DarkAngelAngst – Valeu a review! Pois é, muita gente me perguntava quando vinha a continuação, e eu estou escrevendo há meses, mas teve outras fics pelo meio do caminho. De qualquer forma, eu espero atualizar sempre, dessa vez pelo menos dois caps por dia. Wow! Severus cego? Não, isso não me passou pela cabeça. Em compensação... Bom, espero que você goste!

Ni – Você tem razão, realmente o pobre Neville não podia imaginar o que estaria provocando. E a coisa só piora. Ah, o Dumbledore faz o que Dumbledore faz de melhor: guardar segredos! Ihiihiihih Beijo!

Capítulo 3 – Retenção total de massa

Pela primeira vez em muitos anos, Severus abriu os olhos e sentiu-se desorientado. Por breves segundos, ele sentiu um início de pânico ao não saber onde estava. Mas logo ele reconheceu a ala hospitalar e o pânico diminuiu.

Mas só diminuiu para retornar com força quadruplicada assim que ele se recordou do que acontecera.

– Ah, Severus – Madame Pomfrey o saudou. – De volta entre nós, finalmente. Eu estava começando a ficar preocupada.

– Por quê? – perguntou, temendo a resposta.

– Ora, porque você esteve desacordado por mais de 24 horas, só por isso. Felizmente os exames não revelaram nenhum grande dano. Agora eu só vou testar seus reflexos e...

Foi justamente num reflexo que ele se pôs de pé, num salto, afastando-se dela o máximo que podia:

– Fique longe de mim, mulher!

A enfermeira horrorizou-se ao ver que ele começara a se vestir:

– Severus, não pode ir embora agora! Eu ainda não sei a total extensão dos efeitos daquela poção.

– Acredito que eu ainda seja o Mestre de Poções desta escola. Cabe a mim determinar os efeitos da poção. – A voz era tão gelada que a temperatura na enfermaria podia ter caído uns cinco graus. – Agora, se me der licença...

E saiu, ignorando os protestos de Madame Pomfrey, controlando-se ao máximo para evitar sair correndo em direção às masmorras, a cabeça num caleidoscópio de emoções e sensações. Ele estava em pânico total, e era uma sensação inédita para alguém que há mais de 15 anos era um espião.

Contudo, se tivesse a capacidade de avaliar corretamente a situação, veria que não era uma reação desmedida. Seus piores temores tinham se tornado realidade. Durante 20 anos, ele evitara cuidadosamente esse desastre. Tomara todas as precauções, fugira sistematicamente das condições que poderiam levá-lo a isso – e ainda assim o impensável acontecera, e Severus não sabia o que fazer.

Seu primeiro impulso foi fugir. Desaparecer completamente, exilar-se no mundo Muggle. Não, na sua nova condição isso seria impossível. Talvez houvesse um outro meio. Talvez ele pudesse recorrer a alguém.

Primeiro ele precisava se certificar de sua situação. Uma poção poderia fazer isso. E àquela altura, uma poção teria dupla utilidade. Nada como o lento cozimento de uma poção para acalmar-lhe os nervos. Com esse propósito, Severus separou cuidadosamente os ingredientes e acendeu o caldeirão.

Aos poucos, sentiu-se retomando o controle de seus nervos e aí pôde começar a fazer planos meticulosos, sabendo o que estava em jogo. Ele não precisaria tomar nenhuma atitude imediatamente, se fosse cuidadoso. Poderia usar esse tempo para planejar seus próximos passos, talvez vislumbrar alternativas.

Com cuidado, Severus adicionou o heléboro e esperou a reação, chegando a uma amarga conclusão: ele precisaria cortar toda a relação com Harry. Sigilo era de importância primordial dali por diante, e não havia como evitar a separação. Ele teria que terminar tudo com o rapaz, e apenas o pânico em que se encontrava era capaz de fazê-lo suportar a dor daquela idéia.

Severus sempre soubera que aquele momento chegaria, mas jamais podia prever que as circunstâncias seriam tão dramáticas. Ele pensou em romper a relação de forma hostil e cruel, para propositadamente fazer Harry odiá-lo, imaginando que assim seria mais fácil lidar com a distância. Mas logo se deu conta de que ele amava tanto o rapaz que não conseguiria feri-lo de maneira proposital. Portanto, começou a elencar as melhores desculpas que pôde encontrar para convencer o teimoso Gryffindor de que eles não podiam mais se ver.

A poção começou a borbulhar, revelando a consistência perfeita para acrescentar o ingrediente final. Usando sua varinha, Severus produziu um pequeno corte no dedo e espremeu-o, fazendo duas gotas de sangue caírem no caldeirão. Ele deu uma única mexida e imediatamente o líquido tornou-se azul, profundo e brilhante.

Era verdade.

Com um gosto amargo na alma, ele se deu conta de que não poderia recorrer a ninguém. Ele tinha dois senhores, mas nenhum deles seria de grande ajuda nessa hora. Lord Voldemort já tinha provado que usaria a situação e a seu próprio favor, e poderia fazer justamente o que Severus mais temia. Albus Dumbledore, por sua vez, tentaria fazer a coisa certa, e os resultados seriam desastrosos.

Não, isso ele não permitiria. Na sua hora mais desesperada, Severus descobriu-se só e isolado. Sem ter a quem recorrer.

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– Lucius, meu servo.

– Milord. Quais são suas ordens?

– Preciso que você lembre ao nosso Mestre de Poções de que lado estão suas lealdades.

– Mas, milord, após o fiasco na choça dos Weasley, pensei que não houvesse dúvidas sobre a lealdade de Snape.

– E não há. Mas sempre é útil lembrá-lo precisamente de quem é o seu senhor. A quem ele serve.

– Será meu prazer, milord.

– Ah, sobre isso, Lucius. Tire prazer disso, meu caro.

O sorriso de Lucius Malfoy aumentou.