DarkAngelAngst - Eu não prometo nada: que todo mundo vai estar vivo, que o bebê vai ficar bem... Mas que o Severus sofre, ah, ele sofreu bastante, não é? Como eu faço essas coisas com ele? Já diz o ditado que a gente só machuca aqueles a quem ama... :-)
Nicolle - Ah, você notou isso também, né? Quando Severus estava diante do Dementor, ele tinha pensamentos felizes para pensar... Quanto ao baby, veja você mesma!
Gente, vou fazer o possível para postar a última parte amanhã bem cedo...
Capítulo 23 – Coração do amanhecer
Maldita cobra. O que seria preciso para convencê-la?
– Você matou meu hfshfhfhsshsch (amo/mestre/lord/senhor/amor/dono/patrão)!
– Eu não tive escolha – repetiu Harry, em Parseltongue. – Eu estava defendendo meu hifshshish (cria/filho/rebento/ovo/herdeiro/prole) e meu harshhisfshoch (parceiro/cônjuge/consorte/marido/esposo)! Ele ia fazer mal ao meu pequeno!
– Você mente, Duas-pernas! Aquele é traidor! Traidor não é fêmea! Não pode carregar pequenos!
– Mas ele carrega meu hifshshish! Ele é especial. Por isso seu Mestre o queria tanto, mas ele é meu parceiro! Precisa me deixar trazer ajuda. Eu não quero machucar você!
Severus parecia ter uma convulsão, mas Harry se deu conta de que ele estava a ponto de vomitar. Harry ficou ainda mais ansioso.
– Por favor! – Ele sibilava tanto que já estava se cuspindo todo. – Precisa ajudar meu filho!
– Harry – falou Severus, fraco. – O bebê... – Ele não completou a frase: deitou-se no chão, e ficou imóvel.
– Severus! Severus! – Harry se descontrolou. – Severus, não!
Nagini se voltou para o traidor caído no chão. Ela esticou a língua e sentiu no ar que ele estava doente. E estava mesmo com cria. Duas-pernas não tinha mentido. Ela esticou a língua para Duas-pernas, e sentiu que ele estava desesperado. Eles eram uma família. Nagini notou que nunca tinha sentido isso com o Mestre. Ela se enrodilhou em volta do traidor.
– Vá buscar ajuda, Duas-pernas. Eu cuido de seu companheiro.
Harry não ficou à vontade em deixar Severus desacordado, sendo cuidado por ninguém menos do que a mascote de Voldemort, o mesmo que quase matara Arthur Weasley há pouco mais de dois anos. Contudo, ele tinha pouca escolha.
Como um alucinado, ele saiu correndo pelas masmorras da mansão Malfoy.
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– Droga! – Harry chutou a parede, frustrado. – Quando alguém vai nos dar alguma notícia?
– Tenha calma, Harry – disse Lupin. – Ele entrou há pouco tempo.
– Ele não acordou até agora – gemeu Harry, torcendo as mãos de nervoso. – Você viu como ele estava pálido?
– Harry, vai dar tudo certo. Severus é muito resistente, você sabe.
Eles estavam na sala de espera do quarto andar do Hospital St. Mungo's. Estavam lá há menos de uma hora, mas Harry sentia como se tivessem se passado mais de dois meses. Harry não conseguia permanecer sentado mais de trinta segundos sem se levantar, exasperado.
– Por que não o deixamos em Hogwarts? Madame Pomfrey tem tudo preparado para ele lá! Aqui os medibruxos não conhecem o caso, não acompanharam a gravidez!
– St. Mungo's era mais perto, e o estado de Severus parece inspirar cuidados. Aqui eles têm todos os recursos. Além do mais, Madame Pomfrey está lá dentro com eles, como você bem sabe. Harry, você tem certeza de que não quer que ninguém examine você? Você pode estar em choque, depois de ter enfrentado Voldemort, e tudo mais.
– Não preciso de atendimento. Voldemort está morto, Remus – Harry deu de ombros. – Eu estava mais preocupado com Severus do que com ele.
De repente, da escada, veio um grito e uma pessoa correndo:
– Harry Potter! Harry Potter! – Era um homenzinho magro, com cabelos em desalinho e roupas muito amarrotadas, óculos grossos, nariz muito comprido e orelhas de abano, que chegou ofegante. – Meu nome é Harold Barrell, do Profeta Diário, preciso lhe falar sobre como matou Você-Sabe-Quem...
Lupin o interrompeu:
– Repórteres não podem subir aqui! Como chegou a esse andar?
– A imprensa não pode ser detida! – disse ele, pomposamente. – O público tem o direito de saber e eu, o dever de informar!
Harry estava tão irritado que usou Legilimência para descobrir:
– Ele furou o bloqueio, Prof. Lupin. Entrou escondido de todos no carrinho de roupa suja!
– C-Como sabe?
Foi nesse momento que Hagrid chegou:
– Eu tomo conta dele, Harry. – A manzorra do meio-gigante ergueu o pequeno homem pelo colarinho e arrastou-o de volta à escada. – Vou lhe ensinar a entrar onde não é chamado!
Harold Barrell foi esperneando para fora daquele andar, e Harry viu que outras pessoas chegavam naquele instante: a Profª McGonagall, Molly Weasley com Bill, Ron e Hermione. Atrás dele, porém, o pessoal médico também tinha notícias.
– Mr. Potter? – era o healer de nome Dorian. – Posso lhe falar um instante?
– Como ele está? – Harry correu até o healer, Lupin atrás dele.
– Trago boas notícias e notícias não tão boas. As boas notícias são que conseguimos fazer uma operação nele, e ela foi muito bem-sucedida.
– Operação? – Harry ficou pálido.
– Cesariana, Mr. Potter. Seu bebê nasceu, saudável e forte.
Os demais se aglomeraram perto de Harry, e logo a notícia correu entre eles.
– Bebê? Sou pai?
– Sim, Mr. Potter – O Healer Dorian, que era relativamente jovem, sorriu. – Um bebê saudável, forte, com um par de pulmões bem fortes, se me permite dizer. Em poucos minutos, ela estará indo para o berçário.
– Ela?
– Oh, é uma menina de 2,8 kg.
Mrs. Weasley parecia estar com lágrimas nos olhos:
– Uma menina, Harry!... Parabéns!
– E Severus? Como ele está?
O rosto jovem do Healer Dorian caiu, e uma expressão sombria tomou conta dele.
– Bom, lamento não ter notícias tão boas, Mr. Potter. Ele não acordou até agora e seus sinais vitais se deterioram. Não conseguimos descobrir a causa disso. Ele... não está melhorando.
– Como assim, não está melhorando? Ele... Ele está morrendo?
O Healer Dorian olhou para o chão e disse, cuidadosamente:
– Estamos fazendo tudo por ele. Ainda estamos tentando descobrir a causa dessa condição dele.
– Voldemort o capturou, pode ter feito algum feitiço nele, lançado alguma maldição que não vimos na hora. – Harry estalou os dedos. – Nagini também ficou com ele, talvez o tenha envenenado!
– Já testamos seu marido para a maior parte de feitiços, encantamentos, pragas, quebrantos e azarações conhecidas. Pudemos descobrir que ele foi atacado por um Dementor, com certeza. Mas ele não o beijou. Detectamos um tipo peculiar de Sangüinis Vinculum usado há pouco tempo, e já o retiramos.
– Retiraram? Esse feitiço pode ser retirado?
– Na verdade, não, mas tentamos no seu marido e deu certo. Como sabe, não se sabe muito sobre esse feitiço e estamos pesquisando mais a respeito. Contudo, mesmo assim, ele não reagiu. Consultei alguns especialistas na Europa e na Ásia via Floo. Um deles ficou de verificar pessoalmente a condição do Prof. Snape esta noite.
– Com licença – O jovem Bill Weasley se adiantou. – Importa-se se eu tentar? Trabalhei quebrando maldições para Gringotts durante alguns anos no Egito.
– Então tem experiência? O senhor é...?
– Sou Weasley, Bill Weasley – Ele apertou a mão do healer. – Bom, minha experiência é maior em quebrar maldições corporativas, mas lá no Egito eu estive contato com maldições que nós, europeus, mal ouvimos falar. Eu me lembro do Feitiço Istfy, por exemplo.
– Acha que pode ajudar?
– Se o senhor não se importar, e Harry permitir, eu gostaria muito de ajudar em tudo que puder. Você faz alguma objeção, Harry?
– Claro que não, Bill. Obrigado.
– A enfermeira vai avisá-lo quando poderá ver sua filha, Mr. Potter. Até lá, faremos tudo que for possível por seu marido. Não perca a esperança.
– Posso vê-lo?
– Por enquanto ele está na unidade de tratamento intensivo, e visitas não são permitidas. Acredito que se tudo der certo, ainda hoje eu possa autorizar uma visita rápida, mas apenas para o senhor. No momento ele está com uma equipe, retirando leite.
– Leite?
– Leite materno para sua filha. Seu marido estava preparado para amamentá-la, e estamos bombeando o leite dele para ela. – Virou-se para Bill. – Agora se me acompanhar, Mr. Weasley...
Os dois saíram, e Hermione abraçou Harry:
– Vai dar tudo certo, Harry, você vai ver.
Ron ajudou:
– É, cara, Bill é muito bom nisso. Além disso, você agora tem uma filha! Isso é incrível!
– Sev vai ficar abismado quando souber – disse Harry, meio aéreo. – Ele disse que os Snape não produzem filhas, e nós nem discutimos nomes de meninas. Ela não tem nome ainda, ele certamente vai querer opinar no nome dela, você sabe como ele é... Ele vai... querer um nome nobre... Tipo, nome de rainha... eu acho... – As lágrimas encheram os olhos verdes e de repente ele não conseguiu segurar o choro. – Oh, Merlin, ele não pode morrer!...
Mrs. Weasley o abraçou, e Harry se agarrou a ela aos prantos, ridiculamente grato por ela estar ali. Ele se lembrou que Hermione e Ron também estavam ali, bem como Lupin e a Profª McGonagall. Intelectualmente, ele sabia que todos estavam ali, todos queriam ajudá-lo, mas ele sentia um vazio imenso sem Severus.
E ele ainda tinha que pensar em sua filha... Mas ele não conseguia parar de chorar, ou de deter a imensa dor que se alojava em seu peito.
– Harry, não pode perder a esperança. Precisa ser forte.
– É, cara – reforçou Ron. – Snape é teimoso demais para morrer assim.
– E se ele precisar de uma transfusão de sangue, de magia ou de qualquer coisa – assegurou Lupin –, você pode contar conosco.
– Obrigado – foi o que Harry conseguiu dizer. – Eu só gostaria de ver Severus. Só um pouco.
Mrs. Weasley tentou arrumar o cabelo de Harry, sorrindo:
– Healer Dorian disse que você poderia fazer isso ainda hoje, querido. Enquanto isso, por que não se senta um pouco? Parece que vamos ter que esperar mais um tempinho.
– Por que vocês não vão para casa? – sugeriu Harry. – Eu aviso se tiver alguma notícia.
Mas ninguém acatou a sugestão dele. Logo depois, uma enfermeira simpática avisou a Harry que ele poderia ver sua filha no berçário.
Todos desceram até o térreo, onde ficava a ala dos bebês, e ficaram de pé junto ao janelão de vidro, olhando uns quase 20 bebês do berçário. A menina estava num bercinho branco bem na frente, enrolada num cobertor rosa, e parecia chorar a plenos pulmões, embora eles não ouvissem nada graças ao janelão. A enfermeira apontou para o bercinho que tinha uma placa "Snape-Potter", e Harry viu que ela tinha uns poucos fios de cabelo escuro, uma boquinha bem aberta, e estava rosadinha de tanto chorar. A enfermeira pegou-a no colo, sem sucesso em evitar o choro.
Os adultos pareceram maravilhados com a pequenina, com Awwws e Ohhs pelo vidro, e Harry experimentava emoções controversas. Ele a achava linda, claro, e sentiu o amor de um pai por sua criança, mas seu coração no momento estava constrito de preocupação por Severus. Ele amava sua filha, mas não conseguia parar de pensar em Severus.
A bebê chorou tanto que a enfermeira resolveu tentar colocá-la junto do pai. Harry recebeu a pequena em seus braços, e absorveu cada detalhe daquela coisinha viva e pulsante que seu amor por Severus tinha criado. Ela tinha um narizinho comprido, mãozinhas fechadas e dedinhos finos e longos. Ela choramingava um pouco, mas tinha parado (ou se cansado) de berrar a plenos pulmões. Como era muito novinha, não dava para ter certeza sobre a cor dos olhos, mas tudo indicava que eram pretos. Harry a encarou com cuidado, ciente de que ela era parte sua, parte Severus e totalmente ela própria.
E ele a amava justamente por isso.
Harry ainda estava no berçário, com sua filha nos braços, quando um healer em treinamento chegou correndo, espavorido.
– Mr. Potter! Por favor, precisa ir até o quarto andar! É o Prof. Snape!
– O que houve?
– Healer Dorian o chama com urgência! Por favor, senhor, ou pode ser tarde demais!
Harry despejou a bebê (que imediatamente voltou a chorar com força total) nos braços de Molly Weasley e voou escadas acima seguindo o residente, o coração querendo sair do peito.
