Srta. Kinomoto - Que legal que você está gostando. Antes não dava para comentar porque o fanfiction desabilitou as reviews para os anônimos, mas eu já dei um jeito nisso. :-) E não é que o Harry se saiu um belo "chefe de família"? Cuida do Sev direitinho, que amor! E por um acaso você é vidente? Tô impressionada com seu comentário. OO

Nicolle - Sim, tadinho do Sev, que por não ter pensamentos felizes não sabe se defender dos Dementors... E agora ele estará frente a frente com o Dark Lord. E como vai defender o bebê? Será que ele vai conseguir?

Dark Angel Angst - Pois é, os dois tiveram que recorrer à imaginação para ajeitarem a "sauna"... Bom, agora você vai ver o que vai acontecer com Severus. E o bebê também, claro.

Aviso geral, pessoas. Os próximos (e últimos capítulos) são mais curtos do que os anteriores, porque são mais recheados de ação do que de diálogos. Ou seja, são menores mas são mais intensos!

Capítulo 21 – Segure-se

O problema no transporte via chave de portal era a sensação no umbigo. No caso de uma pessoa grávida, essa sensação obviamente não só era ampliada como também transmitida à criança (que se localizava justamente nessa área). Portanto, Severus experimentava uma forte cólica quando viu o mundo se formar à sua volta, num ambiente conhecido.

Mansão Malfoy.

– Ora, ora. – Um risinho sarcástico e uma voz conhecida o saudaram. – Severus, velho amigo.

– Lucius – Severus se ergueu com dificuldade, segurando a barriga e olhando em volta, dando de cara com o Lord das Trevas em pessoa e sua mascote Nagini. – Milord!

Com dificuldade, ele se pôs de joelhos em frente a Voldemort e inclinou-se para beijar-lhe a bainha de suas vestes. Com seu corpo grávido, era um ato de extrema dificuldade, e ele demorou muito tempo para fazê-lo. Lucius e Draco Malfoy observavam tudo com olhares divertidos. Nagini sibilou discretamente. Ninguém se ofereceu para ajudá-lo.

– Tsk, tsk, Severus, meu servo – Voldemort caminhou em redor dele, que mantinha a cabeça baixa e olhos postados no chão. – A que ponto chegamos?

– Milord, eu agradeço o resgate – ele tentou dizer. – Eu era um prisioneiro. Estou sob o efeito de um encantame...

– Sei, sei, sei tudo o que você disse ao jovem Malfoy – foi interrompido. – Seu falecido pai, que não deixa saudade, fez-me o favor de totalmente inutilizar você para meu uso. Agora Potter o possui, graças àquele maldito feitiço Sangüinis Vinculum. Todos esses anos cultivando você, e ele estraga tudo! Lucius já o tinha comprado de seu pai quando você engravidou, mas aquele infeliz deixou Dumbledore se meter no negócio!

– Lucius... tinha me comprado? Então ele era o...

– Sim, sim, ele era o comprador de que seu pai falou. Você ia ser o presente do aniversário de Draco. O menino vai fazer 17 anos, e Lucius quer que você seja seu escravo sexual, já que você é tão experiente. Aliás, ainda vai ser o presente de Draco. Eu soube que o rapaz fez questão de colocar correntes novas na masmorra para que você fique bem protegido na sua nova casa, se seu irritante marido tentar resgatá-lo. Bom, mas primeiro precisamos cuidar desse inconveniente do herdeiro de Potter. Ele vai ser útil para mim.

Severus empalideceu. Voldemort queria o bebê!

– Durante anos eu secretamente cultivei esse seu lado prostituído, Severus. Usei Lucius para isso. Ou você pensa que Lucius realmente se importava com você? Não, eu o ordenei esses anos todos que mantivesse o controle sobre você. – Severus começou a tremer, e um gosto ruim se formava em sua boca. – Mas aí seu pai estúpido deixou Dumbledore tirá-lo do meu controle! É claro que depois disso eu tive que mandar Lucius dar uma lição nele. Por isso ele vai ter você de presente. Ele é seu dono desde Hogwarts mesmo.

– D-Desde Hog-Hogwarts? – Os tremores se intensificaram, as dores também. – Como assim?

– Ele era um de seus clientes mais assíduos, e recompensava seu pai ricamente por sessões "especiais" com cordas e chicotes. Assim você veio até mim espontaneamente. E eu mantive você sob minha guarda, eu fiz você acreditar que eu era o único a se importar com você. Mas esse seu casamento... Isso estragou tudo! Você deveria ser capaz de me entregar Harry Potter num piscar de olhos, e agora ao invés disso você está sob o poder dele! Mas se me entregar o herdeiro de meu inimigo, Severus, eu o deixarei em paz com seu dono de direito. Os Malfoy têm cuidado de você durante tanto tempo, nada mais justo que você ir morar com eles.

O estômago de Severus se revirava cada vez mais. Toda a sua vida, tudo que ele pensava, tinha sido manipulado. Traído.

Draco Malfoy o encarava, um sorriso ganancioso nos olhos:

– Mal posso esperar para tê-lo, minha prostituta pessoal... – Ele se aproximou de Severus, que ainda estava ajoelhado, e acariciou-lhe os cabelos. – Não precisa ter medo. Há muito tempo espero por isso. Quero saborear o momento em que vou comê-lo todo, como meu pai disse que fazia. Você poderá viver nas masmorras, e não vai mais precisar sair de lá. Nunca mais. Tenho um lugarzinho especial para você. Será só meu, e de ninguém mais.

Severus sentiu a dor em seu abdômen se intensificar e a realidade escapar por seus dedos. Era óbvio que Draco não estava raciocinando corretamente, e provavelmente o Lord das Trevas também. Ele viu os olhos intensos de Nagini brilhando para ele.

Como ele poderia escapar? Como poderia salvar seu filho?

Como ele precisava de Harry...

– Você não me tem mais serventia, Severus – Voldemort fez um gesto com as mãos. – Draco pode tê-lo agora. Isso, claro, se Lucius concordar em abrir mão de sua trepada mais constante... Ele pode ficar com saudade de sua puta preferida.

Severus fechou os olhos, humilhado. Era o que ele era, afinal. Uma coisa, só isso. Uma coisa que todos usavam, que passava de mão em mão. Todos usavam seu corpo, sem se importar com ele, porque coisas não importavam. Todos faziam isso, não faziam?

Não, ele rebelou-se de repente. Harry não fazia isso. Harry se importava com ele. Harry cuidava dele. Harry viria salvá-lo. Um calor aqueceu-lhe a alma ao se dar conta de que aquilo era verdade.

Ele abriu os olhos para encarar Voldemort. O homem-cobra tinha os olhos vermelhos fixos nele. Ele pensou em Harry.

– Eu sei o que está pensando, Severus – Voldemort lhe interrompeu os pensamentos. – O garoto Potter não virá salvá-lo. Ele não sabe onde você está e não se importa. Se ele se importasse, não o teria deixado a cargo de um elfo doméstico e de uma mulher patética. Draco não teve a menor dificuldade em buscá-lo. Potter não se importa com você. Está se enganando à toa, meu caro. Você é o que é: apenas uma prostituta, e nunca vai deixar de ser isso.

Duas grossas lágrimas rolaram pelas faces de Severus sem que ele percebesse. Ele tinha pensado que tudo aquilo terminara, que tudo tinha ficado para trás. Tinha pensado que nunca mais seria humilhado, que alguém o respeitaria. Mas não. Tinha sido um engano. Ele nunca ficaria livre daquilo. Nunca. Era sua marca, seu pecado, sua sujeira constante.

– Agora venha comigo, que eu vou livrá-lo desse incômodo bebê em sua barriga. Ninguém quer uma puta grávida, não é mesmo?

Severus tentou se erguer e ficar longe dele:

– Não!... Não chegue perto de mim.

Voldemort fechou a cara de réptil e tornou-se ainda mais repugnante.

– Severus, você não quer resistir a mim. Sabe que é inútil. Agora pare com isso.

– Não... – Severus nem sabia o que estava fazendo, de tão perturbado. Só sabia que não podia deixar o Lord das Trevas perto de seu bebê. – Não, por favor...

– Severus – Lucius chegou perto dele, escandalizado. – Pense no que está fazendo. Não vai querer irritar o nosso Lord.

– Não!... – Ele tentou se afastar dele também, mas Lucius o segurou. – Não!

– Deixe de frescura, sua puta! – Lucius o empurrou para junto do Lord. – Você vai ficar livre dessa semente nojenta!

– Meu bebê! Não!...

Mas tudo parecia perdido. Seguro por Lucius, Severus tentou inutilmente resistir, mas Voldemort avançava contra ele, e trazia um sorriso assassino nas feições reptilianas que não deixava dúvidas sobre suas intenções.

Severus sentiu o coração afundar, ao perceber que naquele momento, não havia saída para ele nem para seu bebê.