveu o comentário sarcasticamente.

- Rabugento como sempre...Ou melhor, quase sempre. Quando você quer sabe ser bem agradável. – comentou Karol com um sorriso malicioso enquanto o fitava.

- Pare de rodeios e vamos encontrá-lo logo – disse Snape secamente.

- Tudo bem, mas antes de vê-lo ele pediu que levasse uma poção da verdade bem forte para ele. Já tem alguma pronta? – indagou Karol.

- Certamente que sim!...Mas não costumo andar com estoque de poções nos bolsos.

- Sendo assim, vamos aproveitar o Beco Diagonal e comprar os ingredientes. – Karol afirmou.

- Então vamos logo com isso.- Snape bradou já completamente sem paciência.

Os dois entraram no Beco Diagonal e começaram a comprar os ingredientes para o Veritasserum. Enquanto iam de loja em loja procurando os ingredientes, Karol continuava a mandar indiretas para Snape e este só lhe dava foras...Isso quando a respondia. Cerca de duas horas se passaram até que tudo tivesse sido comprado. Então aparataram para a casa dos Riddle.

A antiga casa era enorme, mas os longos anos de abandono transformaram o que era uma suntuosa mansão em uma casa caindo aos pedaços. Quem passasse por ali jamais imaginaria que ali vivesse algo além de ratos, baratas e outros insetos.

Severo e Karol desaparataram nos jardins. Assim que entraram encontraram Rabicho e este disse:

- Snape, o Mestre quer que você prepare a poção antes de subir e Karol tem uma tarefa para você na outra sala.

Logo que terminou de falar Rabicho se dirigiu ao segundo andar. Em seguida, Karol virou para Severo e disse:

- Boa Sorte!...Acho que você vai precisar.

- Por quê? – Snape indagou como se não tivesse ficado preocupado com o que acabara de ouvir.

- Não ouvi nada, nem insinuaram qualquer coisa a seu respeito...Mas sinto uma nuvem negra ao seu redor e não costumo me enganar com as minhas intuições. Por isso, mais uma vez, Boa Sorte! – Karol concluiu sem deixar Severo falar mais nada e foi para a outra sala.

Snape olhou ao seu redor, respirou fundo e então começou a preparar o Veritasserum. Mas por que será que ele quer esse poção? Será que está com algum refém? E se for algum membro da Ordem? Pensando nisso, Snape alterou a poção de modo que não fizesse muito efeito. A poção levou cerca de uma hora e meia para ficar pronta. Assim que terminou Rabicho veio ao seu encontro, entregou-lhe um pequeno frasco de vidro e disse:

- Encha o frasco e suba comigo para falar com o Mestre.

Severo colocou a poção no frasco e subiu vagarosamente as escadas atrás de Rabicho. Seu coração batia descompassado. Suava frio. Estava absorto em mil pensamentos, foi então que Rabicho sinalizou para que parassem e dando leves batidas na porta perguntou:

- Milorde, nós podemos entrar?

- Entrem! – Voldemort rosnou de dentro do quarto.

Ao entrar Snape viu um amplo quarto com uma bela lareira. A frente havia uma confortável poltrona, que tinha aos pés um tapete onde descansava Nagine; uma cobra gigantesca, muito parecida com um basilisco. Nagine levantou-se e foi até Snape, começou a rodeá-lo, estava pronta para dar o bote...Quando a poltrona se vira e a pessoa que esta sentada nela a repreende:

- Calma Nagine! Snape é um dos nossos! Não é? – falou Voldemort encarando Severo.

Ao olhar na direção em que vinha a voz, deparou-se com uma figura aterrorizante...Snape jamais vira Voldemort encará-lo de uma forma tão ameaçadora.

- Ora, Ora, Severo! – iniciou Voldemort – Como é formidável ver um traidor...

- Traidor?...Lorde das Trevas, eu nunca lhe traí...

- Não minta para mim! – vociferou Voldemort – Eu sinto o cheiro de traição em você!

- Por que diz isso Milorde?

- Há, há, há, há...Não se faça de desentendido! Se você realmente fosse fiel já teria trazido Potter a mim!

- Mas como? Dumbledore e sua corja o protegem!

- Sei que você tem a confiança dele! – bradou Voldemort.

- Ele o mantém sempre sob seus olhos. Potter nunca está desprotegido. – argumentou Snape.

- Diga-me então...O que andou fazendo todos esses anos, hein, Severo?

- Dando aulas, nada além disso! Estava esperando o vosso chamado. – disse Snape com os olhos voltados para o chão.

- Milorde...Talvez ele esteja falando a verdade...- disse Rabicho com a voz trêmula.

- Quem pediu a opinião de um ser tão desprezível como você? – Voldemort rosnou – Agora se torne útil e faça com que ele beba a poção.

- Então era isso...O Veritasserum era para mim! – Snape exclamou – Beberei como prova da minha inocência...

Snape abriu o frasco e engoliu todo o conteúdo de uma vez só, e sentiu-se aliviado por tê-lo diluído. Ao mesmo tempo em que o amargo da poção se tornava presente em sua boca, também seu corpo começou a fraquejar. Não demorou muito e caiu desacordado no chão. Algum tempo se passou, minutos que mais pareciam horas, e Snape acordou. E então se deu conta da situação que o cercava...Estava preso a parede ao lado da lareira, a sua frente estava Voldemort sentado em sua poltrona e atrás do Lord das Trevas estavam Avery, Nott, Macnair, Rodolfo e Belatriz Lestrange. Então Snape indagou:

- Por que estou preso?

- Macnair...Interrogue-o e em respostas evasivas castigue-o. – Voldemort ordenou.

- O que Dumbledore e seu bando estão tramando contra nós?

- Eu não sei! – Snape respondeu secamente.

- Mentira! Nosso informante em Hogwarts disse-nos que quando não está ministrando aulas fica em reuniões com Dumbledore e os outros professores. – disse Macnair.

- Certamente! É exatamente isso que qualquer professor faz. Reunir-me com o diretor da escola e com os outros professores é uma das minhas obrigações como Mestre de Poções. Estas reuniões são para discutir o que está sendo dado em classe e a evolução dos alunos...Não tente me fazer passar por traidor Macnair! Eu sou tão fiel ao Lorde das Trevas quanto você! – Snape disse já alterado.

- Crucio! – Macnair pronunciou e Snape se contorceu de dor – Infame! Você é membro da Ordem!

- Que Ordem! – indagou Snape num fio de voz por causa da dor.

- Que Ordem? A Ordem da Fênix! – bradou Macnair.

- Eu não sei de nada! Não sei sobre Ordem nenhuma! – rugiu Snape.

- Crucio! – disse Avery – Vamos ver por quanto tempo ele continuará a mentir para nós.

A tortura atravessou a madrugada. Os Comensais não paravam de questionar e lançar maldições contra Snape. A única que não estava participando ativamente da tortura era Belatriz Lestrange, que com os primeiros raios da manhã disse:

- Milorde...Snape está sendo torturado há horas e ainda por cima está sob o efeito da poção da verdade...Ele não deve estar mentindo.

- Como ousa defender esse traidor! – indagou Macnair enquanto Nott e Rodolfo estavam estupefatos com o comentário de Belatriz.

- Milorde, morto ele não nos servirá de nada...Mas também, se chegar muito ferido Dumbledore desconfiará que há algo errado.- Disse Belatriz concluindo seu raciocínio.

- Bela! Você está...

- Quieto Rodolfo! – disse Voldemort – Sua esposa tem razão, morto ou muito ferido ele perderá a sua utilidade. Levem-no lá para baixo, assim que estiver em condições poderá ir embora. Avery consiga o que lhe pedi. Macnair, Nott quero que voltem as suas atividades anteriores. Agora sumam todos daqui!

Nott e Macnair aparataram imediatamente. Rodolfo Lestrange permaneceu um tempo observando a situação e então, fixou seus olhos em Snape. Em seguida, Belatriz pegou sua varinha e apontou para Severo dizendo:

- Wingardium Leviosa!

O corpo de Snape saiu levemente do chão, Belatriz o conduziu escada abaixo e o colocou em um sofá velho na sala de estar. Permaneceu imóvel ante ele por alguns segundos quando uma voz a trouxe de volta a si:

- Relembrando o passado Bela? – Karol indagou maliciosamente.

- Passado! Estou apenas observando os danos causados para ministrar a poção correta. – Belatriz respondeu secamente.

- Ah, claro! É bem difícil perceber que uma simples poção revigorante resolve...- Alfinetou Karol.

- Mas o que é que você está insinuando? – Belatriz questionou já com a varinha em punho.

- Calma Bela! É que te achei meio distante...Na verdade está me parecendo um tanto perdida...Mas como você costuma dizer são apenas loucuras da minha cabeça. Pode deixar que eu dou a poção a ele...A não ser que faça questão de dar você mesma.

- Que insinuação mais sem cabimento Karol! – Belatriz exclamou – Faça com que ele beba a poção e o deixe em condições de voltar a espionar Dumbledore para nós.

- Pode deixar que darei a ele um tratamento VIP!...Não vai se importar não é? – Mais uma vez Karol a alfinetou.

Belatriz a fuzilou com os olhos e saiu batendo a porta atrás de si. Karol então deu uma boa dose de poção revigorante para Severo e o deixou descansar um pouco. Cerca de uma hora depois ele já estava de pé, agradeceu a advertência que Karol havia lhe dado e aparatou para Hogwarts.