DarkAngelAngst – Ah, eles são fofinhos juntos, né? Mas agora a lua-de-mel terminou... Eles voltam a Hogwarts. O que acontecerá?
Capítulo 13 – Cinco por cento de nada
O resto da lua-de-mel teve uma atmosfera muito doméstica, intercalada a quentes sessões de sexo ardente. Contudo, por menos que ambos quisessem, o final de semana chegou ao fim, e eles tiveram que voltar para Hogwarts.
Mal puseram o pé na escola, Dobby apareceu diante deles:
– Bem-vindos, Mr. Harry Potter, senhor, e Prof. Severus Snape, senhor! Dobby espera que tenham lua-de-mel boa!
– Foi excelente, Dobby – Harry sorriu. – Obrigada pela ajuda por fazer isso acontecer.
– Mr. Harry Potter é um grande bruxo e muito bondoso! Dobby traz recado urgente do diretor de Hogwarts. Prof. Dumbledore quer vê-los imediatamente. Agora mesmo! – Harry ia protestar. – Dobby leva malas e arruma as masmorras! Agora podem ir.
Os dois se apressaram a subir até o escritório do diretor. Dumbledore os esperava, conforme Dobby anunciara.
– Harry, Severus, que bom que chegaram. Passaram bem o fim-de-semana?
– Muito bem, senhor, obrigado.
– Excelente. Desculpem tê-los chamado assim que chegaram, mas há coisas urgentes a discutir, algumas que não podem esperar até amanhã.
– Aconteceu algo?
– Ainda não, mas vai acontecer. Contudo, primeiro, algumas amenidades. Falei com Madame Pomfrey, e ela me disse que o parto está previsto para começo de junho. Confere?
– Exato – confirmou Severus. – Será no final do ano letivo.
– Estou providenciando um substituto para Poções durante esse período e também nos primeiros meses do próximo ano. Eu tenho alguns nomes em mente, mas apreciaria se elaborasse uma lista, Severus. Sem pressa, claro, mas é interessante irmos pensando nisso desde já.
– Como queira, diretor.
– A propósito, um dos elfos domésticos de Hogwarts tem grande experiência em cuidar de crianças na primeira infância. Eu falei com ela, e ela se mostrou entusiasmada em ajudar vocês assim que o bebê chegar, ou mesmo antes para ajudar Severus nos últimos meses. Quero que a conheçam. Tibby!
Um elfo doméstico se materializou diante deles, o menor que Harry já vira: os olhos eram amendoados e pretos, e ela usava no corpinho pequeno algo que um dia tinha sido uma toalha de mesa quadriculada.
– Sim, Mestre Dumbledore?
– Tibby, essas são as pessoas de quem lhe falei: Harry Potter e o Prof. Severus Snape. O Prof. Snape está com criança.
A elfa arregalou os olhos pretos e gaguejou:
– M-Mestre Dumbledore n-não disse que Tibby ia cuidar do b-bebê de H-Harry P-Potter!... Tibby não m-merece honra tão grande! Tibby pequena e pouco importante!...
– Tibby – Harry a interrompeu antes que ela começasse a chorar –, você gosta de crianças?
– Tibby ama bebês, Mr. Potter, senhor! Tibby gosta muito de cuidar de lindos bebês.
– Poderia nos ajudar com o nosso? É o nosso primeiro filho, e vamos precisar de alguém experiente, assim feito você.
– Tibby ajuda! Tibby vai cuidar de bebê de Mr. H-Harry Potter! Prof. Snape vai ser linda mamãe!
Severus fuzilou a elfa com os olhos ao ser chamado de mamãe. Harry pegou o braço dele, e Dumbledore dispersou a situação, parecendo satisfeito:
– Que bom que tudo está resolvido, então. Você pode ir agora, Tibby. Obrigada por ter vindo.
Tibby desapareceu em pleno ar, e o diretor de Hogwarts adquiriu uma expressão mais sombria:
– Mas o verdadeiro motivo de eu tê-los chamado aqui não se trata de bebês, mas de algo mais urgente. Devo primeiro confessar que tenho escondido um fato de vocês. Perdoem-me por isso, mas eu só pensava no seu bem, Severus.
O Mestre de Poções não respondeu, e Harry engoliu a raiva, sabendo que esse tipo de atitude só reforçava o sentimento de Severus de se sentir traído e usado. Dumbledore procurou explicar a situação:
– Desde o ataque de Voldemort a Severus, no verão, eu fiquei preocupado com você, meu caro. Foi um ataque muito cruel, e se não fossem os cuidados de Harry, você poderia ter morrido. Comecei a temer sua posição no círculo de Voldemort. Por isso, procurei um modo de saber mais sobre isso – uma espécie de sistema de alerta precoce, para usar uma terminologia da inteligência Muggle.
– Um outro espião junto a Voldemort? – quis saber Harry.
– Não, eu não iria arriscar mais ninguém tão diretamente. Por isso, consegui contactar um aluno de Hogwarts, um Slytherin amigo de filhos de Death Eaters. Não vou dizer o nome. Mas esse estudante vem repassando informações sobre o círculo mais íntimo trazidas por seus colegas. Nos últimos dois dias somente, a ajuda desse aluno tem se provado inestimável.
– De que jeito?
– O casamento de vocês pegou a todos de surpresa. Esse aluno tem nos dito precisamente como o fato repercutiu em Slytherin – e entre os Death Eaters. E as informações dele foram muito interessantes.
– O que ele disse?
– Ele me disse que Voldemort convocou Severus no dia do casamento. Você não atendeu ao chamado.
– Harry não me deixou ir – disse Severus. – Eu teria ido, mas o vínculo de sangue não me deixou desobedecer a ele. Agora todos sabem que sou o traidor. Meu disfarce está descoberto.
– Isso não é inteiramente verdade – negou Dumbledore. – Segundo esse aluno, eles simplesmente não sabem. Não há provas de que você os tenha traído, e existe uma chance bem palpável de que sua posição não tenha sido comprometida.
– Como isso pode ser possível, Albus?
– Um emissário deve vir falar com você, segundo esse aluno. Se você lhe disser que está sendo forçado em tudo isso, que foi obrigado a se casar... talvez eles acreditem. Afinal, Sevinus fez tudo parecer um grande negócio.
– Mas e a gravidez?– perguntou Harry. – Como explicar a gravidez?
– Harry, não é impossível explicar a gravidez. Há poções que proporcionam a concepção sem necessitar de ato sexual.
– E eles acreditariam?
– Há uma suspeita de dúvida sobre o casamento, por ter sido apressado e inesperado. Se Severus convencê-los de que não foi consensual...
Severus concordou com a cabeça:
– Há uma chance, sim. É arriscado, mas pode dar certo.
– Resta saber – Dumbledore estava sério. – se você está disposto a se arriscar dessa maneira, Severus. Você agora tem uma família a considerar, e sabe melhor do que eu do que Voldemort é capaz se você for realmente denunciado como espião.
Severus olhou para Harry e viu os olhos de jade cheios de preocupação. Mas Harry nada disse. Severus se virou para Dumbledore:
– Eu... tenho que pensar no bebê, Albus.
– Esse fato não me escapou, Severus. Mas você não precisa voltar para ele se não quiser. Ninguém vai condená-lo por pensar em seu bebê ou em sua segurança.
– Mas se eu não voltar para ele, a Ordem ficará sem um espião. Perderemos a vantagem.
– Daremos um jeito – garantiu Dumbledore. – Na pior das hipóteses, podemos esperar até esse aluno receber a Marca Negra.
– Não! – Severus falou com veemência. – Não permita que ele seja marcado, Albus. Por favor, não deixe isso acontecer. Eu volto para o Lord das Trevas, mas não deixe essa criança ser marcada. Harry – ele se voltou –, você vai me proibir de ir?
– Não, meu amor. Não posso proibi-lo de fazer algo que você acha certo e justo. Mas você vai tomar cuidado, não vai? Vai cuidar de nosso filho?
– Claro que sim.
– Na verdade – intrometeu-se Dumbledore –, talvez Harry devesse proibi-lo de ir até Voldemort.
– Como assim, diretor?
– Se espalharmos que Harry proibiu Severus de deixar o castelo desacompanhado por causa do bebê, estará aí a desculpa perfeita para ele não ter que ir a Voldemort quando chamado e ainda não ser considerado um traidor. Severus pode alegar se manter fiel a ele, mas está impossibilitado de atender a seu chamado.
– Essa parece ser uma solução muito boa! – Harry entusiasmou-se. – Não estava gostando da perspectiva daquele monstrão chegar perto de você e do bebê.
– E você, Severus? O que diz?
– A qualidade da informação que eu obtiver dessa maneira não será a mesma – ponderou.
– Sim, mas isso é aceitável, Severus, já que você não estará se arriscando tanto, ou a seu bebê.
Severus consultou Harry com os olhos, e notou que, embora ele estivesse calado, os olhos verdes lhe diziam para aceitar a oferta. Suspirou:
– Está bem. Direi que Harry não permite que eu deixe o castelo.
– Excelente – Dumbledore sorriu. – Agora tratemos de assuntos mais agradáveis. Pedi aos elfos domésticos que abrissem uma das salas das masmorras para abrigar os presentes. Eles continuam chegando, e assim ficarão perto dos seus aposentos.
– Presentes?
– De casamento. Nenhum deles foi aberto, claro, mas todos foram testados à procura de maldições, azarações, pragas e armadilhas. Também chegaram grande quantidade de cartões. Vocês vão ter um bocado de trabalho até deixar a correspondência em dia.
– Isso é um trabalho para você – Severus disse imediatamente a Harry, azedo. – Você é quem tem correspondência de fã.
– Tá bom – Harry tinha um ar de falsa irritação. – Eu respondo aos cartões e faço os cartões de agradecimento, mas vou deixar você encarregado do chá de bebê.
– Indignidade.
– Peste.
– Pirralho.
– Seboso.
– Moleque.
Dumbledore sorriu. Tudo estava indo às mil maravilhas.
