Mônica - Não! Não morre, pelo amor de Deus! Pronto, já atualizei, viu? Agora você vai saber o que aconteceu! E mais! Tem um Bônus no fim! Viu, nada disso de morrer!

Aniankka - Eu sempre escrevia o Blaise como ruim (basta ler minhas outras fics), e então achei que o pobre merecia um refresco e vir para o lado do bem, e com uma forma animaga fofinha, também... E não me dá idéias para continuação! Não acha que já tá comprida desse jeito? ihihihihihih

Nicolle - Você tem razão, Ni. Até o último capítulo, esses dois passam o pão que o LV amassou, não é verdade? Vejaoq ue vai acontecer.

Pessoas, eu queria agradecer a dedicação dos que acompanharam a fic e deixaram reviews. Vocês não sabem como isso alimenta a alma e o ego da gente. Muito thank you kindly para vocês. ihihihiih

Capítulo 25 – Querido pai

Acompanhado pelo Healer Dorian, Huis mancou com incrível velocidade até a cama, puxando a varinha e lançando um encantamento que envolveu Severus inteiramente numa luz púrpura. Ele não disse uma palavra, mas Harry sabia que era uma crise. Sh'rak pegou um potinho e de lá tirou um pó dourado, que começou a jogar no paciente. O pó misturava-se à luz púrpura, formando uma chuva de partículas douradas que quase não permitiam ver Severus.

Para não atrapalhar o trabalho do especialista, Harry deu dois passos para trás, as lágrimas voltando aos seus olhos, os braços trêmulos, as pernas falhando. Ele estava perdendo Severus, ele podia sentir isso. Severus ainda se contorcia. Huis vociferou, irritado:

– Que está fazendo? Não saia de perto dele, garoto! E onde está aquela mulher infernal quando mais se precisa dela!

A confusão era grande, e um imenso clarão de luz encheu o quarto por um segundo. Sem esperar novo convite, Harry pegou a mão de Severus e levou-a a seu rosto, as lágrimas caindo de seus olhos verdes nos dedos longos e sem vida. Então uma música encheu o ambiente, uma música que entrou dentro de sua alma, que o aliviou além de tudo que ele conhecia.

Fawkes estava cantando.

Foi quase instantâneo. Em segundos, o corpo de Severus se acalmou, e o coração pesado de Harry experimentou consolo na canção da fênix, ainda agarrado a seu marido agonizante. Fawkes continuou trinando enquanto o especialista, seu assistente e o healer trabalhavam em Severus.

Lutando para mantê-lo com vida.

Harry sentiu, mas não se deu conta de Dumbledore tocando em seu ombro, dando-lhe forças. Ele não sentiu a varinha do Dr. Huis a tirar leituras de si, e um dos estranhos instrumentos do intrigante Sh'rak a apitar em cima de sua cabeça.

– Onde está a mulher! – bradou Huis, colérico. – Ele não vai sobreviver muito tempo às custas da fênix!

– Eu vou trazê-la – prontificou-se o Healer Dorian. – Ela deve estar no berçário, arrumando alguém para cuidar do bebê.

Aquilo só pareceu enfurecer ainda mais Dr. Huis:

– Seu pascácio! Nós precisamos é do bebê! Acabo de descobrir o que o está envenenando!

Um clarão de luz encheu o quarto e Molly Weasley adentrou, espavorida, o chorinho do recém-nascido se misturando aos gorjeios da fênix.

– Recebi o recado de Fawkes! Mas a neném ainda não mamou!

Huis ordenou:

– Dê a criança ao pai dela, vamos! – Molly passou a bebê a Harry, que relutantemente largou a mão de Severus. – Muito bem, garoto, agora coloque-a para mamar na mãe.

– Mas... Severus não pode amamentar. Por isso estavam retirando leite dele.

– Claro que pode – Com um movimento de varinha, ele elevou o torso de Severus ligeiramente, e Sh'rak começou a abrir as vestes do paciente. Huis continuou a dizer, impaciente: – Mães amamentam seus filhos até quando dormem. Essa união é o que é preciso para desfazer o veneno deixado pelo Sangüinis Vinculum.

– Veneno? – A pergunta foi de Harry, que ficou silenciosamente grato quando Molly se adiantou para ajudá-lo a ajeitar a bebê no peito de Severus.

O especialista explicou:

– Quem lançou o feitiço de sangue usou uma das variações mais nefastas de que se tem notícia. Porque na verdade, o feitiço unia o seu sangue, garoto, ao sangue de seu marido através do bebê. Na hora que o bebê estivesse pronto para nascer, a ligação sangüínea começaria a ser cortada e então o feitiço produziria um veneno no interior do sangue de Snape, e ele morreria envenenado por seu próprio sangue. Muito pouca gente conhece essas maldições de sangue, mas eu fiz uma pesquisa a esse respeito na Valáquia – é perto de Timisoara, abaixo da Transilvânia. Sabe, os Muggles têm razão: ninguém entende mais de sangue do que vampiro!

Ajudada por Harry e Molly, a bebê Snape-Potter rapidamente achou o seio de Severus e atracou-se a ele, esfomeada. Harry ficou olhando, maravilhado com a cena, ainda tentando processar tudo o que o diagnosticador tinha dito.

– Então... Voldemort não tem nada a ver com isso?

– Nada. – Huis andou um pouco, apoiado na bengala, e o misterioso Sh'rak verificava os instrumentos que agora apitavam de maneira diferente. – O veneno começaria a atuar no seu marido assim que ele sentisse as contrações, sinalizando que a ligação com o bebê estaria na iminência de ser cortada. A proximidade com você e a bebê, a proximidade com o sangue de vocês, atrasou a ação do veneno. Se não tivéssemos descoberto a tempo, ele teria morrido. Nem sangue de unicórnio o teria salvado.

– Mas o sangue da nossa filha vai salvá-lo?

– Já está salvando – apontou. – Não notou?

Era verdade. A respiração de Severus parecia mais firme, e as faces pareciam adquirir cor, finalmente. Huis continuou:

– O melhor de tudo é que agora ele está livre do feitiço. Completamente livre. Sei que ele tinha sintomas como precisar ficar perto de você, precisar de seu toque, compulsão em obedecê-lo, mas isso tudo é passado. Portanto, garoto, se você realmente o fazia de seu escravo pessoal, saiba que isso tudo acabou.

Harry ficou vermelho:

– Eu nunca abusei de meu marido, fique sabendo.

– Eu não estou julgando – garantiu Dr. Huis. – Por mim, vocês podem fazer brincadeiras sexuais de correntes e chicotinhos até com o ministro da Magia. Aliás, aquele imbecil do Fudge ainda está no poder?

– Saiu há dois anos – informou Dumbledore. – Quem assumiu foi Amélia Bones, lembra-se dela?

– Ah, Amélia. Mulher durona. Esqueçam os chicotinhos e as correntes, ela nunca ia topar. É quase tão durona quanto Snape. – Huis sacudiu a cabeça. – Eu nunca poderia imaginar que Snape um dia iria se casar, ainda mais com um garoto. Sem ofensa, rapaz. Eu soube que você matou Voldemort, e isso foi uma coisa bem decente de se fazer. Mas casamento não é o estilo de Snape.

– Oh, bem – falou Harry –, é uma longa história. Conhece Severus?

– Severus Snape é o melhor Mestre de Poções de toda a Europa, fique sabendo. O melhor. Embora ele não seja especializado em poções medicinais, os experimentos dele com a Wolfsbane são amplamente conhecidos na Europa Central, onde a licantropia atinge muito mais bruxos do que aqui nas Ilhas Britânicas. Eu acompanho a carreira de seu marido com atenção, Harry Potter. – Harry arregalou os olhos. – Sim, eu sei quem você é. Mas não julgo ninguém.

– Não julga, mas acha que eu sou o melhor de toda a Europa?

Harry se iluminou num sorriso ao ver Severus com um sorrisinho no canto dos lábios:

– Severus!

– Shhh! – fez Molly Weasley, cochichando. – A bebê acabou de dormir. – Mas ela sorriu. – Olá, Severus.

Harry mal ouviu o que ela dizia, enchendo Severus de beijos. Dr. Huis ergueu as sobrancelhas:

– Hum, com uma audição dessas, eu acho que vou testá-lo para ver se não tem tuberculose. Prazer, eu sou o Dr. Huis.

– Huis? – Severus franziu o cenho. – Conhece um Dr. Agamemnon Huis que trabalha na Romênia?

– Sim, eu o vejo sempre que olho num espelho – disse, ácido. – Muito bem, Snape, eu curei você, portanto agora não estrague o meu esforço desobedecendo aos healers. Repouso, pelo menos três dias de cama. E amamente pelo menos até os quatro meses, para não correr o risco de uma recaída do veneno. – Severus ergueu uma sobrancelha, alarmado, mas Harry pegou sua mão, tranqüilizando-o. Huis pegou a bengala, suspirando. – Bom, meu trabalho aqui está terminado. Até mais, Dorian. Foi um caso interessante. Mando uma coruja com a conta. Sh'rak, vamos, se não perdemos a abertura do Big Brother Bruxo Bucareste. Eu adoro um reality show.

E começou a mancar para a porta. O compridão pegou a maleta com os estranhos e misteriosos instrumentos e dirigiu-se a Harry, abrindo a boca pela primeira vez:

– Fênix gosta de você.

Harry arregalou os olhos, surpreso com o inusitado e ia responder quando a voz áspera de Huis chamou, do corredor:

– Sh'rak! Vamos, não tenho o dia todo!

Mas o grandão ainda falou com Harry:

– Você não perdeu a esperança. Bebê sentiu isso. Vai ser bom pai.

– O-obrigado – Harry estava mesmo intrigado com o homem. Ele inclinou-se respeitosamente e saiu.

– Você me deu um susto enorme – disse Harry a Severus, tentando conter as lágrimas. – Viu quem está aqui?

– Alguém que precisa arrotar, pelo que vi – disse Severus, erguendo a trouxinha para seu ombro e dando tapinhas delicados nas costas dela. O bebê produziu um som entre uma tossidinha e um suspiro. Severus virou a criança de frente. – Harry, por que nosso filho está embrulhado num cobertorzinho rosa?

– Oh, bem, talvez por que seja uma menina, Severus.

– Menina? Não, é um engano. Os Snape nunca...

– ... produzem meninas, eu sei – completou Harry. – Os Potter também não. Mas ela é nosso pequeno milagre. Talvez um milagre Evans, eu não sei. Só sei que ela é linda.

Severus ergueu uma sobrancelha:

– E que nome você deu a ela?

– Não dei nome nenhum. Estava esperando sua opinião.

– Harry... Eu poderia ter morrido.

– Não, nunca diga isso. Eu não teria deixado. Você precisava viver para conhecer nossa filha. Afinal, eu disse que ia rir muito de sua cara se o bebê fosse menina.

– Então precisamos achar um nome para ela.

– Olhe para ela – A menininha agora dormia no colo do pai. – Tão tranqüila. Ela fica calma perto de você, Severus. Podemos chamá-la de Serena?

– Um nome nobre romano. Muito tradicional entre os bruxos, na verdade – disse Severus. – Mas eu acho que ela também podia ser Hope. Por causa da esperança.

– Serena Hope Snape-Potter? Acha que esse é o nome para ela?

– Eu acho lindo – sorriu Molly. – Vou pedir para trazerem um bercinho aqui para cima.

– Serena Hope – repetiu Harry, olhando a bebê adormecida. – Ela vai ser muito amada.

O Prof. Dumbledore se adiantou, com Fawkes empoleirado no seu ombro:

– Oh, com certeza, Harry, será uma criança muito amada. Estou feliz que tudo tenha dado certo. Agora você precisa apenas se cuidar, Severus. Seus amigos vão visitá-lo agora, mas precisa repousar, conforme o médico disse.

– Amigos? Que amigos?

– Remus, Ron, Hermione e mais alguns colegas de Hogwarts estavam aflitos por notícias suas. Acredito que Molly já deva tê-los tranqüilizado a essa altura.

Severus disse:

– Oh, esses são os amigos de Harry. É muito gentil eles terem vindo.

– Não, Severus – corrigiu gentilmente. – Esses são os seus amigos. Todos se ofereceram para doar sangue, doar magia ou o que precisasse. Não teriam oferecido se não tivessem intenção de realmente doar. E ninguém faz uma doação dessas por mera gentileza.

– É, meu bem. – disse Harry, beijando-lhe a mão. – São seus amigos também. Vão adorar vê-lo, tenho certeza.

Severus olhou para Harry e viu a sinceridade em seus olhos verdes. Ele tinha amigos. Depois baixou a cabeça e olhou para a menina recém-nascida em seus braços.

Família.

Sem Voldemort. Ele não sabia exatamente tudo que tinha acontecido, ou como o Lord das Trevas tinha encontrado sua ruína, mas haveria tempo para isso.

Uma poderosa emoção tomou conta de seu corpo ainda fragilizado pela ação do veneno trazido pelo feitiço lançado por seu falecido pai há quase um ano. Severus finalmente se sentiu livre.

Fawkes soltou um grito e abriu as asas. Severus sentiu que podia fazer o mesmo.

Quando a porta se abriu, ele viu os amigos chegarem, e ele sentiu novas sensações poderosas. Viu sua filha ser paparicada. Viu respeito e alegria nos rostos alheios.

Sentiu felicidade.

Houve momentos de ventura, momentos de congraçamento. Severus Snape nunca tinha passado por isso antes. Dali para frente, aqueles momentos seriam constantes, ao que tudo indicava.

Harry estava adiante, conversando com Arthur Weasley, que acabara de chegar, aumentando o já considerável número de pessoas no quarto. Não era horário de visitas, mas o staff de St. Mungo's abrira uma exceção para o Rapaz-Que-Matara-Voldemort e sua família. Era um dia de celebração no mundo bruxo, um dia muito especial. De um lado, uma morte comemorada; de outro, uma vida comemorada.

Severus capturou o olhar de Harry. Os dois se olharam, uma comunicação intensa estabelecida entre os dois, que abstraíram todo o resto, perdidos um no outro. Lá fora, o dia raiava.

Era o fim de uma longa noite.