3. O plano.

Sirius tomava o café da manhã e olhou para o outro lado da mesa, para sua... esposa. Claire. A Princesinha da Lufa-lufa. A nova espiã de Dumbledore. Eles estavam casados fazia três dias e ele ainda tinha problemas em pensar nela como sua esposa. Mas ela era, como fora decretado pelo prefeito e pelo parente mais próximo dela.

Valerius Winterstorm - um decrépito bruxo velho com um pescoço como de um abutre - descartou a reputação de Sirius como um assassino em massa com um grunhido impaciente assim que Dumbledore o assegurou de que nenhum Trouxa havia diluído o sangue puro dos Black nas últimas cinco gerações.

"Riddle é um bastado, maldito sangue-ruim, isso que ele é." Ele murmurou e escreveu o nome de Sirius na árvore da família em um longo pergaminho.

O goblim de Gringott nem chegou a olhar para ele, tão ansioso que estava para ter a assinatura de Claire no documento que ele trazia. "Muito honrado fazer negócios com você, Sra. White." o atendente se curvou na saída de Claire. "Seus instintos onde envolvem dinheiro são quase iguais aos de um goblim." - um elogio que marejou os olhos de Claire com um riso suprimido. Sirius se sentiu de certa maneira aliviado. Afinal ele nunca tinha visto sua... esposa rir antes disso.

Agora ela olhava por sobre a pilha de cartas e papéis que deixava ao lado do prato dela.

"O que foi?"

Ele deu de ombros. "Como você vai passar seu dia?"

"Vou dar uma olhada nos livros, responder a algumas cartas. O mesmo de todo dia, realmente."

Sirius pegou o Profeta Diário e se parabenizou por não ver o próprio rosto o encarando na primeira página, como tinha acontecido tantas vezes dois anos atrás. Eles tinham colocado a pior foto dele então, claro. Às vezes até ele mesmo tinha ficado com medo quando ele via aquele rosto nas bancas que ele passava como cachorro.

Por falar nisso, nós recebemos um convite, de Lucius Malfoy."

Ele abaixou o jornal. "Malfoy?"

"Ele sugeriu que a gente se conhecesse melhor antes dele me apresentar para o... mestre dele." Claire tomou um gole do chá. "Eu aceitei de nossa parte."

"Você fez o que?"

"Eu aceitei. Foi por isso que nós nos casamos, não? Para podermos entrar no Círculo Interno. E Malfoy é um deles"

Você poderia ter pelo menos me pedido." Sirius franziu o cenho. Os olhos azuis dele escureceram até a cor do cabelo dele.

"Mas por quê?" Ela o encarou desafiante.

Ele perdeu as palavras. "Isso envolve a nós dois. Eu precisava saber."

"Esse é meu plano. Nós concordamos que você iria acompanhá-lo."

"Enquanto ele não for estúpido ou perigoso."

"Se você estiver com medo, eu vou sozinha."

"Não, você não vai."

"Então observe!"

Ela empurrou cadeira e correu para o quarto.

Sirius cerrou os dentes e jogou o Profeta Diário para onde ele devia ir - direto no lixo. Ele deu a ela dez minutos para se acalmar, o tempo que ele também precisava para se acalmar. Então ele subiu as escadas, apenas para encontrar um elfo com olhos esbugalhados de guarda na frente da porta de Claire. As orelhas da pequena criatura estavam caídas em preocupação, mas os punhos dela estavam cerrados. E mesmo que Sirius pudesse esmagá-la com um só golpe, o elfo parecia determinado a manter a posição.

"Saia do caminho, pequena." Ele rosnou.

"Não." Guinchou o elfo, a voz dela mais alta do que nunca. "O Sirius da Srta. Claire não devia gritar com a Srta.! Você é para ser marido dela. Deve ser bom."

Sirius tremeu involuntariamente. Eles começaram a chamá-lo desse jeito assim que Claire o introduziu para os elfos depois do casamento. Ele eles tinham uma idéia doentia sobre romance e a vida de casado.

"Abra a maldita porta, Claire." Ele manteve a voz baixa, apenas alto o suficiente para ela saber que ele iria entrar no quarto se ela não saísse imediatamente.

A elfa empacou. "Você não devia gritar com a Srta. Claire!"

Sirius a pegou pelo colarinho do vestido-avental e a levantou para a colocar sentada alguns passos de distância da porta, mas a elfa continuou chutando a canela dele e ziguezagueando como um coelho. Assim que a porta se abriu, ele ainda tinha a criatura se remexendo em suas mãos.

Claire o fitou, notando os ombros largos, a altura, a raiva nos olhos dele e sentiu o rosto empalidecer. Sirius colocou a elfa no chão e olhou para as próprias mãos, como se nunca tivesse notado quão grande elas eram.

Claire se abaixou para afagar a cabeça da elfa. "Você está bem, Lilly?"

"Eu estava chutando ele! Eu estava!" Lilly pulava de excitação.

Na mesma hora Sirius esfregou a canela, o que fez a elfa abrir um sorriso orgulhoso.

"Obrigada, Lilly." Claire disse. "Nos deixe sozinhos agora. Ele não está mais bravo." Olhando para cima, para Sirius que crescia sobre ela, ela engoliu, duvidosa.

"Nunca mais fuja de mim, Claire." A voz de Sirius era baixa e ameaçadora. "Eu não gosto da idéia de ser acusado sem ter a chance de me defender e explicar. E nunca mais se tranque para ficar longe de mim." Só então ele notou que não havia tranca debaixo da maçaneta. Não havia tranca na sua porta também. Em toda a mansão nenhuma porta seria novamente trancada.

"Eu não fugi de você! Você não faz idéia de como é ficar sozinha o tempo todo." Claire disse bruscamente. "Não ter ninguém para conversar, só pais que te tratam como criança ou elfos que te tratam como... bem, como elfos tratam todos. Não, eu não faço idéia de como discutir algo. Eu nunca precisei!"

Sirius encostou-se ao batente da porta e cruzou os braços sobre o peito.

"Quer você acredite, quer não, eu sei como é não ter com quem conversar."

Claire reprimiu um soluço de choro. Azkaban. Ele tinha passado vinte anos em uma cela em uma fortaleza no Mar Norte, enquanto ela se lamentava em sua cama confortável. Envergonhada com as acusações que ela tinha jogado nele, ela procurou palavras e não encontrou nada além de:

"Sinto muito."

Ele curvou a cabeça. "Eu também."

Ela pigarreou. "Eu nunca tive que responder nada a ninguém. Para meus pais, claro, mas eles eram velhos e ficavam satisfeitos se eu não saísse de casa."

"Claire, nós temos que arranjar um jeito de fazer isso funcionar, juntos." Ele suspirou. "Eu sei que não tenho sido um membro do time ultimamente. Mas por favor, não aceite mais convites sem antes me perguntar, ok?"

"Mas é meu plano!"

Ela tinha que dizer. Soava estupidez e criancice, mas ela tinha que dizer.

Sirius a fitou. Tão pequena e tão frágil, e ainda assim tão teimosa. Por que ninguém escutava mais seus argumentos racionais? Ela até chegava a estufar o peito, da mesma maneira que Harry tinha... Só então ele notou que ela não vestia nada além de uma toalha. O cabelo dela pingava, ainda molhado do banho. A garganta dele secou. Ele iria para o quarto, abriria todas as janelas e amaldiçoaria o dia em que aceitou se casar com Claire Winterstorm.

"É seu plano." A voz dele era baixa e quase um afago. "Mas eu gostaria muito de estar vivo enquanto nós estivermos colocando ele em prática."


"Sr. Potter, um instante, por favor."

Professor Lupin dispensou a classe e olhou para Harry curioso.

"Se meteu em problemas de novo, Potter?" Draco Malfoy sorriu maliciosamente para ele antes de correr para fora da sala.

Hermione e Ron estavam parados na porta, incertos se deviam esperar e sobre o que Harry havia feito dessa vez.

"O que tem acontecido ultimamente?" Hermione perguntou suavemente. Ela tinha passado muito tempo em um trabalho sobre problemas de Arithmancia para prestar atenção no comportamento estranho de Harry. Mas até ela tinha notado como ele não disse uma palavra sequer durante a aula do Professor White. Geralmente ele sempre esperava pela aula de Transfiguração em Animago durante toda a semana. Mas dessa vez ele tinha evitado o olhar de White e nem respondeu nenhuma questão direta.

"Ele não está metido em nenhum problema." Lupin sorriu. "Mas eu preciso falar com ele mesmo assim."

Os Grifinórios saíram, mas não antes de olharem uma última vez para Harry, que apenas deu de ombros com indiferença.

Remo olhou o garoto, que estava parado ao lado da carteira com as mãos fechadas ao redor da mochila.

"Por que você não se senta, Harry, enquanto nós conversamos?"

"Prefiro ficar em pé. O treino de Quadribol começa em cinco minutos e eu não quero chegar atrasado."

Remo suspirou. "Escute, Harry. Eu posso ver que você está bravo com Sirius. Mas não entendo realmente o porquê."

"Eu não estou bravo. Ele é um adulto e não precisa pedir minha permissão."

"Mas ele pediu."

"Não, ele não pediu. Ele apenas me disse que iria se casar com... essa mulher."

O professor de DCAT cuidadosamente fechou o jarro com fadas-da-florestas que ele havia trazido e fez uma nota mental de soltá-las ao anoitecer. Elas sofriam em cativeiro e ele apenas precisava delas para ilustrar a aula.

"Harry. Sirius é seu padrinho. Mas ele é uma pessoa também. Ele precisa de vida, uma família."

"Ele disse que eu era a família dele!" A voz de Harry falhou, mas ele enxugou as lágrimas com raiva. Ele chutou a mesa. "Ele faz promessas e depois não as mantém. Ele prometeu que sempre estaria aqui para mim. Ele prometeu minha mãe e meu pai que ele seria o Fiel do Segredo. E então ele..."

Remo estava ao lado dele em um segundo e agarrou os ombros do garoto. Dando uma forte sacudida no garoto, ele perguntou: "É isso que você acha? Que Sirius traiu seus pais e agora ele está te traindo?"

A face dele estava pálida de raiva. "Você disse isso a ele?"

Harry o encarou de volta, desafiante. "Ele disse que eu estava certo."

"Claro que ele disse, maldição! Mas só porque ele fica se culpando não significa que ele seja culpado! Harry, ele amava seus pais. E ele ama você."

"Eu não me importo."

Remo respirou fundo e largou o suéter do garoto. "Isso não é verdade e você sabe disso! Sirius arriscou a própria vida quando descobriu que você estava em perigo."

"E eu o salvei quando os Dementadores vieram atrás dele. Estamos quites." Os lábios de Harry tremeram. "Ele só se importa comigo porque se sente culpado pelo o que aconteceu com minha mãe e meu pai."

"Harry ..."

O garoto olhava diretamente através de Remo. "Não faz diferença, não é? Eu agüentei os Dursleys a maior parte da minha vida." Ele deu de ombros. "Posso ir agora, Professor? O treino já começou."

Remo o dispensou, sem palavras. Sentando-se novamente, ele balançou a cabeça e suspirou. "E pensar que eu fiquei com inveja quando eles não me fizeram padrinho dele!"


Claire caminhou pela grama em frente ao castelo. Sirius estava ensinando aquela tarde e tinha marcado um encontro com Severus Snape para o fim de tarde. Ela estava nervosa. Claro que ela precisava de toda informação que pudesse conseguir, e aparentemente não havia ninguém em Hogwarts tão familiarizado com a organização de Voldemort do que o Mestre de Poções. No entanto esse fato não foi o suficiente para acalmá-la e a mera visão das torres altas de Hogwarts fez o estômago dela revirar.

Laurel estava esperando por ela no Portão principal e sorriu animadamente assim que a viu.

"Onde estão todos os alunos?" Claire olhou para o saguão vazio.

Laurel deu de ombros. "Quadribol." Ela disse e soou como se tivesse falando de uma doença. "Uma partida está ocorrendo e todos menos eu e a Mulher-Gorda foram assistir a crianças inocentes tentando se matar... "Quando ela viu a expressão confusa de Claire ela riu. "Eu cheguei tarde demais nesse mundo para virar uma fã, acredito. Mas tanto Sirius quanto Severus estão no campo, e nós temos sorte que Lufa-lufa está jogando contra Corvinal hoje."

"Por quê?" Claire perguntou, se sentindo uma idiota completa.

"Bem, Severus tende a levar para o lado pessoal sempre que sua preciosa Sonserina é derrotada. E Sirius..." Ela riu e balançou a cabeça com a lembrança. "Sirius uma vez pegou a goles em pleno ar e atirou diretamente no arco do time adversário."

"Eu pensei que essa fosse a idéia do Quadribol."

"Mas ele não estava jogando. Ele estava na arquibancada!"

Ambas riram e se acomodaram em frente ao fogo da sala dos professores. Laurel mal conseguiu conjurar uma travessa com chás e biscoitos - com Claire, silenciosamente envergonhada, fingindo assistir às tentativas da bruxa com paciência - quando a porta se abriu e Snape entrou na sala.

Ele fez uma pequena reverência para Claire e ficou em pé atrás da cadeira de Laurel.

Ela olhou para ele. "Como foi?"

Ele olhou com desprezo. "Lufa-lufa. Eles não sabem lutar."

Claire corou.

Snape franziu o cenho. "Sinto muito. Você é uma Lufa-lufa, não?"

"Sim, eu era." Ela se sentou reta. "E deixe-me assegurá-lo professor, nós sabemos lutar."

"Eu não quis..." Ele se sentou ao lado de Laurel e reconsiderou. "Não. Foi minha intenção. Não há porque fingir que eu concordo com esse plano tolo."

"Ninguém pediu para você concordar com ele." Sirius entrou e sua presença encheu a sala.

Snape o fitou. "Não me diga que você acha uma idéia inteligente mandá-la," ele apontou para Claire. "para o próprio inferno."

Laurel estava pronta para intervir em ajuda à Claire, quando viu a pequena mulher se levantar e se aproximar de Severus, tão próxima da cadeira dele que ele teve que olhar para cima para encará-la.

"Não me trate como criança." A voz dela era bem calma. "Eu não me importo se você gosta ou não, mas eu sou a única no momento que pode se encaixar no papel. Eu posso não saber tanto quanto você, mas é justamente por isso que eu estou aqui agora. Para aprender com você, não para ser tratada como uma criança imbecil."

Ela se afastou e se sentou novamente, e apenas o leve tremor em suas mãos indicava que ela estava preste a chorar e chocada com a própria coragem.

Sirius a observou encarando o austero Mestre de Poções e sentiu um súbito orgulho da sua esposa. Pela primeira vez 'o plano' não parecia totalmente sem esperança. Ele sabia por uma dúzia de pequenos sinais que ela estava com medo de Snape, insegura na presença de Laurel e assustada com Peeve que voava acima da lareira e ficava mostrando a língua para ela. E ainda assim ela parecia tão calma quanto o lago, a própria insegurança dela tão escondida quanto o polvo gigante. Se ela conseguisse encenar tão bem assim na presença de Malfoy, eles poderiam ser bem sucedidos em se passar pelo casal que quer comprar seu caminho para o Círculo Interno.

Snape a fitou como se ela tivesse criado chifres de repente. Então ele curvou a cabeça e deu a ela um sorriso torto. "Bem colocado, Sra. White."

Laurel expirou devagar e se ajeitou novamente em sua cadeira olhando o homem que ela amava explicar sobre os vários Comensais que os White iriam encontrar na casa de Lucius Malfoy. Sirius e Claire escutaram atentamente, apenas perguntando eventualmente sobre detalhes.

"Eu sugiro que vocês usem o evento amanhã para se sentirem confortáveis na sua falsa personalidade." Snape concluiu.

Sirius fez um careta. "Como assim?"

"Considere essa falsa personalidade como uma roupa que você tira e põe quando quer, Black. Mas enquanto você estiver nela, você não deve encenar. Você deve vivê-la. Isso vale para você também, Claire. É importante que vocês mantenham as duas personalidades separadas. Senão, vocês podem se perder."

Claire concordou, impressionada com o modo intenso como o Mestre de Poções explicava os perigos e armadilhas de ser um espião. A cabeça dela girou.

"Qual o papel que você escolheu para Black?" Snape perguntou e ela instintivamente pegou um fio de cabelo.

"Eu vou ser o típico idiota puro-sangue e sem cérebro." Sirius rosnou e desafiou Snape a rir.

O Professor de Poções deu um sorriso torto. "Muito apropriado."

Black se levantou e encarou Severus por um momento, com os punhos cerrados. Então ele se sentou de repente e sorriu para o outro bruxo, como se tivesse gostado da piada.

Laurel observou maravilhada como Claire conseguiu acalmar o marido com um olhar e um pequeno movimento de cabeça. Ela se lembrava bem do quão perturbador o humor de Black podia ser, e mais uma vez ela revisou a sua opinião sobre Claire Winterstorm.

"Você precisa encarar seu papel, Black." O Mestre de Poções continuou com um claro prazer. "E você, Claire, não deve fazer isso," ele acenou para a mão dela que estava enrolada no próprio cabelo. "Isso demonstra que você está nervosa. Não se esqueça que você é a Sra. White, de puro-sangue e grande fortuna. Nobreza. Prestes a se tornar uma Comensal. Você não tem motivos para estar nervosa." Ele suspirou. "Pelo menos não amanhã à noite."

"Então amanhã vai ser mais um encontro social?" perguntou Black.

Snape deu de ombros. "Depende de como você define social. Você se lembra de Lucius, não?"

"Na verdade sim. Maldito pervertido ele era."

"O que você quer dizer?" Laurel perguntou, e todos os três olharam para ela. Eles aparentemente haviam esquecido que ela estava lá. Snape pegou a mão dela e apertou na sua, pedindo desculpas.

Black pigarreou. "Ele gostava de torturar. Outros alunos, animais, criaturas. Tudo o que ele pudesse. Dumbledore quase o expulsou no terceiro ano por cortar um Gnono da Madeira. Ele teve grande prazer nisso, vendo a pobre criatura crescer pernas e braços em todas as partes separadas."

"Ele não mudou muito. Ainda gosta de dor, tanto de sofrer quanto de infligir em outros. Mantenha sua esposa longe dele."

Claire lançou a ele um olhar zangado.

Ele levantou ambas as mãos. "Não. Eu não estou te menosprezando. Eu falo sério. Mantenha-a longe de Lucius, ela é o tipo dele. Ele gosta de loiras seguras de si."

"Narcissa." Sirius lembrou. "Eu também me lembro dela."

"Aposto que você se lembra." Snape entortou os lábios. "Você não a verá, no entanto. Ela raramente aparece em alguma das festas de Lucius. Tente conhecer o maior número de pessoas possível. Espere até que eles estejam bêbados e os deixe falar. Escute. Não faça nada. Você me ouviu, Claire?" Ele se inclinou na direção dela. A voz dele muito séria agora. "Aconteça o que acontecer lá, não interfira!"

"Nós combinamos alguns sinais discretos." Sirius explicou.

"Melhor lançar um feitiço Confundus quando as coisas se complicarem." Sugeriu Snape.

Claire corou e evitou o olhar subitamente intenso dele. "Eu..."

"Você sabe esse feitiço, não, Claire?" A voz veludosa de Snape fez Laurel se preocupar. O que ele estava procurando? Teria ele notado algo que ela não via?

Sirius se debruçou para pegar a própria xícara e, com o movimento, escondendo o rosto de Claire do olhar de Snape. Escondida atrás dos largos ombros dele, Claire respirou vagarosamente. Ele sabia! Snape sabia que ela era um aborto, que não podia fazer o feitiço Confundus, que não podia fazer mágica alguma... Pânico tomou conta dela e começou a sufocá-la.

Sirius encheu a xícara com muito cuidado para dar a Claire tempo para se acalmar. Ele pegou dos torrões de açúcar, leite, mexeu, adicionou mais dois pingos de leite e mais açúcar. Só então ele se sentou reto novamente.

"Claro que eu sei como fazer Cconfundus." Claire disse e sorriu. "Eu seria louca de ir a uma festa de Comensais se não soubesse um simples feitiço como esse, não?"

Black fez um som entre um riso e um rosnado. "O chá" ele explicou quando sentiu todos o olharem. "Está quente demais." Ele se levantou. "Claire e eu temos que ir agora."

"Obrigada, Professor. Foi muito... esclarecedor." Claire sorriu timidamente para o Mestre de poções.

Laurel a abraçou e sussurrou em seu ouvido. "O chame de Severus, ou todo esse negócio de 'professor' vai subir à cabeça dele." Ela olhou para Black. "Boa sorte, Sirius."

Ele acenou com a cabeça e colocou a mão nas costas de Claire, a levando para fora da sala.

Quando eles saíram, Severus se sentou em sua cadeira e puxou Laurel para seu colo. Abraçando-a, ele fitou a mesa e as xícaras.

"Algo está errado." Ele disse calmamente. "Black mentiu. Não, ele a estava encobrindo."

"Como você sabe?" Laurel perguntou, beijando levemente as têmporas dele.

"Quatro torrões de açúcar e mais leite do que chá? Por favor! Eles mentiram, acredite em mim." (adorei isso, mto bom, típico do severus)


Assim que eles saíram do castelo Sirius largou Claire. Ele enxugou a própria testa e começou a se queixar. "Eu sempre quis passar a tarde com Severus." Ele resmungou. "Sonserinos! Você nunca sabe o que eles estão aprontando."

Claire respirou fundo. "Obrigada por não ter contado a ele."

Já estava quase escuro e o ar noturno estava repleto de sons e cheiros que ela não conhecia. De repente ela sentiu como se pudesse abrir as asas e voar. Tal era o alívio de ter escapado o olhar do Mestre de poções que parecia perceber todas as falhas dela.

Sirius olhou para ela. Ela tinha os olhos fechados e os braços abertos, acolhendo a brisa suave e o piar das corujas que se dirigiam para a floresta atrás do jantar.

"Vamos para casa." Ele sugeriu suavemente para não assustá-la.

Claire concordou. "Eu disse a Peagreen que nós estaríamos em casa por volta das sete. Ela vai ficar preocupada."

Sirius franziu o cenho. "Nós vamos chegar a tempo. Não vai levar mais de cinco minutos para voarmos até Hogsmeade." Então ele entendeu. "Você andou, não? Você andou todo o caminho desde Hogsmeade até o castelo!"

"Claro que andei." Claire disse indignada.

"Você veio pela Floresta Proibida?" Os olhos dele diminuíram em suspeita.

"' Não é perigoso... de dia." Ela disse defensivamente, ao mesmo tempo que se reprendia por se defender. Ele não tinha nenhum direito de dizer a ela o que fazer ou por onde andar.

Claramente Sirius não achava isso. "Você não vai andar pela Floresta novamente! Eu posso te mostrar um atalho através um dos túneis. Na verdade..." ele coçou a cabeça. "me pergunto quem é o dono da Casa dos Gritos hoje."

"A vela casa assombrada? É minha." Ela sorriu quase se descupando. "Eu achei que seria um bom investimento. Afinal, ela não é realmente assombrada. Ou é?"

Sirius suspirou. "Eu deveria saber. Bem, você apenas comprou sua própria passagem secreta para Hogwarts. Eu vou lhe mostrar como usá-la. Mas você não irá mais entrar na Floresta novamente."

Claire cruzou os braços e balançou a cabeça. "Eu irei aonde eu quiser, Sirius. Pensei que concordávamos com isso."

"Nós concordamos que você não iria colocar a sua vida em perigo. Pelo menos não enquanto eu fosse seu guarda-costas."

Ela suspirou exasperada. "Vamos para casa. Eu estou realmente cansada."

Sirius a segurou. "Você não pretende realmente ir andando, não é? Minha vassoura pode carregar nós dois." Ele apontou para a vassoura que recostava na parede perto do portão.

"Sua... vassoura?"

Ele a segurou pelo queixo e a forçou a olhar para ele. "Claire." Ele perguntou suavemente. "Você já andou de vassoura antes, não?"

Ela o encarou com olhos brilhantes. "Já. Mas faz muito tempo." Ela engoliu. "Quando eu era pequena meu pai às vezes me levava para passear de vassoura ao redor da casa."

Sirius poderia ter batido em si mesmo. Claro que ela nunca havia montado numa vassoura sozinha, afinal ela era um aborto e não tinha como fazer a vassoura decolar. Para esconder a própria vergonha em ter deixado ela embaraçada, ele casualmente montou na vassoura e bateu no cabo a sua frente. "Suba!"

O coração de Claire batia em sua orelha quando ela cuidadosamente se sentou na vassoura, agarrando o cabo com as duas mãos, tonta de animação e medo.

"Você não precisa ter medo." Ele disse gentilmente.

Claire se segurou no cabo e olhou diretamente para a frente quando Sirius decolou e a vassoura levantou calmamente do chão. "Eu não estou com..." Ela deu um grito quando de repente ele subiu quase verticalmente e foi direto na direção da Torre Oeste. "Ok, tudo bem, eu admito. Eu estou com medo." Ela mantinha os olhos fechados com força. "Oh, por favor, Sirius, eu admito que estou com medo. Desça!"

Ele riu suavemente. A segurando contra o seu peito com um dos braços, ele diminuiu a velocidade e desceu a vassoura fazendo grandes círculos ao redor do castelo.

Claire tomou coragem e abriu os olhos. Ela suspirou quando viu o lago e o topo das árvores da Floresta passando rapidamente debaixo deles. "Isso é... lindo!"

Vagarosamente ela relaxou e se acomodou nos braços dele. Era... bom. Parecia certo estar sentada tão perto dele. Ela podia sentir a respiração quente dele fazer cócegas na sua orelha. Quando ela de repente se virou para apontar para uma estrela no horizonte, os lábios dele roçaram a bochecha dela e ela congelou.

Sirius tremeu de leve. Já fazia algum tempo que ele não segurava uma mulher tão perto. Na verdade, já fazia tempo que ele tocava qualquer um. E ainda assim, não havia motivos aparentes do porquê só o mero perfurme do cabelo dela já o deixava tão excitado quanto ele estava.

Ele se afastou o máximo dela que podia sem deixá-la cair. Não seria nada bom deixá-la cair da vassoura só porque ele não conseguia controlar o desejo repentino de querer tocá-la, segurá-la tão próximo de si que ela derretesse nele.

Claire sentiu ele se afastar um pouco. Confusa com o prazer que o simples toque dos lábios dele provocou, ela olhou diretamente para frente o resto da viagem e desceu da vassoura com alívio assim que eles pousaram em frente da mansão.

Kiki e Blossom carregaram a vassoura para a garagem.

Sirius olhou para a grande casa, com suas janelas iluminadas e portas abertas. De repente ele sabia que não poderia encarar paredes ao redor dele naquele momento, não importando o quão convidativas elas eram. Os ataques haviam diminuido desde que ele havia escapado de Azkaban, onde ele havia passado a maior parte dos seus dias em um escuro poço, tentando desesperadamente silenciar as vozes suplicantes de sua mente. Agora ele geralmente tinha uma semana inteira sem sentir o suor frio tomando conta de si. Ele tremeu. Só havia dois modos de encarar os ataques: ele poderia fazer o que costumava fazer em Azkaban e vagarozamente perder sua mente. Ou ele poderia soprepujar as vozes...

"Eu não estou com fome." Ele disse e parou na base da escada. "Eu prefiro dar uma volta. Não espere acordada por mim."

"Claro que não."

Ela se virou e entrou na casa, com Peagreen fechando a porta atrás dela.


O grande cachorro preto cortava através da floresta, sem notar as urtigas e espinhos que ficavam presos em seu pêlo. Ele corria tão rápido que seus músculos protestavam, seu coração trovejava, sua respiração queimava seus pulmões, e ainda assim ele não se atrevia a parar. Ele correu por horas, em um grande círculo ao redor de Hogwarts e Hogsmeade, através da rodovia Trouxa, um riacho, e de volta para a mansão Winterstorm. Suas patas estavam em carne crua e sangrando, sua garganta seca, mas sua mente estava calma agora. Em algum lugar da sua corrida ele conseguiu deixar as vozes para trás. Mas o dia iria chegar em que as vozes o iriam alcançar.

Ele se transformou e cuidadosamente seubiu as escadas para a entrada, os sapatos em sua mão.

Peagreen abriu a porta bocejando.

"É você, Sirius da Srta. Claire." Ela se entusiasmou. "Eu estava preocupada." Ela olhou para os pés descalços dele, em horror. "Você está todo cortado e sangrando! Melhor chamar Srta. Claire. Ela vai fazer ficar bom de novo."

Sirius balançou a cabeça negativamente. "Não é nada, Peagreen. Vamos manter isso como nosso segredo, ok?"

"O Sirius da Srta. Claire está dando um segredo para Peagreen?" A elfa pulou de alegria. "Nosso segredo! Peagreen é muito boa com segredos, é sim!"

Sirius sorriu para ela, exausto. Cuidadosamente ele subiu as escadas para seu quarto. Ele precisava dormir um pouco, ou ele estaria inútil no dia seguinte.

Ele nunca soube que Claire ficou deitava na cama acordada até que ela escutou os passos suaves subindo as escadas.


Na manhã do grande dia, Claire mal podia esconder seu nervosismo. Ela derramou o chá sobre toda a mesa e sua correspondência. Ela até quebrou a pena semimágica que usava para responder cartas repetitivamente.

Finalmente Sirius deu a mão para ela. "Vamos sair um pouco."

Ele usou a oportunidade para mostrar a ela a entrada para o túnel secreto na Casa dos Gritos e viu com contentamento como ela havia esquecido sobre a festa por um tempo.

Quando eles voltaram, eles entraram na casa pela porta dos fundos e passaram pela cozinha onde os elfos estavam ocupados preparando o almoço. No final do corredor uma porta estava aberta. No pequeno cômodo Sirius viu mais de uma dúzia de baús, cada um com cantos de bronze e pequenos escudos com nomes. Ele se ajoelhou para ler o que as placas diziam. "Peagreen, Koko, Kokki..."

"Eles pertencem aos elfos."

"Eu nunca escutei sobre elfos que mantêm propriedade particular." Ele se levantou e viu ela sorrir. A porta estava aberta e dois elfos passaram do lado de fora, ambos evitando olhar para o quarto.

"Eles não parecem muito interessados."

"Oh, mas eles estão. Eles apenas acham que os baús são um verdadeiro escândalo. Nâo é apropriado, você sabe. Eles ainda esperam que eles desapareçam se eles continuarem ingnorando."

"Eu não entendo." Ele franziu a testa. "O que tem nos baús?"

Ela foi para o primeiro e abriu a tranca. Sirius viu um par de meias, pequenas calças e camisetas, todas do tamanho de um elfo e aparentemente feitos a mão. Perto das pequenas roupas estava uma pequena pilha de moedas prateadas.

Ele arqueou a sobranelha. "Você paga seus elfos?"

"Eu pago todos que trabalham para mim. Os vendedores das minhas lojas. Os impressores, produtores, advogados. Por que eu não pagaria meus elfos?"

"Mas eu pensei que..." ele tentou se lembrar do que a sua mãe havia dito sobre elfos-domésticos. "eles não querem ser pagos."

Claire fechou a tranca cuidadosamente e deu a ele um sorriso envergonhado. "Eles odeiam."

"Eles chegam a abrir os baús, para ver o que tem dentro?"

"Claro que não. Eles fazem de tudo para ignorar esse quarto e fingem que ele está vazio."

"Então por que..."

Claire olhou para ele e uma sombra de tristeza caiu sobre a face dela. "Eu quero que eles sejam livres."

"Mas obviamente eles gostam muito daqui. Eles te amam, Claire."

"Mas se eles quiserem ir embora, eles podem."

Ela se virou e saiu do quarto.

Sirius a seguiu. Eles estavam casados fazia apenas uma semana, mas sua esposa o deixava cada vez mais intrigado. Ninguém havia notado seu ataque de pânico no escritório de registro além dela. E ela nunca chegou a comentar mais sobre isso com ele, mas ela deu a ele o maior quarto da casa, um quarto bem iluminado com muitas janelas. Ela parecia incrivelmente atenciosa com as pessoas. Mas até então ela nunca tinha conhecido muitas pessoas durantes os anos. Tudo devia ser novo e marcante. Ele apenas desejou que aquela abilidade dela provasse ser útil na noite na casa de Malfoy.

Claire o chamou da sala de espera.

"Sirius? Você deveria esperimentar as roupas que Serene escolheu para você. Se elas não couberem, Koko pode alterá-las para você."

"Serene escolheu roupas para mim?" A face dele mostrou uma mistura de desespero com nojo.

"Ela é muito criativa."

"OH, aposto que sim."

"Você não gosta muito dela." Claire disse casualmente enquanto ia pegar as grandes sacolas de roupas que ela comprou no Gladrags, seguindo os conselhos de Serene.

"Ela segura o coração do meu melhor amigo nas mãos dela e o esfaqueia de vez em quando. Não, eu não gosto dela."

"Engraçado, eu tive a impressão que ela amava Remo."

"Ela te disse isso?"

Claire pensou a respeito. "Não. Mas eu a vi olhando para ele quando ela pensava que ele não percebia."

"Serene sabe perfeitamente bem que como ele se sente em relação a ela. Ela joga esses joguinhos com ele, como um gato torturando um rato." A voz dele estava cheia de desprezo.

"Remo significa muito para você, não?"

Ele apenas concordou com a cabeça. Claire observou com preocupação como os olhos dele escureceram até que eles pareciam pretos. Era como se ele recuasse para uma outra dimensão, longe do alcance dela. Mas quando ela abriu a sacola de roupas, a tristeza evaporou de uma vez. Os olhos dele se arregalaram em choque.

"Serene escolheu isso? Aquela bruxa é a própria maldade incarnada!"

Claire suprimiu um riso nervoso. O robe tinha parecido levemente rosado no departamento de bruxos em Gladrags. Agora, na clara luz da tarde, ele era... bem, dolorosamente rosa.

"Eu não vou vestir isso!" Sirius pegou uma bota de pele de cobra com dois dedos e o segurou como se ela fosse algo morto e particularmente nojento. "E isso!" ele apontou acusadoramente para um largo cinto encrustado de imitação de diamantes.

"Serene disse que se você fosse um puro-sangue inato você se vestiria assim." Claire levantou um pontudo chapéu de abas de veludo roxo.

Sirius suspirou alto e se sentou com o rosto enterrado nas mãos. Os ombros dele tremeram. Um som, quase como um soluço, escapou por entre suas mãos.

Claire ficou parada perto da mesa, o robe preso contra o peito. Um dia a insegurança iria desaparecer? Um dia ela iria poder olha para ele e saber dizer o que ele está sentindo? Não tinha sido sua intenção insulta-lo, mas para o plano funcionar ele precisava entrar no papel dele, e literalmente vesti-lo.

"Sirius" Ela se aventurou. "Você está bem?"

"Oh Merlin!" Ele caiu da cadeira. Ele deitou no chão, se abraçando, rindo descontroladamente. Claire o observou espantada, e por um segundo ela teve certeza de que Serene estivera certa e Sirius realmente era louco.

"Desculpe." Ele disse ofegante.

Claire sorriu, trêmula. "Você não está zangado?"

"Zangado?" Isso trouxe outro riso. "Não, eu não estou zangado." Ele enxugou os olhos. "Só me prometa uma coisa."

"Sim?"

"Nenhuma foto. Se Moony chegar a me ver assim eu nunca mais vou ter sossego!"

Ela concordou sinceramente.


Enquanto Koko penteava o seu cabelo e o enfeitava com diamantes Winterstorm, Claire fechou os olhos e tentou se acalmar. Ela nunca estiverda com tanto medo. Não, ela se corrigiu e se lembrou de quando tentou fugir de casa. Ela havia acabado de fazer treze anos e enquanto todos iriam voltar para Hogwarts naquela primeira semana de Setembro, o pai dela a havia dito que ela ficaria em casa. Não apenas por um tempo, mas até eles conseguirem encontrar um remédio para o problema dela. Um remédio! Ela riu com amargura e gemeu quando Koko acidentalmente a espetou com um alfinete.

"Srta. Claire! Não devia se mexer enquanto eu penteio Srta." A elfa choramingou e seus grandes olhos notaram o rosto pálido de Claire no espelho. "Oh, Srta. Claire está pensando em Ygor de novo, está sim!"

Claire não havia contado para os elfos sobre o encontro, e ficou feliz de poder culpar todo o seu nervosismo e medo no seu pesar por Ygor.

"Ygor era um troll orgulhoso." Koko tentou confortá-la. "Ele sempre disse, Koko ele diz, eu morro feliz para salvar Srta. Claire."

"Mas se eu não tivesse fugido, ele ainda estaria vivo."

"Srta. Claire, o mundo dos trouxas é perigoso, mas você era criança. Como poderia saber?"

Um carro trouxa havia atropelado Ygor naquela noite, em uma rua na vila trouxa mais perto. Eles nem haviam chegado até Londres. Claire suspirou e fechou os olhos novamente. Até mesmo naquela época ela era extremamente romântica. Ela havia lido muitos livros sobre garotas que fugiram, lutaram e contruiram a própria vida.

"Você está linda, Srta. Claire!" Koko arrebatou.

"Obrigada, fofa." Claire sorriu sem se olhar no espelho. Ela sabia perfeitamente como ela estava. Mas a admiração da elfa era inspiradora. Ela nunca desejou ser linda. Ela sempre quis ser livre. Só ultimamente ela passara a se sentar em frente ao espelho às vezes, olhando sua face e desejando ter um pouco da beleza de Serene.

Mulher boba, ela se repreendeu. Esse casamento tinha sido sua idéia, e morar com Sirius acabou se tornando surpreendentemente agradável. E ela não sentia nada por ele... com certeza.

Ela desceu as escadas e ficou paralisada quando viu seu marido. Tapando a boca com uma das mãos ela tentou desesperadamente manter a compostura. O fogo nos olhos dele a desafiavam a dizer algo, uma palavra sequer sobre a roupa dele. Ela mordeu a língua, mas quando Koko bateu suas pequenas mãos em aprovação e aclamou "Oh, você está lindo também, Sirius da Srta. Claire!" ela não conseguiu controlar mais o riso. Gargalhando incontrolavelmente ela teve que se sentar na escadaria.

Sirius estava parado no hall, magnificamente coberto por um robe rosa, chapéu de veludo e cinto brilhante. Ele a observou enquanto ela ria e esperou pacientemente até que ela recuperasse o fôlego. Então ele estendeu uma das mãos e a ajudou a se levantar.

Ele percebeu o robe cinza e esbelto que ela vestia, os diamates que brilhavam em seu pescoço e orelhas, e a coroa de cabelos pálidos. Simples e elegante, ele pensou. Às vezes - como agora, quando ela ria - ela parecia ser humana. Mas a maioria das vezes ela era irritantemente perfeito, tão fria, cuidando sozinha dessa imensa mansão, apesar da sua desvantagem. Sem mencionar as Livrarias Winterstorm, as Lojas de Suprimento via Corujas e tudo o mais que tivesse a marca Winterstorm e fizesse dinheiro.

"Você está adorável." Ele disse suavemente, e com sinceridade.

Os olhos de Claire encontraram os dele e por um segundo foi como se ele pudesse olhar diretamente dentro de sua alma. O medo exposto que ele viu o pegou de surpresa. A mão que ele segurava tremeu e ele pode sentir o pulso dela acelerar.

"Você não precisa ter medo."

Ela ficou tensa e retirou a mão. "Eu não estou..." Suspirando, ela se entregou. "Você está certo. Eu estou com medo e eu quase vomitei meia hora atrás."

"Voldemort não estará lá essa noite. Pense nisso apenas como um pequeno encontro social. Uma festa. Só um monte de pessoas bebendo e conversando."

"Claro. Continue falando que eu com certeza vou vomitar." Ela tremeu. "Eu nunca estive numa festa!"

Continua...