11. O Segundo Presente
Claire estava sentada à sua escrivaninha e suspirou de desespero. Nunca nos 18 anos em que estava envolvida nos negócios da Winterstorm tinha acontecido uma bagunça tão grande em seus livros contábeis e documentos. Ela sempre se orgulhara de sua disciplina, mas ultimamente andava tendo coisas muito melhores para fazer do que assinar contratos e aprovar manuscritos - uma coisa que ela fazia esporadicamente, porque queria ter um olho no que a Editora Winterstorm produzia. Ainda assim, ficar sentada ao sol, assistindo a Sirius e Harry jogar quadribol, ou experimentando roupas com Serene ou discutindo o mundo Trouxa com Laurel, era muito melhor. De alguma forma a pilha em sua escrivaninha tinha aumentado até formar uma montanha de rolos de pergaminhos, e ela precisava liberar pelo menos alguns dos manuscritos ou os livros não chegariam às livrarias antes do início do próximo ano.
Bravamente ela trabalhou e diminuiu a pilha, até que ela chegasse à escrivaninha. Agora tudo que ela precisava fazer era arrumar as gavetas e preparar os malotes para as corujas da tarde. Na primeira gaveta ela encontrou muitas contas, folhetos que havia pegado na feira, e uma pilha de pergaminhos cobertos com letras minúsculas. Franzindo a testa ela leu a primeira página e reconheceu as histórias de Sirius. Ela sorriu. Ele ainda contava histórias, e - uma coisa que ela devia confessar a ele mais cedo ou mais tarde - ela ainda deixava a pena mágica escrever cada palavra. Mexendo na segunda gaveta ela encontrou uma coleção de histórias que ela havia reunido nas últimas semanas. Cuidadosamente ela ajeitou o pergaminho e se perguntou onde deveria guardar essas histórias de forma que Sirius não esbarrasse nelas antes que ela pudesse confessar. Eventualmente ela as enrolou e selou, escreveu 'S. PADFOOT' e 'Síndrome de Prisioneiro?' como referência no envelope e as colocou em uma prateleira onde ela guardava as penas e os selos.
Quando a porta abriu, ela pulou assustada.
"Sirius!"
Ele franziu a testa. "Eu assustei você?"
Ela estava sentada, com a escrivaninha agora consideravelmente arrumada. "Eu simplesmente esqueci da hora com tantos papéis de trabalho."
"Remus me enviou uma coruja. Eles vão chegar em quinze minutos. A lareira no seu escritório é a única conectada à rede de Flu, não é?"
"Sim, meu pai costumava usá-la para chegar às livrarias. Quando se tornou evidente que eu não podia viajar usando Flu, ele fechou todas as outras, exceto esta."
Sirius ficou de pé atrás dela e começou a acariciar seu pescoço, com carícias circulares, suaves. Por um momento Claire fechou os olhos, então relaxou, quase derretendo sob o toque dele. Como ela havia vivido sem ele? Todas as pequenas coisas… O riso. As sensações. A mera presença dele.
"Sirius." ela disse suavemente. "Eu tenho algo para falar com você."
Ele continuou massageando, acariciando, deixando as mãos escorregarem para entre os seios dela. O cabelo dele roçou o rosto dela quando ele se curvou e a beijou na testa.
"Eu prometo não deixar que Harry voe de motocicleta sem mim."
"Não foi isso que eu quis dizer. Embora eu prefira que você também não ande naquela coisa terrível."
"Bem, se não é sobre a motocicleta - o que é tão importante então?"
Claire pegou a mão dele e a apertou, enquanto procurava pelas palavras certas.
"Serene teve uma visão. Uma visão sobre você em Azkaban."Sirius riu, um riso baixou e divertido, que teria agradado a Claire em qualquer outro momento. Mas agora ela queria falar a sério com ele.
"Ela viu você preso em Azkaban! Nós precisamos falar com o Diretor Dumbledore sobre isto, eu acho, e encontrar uma forma de não deixar que isso aconteça."
"Eu não ligo para Serene e suas visões, boneca. Você já deveria saber disso."
"Laurel disse que a visão de Serene sobre Severus estava certa."
Ele deu a volta e sentou na escrivaninha, de forma a poder ver o rosto dela. Pegando suas mãos e colocando-as nos joelhos dele, ele falou enfaticamente: "Claire, eu não acredito em adivinhações. Lembre-se, minha mãe era uma clarividente ou pelo menos dizia ser uma. Mas se ela realmente tivesse previsto a morte de meu pai, isso não a teria tomado de surpresa quando aconteceu. Então qualquer coisa que Serene pense que viu, foi apenas uma ilusão. E provavelmente proveniente da raiva que ela tem de mim."
"Sirius…"
"Não, preste atenção em mim agora. Não deixe que ela amedronte você. É apenas faz-de-conta."
Claire suspirou e deixou sua cabeça repousar na coxa dele enquanto ele acariciava o cabelo dela. "Mas ela descreveu em detalhes. Como você estava vestido, como tudo parecia…"
Sirius com delicadeza empurrou a cadeira dela para trás e se levantou. Foi para perto da janela e ficou olhando para o jardim, onde os elfos estavam ocupados arrumando as mesas e as cadeiras. Eles tinham pedido a Harry para ir a Hogwarts entregar as roupas de Claire para Serene, uma tentativa de mantê-lo longe da Mansão por tempo suficiente para preparar a festa de aniversário. Hagrid tinha sido convidado e Remus ia trazer mais três convidados.
"Claire, eu sei que Serene estava errada." ele suspirou.
Claire se aproximou e o abraçou pelas costas, apoiando o rosto nas costas dele. "Como você pode saber disso?"
"Porque eles não vão me levar de volta para Azkaban vivo."
Ela ficou tensa com o choque. "Você não…"
"Eu prefiro morrer a voltar para lá. Você não sabe como é, Claire. É o pior lugar que você pode imaginar. Nenhum ser vivo deveria ser condenado a ficar naquelas celas geladas. Portanto, da próxima vez, eles não vão me levar vivo."
Um grande barulho na lareira fez com que eles se virassem, os dois trêmulos com emoção. Claire segurou a mão de Sirius, não muito certa se ela precisava de apoio ou se queria apoiá-lo.
"Deve ser Remus." a voz de Sirius traía sua tensão interior. "Eu sinto muito se estraguei essa manhã ensolarada com minha..."
"Não!" Ela virou para ele, quase violentamente. Os olhos dela lançavam chispas. "Não ouse se desculpar por compartilhar seus sentimentos comigo!"
Por um momento eles permaneceram daquele jeito, Claire como um relâmpago, Sirius como chuva. Então ele a puxou para seus braços, beijou o rosto dela, seus lábios, necessitando desesperadamente do carinho dela.
Claire correspondeu aos beijos, timidamente a princípio, mas então se rendeu à intensidade com que a língua dele explorava sua boca. Não era apenas um beijo, ela pensou com o pouco de razão que ela conseguiu conservar, era um apelo sem palavras.
De repente ela sentiu Sirius ficar tenso. O momento havia passado.
Quando ela tentou respirar, quase pulou. Chamas verdes saíam da lareira, e no meio dela ela viu quatro pessoas, que apenas segundos depois estavam dentro do escritório. Remus tossiu e limpou as mangas de suas roupas.
"Você realmente precisa mandar limpar essa lareira." ele franziu a testa. "Ou você não vai receber muitos visitantes."
"Eu sinto muito!" Claire passou um lenço para ele. "Ela não era usada desde que meu pai morreu há dois anos atrás."
Remus limpou o rosto. "Eu só estava brincando, Claire. Agora, eu trouxe aqui os três visitantes que você pediu." Ele a apresentou a um menino de cabelos vermelhos e a uma menina, que ela lembrava da aula de Animagia de Sirius. "Ron e Hermione, eles estudam com Harry na Grifinória. E esta," ele empurrou uma menina menor, também de cabelos vermelhos. "é Virginia, irmã de Ron." A semelhança da família não pôde ser negada. "Eu tentei chamar o menino Longbottom, mas ele foi para a praia com seu tio avô."
"Bem." Claire sorriu para eles. "É muito bom vocês todos terem podido vir. Sintam-se em casa. Harry ainda deve demorar uma hora, então por que vocês não deixam Peagreen mostrar a vocês os seus quartos e a casa antes da festa começar?"
Hermione, não normalmente tímida, se espantou.
"É você!"
"Sim, Srta. Granger," Sirius disse secamente. " É ela."
"Não… eu quero dizer…" Hermione gaguejou. "Essa é Claire Winterstorm, a proprietária da Winterstorm Inc.!"
"Sim?"
"Mas Professor, você não sabe que ela foi nomeada 'A Bruxa de Negócios do Ano' duas vezes? Ela estava na capa da 'Galeões de Ouro' em janeiro desse ano!"
"É verdade?" Sirius sorriu para Claire que havia corado e parecia uma beterraba agora. "Então eu me casei com uma celebridade?"
"Oh, bobagem." Claire murmurou.
"Você publicou o 'Diário de Brianna Smith'! O livro é hilariante, eu dei um para minha mãe que é Trouxa e até ela adorou!"
"Vocês, meninas, podem falar de livros depois." decidiu Remus e espantou todos eles do escritório. "Nesse momento estamos em uma festa de aniversário."
Depois de apagar dezesseis velas de um bolo gigantesco, ter ouvido uma versão levemente desafinada de 'Parabéns para você' e ter desembrulhado os presentes que recebera de seus amigos, até Harry teve que concordar que os aniversários podiam ser bons. Na verdade este estava sendo maravilhoso, decidiu, quando voltou sua atenção para o último pacote, que estava do lado da mesa, embrulhado em um papel marrom comum.
Remus e Sirius sorriam zombateiramente quando ele rasgou o papel e encontrou um pote pesado do tamanho de uma grande terrina. Harry franziu a testa.
"Isso é o que eu estou pensando?" ele perguntou.
Remus concordou. "Um pensador, sim. O menor que pudemos encontrar."
"O que é um pensador?" perguntou Gina.
"Você pode guardar suas lembranças nele." explicou Harry e olhou para a superfície prateada do pote.
"Como um... diário?"
"Mais ou menos." disse Remus, paciente como sempre. "Você literalmente tira as lembranças de seu cérebro e as colocar no pensador. E em uma hora calma você pode passar o tempo olhando para elas."
Gina olhou para o pensador. "Isso são … lembranças? Esses redemoinhos cinzas?" ela perguntou.
"Harry sabe como funciona, não sabe?" Sirius pôs a mão no ombro de Harry. "Remus e eu queríamos dar a você uma lembrança de seus pais. A minha é uma de seu pai ganhando a taça das casas para a Grifinória no nosso sexto ano."
"A minha é de Lillian, nos contando que estava esperando um bebê." a voz de Remus tremeu muito levemente, e para grande surpresa de Claire, Serene ficou atrás dele e colocou a mão na dele por um momento até ele recuperar a calma.
"Por que não vamos todos dar um passeio no parque enquanto Harry experimenta o seu presente?" Claire sugeriu animada. "E quando você acabar, Harry, eu realmente acho que você deveria vir me explicar aquelas regras de quadribol para mim.
Sirius sabia que regras de Quadribol eram uma piada enterna entre seu afilhado e sua mulher, e viu com alívio como Harry sorriu. Dar a um menino de dezesseis anos uma lembrança de seus pais mortos há tanto tempo não tinha sido uma coisa fácil para ele e para Remus. Primeiro, ele sentiria falta da lembrança de Thiago fazendo o último passe. Segundo, eles não sabiam como Harry reagiria. Mas então, o garoto tinha família e amigos que iriam ajudá-lo caso ele vacilasse.
"Fique à vontade." ele disse suavemente para Harry. "Elas são suas lembranças agora."
Sirius estava sentado na grama próximo a Remus, suspirando contente, com uma caneca de Cerveja Amanteigada na mão, e apreciando o por do sol.
"Ah Moony, nós já fomos como eles? Tão… despreocupados? Tão jovens?"
Seu amigo deu de ombros.
"Eu não me lembro. Mas Harry não é despreocupado a maior parte do tempo. Você sabe disso tão bem quanto eu. Ele carrega aquela nuvem negra aonde quer que ele v�, e por mais que ele tente viver como um adolescente normal, enquanto Voldemort existir, dias como os de hoje vão ser uma exceção para ele."
"Claire fez um grande trabalho." Sirius sorriu e levantou sua caneca em cumprimento quando Ron e Hagrid voaram sobre eles em suas vassouras. Serene, Gina e Hermione estavam sentadas no jardim, suas cadeiras próximas à mesa do bolo, Serene conjurando minúsculos modelos de roupas que ela gostaria de ver na Gladrags. Todos pareciam estar se divertindo. "Ela não percebe, mas atrai a todos os solitários, a todos os perdidos e faz com que eles se sintam bem vindos." Ele colocou sua caneca de lado e cruzou os braços atrás da cabeça.
"Você está feliz, Padfoot?" Remus perguntou suavemente, olhando intensamente para Sirius.
Sirius virou a cabeça e a expressão em seu rosto tomou seu amigo de surpresa. Desesperado desejo, quase que uma necessidade palpável…
"Isso é tudo o que eu sempre quis." Sirius admitiu, e Remus podia ver que confessar isso custava muito a ele. "Uma esposa, um filho. Uma família." Ele observava Harry e Claire rindo, Harry usando duas colheres para demonstrar a defesa Tcherkessow, e Claire sacudindo a cabeça. "Eu queria que eles fossem meus."
Remus suspirou com simpatia. Ele tinha previsto aquilo, tinha visto seu amigo perder seu coração passo a passo. "Harry pode não ser seu filho, mas é seu afilhado. E com Claire, não vai ser necessário mais do que uma palavra para você fazer com que ela seja verdadeiramente sua." ele sugeriu. "Ela está apaixonada por você, mesmo um bruxo cego pode ver isso."
Sirius congelou. "Claire precisa de liberdade" ele disse sombriamente. "Ela cresceu em uma prisão, Remus, e tudo o que ela faz - este casamento, a missão - serve apenas para um objetivo. Ser livre. Como eu poderia pensar em prendê-la a mim?"
"Então ela quer ser livre e você quer ser amado?" o rosto de Remus não mostrava a dor profunda que ele sentia. "Bem vindo ao clube, meu amigo."
Ele se levantou e limpou a grama que estava em suas roupas. "Eu vou pegar mais torta de morango. Você também quer?"
Sirius sorriu. "Você está apenas procurando uma desculpa para falar com Serene. Remus, ela realmente não serve para você. Eu nunca tinha visto você tão infeliz como está agora. Encontre outra garota, e esqueça dela."
Lupin levantou uma sobrancelha, mas reprimiu sua reação inicial e apenas sacudiu a cabeça.
"Eu quero falar com ela. Eu preciso. Nós provavelmente vamos começar a brigar antes que eu termine a minha primeira frase, mas se eu não ouvir a voz dela…"
"Mas isso é ridículo, Remus! Ela é apenas uma bruxa. Ela é bonita, concordo com você. Mas obviamente ela é completamente maluca."
"Cai fora, Black." a voz de Remus tremeu e Sirius estremeceu quando reconheceu que tinha falado demais. "Eu apenas desejo que Claire parta seu coração, então você vai ter uma noção do que está falando."
"Moony, eu sinto muito."
Lupin apenas deu de ombros e se foi. Sirius abraçou seus joelhos e deixou a cabeça afundar neles. Remus era muito inteligente, sabia muito sobre a condição humana... por que ele não via que Serene não estava interessada no que ele tinha a oferecer?
Claire andou pelo gramado até a sombra onde Sirius estava sentado. Ousando, de repente, ela se ajoelhou e acariciou o pescoço nu dele.
"O que há de errado com Lupin?"
Sirius quase ronronou de prazer quando ela começou a massagear os ombros dele. "Serene é o que está errado. Ele enfiou naquela cabeça teimosa que está apaixonado por ela, então ele sofre toda vez que ela o chuta. O que ela parece fazer toda vez que ele chega perto dela."
Claire olhou para a mesa do bolo onde Remus e Serene estavam, conversando sem olhar um para o outro. "Você é muito duro com Serene. Ela o magoa, é verdade, mas eu sei que ela também sofre. Eu acho que ela realmente o ama, mas por alguma razão ela tenta afastá-lo. Como ele não se afasta, ela continua a magoá-lo."
"Bem, eu acho que ela é uma cadela cruel e convencida que tem um grande prazer em puxar a corrente de Remus."
As mãos de Claire cessaram seus movimentos.
"Sirius!" ela o repreendeu. "Ela não é uma cadela e ela não é… Ela pode parecer cruel, mas ela o ama. Eu sei disso."
Ele virou a cabeça para poder ver o rosto dela.
"E o que você sabe sobre o amor, Claire?" ele perguntou suavemente.
No momento em que ele disse as palavras e viu a mágoa nos olhos dela, ele desesperadamente desejou poder voltar atrás. E mesmo assim, ele se sentia muito confuso sobre suas próprias emoções … Ele precisava repetir para si mesmo que aquele casamento era um arranjo seguro, de maneira a não arriscar as defesas que ele havia levantado há tantos anos. Ele precisava saber que aquilo era amizade, nada mais, que o que unia Claire a ele poderia ser deixado para trás quando a missão estivesse terminada, sem que o coração dele ou o dela se partissem…
"O que eu sei sobre o amor?" ela repetiu a pergunta dele. "O que você diria se eu dissesse que amo você, Sirius?"
Ele empalideceu. Por um momento seu coração parou de bater e quando voltou à vida novamente, estava tão acelerado que ele podia ouvir trovões em seus ouvidos.
"Eu disse a você para não deixar isso acontecer."
"Você não pode permitir ou proibir o amor."
"É apenas sua imaginação, Claire." Ele pegou o rosto dela e fez que ela olhasse para ele. O que ele havia temido, estava lá. Ela realmente pensava que estava apaixonada por ele.
"Claire, você não vê que é apenas uma reação natural? Você não está acostumada à companhia masculina, e nós passamos muito tempo juntos. Nós passamos por situações perigosas juntos, nós compartilhamos uma cama. Não me admira que você confunda companheirismo com amor."
Ela mantinha a cabeça erguida, uma postura que lembrou muito a ele a pequena menina da Lufa-Lufa, que fazia com que ele se sentisse um completo idiota todas as vezes que implicava com ela. "Eu não sou sua companheira." ela disse com dignidade.
"Boneca, eu sou o primeiro bruxo que você beijou. O primeiro com quem você fez sexo. Você nunca teve a chance de comparar."
Os olhos de Claire lançaram chispas de raiva quando ela se levantou, abruptamente. Sem outra palavra a Sirius ela atravessou o gramado, os punhos cerrados, as roupas azuis esvoaçando.
Quando ela alcançou Remus e Serene, ela agarrou o bruxo pelos ombros, fez com que ele virasse de frente para ela e o beijou em cheio nos lábios. O beijo foi… agradável. Os lábios de Remus eram mornos e macios, mas ela não sentiu o sangue correndo em seus ouvidos, como acontecia com Sirius. O seu coração estava batendo calmo e constante. Quase desapontada, ela se afastou e corou violentamente quando viu a confusão no rosto de Remus.
"O que… o que foi isso?"
Claire gaguejou uma desculpa, mas uma olhadela para o rosto furioso de Serene fez sua voz falhar. Se ela precisava de uma prova de que Serene sentia alguma coisa por Remus - tinha conseguido uma naquele momento. A bruxa ruiva olhava para ela como se fosse transformá-la em um sapo a qualquer minuto.
"Nada. Esqueça." ela sussurrou e quase correu de volta para Sirius, que também olhava para ela com uma expressão que ela não podia decifrar.
"Bem, eu beijei outro homem." ela vociferou. "Eu posso comparar beijos agora. O dele foi bom. O seu é melhor."
Um súbito trovão no ar a interrompeu. Um relâmpago cruzou o céu. Em poucos minutos uma tempestade de verão começou a cair, atirando guardanapos, folhas e um dos livros de Claire no gramado. Os elfos pegaram o livro e salvaram o bolo, mas quando a chuva morna começou a cair eles se reuniram na porta de casa e deixaram os guardanapos para lá.
"Crianças, não se preocupem com as cadeiras e almofadas!" Claire guiou Harry, Gina, Ron e Hermione para dentro, para longe da chuva. "Eles já estão ensopados. Vão para cima se secar! Koko vai ficar contente de servir chocolate quente e biscoitos a vocês."
Hagrid, que tinha estado guardando a motocicleta junto com Sirius, se moveu cuidadosamente através da porta, seu cabelo e barba pingando sobre o tapete. Claire pediu que ele tirasse a capa molhada. "Não há jeito de vocês voarem para casa com essa chuva." ela declarou.
"Eu posso dormir no chão da sala de estar." Hagrid comentou.
"A cama de Ygor ainda está no quarto atrás da cozinha." interferiu Peagreen e olhou para o enorme bruxo. "Ele era muito grande como você Sr. Rubeus."
"E se não servir, sempre existe mágica." Sirius tinha acabado de entrar em casa e fechou a porta atrás de si. Ele sacudiu a cabeça e a água de seu cabelo espirrou em todo mundo.
"Ah, Padfoot, pare!" Remus brigou rindo. "Senta, garoto!"
Sirius riu, feliz por seu amigo não estar mais zangado, e subiu atrás das crianças para se certificar de que a janela do escritório estava fechada.
Claire sorriu quando viu que a pequena Peagreen guiava Hagrid para o quarto de Ygor, e virou para Remus e Serene, que torcia seus cabelos molhados, tremendo de frio. Ela ficou espantada quando viu o desejo nos olhos de Remus, voltados para Serene. Quando ele pressentiu que Claire o observava, seu rosto ficou sem expressão, mas gentil como sempre.
Ela pigarreou e se dirigiu a Serene, de repente muito tímida para olhar para Lupin.
"E quanto a você e Remus? Importam-se de compartilhar um quarto?"
Claire estremeceu e levou a mão à boca. Por que ela havia perguntado aquilo? Os olhos de Serene se encheram de raiva e ela subiu as escadas furiosa. Os olhos de Remus a seguiram, infelizes.
"Isso foi desnecessário." Ele disse suavemente.
"Sinto muito. Eu sinto muito, mesmo." Claire suspirou. "Claro que existem quartos suficientes para todos. Apenas escolha um e os elfos darão a vocês fogo, e toalhas de linho ou qualquer outra coisa de que vocês precisem."
Ele concordou e subiu as escadas.
Claire podia ter se esbofeteado. Como ela podia ter dito uma coisa dessas? Mas então… uma noite de paixão podia ser o que esses dois ignorantes teimosos estavam precisando… Pena que ela não podia prendê-los em um quarto e não deixá-los sair até que tivessem feito o que deviam fazer. Laurel tinha dito a ela sobre como Dumbledore havia trancado os dois, ela e Severus em uma câmara na torre para fazê-los entender que precisavam um do outro. Fisicamente, sim, mas não tinha sido daquele jeito com ela e Sirius, também? Ela havia aprendido a confiar nele com seu corpo, e então ela havia começado a confiar nele com seu coração…
A sua mão se fechou sobre o pequeno pingente de cristal na corrente que ela sempre usava. Ela iria lá para cima, encontraria Sirius e faria com que ele visse o pingente. Deixaria a corrente bem visível. Depois de se assegurar de que os elfos não iriam mais trazer móveis ou pratos para dentro, ela apagou a luz da sala de estar e soltou a sua trança, então seu cabelo caiu solto sobre suas costas.
Ela parou no primeiro degrau. E então, mais calma do que jamais pensou que ficaria nessa situação, ela pegou a corrente e a guardou no bolso.
Ela encontrou Sirius no banheiro, onde ele secava o cabelo com uma toalha, outra enrolada perigosamente baixo, sobre seus quadris estreitos. Quando ele viu os olhos de Claire no espelho, ele deu a ela um grande sorriso.
"Bom saber que eu não sou o único a querer morder a língua quando fala com Moony. Eu ouvi…"
O sorriso morreu com as palavras, e ele se virou, jogando a toalha que usava em sua cabeça.
Claire estava ali, parada, o cabelo solto sobre as costas, o rosto corado, nervosa. Ela passava a língua pelo lábio superior, um movimento rápido de língua que teve melhor resultado do que qualquer toque provocativo teria.
"Eu quero você."
A voz dela era tão suave que ele pensou que tinha ouvido errado. A respiração dele ficou presa na garganta quando a viu abrindo o fecho das vestes e deixando o tecido macio cair no chão do banheiro.
"Eu quero que você… faça as coisas que você faz."
"Coisas?"
Ele estava totalmente sério.
Ela suspirou. Não era nada fácil. "Eu quero que você me beije toda. Que você me abrace tão apertado que eu sinta que estou me fundindo com você." A camisa fina seguiu as vestes. "Eu quero as suas mãos em mim… e você em mim."
Nua, ela cobriu a distância entre eles e absorveu a surpresa agradável nos olhos dele - e a reação que suas palavras estavam causando. Saber que ela podia fazer aquilo com ele, podia fazê-lo ficar excitado com tão pouco, a enchia de alegria, gratidão e autoconfiança.
Seu dedo escorregou pelo peito dele, muito cuidadosamente, quase dolorosamente devagar, descendo pelo estômago dele até atingir a toalha.
"Mas antes." a respiração dela se tornou acelerada. "Eu não quero que você faça nada."
Sirius pigarreou quando o dedo dela se enganchou na toalha e a soltou, pouco a pouco.
"Nada?"
Ela sorriu, sua boca a apenas alguns centímetros da dele.
"Nada."
Claire não se apressou. Ela nunca havia realmente olhado para ele quando estava nu. Claro, ela o tocara… lá. Mas por baixo das cobertas, não como agora. Sirius gemeu suavemente quando ela deixou um dedo escorregar ao longo de sua ereção, e ofegou surpreso quando ela fechou a mão em volta dele.
"Eu machuquei você?" Ela soltou imediatamente. "Eu fiz alguma coisa errada?"
"Merlin, não. Você está indo bem… muito bem." Ele piscou quando ela começou as carícias novamente. "Muito bem mesmo. Perfeita."
Claire o encheu de beijos no rosto, na garganta, nunca o soltando.
"Sirius, seus joelhos estão tremendo!" ela riu. "Quer se deitar?"
Ele suspirou, um som de rendição.
Ela o guiou, com pequenos empurrões nas costas para fora do banheiro, para dentro do quarto. Mas quando ele quis ir para a cama, ela sacudiu a cabeça.
"No chão?"
"Em frente ao fogo, por favor."
Ele se sentiu … vulnerável, deitado ali, rígido e desejando o toque dela, e a sua esposa tímida ajoelhada perto dele, estudando seu corpo como se fosse um objeto de arte.
Então a sua boca começou a mordiscar o pescoço dele, o seu estômago e mais embaixo, até que ele cerrou os punhos no tapete.
"É realmente isso que você quer?" ele conseguiu perguntar, o sangue correndo nas suas orelhas. "Que eu fique sozinho nisso?"
"Não." ela ofegou e parou de mordiscá-lo imediatamente. "Não."
Escorregando o corpo sobre o dele, como um macio lençol de seda, ela permaneceu parada por um momento. Então, se levantou e montou nele ao mesmo tempo em que o colocava dentro dela, devagar. Sirius rosnou. Ela estava pronta para ele, úmida e quente, receptiva.
"Diga-me como você sente." ele pediu, sua garganta seca.
"Como se alguma estivesse faltando. E agora estivesse sendo recolocada." ela ofegou. "Como se eu tivesse estado vazia e sozinha durante toda a minha vida e agora eu estivesse inteira."
Ele ainda estava deitado l�, deixando que ela ditasse o rítmo, embora fosse cada vez mais difícil controlar a vontade de se movimentar.
"E parece que as palavras nunca vão ser suficientes para descrever."
Claire se curvou, segurou o rosto dele com ambas as mãos, e o beijou profundamente, deixando que ele entendesse o que ela estava sentindo.
Satisfeito que ela estava experimentando o mesmo prazer que ele sentia, Sirius tomou comando, suas mãos descendo pelo corpo dela, segurando seus seios, deixando-os intumescidos, até que ela fechasse os olhos, em completa rendição.
Ele começou a se mover, escorregando para dentro e para fora dela, afundando nela, empurrando mais fundo a cada investida. Ele inclinou os quadris dela, para poder investir ainda mais profundamente, como se quisesse que eles se tornassem um só corpo.
Claire se perdeu nas fortes arremetidas do corpo dele, no calor que crescia parecendo engolfá-la. Ela jogou a cabeça para trás, se movimentando rápido, seus dedos entrelaçados nos dele.
Com um leve rugido, ele rolou sobre eles de maneira a ficar sobre ela, e o ritmo se acelerou, ficou mais forte, o corpo dele além de qualquer tentativa de controle.
Naquele momento, uma fração de segundos antes que o seu corpo perdesse qualquer chance de um pensamento coerente, Claire soube que o amava. E que faria qualquer coisa para ele amá-la, também.
Então o mundo desapareceu e eles se tornaram um único ser.
Mais tarde Sirius descansou a cabeça no travesseiro e olhou para ela com uma expressão que ela nunca havia visto antes. Maravilhado.
Ela gostou daquilo.
"Se você algum dia viesse a mim… como acabou de fazer..." ele deu um beijo em sua testa e suspirou contente quando ela escorregou para a sua posição favorita, a cabeça no ombro dele, envolvendo o seu corpo. "Eu prometi que atenderia a um desejo seu, se algum dia você tivesse coragem de dizer que me queria."
"Um desejo?"
"Qualquer coisa que quiser."
"Você está se arriscando muito com isso, sabia? E se eu quisesse que você pulasse da Torre Norte?"
Ele riu. "Eu pularia. Então eu morreria e você ficaria totalmente sozinha nessa sua cama enorme de quatro colunas e iria sentir minha falta..."
"Eu iria?"
A mão dele escorregou entre os corpos deles, provocando, demandando e doando ao mesmo tempo.
Claire gemeu suavemente. "Tudo bem, eu sentiria sua falta. Eu… sentiria sua falta… muito mesmo."
"Então é melhor você pensar bem antes de cobrar o meu débito." Ele sorriu satisfeito, completamente relaxado.
Claire ficou tensa por um momento, a boca pressionada contra o pescoço dele, a respiração entrecortada.
"Eu vou. Eu prometo que vou pensar bem."
Quando o coração dela voltou ao ritmo normal, o dedo de Sirius percorreu a testa dela
"Prometa-me mais uma coisa."
"Oh, Sirius, não novamente. Eu não posso prometer não me apaixonar por você." Ela escondeu o rosto no cabelo escuro dele. "Eu temo que seja muito tarde para isso."
Sirius suspirou e olhou para a escuridão do quarto. O que ele podia fazer? Como ele tinha desviado os sentimentos daquelas meninas na escola quando ele não queria mais ficar com elas? Mais cedo ou mais tarde ele encontraria um meio de fazer Claire perceber que ele não era bom para ela. Para fazer com que ela o deixasse e ficasse feliz a respeito. Mas até então…
"Prometa-me que você não vai beijar outro bruxo enquanto nós estivermos casados."
"Mas você me disse para beijar! Lembra?"
Ele estremeceu. "Eu sei. Eu gostaria de retirar minhas palavras, mas não posso. Então apenas prometa que isso não vai acontecer novamente."
Claire apoiou a cabeça em um braço. Estava muito escuro para ela poder ver o rosto dele claramente, então ela colocou uma das mãos sobre ele para ver se ele estava sorrindo. Mas ele parecia estar completamente sério.
"Por que?" ela perguntou e tentou desesperadamente manter a voz calma.
A resposta dele levou muito tempo, tanto que ela pensou que ele dormira, e quando ele falou pareceu genuinamente surpreendido.
"Porque eu não gostei. Eu não gostei nem um pouco."
Continua
