CAP XI
Ele ficava ainda mais lindo quando dormia daquela forma tão calma.
Acariciei seus cabelos, depositando um beijo em sua testa. Ele se remexeu, mas não acordou. Sorri, saindo delicadamente da cama, tentando não acordá-lo.
Uma sensação de plenitude invadiu meu coração quando parei nos pés da cama, vendo-o se mexer sobre os lençóis, buscando o calor do meu corpo.
Quando percebi que ele não acordaria me vesti rapidamente, saindo em seguida. Tinha coisas a resolver antes de ver meu anjo despertar.
Fui rápido o suficiente para quando voltar, Duo ainda está dormindo profundamente. Seus cabelos se entrelaçavam em seu corpo, que se misturava com os lençóis.
Adorável.
Com um embrulho nos braços me sentei perto dele, não conseguindo me impedir de roçar nossos lábios. Duo era tão... angelical daquela forma. Tudo que eu conseguia fazer era pensar em abraçá-lo e nunca deixá-lo ir.
Peguei um dos objetos que havia comprado e rocei suavemente em seu rosto, contornando seus traços. Duo franziu o cenho, mexeu o nariz, provavelmente um pouco incomodado com os toques.
-Vamos, amor... – Murmurei docemente, deixando agora o delicado objeto alcançar sua boca.
A cor dos lábios de Duo duelava com o da rosa, mas nem é preciso dizer que meu anjo era infinitamente mais belo.
-Hee? – Ainda de olhos fechados, ele tateou o colchão, até encontrar minha coxa, onde veio deitar a cabeça.
-Sim, amor. – Continuei com a carícia, mesmo quando ele afundou o rosto na curva do meu quadril.
As pétalas delicadas roçavam em seu pescoço e ombro nus, provocando alguns arrepios bem visíveis. Afastei os fios castanhos, expondo suas costas alvas.
Uma de minhas mãos descasava em sua cintura, enquanto a outra conduzia a rosa pelo corpo desnudo. O contraste do vermelho com o tom tão clarinho da pele de Duo era um show a parte.
-O que está fazendo, amor? – Sua voz soou extremamente sonolenta.
-Carinho, meu anjo. – Respondi, vendo-o abrir seus maravilhosos olhos violetas.
Parei com as carícias por um instante e fiquei apenas observando-o despertar. Seus olhos se abriram e fecharam diversas vezes, enquanto ele lutava para não bocejar. Então ele se espreguiçou gostosamente, deixando seu belo corpo todo a mostra.
-Bom dia, Hee. – Apenas sorri, passando as delicadas pétalas por seu pescoço, vendo-o suspirar, satisfeito. – Isso é bom. – Me debrucei sobre ele, deixando a rosa roçar em seus mamilos claros.
Ele se contorceu, um gemido baixinho escapando por seus lábios entreabertos. Continuei minha carícia, voltando a me sentar ao seu lado, deixando a delicada flor deslizada por sua pele, contornando os músculos levemente definidos de seu abdômen.
Ele gemeu quando o toque desceu um pouco mais, alcançando seus quadris. Seus olhos estavam abertos, um pouco confusos.
-Hee? – Me abaixei, capturando docemente seus lábios, enquanto deixava a flor deslizar pela parte interna das suas coxas.
Ele flexionou as pernas, abrindo-as completamente. Sorri, aprofundando o beijo. A entrega dele sempre me surpreendia.
Abandonei seus lábios e voltei a me sentar, olhando-o de forma apaixonada. Duo sustentou o olhar, estendendo a mão para acariciar meu rosto.
-Você fica maravilhoso com esse sorriso doce nos lábios, Hee. – Beijei seu pulso, deixando as pétalas delicadas acariciarem entre suas pernas, numa tortura deliciosa.
Ele abriu mais amplamente as pernas, fechando firmemente os olhos. A carícia delicada continuou, tocando-o em suas partes mais íntimas. Quando olhei para sua ereção, notei que um líquido perolado já pingava da ponta.
Tão sensível.
-Adoro quando você se entrega assim. – Murmurei, passando a flor em seu membro, sujando as pétalas com o líquido cristalino.
Os cabelos se espalhavam ao seu redor, seus lábios estavam entreabertos, um som baixinho escapando deles. E eu ainda nem tinha tocado-o efetivamente ainda.
-Hee, isso é tortura, amor...me toque, por favor. – Sua mão foi até minha nuca, me puxando ferozmente para um beijo.
Eu adorava a forma que minhas provocações deixavam seu corpo.
E, por Deus, como eu amava aquela entrega.
(¯·..·¯·..·¯)
Pensar estava completamente fora de cogitação.
Eu havia sido reduzido a grande massa de nervos a flor da pele.
Esqueci a briga do dia anterior, a mágoa, esqueci até mesmo meu nome quando senti sua língua duelar com a minha.
Céus! Ele me amou... me amou de uma forma que nunca tinha feito antes. Cada fibra do meu corpo vibrou com seu toque e me vi perdendo completamente o controle.
Foi tão...diferente, foi como se fizéssemos amor pela primeira vez.
-Hee? – Chamei suavemente, enquanto me aninhava em seu peito.
-Hum? O que foi, meu anjo? Eu machuquei você? – Seus braços me puxaram um pouco pra cima, para que ele pudesse ver meu rosto.
-Não...nunca. – Respondi, depositando um beijo em seus lábios. – É só que dessa vez foi...mágico, foi como...
-Fazer amor pela primeira vez. – Arregalei meus olhos. – Eu vou preparar o café, descanse mais pouco, ok? Nada de trabalho ou faculdade hoje para nós. – Ok. Vamos dar uma pequena parada.
Heero nunca foi o tipo do cara irresponsável, ele jamais faltava trabalho, a não ser que eu estivesse doente, coisa que não acontecia porque eu me sentia imensamente bem, talvez até mais que o normal. Então eu só podia concluir que... algo estava muito errado naquele dia. Ou muito certo.
Eu pensei em retrucar, perguntar o que estava acontecendo, mas seu olhar me calou e eu me vi assentindo mansamente quando ele disse que passaríamos o dia todo junto.
Tudo estava absurdamente diferente. Quer dizer... depois da briga do dia anterior as coisas deveriam estar estranhas ou até mesmo ruins, mas... tudo estava melhor que antes. O olhar de Heero estava mais caloroso, seus toques estavam mais carinhosos e seu sorriso... por Deus! Aquele sorriso cheio de... amor.
Balancei a cabeça, enquanto sentia seus lábios sobre os meus. Eu estava surtando... com toda certeza, mas... daquela vez, ele me olhou quando fazíamos amor e... não era o mesmo Heero, não havia aquele olhar meio perdido, ele... estava entregue, tão entregue quanto eu.
E isso era assustador.
-Anjo, em cima da mesinha... – O olhei, ele estava parado na porta do quarto, já vestido, sorrindo de forma... travessa. – É um presente...pra você. – O papel colorido reluziu quando ele acendeu as luzes, saindo em seguida.
Ergui uma sobrancelha, olhando para o embrulho como se fosse algo ameaçador. Heero sempre me dava presentes, mas o dia começara de jeito estranho demais para eu achar aquela súbita boa vontade normal.
Havia algo estranho naquele presente... e eu tinha que descobri o que era.
Com cuidado excessivo desfiz o caprichoso laço, vendo o papel cair e me revelar...um doce ursinho de pelúcia.
Ok. Ok. Ok.
O dia realmente não estava nada comum.
Heero me presenteava com roupas... lindos casacos, calças e coisas do tipo. Ele me dava livros, cds e tudo mais. Mas nunca... nunca ursinhos de pelúcia ou coisas tão... fofas. Agindo dessa forma ele parecia até... um cara apaixonado.
Ops... pensamentos estranhos novamente... melhor não perder o foco.
-Pro inferno! – Murmurei baixinho, abraçando o urso contra meu peito, sentindo aquela sensação estranha que se tem quando se abraça uma dessas coisas fofas.
E foi um barulho estranho que me despertou a atenção. Parecia papel sendo amassado.
Afastei o bichinho de mim, o olhando como se fosse uma ameaça alienígena e então notei o pequeno bolso na frente de sua roupinha vermelha.
Com cuidado peguei o pequeno papel de cor também vermelha dentro do bolso. Desdobrei o bilhete, sentindo meu coração acelerar as batidas por um instante.
A caligrafia bonita, perfeita na cor prateada, se destacando no centro do bilhete.
Três palavras.
As três malditas palavras que eu esperei ouvir durante todo aquele tempo.
Eu te amo.
(¯·..·¯·..·¯)
Apenas me sentei e esperei, sorrindo feito um idiota apaixonado. Demoraria o que? Cinco minutos? Talvez um pouco mais...
-Heero Yuy, seu... desgraçado! – Apenas suspirei, virando a cadeira para a porta da cozinha.
Encarei um Duo vermelho de raiva. Os cabelos soltos cascateavam em volta de seu corpo... nu. Mas nem tive tempo de apreciar aquela visão, pois logo tinha uma faca apontada direto para meu nariz.
-Duo?
-Como você pode, Heero? Como pode brincar desse jeito com isso? – Eu apenas sorri suavemente, tirando o objeto de suas mãos trêmulas, antes que ele realmente perdesse o controle.
-Sente-se aqui, meu anjo. – Bati levemente em minhas coxas, mas ele ignorou solenemente, me dando as costas.
-Eu deveria ter ido embora... ter sumido... – Arregalei os olhos. – Teria doído menos. – Fui mais rápido que ele e o abracei por trás, afundando meu rosto em seu pescoço.
Aquela confusão, a fúria... eram tão adoráveis! Mas...claro que as lágrimas e os soluços não.
-Duo, não gostou do presente? – Perguntei, enquanto me movia para frente de seu corpo, mas sem nunca deixar que meus braços o soltassem.
-Não brinque, Heero... por favor. – Ele ergueu os olhos chorosos e eu me senti derreter.
-Não é brincadeira. – Afirmei, roçando meu nariz no dele. – Eu juro, Duo. – Ele me encarou, a dúvida e a vontade de acreditar duelando ferozmente em sua mente.
Eu assisti sua luta, vendo-o buscar em meus olhos o que precisava. Eu tentei expor tudo o que realmente sentia e o quanto fui estúpido durante todo o tempo.
-Hee... sempre, amor... sempre esteve aí. Por que... por que nunca enxergamos? – Sua voz soou aliviada.
-Nunca quisemos de verdade... eu tinha medo e você... a idéia estava tão enraizada em sua mente, tão profunda... você achava, tinha certeza, que eu não te veria como um homem... – Suspirei, envolvendo-o mais fortemente. – Eu tinha tanto medo... tanto medo disso... tanto medo de me envolver demais e te machucar... tudo estava bem, você era uma criança que eu protegia... fazíamos o mesmo que nos primeiros meses... com o bônus... do sexo. – Ele soluçou, baixinho.
-E o que mudou? – Sua voz quase sumiu e eu acariciei suas costas nuas.
-Você não é uma criança... eu vi claramente ontem... você estava tão certo do que queria, dizendo tudo aquilo, correndo o risco de perder tudo, enquanto eu... eu fui um idiota que estava satisfeito com o tinha... – Parei, suspirando. – Um maldito desgraçado que não percebi o quanto tudo aquilo estava te machucando. – Ele sorriu fracamente, acariciando meu rosto. – Eu fui um estúpido, não fui? Perdi tanto tempo porque tinha esse medo... esse medo idiota de você não ser mais que uma criança e se magoar com as coisas que vêem junto com esse sentimento tão forte, até mesmo acreditei que nunca o amaria assim quando na verdade eu já amava... loucamente... em momento nenhum eu pensei que você sabia disso, você sabia o que vinha com esse amor descontrolado... você sempre sentiu. Por mim. – Algumas lágrimas escaparam de sua prisão, escorrendo por meu rosto.
-Oh, amor! – Seus braços envolveram meu pescoço. – Fui tão cego... tão cego. – Meu coração parou por um segundo quando seus lábios roçaram nos meus. – Eu te amo tanto... que dói.
-Duo, eu... – Suspirei. – Te amo. – Me surpreendi com a verdade daquelas palavras. – Deus, sim! Eu te amo demais... meu Deus, Duo... mais que tudo, que qualquer coisa. – Um alívio imenso percorreu meu corpo e eu me senti...livre.
Pela primeira vez em todo aquele tempo, ou talvez desde sempre, eu senti como se todo o peso fosse retirado dos meus ombros. Toda a dor por tudo que já havia vivido, todo o medo, tudo... meu Deus... tudo desapareceu, quando os lábios dele buscaram os meus, num beijo dolorosamente gentil.
Foi como... nosso primeiro beijo.
Sua língua tocou meus lábios e eu cedi, entreabrindo-os para receber seu toque quente. E ficamos assim... nos beijando de forma calma por longos e longos e minutos.
-Amor, me diz de novo? – Sua voz soou doce e eu constatei que nunca poderia negar nada a ele. Daria até as pirâmides se ele quisesse.
-Te amo... te amo demais. – O ergui, segurando sua cintura, rodopiando com ele pela cozinha. – Muito, muito, muito. – Suas gargalhadas me confortavam e eu me permiti compartilhar aquilo com ele.
O peguei no colo, passando meus braços sob seus joelhos e costas, sentindo-o se aninhar contra meu peito.
-Hee, me leva pro quarto? – Sorri de forma maliciosa pra ele.
-Pra que?
-É que eu estou... nu. – O apertei mais contra mim, adorado a sensação daquela pele nua.
-Oh... sim... e eu tenho planos para isso. – Ele sorriu, concordando e afundando o rosto em meu peito.
E eu achava que a vida não podia melhorar.
(¯·..·¯·..·¯)
Eu ia explodir de felicidade. A frase é clichê e estúpida, mas caiu como uma luva naquele momento. No momento que ele disse... no momento que eu ouvi aquela voz que eu tanto amava, pronunciar as palavras que eu sempre sonhei, algo fez um grande clique em minha cabeça. Tudo havia se encaixado... finalmente.
Fui colocado na cama, sentindo Heero deitar do meu lado. Eu ainda não conseguia acreditar o quão estúpidos havíamos sido.
O quão estúpido eu havia sido.
Tão malditamente cego, só enxergando o que me parecia óbvio.
Mas... eu não queria mais pensar nos erros... tínhamos todo um caminho de acertos pela frente.
-Hee? – Pisquei confuso, sentindo seu olhar sobre mim. – Que foi? – Eu esperava um beijo lascivo, o peso de seu corpo sobre o meu, mas... Heero só ficou me olhando, esquadrinhando cada pedaço da minha pele.
E me senti ruborizar, como há muito tempo não acontecia.
-Você é tão bonito, tão perfeito... – A vermelhidão provavelmente já alcançava meu pescoço. – Tão meu... se entrega tão completamente... eu não entendo como pude ter tanta sorte em te encontrar. – Ele se calou, provavelmente notando o que havia dito.
-Tudo bem, amor... eu também me sinto assim... e, por Deus, às vezes acho que vou sufocar se não tiver você.
-E não... não consigo pensar sem você, meu Deus, Duo, só de me imaginar sem você o sangue parece fugir das minhas veias.
-Não somos normais, amor... deviam nos internar. – Constatei, tentando parecer sério, mas falhando miseravelmente. – Tudo isso é forte demais... só pode ser loucura.
-Amor demais...amor demais faz isso. – Sorri, me ajeitando sobre os travesseiros, convidando-o, mudamente, para me amar.
Mas ele não o fez.
Heero apenas apoiou a cabeça em meu ombro e enlaçou minha cintura, suspirando baixinho, proporcionando aquele calor gostoso. Eu gostava daquilo, gostava mais que fazer amor, mais que beijá-lo.
-Amor? – Me deliciei com a palavra carinhosa.
-Huh?
-Te amo. – Meu peito se aqueceu com a declaração tão sincera.
-Ah, Hee... eu também... muito.
Ficamos lá, abraçados, envoltos um no calor do outro e meu coração finalmente teve a paz que tanto procurava desde o dia que entrei pela primeira vez naquele apartamento.
O lugar onde estavam minhas melhores lembranças, onde eu construiria muitas outras.
Meu lar.
Owari
Hey!
Eis o fim / chora / ... espero que tenham gostado!
E muito obrigada pelos comentários ao longo do fic, foram muitos importes!
Logo logo posto um pequeno epílogo que fiz!
Bjus!
