Nicolle - Você pergunta se alguma coisa vai acontecer com o baby. Não posso garantir nada. Mas Harry não é a coisa mais amadinha, em dedicação e atenção? Sev bem que precisa disso... E vamos ver o que o Dark Lord acha desse negócio de ter perdido um servo.
Capítulo 15 – Sua não é nenhuma desgraça
– Não! – A carranca de Severus era ameaçadora. – Eu me recuso!
– Mas Severus – Harry buscava manter sua paciência –, você concordou com isso há três dias. Ele está esperando. Agora vamos.
– Pois que espere! Não vou me submeter a essa exposição humilhante diante de toda a escola!
– É só uma fotografia, querido. A primeira que aparece sua barriga tão proeminente. Vai ser tão linda!
– Eu estou horrível! – O vozeirão começava a tremer. – Minhas roupas não me servem mais! Estou desfigurado!
Harry suspirou. Madame Pomfrey tinha alertado para a ocorrência de picos hormonais e conseqüentes flutuações de humor, mas Severus estava indo além dos limites, e o jovem inspirou fundo, vendo os olhos negros se encherem d'água. Com um sorriso terno, ele abraçou o marido, que agora apresentava um discreto calombo no abdômen, e acariciou-lhe as faces:
– Você é lindo para mim de qualquer jeito, Sev.
– Por favor não me chame de Sev – um discreto biquinho nos lábios.
– Severus – ele corrigiu –, Colin está nos esperando no lago, o dia está claro, perfeito para foto, e tudo vai sair ótimo. Vamos?
Com palavras doces e carinho, Harry conseguiu arrastar um carrancudo e resistente Severus para uma sessão de fotos bruxas à beira do lago. À distância, vários alunos acompanhavam a cena.
Entre eles, no gramado perto do lago, estava um grupo de Slytherins do sétimo ano, nada contentes com o que viam.
– Olhem só para eles – O rosto de Draco Malfoy era puro desgosto e despeito. – O casalzinho preferido de Dumbledore!...
– Nojento – disse Pansy Parkinson, repuxando os lábios de maneira afetada.
– Nossa – olhou Blaise Zabini. – O Prof. Snape parece estar sendo obrigado a estar aqui. Olhem a cara dele.
– É, isso não me surpreenderia. Ele tem estado uma fera nos últimos tempos.
– Agora que a barriga está aparecendo, Potter o está exibindo como se fosse um troféu.
– Eu ouvi dizer – Pansy Parkinson abaixou a voz – que a gravidez veio de uma poção, e que o Prof. Snape foi forçado a tomar. Ele engravidou forçado por Potter!
– Potter tem que ter lançado um feitiço sobre ele. O Prof. Snape o odeia!
– Depois falam que nós, Slytherins, é que somos traiçoeiros e maus.
– A gente devia fazer alguma coisa – falou Zabini. – O Prof. Snape parece que vai ter um troço!
– Não se preocupe com isso, Blaise – sorriu Draco, com um ar de quem sabia de um grande segredo. – Vai chegar a hora da desforra em Potter. Isso está sendo providenciado. Tenha paciência.
Os outros olharam o sorriso superior de Draco, que não despregava os olhos da sessão de fotos ainda em progresso à beira do lago. Estava na cara que Draco sabia de alguma coisa que não estava dizendo.
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O volume no ventre de Severus começou a crescer notadamente, e logo uma providência precisava ser tomada com relação a roupas. Foi assim, que num sábado frio e ventoso, Harry e Severus deixaram Hogwarts a pé rumo a Hogsmeade. Talvez fosse o clima, talvez fossem os hormônios, talvez fosse a caminhada, mas o fato é que Severus estava particularmente rabugento naquela manhã.
– Deveríamos ter ido a Diagon Alley. Madame Malkin daria conta disso em três tempos.
– Madame Pomfrey não recomenda uso de Floo nem Aparição no seu estado. A loja Gladrags é muito boa, e lá eles vão ter algo adequado.
– Podíamos ter feito o pedido via coruja.
– Severus, é melhor você experimentar as roupas na hora. Seu corpo está mudando muito rápido.
– Não precisa dizer isso duas vezes – rosnou. – Agora ando com vontade de comer doces.
– Podemos passar na Honeydukes depois da Gladrags. Com sorte eles vão ter aquele caramelo de funcho que você gosta.
– E então podemos adicionar um molho de pimenta com alcachofra.
Harry fez o máximo para disfarçar sua reação. Os gostos culinários de Severus estavam ficando cada vez mais esquisitos a cada dia, e ele tinha que se esforçar para dar seu total apoio a seu marido.
Felizmente, a bruxa que os atendeu na Gladrags era do tipo simpático e paciente. Ela atendeu com cortesia a todas as exigências de Severus, que experimentou roupas de grávido com o mau humor triplicado: não havia muitas calças masculinas para gestantes e ele reclamou dos paletós pré-enfeitiçados para acomodar a barriga em expansão. Harry terminou sugerindo tirar as medidas para fazer algumas encomendas. Por fim, eles concordaram em levar duas calças prontas e duas camisas.
– Sev, querido, precisa se controlar.
– Não me chame de Sev!
– Está bem, mas tente ficar mais calmo. Isso não deve fazer bem ao bebê.
– Mas eu estou calmo – rosnado. – Hum, podemos passar naquele boticário?
– Claro, mas achei que antes você pudesse querer ir a Honeydukes e adocicar seu humor.
– Engraçadinho.
– É verdade, você vai se sentir muito...
Um barulho alto interrompeu Harry, vindo do final da rua. Eram gritos de pessoas e parecia óbvio que algum tipo de confusão se estabelecia rapidamente. Então o rapaz viu umas pessoas encapuzadas, vestidas de negro com máscaras brancas, avançando na direção deles. Harry congelou.
Death Eaters.
– Lá estão eles!
– Peguem os dois! Vivos!
Harry pegou a mão de Severus e pôs-se a correr:
– Vamos!
– Para onde? – O homem grávido tentou se movimentar rapidamente, mas não era fácil. – Eles estão bloqueando o caminho para Hogwarts!
– Vamos para a Honeydukes!
– O quê? Quer comprar doces agora?
– Depois eu explico!
Um raio vermelho passou sibilando perto da orelha de Harry e ele ordenou, olhando diretamente nos olhos pertos de Severus:
– Quero que você vá até a Honeydukes, e entre no depósito que fica no porão. Lá tem uma passagem secreta para Hogwarts. Quero que entre nessa passagem e me espere lá. Entendeu?
– Mas Harry, e você?
– Vou tentar atrasá-los! Agora vá!
– Tome cuidado.
Severus fez como lhe era ordenado, também por força do feitiço, porque ele não queria deixar Harry sozinho. Ele entrou no túnel escuro, estreito e úmido e lá ficou, ofegando, com a mão na barriga. Perdeu a noção de tempo ali, não porque tivesse se passado muito tempo, mas porque sua ligação com Harry estava particularmente afiada. Ele pôde sentir um pico de dor em Harry, e seu coração se apertou.
Sem saber direito se tinham se passado dez minutos ou dez horas, Severus sentiu o coração acelerar quando Harry entrou no túnel, com a ponta da varinha acesa:
– Sev?
– Aqui – Ele foi até o marido e o abraçou. Forte. Apertado. Só para ter certeza.
– Tudo bem?
– Estou bem. E você? – Ele viu as vestes de Harry chamuscadas. – Foi atingido!
– Só de raspão. Eles fugiram. Dumbledore acionou a Ordem.
– Como ele fez isso tão rápido?
– O tal espião avisou do ataque.
– Isso não foi um ataque – corrigiu Severus, sombrio. – Foi uma tentativa de resgate.
– Malfoy.
– Exato.
– Voldemort deve estar desesperado. Ele mandou Lucius Malfoy em pessoa.
– Ele não queria falhas. Procuravam por nós dois.
– Vamos voltar a Hogwarts, porque eu quero que Madame Pomfrey examine você o quanto antes. Vamos subir. Shacklebolt vai nos escoltar até a escola, se você puder andar.
– Harry, eu estou bem. Tem certeza que está bem?
– Sim, e acabo de tomar uma decisão.
– Qual?
– Compras, daqui para frente, só por coruja.
