2. O pacto
"O que nós estamos fazendo aqui?" Choramingou Serene quando Laurel a arrastou pela rua principal em Hogsmeade.
"Ah, Serene, para de agir que nem criança!" Laurel olhou para o pedaço de papel em sua mão. "Casa Winterstorm" ela sussurrou. "Sem o nome da rua."
"Se você me dissesse o que nós estamos procurando eu poderia ajudar. Eu talvez até pare de choramingar."
"Nós estamos indo visitar a noiva de Sirius." Laurel franziu a testa e olhou boquiaberta para a cerca viva de espinheiros que ocupava metade da rua.
"O QUÊ?" A boca de Serene se abriu em espanto. Ela segurou a manga da roupa de Laurel e a segurou no lugar. "A noiva dele? Isso é algum tipo de piada de mau-gosto?"
"Não. Ele vai casar. Amanhã, para ser precisa. Minerva me pediu para visitar Claire e ver se eu posso ajudá-la nos preparativos do casamento. Você sabe, a comida, o vestido..."
Serene riu, apesar da surpresa do casamento. "Ajudar com o vestido? Você? Sem ofensa, Laurel, mas..."
"É aí que você entra." Respondeu Laurel com um sorriso orgulhoso.
"Então é para valer?"
"Aparentemente, já que Minerva será uma das testemunhas."
"Mas que bruxa iria casar com Black?"
Laurel deu de ombros. "Claire Winterstorm, imagino." Ela apontou para a porta de aço trabalhado. "E é aqui que ela mora."
A porta se abriu e as levou a um jardim cheio de moitas floridas. Nenhum jardineiro parecia ter tocado as rosas ou as árvores fazia anos. Elas floresciam em abundância e tinham tomado conta do solo em uma tempestade de cores e cheiros.
"Wow. Ela pode ser louca, mas é uma louca rica. Muito rica. Olha para a casa!" Serene disse estupefata.
A Mansão Winterstorm era uma linda construção antiga com muitas chaminés e quartos adicionais. Uma varanda com cercado de madeira branca corria ao redor da casa no primeiro andar. Janelas francesas davam a casa uma fachada amigável e deixava entrar a brisa morna.
"O que a faz pensar que ela é louca?" Laurel balançou a cabeça com desaprovação, silenciosamente censurando a si mesma porque ela tinha feito a mesma pergunta para Severus uma hora atrás.
"Eu disse louca? Desculpa, quis dizer suicida." Serene jogou os longos cabelos ruivos para trás e virou os olhos. "Sirius Black não tem o mínimo de tato, é maldoso e tão cheio de si que me dá vontade de chutá-lo toda vez que eu o vejo."
"Deixa disso, Serene. Ele não é o bruxo mais desagradável que existe. Ele..."
"Ele?"
Laurel coçou a cabeça em desespero, tentando pensar em algo bom. "Remo o ama como um irmão. Sirius é o melhor amigo dele."
"Remo?" A bruxa ruiva jogou as mãos para cima, impaciente. "Você conhece Remo. Ele é sempre tão bondoso, tão pronto a perdoar. Remo gosta de todo mundo. Até mesmo de..." A voz dela falhou de repente.
"Até de você." Laurel terminou a frase por ela. "Apesar de você fazer tudo que pode para fazê-lo parar de gostar de você. De amar você."
Serene estreitou os olhos perigosamente. "Esse não vai ser mais um sermão, vai Laurel? O que acontece entre mim e Remo não diz respeito a mais ninguém além de nós dois."
"Tudo bem." Laurel deu de ombro e começou a andar em direção à mansão. "Mas mantenha suas opiniões sobre Sirius para você. Talvez essa mulher veja algo nele que nós não conseguimos ver."
"Sim, claro." Serene bateu na porta. "Deixe-me dizer uma coisa." Ela olhou para Laurel e seus olhos se tornaram verdes escuros em sinceridade. "Os Dementadores o pegaram em Azkaban. Eles o pegaram e acabaram com ele, seja lá o que eles fazem. Ele está vazio, e o que Remo ama é nada mais do que uma memória, uma casca vazia do homem que Black já fora anos atrás."
Laurel suspirou. Mas antes que ela pudesse responder a porta se abriu e um elfo-doméstico sorriu para elas.
"Nós gostaríamos de ver a Srta. Winterstorm." Laurel disse e deu uma cotovelada em Serene para fazê-la parar de ficar fitando o salão de entrada com sua tapeçaria e móveis antigos.
"Visita! Vocês são visitas! Sim. Peagreen pode adivinhar." A voz do elfo quase desafinou. Ele vestia um adorável avental azul listrado. Vendo o laço azul cobrindo os poucos cabelos verdes da criatura, Laurel concluiu que Peagreen na verdade era 'ela'.
A elfa balançou a cabeça alegremente. "Srta. Claire está trabalhando no salão. Peagreen vai anunciar as senhoritas." Ela pegou os agasalhos delas e correu, orelhas abanando animadamente. Os empregados de Winterstorm obviamente não viam muitas visitas.
Claire manteve as mãos atrás de si quando as duas bruxas entraram na sala, para que elas não notassem como ela enterrava as unhas nas palmas das mãos. Ela tentou parecer calma. Sua mãe sempre disse que calma era uma virtude em uma mulher.
Uma das bruxas era linda. Claire sentiu uma facada de inveja quando olhou os longos cachos ruivos, os grandes olhos verdes, o lindo vestido. A companhia dela parecia bem mais simples, com cabelos e olhos castanhos. Mas o sorriso dela era tão aconchegante que a fazia transmitir uma beleza especial.
"Eu sou Laurel Hunter." A bruxa do sorriso disse. "Essa é Serene Kennedy. Nós ensinamos em Hogwarts. Eu... nós." Ela levantou a mão se desculpando. "Eu realmente não sei como dizer isso. Mas Minerva disse que você talvez precisasse de ajuda. Com o casamento e tudo o mais."
"O casamento." Claire corou. Claro que Minerva McGonagall não manteve silêncio. Mas o quanto ela havia contado para essas bruxas sobre o... plano? "Claro. Muita gentileza de vocês terem vindo."
Ela chamou Kikki para seu lado, se agachou e sussurrou alguma coisa em sua orelha. O elfo concordou com a cabeça e saiu do quarto.
"Vocês devem estar exaustas." Claire fez o melhor para bancar a anfitriã. Ela havia lido sobre isso, claro, e ela tinha visto sua mãe algumas vezes, do alto da escada, quando Phyllis Winterstorm tinha convidados. "Por que vocês não tomam um copo de chá gelado, ou cerveja amanteigada fria? Nós podemos nos sentar na varanda, é ótimo lá fora nessa hora."
Elas a seguiram para fora, na varanda, onde os elfos arrumaram uma mesa com vários refrescos. Claire escutou a bruxa ruiva sussurrando. "Exaustas? Por acaso ela acha que nós viemos a pé desde Hogwarts?"
Claire tremeu silenciosamente e ofereceu bebidas a elas. Claro que elas tinham usado vassouras - ou talvez tenham aparatado... Claro que ela era a única pessoa ali que não tinha outro meio de transporte a não ser as pernas.
"Então." Serene sorriu enquanto Claire sentava cautelosamente. "Como você conheceu nosso querido Sirius?"
Laurel a acotovelou com certa força e a fez calar a boca. "Sinto muito. Eu não tive tempo de informar Serene sobre... o plano."
"Eu não tenho certeza do quanto o Diretor Dumbledore chegou a contar." Claire não fez mais nenhum esforço em esconder seu embaraçamento.
"Você casa com Sirius e com esse arranjo, você pode espiar o Círculo Interno de Voldermot."
A boca de Serene se abriu em surpresa. Ela olhou para a pequena bruxa e balançou a cabeça. "Você vai ser a substituta de Snape? Você deve estar louca."
"Serene!" Laurel sibilou.
Claire evitou o olhar de Laurel e encheu seu copo com chá gelado. Suas mãos tremiam um pouco, mas ela manteve o corpo firme.
Um bando de corujas apareceu de repente e circulou a casa, planando em arriscadas manobras ao redor da varanda.
"Corujas de negócios." Explicou Claire e mandou as aves para o corujal. "Deve ser três da tarde."
"Você têm corujas de negócios?" Laurel tomou um gole do chá e olhou para Claire curiosa. "Deve ter... umas cem corujas ali!"
Claire ajeitou o guardanapo. "Meu pai começou uma bem sucedida cadeia de livrarias. Para bruxos, mas também..." Ela sorriu timidamente. "Também livros sobre magia para Trouxas. Cuidadosamente medido nas palavras, claro." ela acrescentou. "Meu pai achava que isso iria facilitar para eles aceitarem nossa existência, algum dia."
Laurel concordou. Então Claire era uma mulher de negócios. 'Interessante."
Claire tentou desesperadamente pensar em alguma coisa sobre o que conversar. Ela sentiu o pânico passando da sua garganta para seu coração. Como ela poderia ser tão idiota em pensar que conseguiria enganar os Comensais de Voldemort se ela não conseguia manter uma conversa com duas bruxas inofensivas por mais de dois minutos?
Eventualmente Laurel jogou as mãos para cima em derrota e admitiu: "Eu realmente acho complicado manter uma conversa com alguém que você mal conhece." Ela riu, e Claire se sentiu zonza de alívio.
"Eu... minha habilidade em conversação está um pouco enferrujada." Ela disse. 'Ou inexistente.' ela adicionou silenciosamente. "E eu tenho tanto na minha cabeça no momento, com o casamento e tudo o mais."
"O casamento. Claro." Serene se levantou, aliviada que elas finalmente tivessem encontrando um interesse em comum afinal. "O vestido. Nós estamos encarregadas de te ajudar com o vestido. Ou melhor, eu estou." Ela sorriu para Claire. "Laurel pode te dizer tudo o que você quiser saber sobre a revolução dos Duendes de 1546, mas ela é um desastre da moda."
Se Serene tinha ficado maravilhada ao ver o salão, ela estava petrificada pelo quarto de roupas de Claire. Ou, como Claire tentou explicar timidamente, o ex-quarto de roupas da mãe dela.
"Eu não tenho tantos vestidos assim. E nenhum deles é bom o suficiente para... uma ocasião especial. Claro que eu..." Ela sorriu para Serene que já começara a tirar alguns robes. "Nós. Nós poderíamos ver se tem alguma coisa no Gladrags." Como se ela já tivesse estado lá alguma vez... Era realmente cansativo manter a aparência de ser alguém normal. Mas ela tinha que praticar de qualquer maneira. Um erro na presença dos Comensais certamente iria ser o fim dela. Um erro na frente daquelas duas professoras de Hogwarts iria no máximo deixá-la embaraçada. E se tinha uma coisa que ela era boa, era em ficar embaraçada.
"Gladrags!" Serene revirou os olhos. "O que você tem aqui é muito melhor! Isso é linho, muito na moda hoje em dia."
Laurel se sentou na cama e aparentemente se divertia observando.
"Isso é simplesmente perfeito!" Serene sorriu para Claire e segurou robe de seda verde clara. "Laurel, concentre-se! Esse irá destacar os olhos dela, e combina perfeitamente com o cabelo, se ela fizer algo para mantê-lo fora da face." Ela franziu o cenho. "Mas as mangas estão muito longas."
"Eu posso consertar isso." Disse Claire intimidada com a própria determinação.
Serene colocou o robe cuidadosamente em uma cadeira. "Eu vou pegar minha varinha, não meu agasalho. Nós só precisamos encurtá-la alguns centímetros."
Ela correu para fora do quarto e Claire suspirou.
"Ela pode ser realmente assustadora, não?" Laurel sorriu simpaticamente.
Claire esfregou as têmporas. "É só que ela é tão linda. Eu gostaria de ter aquela altura e aquela segurança toda."
"E eu às vezes queria ter aqueles cabelos. São lindos, não?"
Ambas as mulheres se olharam e sorriram.
Laurel deu de ombros. "Você tem uma almofada de agulhas? Você sabe, instrumentos trouxas de costura?"
Claire respirou fundo. Minerva provavelmente contou a Laurel sobre sua inabilidade com mágica. Um peso saiu de seu coração. Por muitos anos seus pais a forçaram a nunca contar para ninguém sobre ela ser um aborto. Não que ela tivesse alguma oportunidade de estragar seu disfarce, já que nenhum estranho era admitido na Mansão Winterstorm. Ninguém nunca soube o quanto ela desejava contar a verdade para alguém, ter um amigo com quem ela pudesse ser honesta. Mas assim que ela abriu a boca para confessar, Laurel quebrou todas suas esperanças.
"Claro que você vai querer fazer isso magicamente. Mas me deixe costurar alguns pontos, apenas para provocar Serene."
Os lábios de Claire tremeram, mas ela fechou os punhos novamente e se levantou. Estar com pessoas realmente era doloroso. "Claro que eu poderia fazer isso magicamente. Vou pegar a caixa de agulhas."
Quando Serene retornou com a varinha, Claire e Laurel estavam sentadas no chão, costurando a manga.
"Laurel! O que você está fazendo?"
Laurel sorriu. "Costurando. Você queria a manga mais curta, e aqui estamos nós, duas costureiras ocupadas, seguindo seus conselhos."
"Mas... você está... com uma agulha?" Serene balançou a cabeça incrédula. "Laurel, você precisa entrar em um acordo com o mundo mágico. Como você consegue viver aqui e fingir metade do tempo que você não precisa de nenhuma mágica?"
"Pelo amor de Deus!" Laurel enfiou a agulha no tecido fino e espetou o próprio dedo. Gemendo ela colocou o dedo na boca. "Eu consigo passar muito bem sem mágica a maior parte do tempo." Ela se virou para Claire, que olhava as duas com espanto. "Eu cresci como trouxa. Às vezes mágica parece ser mais difícil do que fazer as coisas da maneira que eu estou acostumada."
"Eu entendo." Claire pegou a mão dela. "Me deixe ver."
Ela segurou a mão da outra por um momento. Então ela corou e largou mão, evitando o olhar curioso de Laurel, levantando o vestido de seda em seguida para Serene.
"Desculpe termos começado sem você."
Serene se ajoelhou ao lado dela e estudou a linha de costura perfeita. "Tudo bem, isso está ótimo. Não poderia ter feito melhor com a varinha."
Laurel sorriu. "Literalmente. A Serene aqui não é melhor do que eu, nascida e criada Trouxa. Nós duas entramos em Hogwarts três anos atrás. Apesar do que devo admitir que Serene leva esse negócio de mágica bem mais a sério do que eu."
Claire fitou as duas. "Mas vocês... vocês são bruxas."
"Mas nós nunca recebemos a carta." Serene explicou com raiva reprimida em sua voz. "Alguém errou feio."
"Vocês devem ter ficado tão felizes quando descobriram."
"Oh, eu estava extasiada. Mas eu lembro Laurel choramingando e odiando isso."
"Verdade?"
Laurel deu um sorriso tímido. "Eu... aprendi a gostar disso. Só precisei de um tempo." Ela deu uma tossida. "Claro, você é uma bruxa com a devida escolaridade, então não sabe como é ser exposta a toda essa mágica de repente. Eu pensei que nunca fosse conseguir controlar todos esses feitiços, encantos e coisas. E eu ainda me sinto extremamente orgulhosa quando consigo conjurar uma bandeja de chá que não apareça como um porco ou um tobogã."
"Mas você gosta o suficiente para ficar em Hogwarts, não?" Claire pensou alto. "Você até ensina."
"Vamos colocar dessa maneira. Enquanto Serene está onde ela sempre quis estar, eu estou onde a pessoa que eu sempre quis estar está." Ela começou a pegar as vestes que Serene declarou como impróprias para Claire.
"Talvez nós devêssemos arrumar algo para você também, Laurel." Serene disse e olhou desaprovando o vestido simples que Laurel usava.
A bruxa morena sorriu, e Claire percebeu um brilho de revanche nos olhos dela. Vagarosamente ela entrou no ritmo das duas bruxas nas suas discussões bem humoradas. Elas pareciam ser amigas e se divertiam bastante naquelas lutas verbais.
"O que tem de errado com o que eu estou vestindo?"
"Você tem olhos lindos, e uma cor mais quente poderia acentuar isso."
"Severus não iria notar a diferença." Laurel riu. "Ele só iria perceber se eu não vestisse nada."
"AH, Laurel. Você é um caso perdido. Vocês realmente se merecem."
Os olhos de Laurel se acenderam e Claire quase podia sentir o calor que eles irradiavam. "É isso que eu sempre digo."
Serene limpou a garganta e deu de ombros, se desculpando com Claire. "Ela está perdidamente apaixonada. Ela não consegue pensar claramente."
Claire sorriu timidamente. "Mas estar apaixonada é algo preciso, não?"
"Sim, realmente é." Laurel concordou, dobrando cuidadosamente as vestes de seda e colocando-as em cima da cama. "Espero que você e Sirius sejam tão felizes quando eu e Severus."
"Severus Snape?" Claire franziu a testa. "Tinha um Severus Snape na Sonserina quando eu freqüentava a escola. Extremamente desagradável."
"Provavelmente é o mesmo bruxo. Ele ensina poções hoje."
"Oh."
"Ele não era exatamente o que poderíamos chamar de um bom garoto. Eu sei disso." Laurel disse gentilmente ao perceber o embaraço da outra.
"Ele nunca me fez nenhum mal." Ao menos isso era verdade, Claire pensou. Snape nunca tinha notado a presença dela, e ela agradecia a Merlin por isso. Até mesmo como um setimanista ele a assustava. Ela tinha certeza de que ele tinha sido capaz de ver através do disfarce dela. Ygor sempre tentou assegurá-la de que ninguém sabia além dos professores. Mas Claire passava todos os dias com medo. Os Comensais tinham começado a atacar e matar Abortos, tanto quanto Sangue-ruins, logo que ela iniciou seu segundo ano em Hogwarts.
"Tem mais alguém no corpo de professores que você lembra dos seus tempos de escola?" A pergunta de Serene a trouxe de volta de suas memórias.
"Acho que não." Ela disse calmamente. "Ninguém além de Snape. E claro, Sirius."
Professor Flitwick conjurou outra almofada para a própria cadeira e finalmente se sentou confortavelmente ao lado de Dumbledore. O fogo da lareira queimava, afastando o frio comum de um entardecer em fim de maio.
"Albus, você realmente acha que é uma boa idéia colocar Sirius sob tamanho estresse?"
O Diretor suspirou e esfregou entre os olhos. "Eu fico me perguntando a mesma coisa. Mas honestamente, eu não tenho uma opção. Não há ninguém além de Claire."
"Mas ela é um aborto. Se os Comensais descobrirem, ela morre." O pequeno bruxo tremeu. "Isso se ela tiver sorte."
"Sirius irá garantir que ela saia dessa aventura a salvo. Você o conhece. E ele precisa desesperadamente de uma razão, algo além de Harry. Afinal, o garoto já tem quase dezesseis anos. Em um futuro próximo ele irá começar a própria família."
"Bem, o tempo irá dizer." Flitwick pegou um pedaço de torta de abóbora. "O que tem acontecido no feitiço te preocupa tanto?"
"Ele não deveria disfarçar o rosto de Black para todos, fora os professores?" Dumbledore ergueu as sobrancelhas e fitou o Professor de Feitiços. "Como ele se mostrou ineficiente contra um simples aborto?"
"É isso que você suspeita? Que o fato da garota ser um aborto a torna imune ao Feitiço Incógnito?" Flitwick sorriu. "Idéia interessante. Mas não é isso. Afinal, o Sr. Filch também é um aborto e ainda não reconheceu Black."
"Então o que é?" Dumbledore franziu o cenho. Ele estreitou os olhos. "Theodore! Você fez uma brecha!"
O pequeno bruxo concordou lentamente. "Eu prefiro chamar de janela, não brecha. Sirius Black tem uma grande família, não?"
O Diretor balançou a cabeça. "Dois dos seus irmãos morreram na guerra, apenas semanas antes dos Potter serem assassinados. Mas o mais novo, Castor, ainda vive."
"Ah, eu me lembro de Castor." Disse Flitwick. "Um grande músico."
"A mãe deles ficou devastada quando Sirius foi mandado para Azkaban. Ela morreu alguns anos depois. Então a família dele não é tão grande no final das contas. Realmente é só Harry agora."
"É por isso que eu permiti a janela no feitiço." Suspirou o professor. "Eu não sabia que eles estavam todos mortos. Eu achei que eles deveriam poder reconhecer ele quando eles se encontrassem."
"Você tem um coração que é realmente maior que seu corpo, Theodore." Dumbledore sorriu. "Mas isso ainda não respondeu a pergunta. Claire não é irmã de Black. Se eles fossem parentes, o primo louco dela, Valerius, já teria descoberto."
Flitwick o fitou intensamente. "Quando eu fiz o feitiço, não especifiquei 'família'. Não família de sangue."
Eles permaneceram em silêncio por um instante, cada um ponderando os próprios pensamentos.
"Então Lupin provavelmente também vê quem ele realmente é." Concluiu Dumbledore e deu ao professor um sorriso animado.
Flitwick concordou e fez com que as chamas na lareira queimassem com mais intensidade com um movimento da sua varinha. "Cada um de nós têm duas famílias. Aquela em que nascemos. E aquela que escolhemos."
O escritório de registro ficava em uma casinha branca perto do Três Vassouras - uma solução prática e lucrativa para ambos os estabelecimentos. A maioria das festas de casamentos eram celebradas no bar, logo depois da cerimônia. E de vez em quando um casal, depois de uma noite alegre no bar de Hogsmeade, decidiam se casar ali mesmo. Rosmerta tinha testemunhado mais casamentos do que ela era capaz de lembrar.
No exato momento lá estava ela, olhando com interesse o pequeno grupo de professores de Hogwarts que aparatou em frente ao pequeno escritório. "E lá estava eu, achando que eles tinham jurado celibato." Ela murmurou quando entrou no bar para preparar as mesas.
Isidor Gumble, prefeito de Hogsmeade, apertou a mão de Dumbledore e parecia determinado a não largá-la tão cedo. "Uma grande honra." Ele repetiu e olhou para o famoso bruxo. "Uma grande honra, Senhor!"
Dumbledore livrou sua mão gentilmente. "Claro que você conhece a Srta. Winterstorm, não?"
O prefeito se curvou e beijou a mão de Claire. "Para ser honesto, nunca tive o prazer. Seus pais foram grandes patronos da biblioteca local, no entanto."
Claire corou e sorriu. Os pais dela nunca souberam que existia uma biblioteca pública em Hogsmeade. Os Winterstorm eram donos de uma cadeira de livrarias, entre outros negócios, e para eles livros deveriam ser vendidos, não emprestados. Então a única patrona na família tinha sido Claire, mas ela não iria dizer isso ao homem de faces vermelhas que estava prestes a casá-la.
"E onde está o rapaz de sorte?"
Ela piscou.
"O noivo."
Dumbledore apareceu para socorrê-la. "Professor White estará aqui a qualquer minuto."
"Eu me lembro dela. Ela não era a garota que tinha aquele trasgo feito e enorme como servente?" Snape perguntou a Professora McGonagall.
"Severus!" Laurel puxou a manga dele para fazer com que ele abaixasse a voz. Instintivamente ele a puxou para mais perto de si. O ombro dele ainda doía com o machucado de duas semanas anteriores. Mas ele não se importava. O que importava era poder dormir ao lado dela sabendo que iria acordar com ela...
"Mas ele realmente era feio." ele sussurrou no ouvido dela e sorriu quando ela fingiu chutar a canela dele.
McGonagall levantou a sobrancelha. Quem iria imaginar que Severus Snape, o solitário, aquele que tinha aversão à sociedade, poderia formar tal relacionamento íntimo com uma mulher? Bem, claro que ela, Minerva, tinha percebido isso desde o início, ela se parabenizou com um sorriso.
"Claire está se arriscando tomando seu lugar como espião, Severus." Ela lembrou o Professor de Poções. "Ela vai precisar de sua ajuda e de toda informação que ela puder arranjar."
Ele concordou com a cabeça. "Vou fazer meu melhor. Mas me deixe dizer mais uma vez que eu acho que esse plano é absolutamente sem sentido. Apenas olhe para ela. Se os Dementadores não a destruírem, Black irá."
A boca de Minerva se retraiu em tristeza. "Não é como se nós tivéssemos muita escolha, não é? Não tem como deixarmos você responder a outra chamada Dele novamente."
"Mas por que Black? Ela parece ser uma boa garota. Não tem como ela agüentar contra Sirius. Você conhece as mudanças de humor dele."
"Severus, está parecendo até que você está preocupado com Claire." Remo Lupin e Serene tinham acabado de entrar no escritório. O professor de DCAT sorriu para a visível irritação de Snape e levantou ambas as mãos em defesa. "Mas nós sabemos que você não está."
"Eu me preocupo somente com o que vai acontecer quando Voldemort pegá-la e espremer o cérebro dela atrás de informações."
"Mas ele está certo." Serene disse. "Remo, até você como amigo de Black tem que admitir que há algo de errado com ele. Ele está... vazio."
Laurel sentiu-se Snape tenso. A mão dela escorregou para junto da dele.
"Não, você não está, Severus." Ela murmurou tão suavemente que ninguém além dele pôde ouvir.
Lupin olhou desafiante. "Sirius passou quase vinte anos em Azkaban, ele tem sido um fugitivo desde que ele escapou de lá. A maioria dos bruxos não sobrevivem nem um mês naquele lugar abominável. Claro que ele está... machucado. Dê um tempo, por Gryffindor!"
"E Claire pode parecer frágil, mas ela parece ser mais forte do que aparenta. Afinal, ela vive sozinha naquela mansão enorme, e ela me disse que gerencia todos os negócios da família Winterstorm." Laurel observou Claire, que estava em pé ao lado de Dumbledore e do Prefeito, as mãos dela cruzadas, uma imagem de pura calma. Apenas os olhos dela que olhavam para a porta de tempos em tempos traía o tumulto interior dela.
"Ela tem um quê de teimosia."
""timo." Remo suspirou. "Apenas ótimo. Eles vão se matar."
Sirius entrou no escritório de registro e ficou parado na porta sem ser notado por ninguém, a não ser Claire. As paredes do pequeno escritório pareciam se aproximar ao redor dele. Ele estava preso. Ele ouviu uma voz fraca, um pedido, um choro. Suor frio percorria seu corpo e congelava fundo. Um pânico súbito ameaçou sufocá-lo.
A mulher com quem ele estava prestes a se casar em alguns minutos olhou para ele com uma expressão impossível de se ler. Não havia nada ao que se segurar além dos olhos cinzas de Claire Winterstorm. Vagarosamente a respiração dele começou a diminuir para voltar ao normal.
Então o Prefeito percebeu o homem alto parado na porta. "Ah, Professor White, eu presumo!"
Sirius cerrou os dentes e cumprimentou o prefeito, enquanto evitava olhar as caras de procurado com o seu rosto em cima da mesa do funcionário.
"Bem, presumo que estejamos prontos para começar." Sorriu o Sr. Gumble.
"Não." Disse Sirius.
Eventualmente ele tinha a atenção de todos.
"Eu preciso falar algo com... minha noiva." A palavra parecia queimar a língua dele.
Claire ficou pálida.
Sirius abriu a porta. "Todos para fora."
Remo limpou a garganta e balançou a cabeça levemente. "Onde está Harry?"
"Ele não vai vir."
Os olhos deles se encontraram e Remo tremeu quando viu a dor.
"Por favor. Nos dê um momento."
Os bruxos e professores saíram do escritório e se juntaram em frente ao prédio. Black fechou a porta atrás deles.
"Nós precisamos conversar." A voz dele estava rouca.
Claire fechou os punhos para impedir a si mesma de puxar uma mecha do próprio cabelo e desfazer o penteado complicado que Koko havia criado horas atrás. Ela já estava nervosa o suficiente entre tantos estranhos e não precisava de Black olhando para ela como se fosse matá-la a qualquer minuto. Respirando fundo ela tentou deixar a timidez de lado.
"Sobre o que você quer falar?"
"Esse... casamento." A mão dele passou sobre o cabelo negro.
"Você quer cancelar." O coração dela afundou. Lá se ia embora a única chance dela conseguir a própria liberdade. A única chance dela de colocar um ponto final nos sermões intermináveis de Valerius sobre puro-sangues e herança nobre.
"Não."
Ela levantou a cabeça.
Novamente Black notou a clareza e a calma no olhar dela. Oh, ela claramente estava com medo dele, mas ela mantinha uma pose interior que parecia protegê-la. Apenas olhando para ela, um pouco da raiva dele desaparecia.
"O prefeito Gumble vai nos fazer jurar amor, honra e obediência um ao outro. Mas nós dois sabemos que esse casamento é nada além de uma farsa. No entanto é de nosso mútuo interesse permanecermos casados, pelo menos por enquanto." Ele suspirou. Ultimamente ele parecia ter dificuldades em falar, como se as palavras fugissem dele quando ele mais precisava. Elas realmente haviam falhado quando ele tentou explicar a situação para Harry, uma hora atrás.
"Eu te ofereço um pacto."
O joelho de Claire falhou e ela balançou por um momento. Segurando na mesa do prefeito, ela balançou a cabeça vagarozamente. Ela entendia de pactos. Condições, aprovação, datas. Ela podia lidar com isso.
"Um pacto. Tudo bem."
"Eu tenho condições e tenho certeza de que você também tem. Se nós pudermos concordar com isso, esse será um... acordo bem sucedido."
"Você não irá interferir nos meus planos de Ter acesso ao Círculo Interno de Voldemor." Claire disse rapidamente. Ela corou, mas manteve a pose. Por sorte uma pequena mecha tinha se soltado do seu penteado e agora se encontrava enrolada em seu dedo.
"Essa é sua condição."
"Sim."
Ele deu de ombros. "Desde que você não coloque sua vida em perigo. Ou minha."
"O que você quer dizer com isso?" ela perguntou com suspeita.
"Dumbledore me apontou não só como seu marido, mas também como guarda-costas. Você não irá lá sozinha."
Claire exalou vagarosamente. Ela teria que mudar um pouco o plano delas, mas sabia que poderia adaptar.
"De acordo."
"Mais alguma coisa?"
Ela sentiu o próprio coração batendo como se tivesse alguém batendo um tambor dentro da cabeça dela.
"O Diretor disse sobre... o que eu sou..."
"Um aborto. Sim, ele disse."
"Você nunca irá me punir por ser o que eu sou."
Silêncio caiu como um pesado cobertor. Black a encarou. Os olhos azuis escuros penetrando nela e ela notou, com preocupação, que a boca dele empalideceu.
"Você realmente acha que eu iria... punir você por isso?" A voz dele era estranha.
"Eu nunca mais serei trancafiada."
A mecha de cabelo tinha enrolado no cabelo dela com tanta força que a ponta do dedo dela começava a ficar azul.
Black se aproximou dela e viu com choque como ela se afastou assustada. Cuidadosamente ele estendeu a mão dele e desenrolou o cabelo dela. "Nenhum crime." ele disse suavemente. "Nenhuma punição."
As mãos grandes dele maravilharam Claire. Mãos lindas, feitas para consertar, para construir, para dar forma. A própria mão dela sumia na dele.
"Suas condições." Ela resmungou.
"Eu tenho um afilhado, Harry. Ele está na Grifinória."
Ela concordou. Harry Potter, o herói de todos os elfos.
"Eu quero que ele seja bem vindo em sua casa se ele decidir um dia que quer morar comigo."
"Também será sua casa quando nós nos casarmos."
Ele olhou para ela com um certo desprezo. "Não. Não vai ser. Sua casa. E não há o perigo de Harry aparecer, de qualquer maneira. Ele deixou isso bem claro."
Claire olhou para ele e viu algo nos olhos dele que ela conhecia bem. Pura solidão.
"Eu tive duas condições." Ela disse calmamente. "Harry será bem vindo na Mansão Winterstorm. Você pode ter outra."
"Não se preocupe. Eu tenho."
"Sim?"
"Esse não será um casamento apenas no nome."
Havia um suave rosnado na voz dele, apenas o suficiente para fazer com que ela se arrepiasse. Ela cerrou os punhos. Ela não iria se intimidar por ele. Ela não devia nada a ele.
"O que você quer dizer com... apenas no nome?"
Ele cruzou os braços sobre o peito e olhou baixo para ela, a face dele vazia de qualquer emoção.
"Se eu me casar com você, nós vamos compartilhar cama."
"Compartilhar cama!"
"Ter sexo, dormir juntos... Seja lá do que você queira chamar." Ele deu de ombros. "Eu perdi quase metade da minha vida em Azkaban. Eu posso concordar com um casamento sem amor. Mas não sem sexo."
"Não."
Claire se virou e fitou o cartaz de "procurado" em cima da mesa do prefeito.
"Então não haverá casamento."
A tensão era praticamente palpável e quando Black tocou o ombro dela, Claire pulou. Ela fez um som fraco que parecia quase um soluço de choro.
"Eu não posso. Eu simplesmente não posso dormir com você. Eu nem te conheço."
Ele riu, mas não havia nenhum humor no riso. "Mas você pode casar comigo sem me conhecer?"
Os olhos dela se enxeram de lágrimas indesejadas e ela piscou para segurá-las. "Você me forçaria a...?"
"Eu posso ser um acusado de assassinato, mas eu não forço mulheres." O rosto de Sirius ficou vazio e ele fitou o cartaz atrás dela.
"Então nunca iremos compartilhar uma cama."
"Só quando você aceitar."
"Como eu disse, nunca compartilharemos uma cama."
"Se você concorda com minha cláusula..."
Ele a ofereceu a mão e após alguns momentos de reconsideração ela colocou a mão na palma dele.
"Eu realmente acho que devíamos deixar aquelas pobres pessoas entrarem novamente." Ela sugeriu. "Eles devem estar pensando que você me estrangulou nesse tempo."
Black sorriu com sarcasmo. ""timo estarmos rodeados de amigos que confiam em você e no seu casamento, não?"
Continua...
Obrigada a todos que deixaram um review, e todos que estão acompanhando essa fic! Nunca tinha recebido tanto review em um primeiro capítulo! É ótimo saber que Whole Again está ficando "famoso" por aqui também... significa que estou fazendo uma boa coisa em traduzir essa história...
Agora comemoro o a chegada do meu novo computador, postando o segundo capítulo! Espero que todos vocês gostem! Agora vamos aos recadinhos...
MarcelleBlackstar: B! A primeira a deixar um review!!! Tinha que ser essa fanática por Sirius que eu tanto adoro... A pessoa com quem compartilhei WA quando descobri pela primeira vez... e ela já foi correndo ler WA-Sirius antes de ler Severus.... tsc tsc tsc...
Lilibeth: Ah... minha versão não é melhor não! Eu só traduzoa história, não estou re-escrevendo ela não... e ainda assim, a Leila escreve tão bem que é impossível escrever essa história melhor do que ela... Ah! Quando a Sol e Lua, vai ter algumas novidades vindo por aí... Pode demorar ainda um pouco, mas já tenho algumas coisinhas planejadas e prontas, que prometem... (espero)...
Ameria A. Black: Isso por que essa fic tem algumas cenas muito fofas mesmo... Tá certo que têm também muitas cenas desesperadoras...
SarahPotter: Que bom que você está gostando! E espero que continue gostando dos próximos capítulos que estão por vir...
Anita Black: Viu o que você estava perdendo ao deixar de ler a original? =P Mas estou aqui, traduzindo, para isso mesmo... Para que mais pessoas possam conhecer essa história maravilhosa, beirando à perfeição... (não, não sou puxa-saco de WA.... imagina...)
Ka: Quem precisa de boa sorte é vc, mocinha... Vai ter que aguentar dupla pressão... como leitora e como beta... Não sei mesmo o que eu faria sem você por perto...
Den Chan: Jojojojojo! =P Saudades!!! E pode deixar, vou continuar traduzindo!!! Ou então, vou ter que aguentar você e a B buzinando no meu MSN por capítulos novos!! Vou traduzir tudinho sim...
Bru Malfoy Black: Bem, novamente, não sou eu que escrevo bem... é a Leila... só estou tendo o trabalho de traduzir mesmo... As honras e créditos vão todos para ela... que criou as 3 melhores fics de Harry Potter que eu já li... Todas as atualizações vão ser feitas aos sábados/domingos, salvo esse daqui porque estava sem computador... Ah, e quanto ao link... esse apagou o link! Parece que ele não deixa postar nenhum tipo de código... Vou tentar postar a fic em algum outro site e deixo um aviso...
Nossa, que trabalhão responder todos esses reviews... Mas foi gostoso, ver que várias pessoas abriram mão de alguns minutinhos para deixar meia dúzia de palavras... Meia dúzia de palavras que fazem maravilhas, como por exemplo me fazer traduzir mais rápido do que nunca...
Beijos e até o próximo capítulo!
