Capítulo 3

20 de junho

Aula de Educação Física - box do banheiro feminino

Coisas para lembrar de nunca mais fazer:

a) Contar para minha melhor amiga que sou uma espécie de ser geneticamente alterado, com sangue de youkais-cachorros de quinhentos anos atrás.

b) Cogitar a hipótese de interromper a aula de Educação Física do Segundo Ano, em busca do meu irmão, para saber se existe uma fórmula possível para reverter um gene hanyou.

c) Fazer isso justo na hora em que ele está jogando futebol com os outros brutamontes do Segundo Ano, mesmo que pareça uma mancha branca num fundo negro, já que a maioria dos outros garotos do segundo ano do colegial são uma variante dos antigos homens da caverna, sabe, aqueles neanthertais, que se estabefeiam para mostrar que são melhores rolando uma bola.

d) Pensar que seu irmão, mesmo sendo um nerd assumido, dono da façanha de tirar A em química todos os bimestres, consegue jogar futebol numa desenvoltura impressionante, se você levar em conta que ele não bate em ninguém, não apanha de ninguém, nem chuta a bola na cara dos espectadores, como os outros guris que jogam futebol e não batem nem apanham de ninguém. Ele não. O Taisho consegue dominar aquele objeto redondo como se já tivesse nascido com um nos pés. Ele desvia, dá olé, dribla, e chuta para o gol tranqüilamente, tudo isso sem babar, arfar e xingar, conforme os trogloditas dos seus colegas de classe.

e) Achar que não tem nada de mal em atravessar a quadra, justo na hora em que seu irmão roubou a bola do adversário, mirou no gol, e preparava-se para mandar a ver; ignorar os gritos de "Cuidado", "Saia daí!", "Sua garota maluca!". Parar na frente do goleiro, somente aí consciente do que estava fazendo, e também dando-se conta de que era tarde demais, porque o seu irmão já havia mandado a bomba, antes de ver que você estava ali.

f) Perder completamente os movimentos e virar uma estátua, quando percebe que uma bala de canhão, um pouco mais rápida que a velocidade da luz, aproxima-se do seu rosto, deslocando o ar em volta e fazendo com que sua franja voe para trás.

g) Pensar: "Pronto, é isso. Acabou. Eu queria ao menos ter descoberto o que eu sou. Adeus, mundo". Fechar os olhos e esperar o seu triste fim, desejando apenas que não seja muito doloroso, e que as pessoas não tenham nojo de você quando virem a deformação do seu rosto causada pela bola.

h) Pensar que alguém lá em cima anda brincando com a sua triste condição de reles ser humana. Isso porque, enquanto eu sentia a bola se aproximar do meu nariz cada vez mais, algo, alguém, alguma coisa, me salvou a vida, desviando a bola para longe com um soco.

i) Sentir que o sangue se esvaiu completamente da sua cabeça, e que muito provavelmente não restou sequer um osso intacto no seu corpo. A sensação de que todos eles haviam derretido durante aqueles breves segundos não foi muito agradável, não.

j) Quando finalmente você se dá conta de que sua vida foi salva, agora certa de que por alguém, você percebe que esse alguém é o cara por quem você simplesmente é apaixonada desde... Desde quando se conhece por gente.

l) Você olha para o cara, e um nome entra na sua cabeça, preenchendo todos os espaços possíveis: Yahiko, Yahiko, Yahiko, Yahiko, Yahiko, o nome mais lindo, o garoto mais lindo e maravilhoso do mundo!

m) Você ainda está pensando em cavalgadas pelos campos, com você e o seu amado segurando-lhe a cintura.

n) Não perceber o quanto é ridículo ficar olhando deslumbrada para o Yahiko, com a boca aberta, sem dizer nenhuma palavra e fazer nenhum movimento, enquanto ele se vira, olha preocupado, e manda: "Você está bem?"

o) Cair no chão, com uma perna de cada lado do corpo, inexpressiva, logo após responder: "Estou..."

Certo. Eu realmente não deveria ter feito isso. Mas eu também não merecia que meu irmão me arrastasse dali pelo braço, logo após o Yahiko ter me ajudado a levantar, com um sorriso no rosto e mandando: "Essa foi quase! Toma mais cuidado, viu? O chute do Taisho é o mais forte da classe, outra dessas e você pode se machucar feio!". Bolas, ele não podia ter me deixado aproveitar um pouco? Só alguns segundos? Aquele foi o momento mais feliz de toda a minha vida! O garoto que eu amo desde mais ou menos a quarta série me salvou a vida! Eu serei grata por toda a eternidade! Por que, por que o Taisho tem que ser tão insensível a ponto de me arrastar dali naquele instante?

Tudo bem, eu confesso. Talvez não tenha sido um ato muito inteligente. Eu estava empolgada com a idéia. O Taisho é um gênio, ele poderia aproveitar esses neurônios a mais para alguma coisa de útil. Simplesmente não me dei conta de que estava prestes a arriscar a minha própria vida, entrando num campo de futebol e me intrometendo no chute do meu irmão. Mas eu também não poderia prever que o Yahiko estaria ali para me salvar, e fazer com que eu ficasse feliz, delirantemente feliz, pela primeira vez desde que soube que sou meio-hanyou.

"Mas e se ele não estivesse ali?" Foi o que o Taisho mandou, depois de ter me arrastado, sem dizer uma palavra, até um canto onde ninguém poderia nos ouvir.

"Eu... Ah, Taisho, desculpe! Eu não percebi que atrapalharia o seu chute naquela hora, eu só... Só pensei..." Kuso. Eu realmente detesto quando ele me encara com aqueles olhos, da mesma cor que os meus, só que tão acusadores e frios. Eu não consigo fazer esse olhar! Já perdi preciosos segundos da minha vida em frente ao espelho, e o máximo que consegui foi ficar com dor nos olhos, de tanto pressioná-los.

"Será que você é tão inconseqüente assim que não percebe? Garota, acorda! Você quase morreu! A troco de nada! O que eu teria que dizer para o pai e a mãe?"

Eu absolutamente detesto quando ele se refere a mim como garota, e não como Izayoi, meu nome. E isso de colocar o papai e a mamãe no meio, não sei porquê, mas me deixou fora do sério. Me senti acuada, e, como sempre, resolvi atacar:

"Eu já pedi desculpas, não pedi? Você está irritado simplesmente porque perdeu a chance de fazer um gol na frente desses caras!" disse, livrando-me da mão dele, que segurava meu cotovelo levemente, e inclinei-me, em pose de discussão.

"E eu lá me importo com eles? Sua idiota, eu me importo com você! Eles não se atiram no meio do jogo dos outros, arriscando a própria vida! Sou o único que tem uma irmã maluca o suficiente para fazer isso!"

"Você não se importa comigo!" rebati, agora completamente irritada. Nossos olhos se cruzavam num misto de raiva e orgulho ferido. Bem, pelo menos da minha parte. Taisho parecia realmente não querer brigar, mas não aceitaria minhas contestações sem nexo. "Você só não quer tocar na sua fama de bom aluno, bom jogador!"

"Não diga bobagens" ele respondeu, sem desviar os olhos de mim. Algo passou por eles, uma sombra rápida, mas que não me escapou. Eu não sei porquê, mas parecia que todas as tensões pelas quais passei desde ontem estavam explodindo. E justo com o Taisho.

"Bobagens? Será que não percebe? Como será que você pode manter essa calma toda? Nós somos aberrações! Não ouviu o que a mãe disse, ontem?"

"Isso não tem nada a ver, Izayoi." ele balançou a cabeça, olhando tristemente para mim. Eu detesto quando o Taisho faz isso. Ele parece incrivelmente maior do que eu. Somos do mesmo tamanho, característica de gêmeos, o que significa que sou alta. Aliás, alta o suficiente para me sentir desconfortável. Meu irmão não fica deslocado com nossos um metro e tanto, mas para uma garota, três ou quatro centímetros a menos não fariam falta. O problema é que a idiossincracia do Taisho faz com que ele pareça enorme nessas horas, e eu, uma criança sendo repreendida. O pior foi quando ele mandou: "Mas você pode gritar mais alto, algumas pessoas no outro lado do colégio podem não ter ouvido"

Eu corei. Tenho certeza, porque caso contrário as minhas bochechas não teriam ficado tão quentes naquela hora. Desviei o olhar do Taisho, em sinal de rendimento.

Outra coisa. Numa discussão, nós não desprendemos o olhar. Nunca. Somente quando um dos lados se dá por vencido, então o outro entende que seus argumentos ganharam. Foi assim dessa vez. O Taisho sorriu, discretamente, antes de ir embora quando o Yahiko gritou: "Taishooo, tá no segundo tempo, vem logo!", e o meu irmão me deixou, com uma última frase inexpressiva: "Vê se se cuida"

Aff! Quem é que entende o Taisho? Com certeza, não eu.

A Mitsago também não ajudou. Não sei, parece que ela tem algum tipo de mecanismo interno que barra todos os problemas, fltra-os, aproveitando assim apenas as partes boas, e descartando as ruins. Caso o contrário, como é que ela poderia abrir um sorriso quando eu contei todo o lance do chute, da minha quase - passasem para o outro mundo, fazer com que grandes olhos azuis brilhassem de empolgação e mandasse:

"É sério? O Yahiko te salvou mesmo? Isso é ótimo, Izayoi! Não acha incrível? Cara, alguém tinha de ter gravado isso, eu precisava ver!"

Verdade, eu quis sacudi-la pelos ombros nessa hora, mas me ocupei suficientemente em recolher o meu queixo, que caiu no chão. Fechei os olhos com força e expirei lentamente, em busca de paciência. Quando iria começar a explicar o lado totalmente incorreto do que fiz, ela completou:

"Mas diga... Você gostou, não foi? Ah, confesse!" e me forçou a sentar no banco mais próximo, pegou as minhas mãos e aguardou um relato completo de como foi o meu instante único com Yahiko. Olhei bem para Mitsago. Ela sorria, ansiosa.

"Foi o momento mais lindo e perfeito da minha vida", confessei, tombando a cabeça como se tivesse anunciado minha sentença de morte. Ela pulou, sentada, e deu um gritinho de felicidade por mim. Quem dera eu pudesse fazer o mesmo.

"Isso não foi tudo", completei. "Eu só não morri porque o Yahiko estava ali. E o Taisho me deu a maior bronca, nós discutimos".

"Grande novidade", ela disse, sem que o sorriso fosse dissipado. Revirou os olhos, e me encarou. "O que foi dessa vez?"

Eu olhei de novo para a quadra, onde o Taisho marcava aproximadamente o sexto gol, seguido. Mitsago acompanhou o meu olhar.

"Aposto que você o acusou de que não se importa nem um pouco com você".

Ainda descubro como raios essa menina sabe disso!

"Foi. Ele me irritou. Você sabe, o Taisho tem um jeito todo especial de me fazer sentir culpada! Perguntou o que teria que dizer para o pai e mãe, caso eu me machucasse. Isso lá é coisa para se dizer a alguém que escapou por um fio da morte?" eu indaguei, focalizando os meus olhos na Mitsago. Infelizmente, ela fez cara de quem considerava a questão, e mandou:

"Você não pode negar que ele enfrentaria sérios problemas, não é?" disse, com um sorriso. Desisti de obter qualquer apoio da Mitsago.

"Certo, mas não precisava me fuzilar com aqueles olhos que eu nunca consegui imitar", tive vontade de dizer.

"E então... O que você decidiu fazer, com relação ao Yahiko?" ela mandou, casualmente, enquanto prestava atenção ao jogo do Taisho. Levei um susto tão grande que encarei-a com os olhos esbugalhados.

"Como assim, fazer?" eu dobrei o corpo para encará-la bem, já que estava atrás de mim. Meus cabelos pareceram uma cortina, derramando-se até o chão, quando fiz isso "Eu não vou fazer nada. Não posso fazer nada. Não agora. Não sabendo que ele pode telefonar para o Museu de Esquisitices e me denunciar como uma criatura geneticamente anormal, e que, por ironia do destino, cismou que está apaixonada por ele"

"Não seja dramática" ela mandou, sem ao menos desviar os olhos do jogo. "O Yahiko nunca seria capaz de tal coisa. Eu já disse que você não é anormal"

"Aff.." me limitei a dizer. Quem dera. Quem dera que eu não tivesse meus genes alterados, quem dera que não houvesse a possibilidade do Yahiko recusar o meu amor que atravessa os séculos apenas por causa de um pouco de sangue youkai. Quem dera.

Olhei de novo, a tempo de ver quando o Taisho marcou mais um ponto. Percebi que ele não tem nada de dramático, e nem pessoa alguma que diga isso a ele. Talvez eu seja mesmo dramática. Apenas talvez. Mas quem não seria? Há menos de vinte quatro horas descobri, encurtando os fatos, que não posso exercer nenhuma das profissões com que sempre sonhei, nem nem viver o meu grande, enorme, imenso, macroscósmico amor com o cara mais perfeito do mundo, que salvou a minha vida.

Acho que no fundo, não seria tão mal se eu fosse um pouco mais parecida com o Taisho, além da aparência. Ao menos na forma como ele encara tudo isso.

Foi processando esses tristes dados que fui chamada à campo, quando a aula de Educação Física do segundo ano acabou, e o pessoal do primeiro ano foi chamado. Minha cara era de quem foi condenada à prisão perpétua.

Ao passar por Mitsago e eu, Yahiko acenou, simpático. Aquele sorriso que já desenhei tantas mil vezes, mas que sempre me faz pensar como o original é mais bonito... como reflete mais o sol naqueles dentes brancos, e como ilumina o meu dia, independentemente de como eu esteja. Como naquela hora.

É lamentável que a mistura de todos esses efeitos me façam corar, e eu não consiga sorrir de volta, pelo simples motivo de que estou submersa demais naquele mar de sentimentos em que o sorriso do Yahiko me joga. E como essas demontrações de simpativa duram apenas segundos, eu não tive tempo de recuperar minha energia vital e acenar de volta. Quando estava prestes a fazer isso, a fila andou, e como o Taisho estava logo atrás do Yahiko, despertei para a vida com o olhar repreensivo do meu irmão.

Kuso! Outra vez, me senti idiota. Fui empurrada pelo pessoal da minha turma, e percebi que criei um engarrafamento na fila do primeiro ano.

Eu nunca mais vou:

a) Pular na frente do meu irmão quando ele estiver prestes a fazer um gol;

b) Perder a noção de quem sou e o que faço quando o Yahiko acenar para mim;

c) Pedir os conselhos da Mitsago;

d) Cogitar a hipótese de realmente ser dramática;

e) Escapar de uma bolada do Taisho para levar uma da May-May, no jogo de handball, por que estava distraída demais pensando no sorriso do Yahiko.

Essa não! Tenho de sair daqui. O professor Takeda me dispensou por causa da preocupante marca vermelha gravada no meu rosto, no formato de uma bola. Mas agora o jogo terminou, e o banheiro será invadido pela corja da Nadeshiko, querendo verificar se seus gloriosos cabelos e suas gloriosas peles estão gloriosamente perfeitas, e então começarem a falar sobre garotos e festas. Não é muito agradável, principalmente quando elas escolhem você como vítima mais próxima e te consideram a classe mais baixa de todos os humanos desse colégio. Mal elas sabem que você é apenas 75 humana... Mesmo assim, elas reúnem-se em semi-círculo, com a personificação da futilidade-mor, Nadeshiko, na frente, e perguntam: "E então, Izayoi... O que você tem feito de interessante? Deve haver alguma de interessante a ser feito naquele lugarzinho onde você mora... Um dojo... Uaahaaaa - e a criatura boceja, com descaso - Ao menos os carinhas bonitos que vão treinar, certo? Mas acho que isso não adianta muito no seu caso. A não ser aqueles que consideram uns olhos tão estranhos quando esses normais" e essa é a deixa para que todas as outras riam, como hienas africanas.

Eu não costumo ignorar esse tipo de coisa. Eu tentei ignorar e simplesmente virar as costas, como a Mitsago faz. No entanto, parece que põem combustível no meu sangue! Quando estou prestes a engolir e deixá-las para trás, minha cabeça começa a ferver, então me viro. A Mitsago já disse que algo parece tomar conta dos meus olhos, algum brilho diferente do que costumo ter. E, quando me dou conta, estou encarando Nadeshiko, dizendo umas boas verdades para ela, a tensão entre as duas sendo palpável. É preciso que a Mitsago me arraste para longe, senão deixo de perceber que estou em menor número (já que a Nadeshiko está sempre cercada de três ou quatro capachos humanos) e perco de vez qualuqer resquício de calma.

Bem, na quinta série, isso aconteceu mesmo. Ela conseguiu implodir minha calma ao dizer... hum... certas coisas da minha família, no meio de todo o colégio, durante o intervalo do almoço. Eu não sei o que deu em mim, mas quando fui ver, estava por cima da Nadeshiko, que chorava e berrava por socorro. Ao que parece, me atirei sobre ela e derrubei-a no chão. Eu lembro que estava-a sufocando com um pedaço de pizza que agarrei na hora, e ordenava que ela retirasse o que tinha dito, enquanto pressionava o pescoço dela com a mão esquerda. A garota começou a se debater, mas numa das raras situações em que minha altura é útil, eu não a soltei. Pelo menos até que a inspetora Gizuno me agarrasse pelos ombros e me arrastasse dali, direto para a sala da diretora, onde minha mãe foi chamada. Mamãe conversou por quase duas horas com a diretora, e eu fui suspensa por três dias. Nadeshiko fez um drama imenso, disse que pensou que eu iria matá-la. Foi para o hospital, porque, ao que parece, engasgou-se com uma azeitona e teve as duas narinas obstruídas por muzzarella e anchovas. Foi preciso tomar uma série de remédios para a recuperação do olfato...

Na minha opinião, tudo um exagero. Matar? Eu? Logo eu? Nadeshiko Yamazaki é a única criatura no planeta que me inspira ânsias de assassinato e, mesmo assim, eu engulo suas insinuações venenosas como tenho feito em todos esses anos! Na primeira vez em que perco a calma, ela me acusa de tentativa de assassinato! O pior foi que ninguém apurou os motivos para que eu quisesse sufocá-la com um pedaço de pizza de anchovas. Fora os três dias de reclusão, mamãe ainda me põs de castigo. Trancou todos os meus CD's das Thunder Girls no quarto dela e do papai, e simplesmente disse para que eu nunca mais fizesse isso. Papai, pelo menos, quis saber porquê eu fiz aquilo. Disse tudo para ele, que conversou com mamãe. Passados os três dias de suspensão, eu voltei a ter posse dos meus CD's. Quando voltei par ao colégio, antes de sair de casa, papai me puxou para longe da mamãe de mandou:

"Não engula o que aquela garotinha metida disser. Vou te contar uma coisa, eu também não suporto o pai dela" nesse instante, ele viu com o rabo dos olhos se mamãe estava por perto "Sua mãe é a diplomata dessa lar, e quer que nós também sejamos. Então, olhe: não ature o que ela disser. Pelo amor de Kami, não estou dizendo para sufocar a menina outra vez!" ele me olhou preocupado, e eu confirmei enfaticamente com a cabeça, em sinal de entendimento "Mas.. seja lá o que for fazer... Certifique-se de que ninguém esteja por perto para presenciar, Ok?" e piscou para mim. Com isso, lá fui eu de volta para o colégio, só que dessa vez, com uma importante lição aprendida.

É incrível como o pai é diferente da mãe. Ele realmente consegue me entender, sempre que há um problema. Mamãe é carinhosa, e tudo, mas segue à risca os conceitos de boa educação, e etc, e etc. O papai é difente... Uma vez, ele me disse que nem sempre foi assim. Quando eu perguntei porquê, e como era antes, ele inventou uma desculpa de que tinha de verificar os tatames do dojo. Acho que agora percebo o que ele quis dizer.

Opa. A corja da Nadeshiko chegou. Melhor eu sair daqui, antes que acrescente mais uma emoção para o meu dia. Coisa de que não preciso no momento, com 25 de sangue youkai, um irmão irritado e uma boa explicação para quando chegar em casa.