Nicolle – Obrigada pelo palpite para o final da fic. Como disse, não garanto nada. Nem baby, nem olhos verdes. Mas se tiver um baby, acho difícil o cabelo não ser pretinho, né?
DarkAngelAngst – Puxa... No seu alerta (aquele email que te avisa do capítulo novo), devia haver um link para o capítulo e aí você pode ler tranqüilamente. Espero que o problema se resolva logo. E que legal que você gostou dos capítulos.
Esses são capítulos longos, gente. Mas são gostosinhos de ler, eu acho. Eu pretendia postá-los antes, mas hoje houve aqueles atentados em Londres. Minha irmã mora lá, com o marido e minha sobrinha, e até a gente ter certeza de que eles estavam bem, houve um certo tumulto na família. Espero que entendam. ;-)
Agora, chega de lero-lero! Chappies!
Capítulo 17 – Cordão da vida
– Severus?
Harry franziu o cenho ao notar que o quarto onde ele e Severus estavam abrigados, na ala de Defesa Contra as Artes das Trevas, estava vazio. Provavelmente Severus estava a caminho do quarto, depois da última aula. Harry pôs seus livros na cadeira e foi até as masmorras.
Não encontrou com Severus no caminho e entrou na sala de aula: ela também estava vazia. Talvez ele estivesse fazendo alguma poção no laboratório privado. Harry foi até lá e também encontrou o local sem Severus. Aproveitou para olhar também a sala de estoques, com resultado idêntico. Começou a ficar curioso, e entrou nos aposentos. Hagrid o cumprimentou, ainda trabalhando no quarto do bebê, e disse não ter visto Severus. O rapaz Gryffindor começou a ficar alarmado.
Harry foi, então, à sala dos professores, e perguntou à Profª Sinistra se ela o tinha visto, e a resposta foi negativa. O rapaz já tentava controlar a sensação de pânico, e subiu as escadas, esbarrando em Hermione, que voltava da biblioteca.
– Harry, o que foi?
– 'Mione, você viu Severus? Não consigo achá-lo.
– Calma, Harry, você está tremendo. Olhe, eu não vi, mas não precisa se preocupar. Ele tem que estar em algum lugar.
– Vou ver se ele está com Madame Pomfrey.
– Quer que eu vá com você?
– Não precisa, mas se o vir, diga que estou procurando por ele.
A visita a Madame Pomfrey foi igualmente infrutífera. Harry já não conseguia mais esconder o pânico que o acometia. Havia tantas possibilidades de que algo de ruim tivesse acontecido a Severus... Ele resolveu ir falar com o diretor imediatamente. Dumbledore se assustou com o estado do rapaz:
– Harry, meu rapaz, o que aconteceu?
– Não consigo achar Severus em lugar nenhum, diretor. Já procurei em todos os lugares imagináveis.
– Calma, Harry.
– Mas onde ele foi parar? Aquele espião falou alguma coisa? Eles ainda estão tentando seqüestrar Severus? Ou será que houve algo errado com o bebê?
– Harry, você precisa ficar calmo. Severus está seguro, e muito bem de saúde. Veja você mesmo. – Levou Harry à janela. – Lá está ele.
E estava mesmo. Lá embaixo, na beira do lago.
– Não sabia que era possível olhar o lago daqui.
Dumbledore apenas sorriu, encolhendo os ombros.
– Está começando a ventar. Leve um casaco.
O dia morria e o vento deixava o ar ainda mais frio quando Harry correu pelo gramado até Severus, que estava sentado no chão de frente para o lago, olhando as ondinhas formadas pelo vento batendo contra as pedras, uma mão sobre o ventre inchado. Harry notou que seu marido parecia absorto, concentrado, e não tinha percebido que ele se aproximava.
– Meu amor. – Harry abraçou-o subitamente e, por um instante, Severus sobressaltou-se. – Você sumiu. Pensei o pior.
– Desculpe. – A voz era baixa. – Não tive intenção de assustá-lo.
– E você está gelado. – Pegou o casaco. – Aqui. Vista isso.
Harry ajudou Severus a vestir o casaco, que era pesado, e deixou-o entronchadinho, aninhando-se a seu lado.
– Confortável?
– Sim, obrigado.
– Você não costuma vir para cá.
– Precisava pensar. – Ele não olhou para Harry.
– Posso ajudar?
– Não tenho certeza. Estou experimentando sensações novas.
– Falou com Madame Pomfrey? Talvez ela deva dar uma olhada em você.
– Não, não é com o bebê. É sobre o bebê.
– Gostaria de explicar?
– Harry, eu estou com um bebê crescendo dentro de mim. Até o momento, eu estive tão preocupado com meu pai, com o Lord das Trevas, com você e com o nosso casamento, que não me dei conta deste fato tão óbvio. Então Hagrid começou a construindo um quarto novo, e vai precisar de todos aqueles móveis, e uma pequena pessoa vai habitar aquele quarto, Harry. Uma pessoa que vai ficar na nossa vida para sempre. E ela está dentro de mim. Aqui – ele acariciou o ventre – e agora. Eu... me dei conta disso.
Harry colocou sua mão sobre a de Severus e suspirou:
– Às vezes eu também fico assim, abismado.
– Ele chutou hoje – explicou Severus, meio pálido. – Até então, a minha barriga parecia apenas crescer, mas agora eu senti que tem algo dentro dela. Algo vivo, entende?
Harry ficou embevecido:
– Ele chutou? O bebê chutou? Será que vai chutar de novo? E como foi? Doeu?
– Não, claro que não doeu. Foi uma sensação... agradável. E me deixou assombrado.
– Severus, é o nosso filho. – Harry não conseguia parar de ficar maravilhado. – Nosso.
– Vai precisar de nós dia e noite. Totalmente indefeso. Vai nos acordar de noite e nos infernizar a vida até que nós satisfaçamos todas as suas necessidades. Nossa vida não vai mais ser a mesma.
– Vai valer a pena, você vai ver.
– E tudo isso está acontecendo dentro de mim. Pomfrey também disse que há uma chance que eu possa... – ele se emocionou – amamentar.
– Verdade? – Harry não pôde evitar olhar o peito de seu marido. – Olhando assim, não parece. E você quer fazer isso?
– Eu acho que sim. A perspectiva me agrada.
– Acho simplesmente fantástico, Severus. Qualquer coisa que eu puder ajudar, por favor, me diga.
– Primeiro é preciso preparar o mamilo. Eu estou seguindo as instruções de Pomfrey.
– Sev, isso é tão maravilhoso: você vai poder alimentar nosso bebê usando só o seu corpo!... Eu... nossa, eu...
Harry não conseguiu completar a frase, os olhos verdes muito arregalados e brilhantes. Severus sorriu:
– Eu sei. Eu também me sinto assim.
– Mal posso esperar para conhecê-lo. Por que não podemos saber o sexo com antecedência?
– Porque não somos Muggles – respondeu Severus, erguendo a sobrancelha em reprovação. – Além do mais, é desnecessário. Será um menino.
– Como pode dizer isso assim, de maneira tão definitiva?
– Os Snape raramente produzem meninas, a exemplo dos Weasley.
– Ah, que pena. Eu ia gostar de ter uma menininha. Mas um menino também é ótimo.
– Se quiser mesmo ter uma menina, prepare-se para engravidar você mesmo. Sua herança Muggle – os Evans – parece ser forte em produzir meninas. Veja Lily e sua tia. Os Snape não têm filhas há mais de 13 gerações.
– Pois que venha um menino, então. – Harry estava enlevado. – Vamos ser uma família, Sev.
– Por favor, não me chame de Sev.
– Você vai ser um bom pai, eu tenho certeza. Já tem experiência com crianças. Vou precisar de ajuda para educar o menino.
– Como pode ter certeza de que serei um bom pai? Eu não tive exatamente um modelo dos melhores.
– Por isso mesmo. Você sabe o que não deve ser feito, e jamais deixará nosso filho passar pelo que você passou. Vai dar tudo certo.
– Você é mesmo um verdadeiro Gryffindor otimista.
– E você é um Slytherin perfeito, sempre esperando o pior.
– Assim não me decepciono.
– Vamos entrar? Está escuro, e o jantar já começou.
– Acho que você tem razão. – O estômago de Severus roncou alto.
– Está com fome?
– Eu estou sempre com fome. – Harry deu um risinho. – Mas há outros imperativos atuando além desse: essa bexiga eternamente cheia, a temperatura que começa a baixar, e a pilha de provas para corrigir.
– Eu o ajudo a se levantar. – Com carinho, Harry puxou seu marido para cima. – Querido, não acha que está na hora de arrumar um substituto?
– Semana que vem. Uma ex-aluna se dispôs a me substituir. Talvez você a conheça, uma Ravenclaw chamada Penélope Clearwater.
– Sei quem é. Ela namorou Percy Weasley.
– Oh, sim, a ovelha negra dos Weasley.
– Pensei que o Bill fosse a ovelha negra.
– Não para Molly, posso garantir. Percy é o filho pródigo, mas eles não sabem se ele vai voltar para o seio da família um dia.
– Ele me destratou no quinto ano – lembrou Harry, tristonho. – Não soube mais dele.
– Ao menos ele não entrou nas fileiras do Lord das Trevas. – Severus passou a mão novamente na barriga. – Alguém está ficando com fome, também.
– Ele chutou de novo? Chutou?
– Ele está ativo.
– Posso... posso ver?
– Harry, é seu filho. Claro que pode.
Harry colocou a mão na barriga de Severus e notou o movimento. Seus olhos se arregalaram de repente e ele olhou para Severus, cujos olhos pretos também brilhavam.
– Eu amo você, Sev. – Harry esticou-se para beijá-lo.
– Eu também – Severus suspirou, contente. – E não me chame de Sev.
Eles entraram no Grande Salão de braços dados, sem perceber os olhares de um grupo de Slytherins na sua direção. Todos os movimentos eram avidamente acompanhados por Draco Malfoy e seu bando, e se olhares pudessem matar, Harry Potter estaria gelado, esticado no chão.
o 0 o
O jantar estava no final quando eles entraram e receberam um convite de Hagrid para ver o andamento da reforma no quarto do bebê. O meio-gigante estava satisfeito, porque a obra estava quase no fim e ele iria começar a fazer os móveis em breve. Os três desceram juntos para as masmorras ao final da refeição.
Harry achou estranho ver um pequeno esquilo cinzento correndo pelas escadas das masmorras, àquela hora da noite. Se não se cuidasse, o bichinho seria presa fácil para algum predador noturno. Mas o animalzinho parecia correr rápido, então talvez ele sobrevivesse.
Eles deveriam ter suspeitado quando viram a porta para os aposentos aberta. Lá dentro, não viram nada de errado. Mas o quarto do bebê estava em ruínas. Havia marcas de queimaduras mágicas e sujeira espalhada por todo o quartinho. Tudo que podia ser quebrado estava reduzido a cacos. Mais dramático ainda, na parede havia uma inscrição em vermelho: "Sem filho bastardo".
Hagrid parecia devastado ao olhar em volta:
– Nossa... Quem poderia ter feito uma coisa dessas?
Severus estava pálido:
– Obviamente alguém que não está muito entusiasmado com a chegada do bebê.
– Isso foi recente – disse Hagrid. – Eu só saí daqui para o jantar.
– Sim, ainda há vestígios de magia no ar.
Nesse momento, o Prof. Dumbledore chegou à cena, apressado, parecendo surpreso de vê-los ali, provocando as mesmas reações em Severus, Harry e Hagrid. Dumbledore vinha com Tibby, a elfa doméstica.
– Pelo visto, chegamos tarde demais.
– O senhor sabia sobre isso? – Harry estava espantado.
– Acabei de ser avisado pelo nosso agente – Todos olharam Tibby, desconfiados, e a elfa arregalou os olhos. Dumbledore tranqüilizou todos. – Não, garanto que Tibby nada sabia sobre esse incidente de vandalismo. O responsável foi Draco Malfoy.
Severus fechou os olhos, e Harry cerrou os punhos, tentando controlar a raiva.
– Não é exatamente uma surpresa – disse o Mestre de Poções. – Mas ele nunca ameaçou diretamente o bebê.
– Maldito, babaca – rosnou Harry. – Ele vai ver só.
– Não, Harry – impediu Dumbledore. – Se você o confrontar, estará expondo o nosso agente. Esse ataque foi secreto. Se você culpar Malfoy, estará alertando o inimigo.
Harry não gostou, mas não resistiu. O bebê chutou a barriga de Severus, que segurou o local com a mão:
– Hagrid, acha que pode salvar alguma coisa?
– Bom, fizeram muito estrago. – O meio-gigante olhou em volta, num misto de desolação e revolta. – Vai demorar, mas acho que se pode dar um jeito.
A elfa estrilou, excitada:
– Tibby conserta! Tibby pode deixar tudo novo!
Harry se impressionou:
– Pode mesmo consertar, Tibby?
– Sim, Mestre Harry Potter, senhor! Tibby arruma lindo quartinho do bebê!
Dumbledore sorriu diante da admiração de Harry:
– Nunca subestime o poder de um elfo doméstico, Harry. Quando se trata de deixar a casa em ordem, eles são imbatíveis.
– Tibby vai proteger lindo bebê Snape-Potter!
Com as extensas orelhas empinadas de tanta concentração, a diminuta elfa pôs-se a remover detritos e destroços, consertando alguns objetos quebrados e até restaurando os locais queimados magicamente. Harry sorriu, maravilhado, enquanto o quarto de seu filho era reconstituído e tomou o braço de Severus, com uma sensação de bem-estar.
– Muito bom! – exclamou Hagrid, entusiasmado, ao final. – Agora é só escolher a cor da pintura. Já sabem que cor vão querer as paredes?
– Já discutimos isso e preferimos um azul, porque é uma cor neutra. – anunciou Harry.
– Mas... – Dumbledore pareceu confuso. – Azul não é uma cor para meninos? Pensei que neutro fosse algo como verde ou amarelo.
– Verde é Slytherin, e amarelo é Gryffindor – explicou Severus. – Acredite: depois das discussões que tivemos, nada como um azul-Ravenclaw, que é muito neutro.
– Além disso – completou Harry –, Severus tem certeza de que é um menino.
– Mesmo? Profético agora, Severus?
– Os Snape não produzem meninas – citou ele, altivo. – Como os Weasley.
– Hum, pensando bem, nem os Potter tampouco. Severus, você pode ter razão em pintar o quarto de azul.
Severus sorriu, triunfante, e Harry cochichou:
– Vou ver você apagar esse sorrisinho se nascer uma menina.
O sorriso de Severus só aumentou.
– Nos seus sonhos, pirralho. Já discutimos isso. O nome deverá ser Seth ou Orion.
– Seboso.
– Peste.
– Babaca.
– Moleque.
Dumbledore sorriu, satisfeito, trocando olhares com Hagrid.
