16. Dívidas
Quando Claire saiu pela passagem secreta de Hogwarts pelo Salgueiro Lutador, ela ouviu um ruído estranho no andar superior, mas não deu atenção. Agora, com todos os detalhes do plano prontos, ela só podia esperar que Snape e Remus tivessem sucesso. Mas o que aconteceria depois? Como ela poderia fazer Sirius entender que ela havia dito aquelas coisas horríveis para salvá-lo e não para magoá-lo?
Ela temia que Severus estivesse certo e Sirius nunca viesse a confiar nela novamente.
Profundamente imersa em seus pensamentos, ela subiu as escadas apenas para se ver frente a frente com Ben Olsen. Conselheiro de Malfoy, que estava de braços cruzados perto da porta do Salgueiro, claramente esperando por ela.
"Olsen." Claire engoliu em seco. Como ele podia saber da passagem secreta?
"Você não deve esquecer que eu também estudei aqui." ele falou, e com um crescente desconforto ela se lembrou que ele era telepata.
"Nós realmente precisamos conversar." Ele ofereceu a ela a única cadeira com um sorriso falso no rosto.
Claire permaneceu de pé, tão longe dele quanto possível no pequeno cômodo, apesar da distância não interferir no fato dele ler a mente dela.
"Eu sei do seu pequeno segredo." Olsen arqueou as sobrancelhas.
"Eu não tenho idéia sobre o que você está falando."
Ele zombou do rosto sem expressão dela. "Não tente fingir! Você é um aborto, e não há como fugir disso. Não me force a fazê-la admitir." Ele pegou a varinha e apontou direto para a cabeça dela.
"Eu podia fazer seu nariz crescer, e você não teria poder para desfazer um feitiço simples como esse."
Ela cerrou os punhos atrás das costas. O que ela devia fazer agora? Sua mente trabalhava rápido. Como mentir para ele se ele podia ler sua mente?
"Eu suspeitei desde a primeira vez que vi você com aquele idiota do Malfoy em Gringotes." Ele bateu na cadeira. "Sente-se. Se isso serve de consolo para você, Lucius não sabe."
"Como você descobriu?" ela perguntou, ainda recusando-se a sentar. "Eu sei que você escutou minha conversa com meu marido na cela de interrogatórios. Mas como podia saber em Gringotes?"
Pelo menos ela queria que ele admitisse que podia ler a mente dela.
"Você deve saber que eu possuo um talento especial e muito útil." começou Olsen. "Eu posso ler mentes, quando elas não estão protegidas por barreiras mentais. Com bruxos ou Trouxas eu nunca tive problemas, embora os bruxos mais experientes consigam colocar barreiras habitualmente. Mas ainda permanece um..." ele procurou pela palavra mais adequada. "um resquício de barulho. Se eu não posso ler, pelo menos eu posso dizer se eles estão felizes ou zangados, quando estão sendo honestos ou guardando um segredo..." Sua boca se torceu de aborrecimento. "Agora imagine minha surpresa quando eu não senti nada perto de você. Nada mesmo. Silêncio total."
Os olhos de Claire se arregalaram. Então tudo o que ele sabia era o que ele tinha ouvido no Ministério? Desesperadamente ela tentou lembrar do que ela dissera exatamente.
"Então você deve ser um aborto ou uma bruxa no nível de nosso amigo em comum, Dumbledore." o bruxo concluiu.
"Eu duvido que Albus chamaria você de amigo." Claire não se conteve.
"Não, ele provavelmente não chamaria." Olsen sorriu. "Mas você fala em termos amigáveis com ele. Albus, hã? E você tem amigos na Diretoria."
"Talvez." Ela começou a andar pelo cômodo. "Mas o que isso tem a ver com você? Eu sou um aborto Tudo bem, eu admito. Agora você vai contar isso a Malfoy e ao seu Lord e Mestre. Eu sei o que eles fazem com abortos."
Ele deu um estranho sorriso. "Primeiro eu preciso saber por que você se juntou aos Comensais da Morte, se você sabia a respeito do preconceito de Voldemort, em relação aos aborto."
Os olhos dela lançaram chispas. "Não é óbvio? A única maneira uma de sobreviver, uma vez que Você-sabe-quem assumisse o controle, seria me fazer indispensável. Se você não pode derrotá-los, junte-se a eles. Era o que meu falecido pai sempre dizia." Claire levantou as mãos. A família Winterstorm está entre as mais antigas da Bretanha. Aborto não é uma doença hereditária. Meus pais consultaram todos os bruxos médicos que faziam pesquisas nesse campo. Eles todos disseram que eu teria crianças perfeitamente normais. Se alguém pode apoiar a causa de Voldemort, esse alguém sou eu!"
Ben Olsen escrutinou o rosto dela, mas ficou contente com o que viu. "Pena que Dumbledore tenha enganado você."
"Ele me disse que White era forte o suficiente para me proteger. Mas nem uma palavra sobre ele ser Sirius Black! Pelo menos Black é de uma família bem antiga. Meu Primo Valerius traçou a árvore genealógica da família dele para mim - A árvore da família Black e não a que Dumbledore inventou para o 'Professor White'. O bebê vai ser tão sangue puro quanto alguém pode ser."
"Seu segredo está seguro comigo. Mas claro que não sem alguma compensação do seu lado." Puxando um pergaminho selado de sua manga, ele chegou mais perto, e Claire teve que reunir toda a sua coragem para não recuar quando ele pressionou o pergaminho na mão dela. "Eu ajudo você e você me ajuda."
"O que você quer?"
"Esta é uma carta para uma amiga sua. Nas próximas semanas eu vou querer entrar em contato com Serene Kennedy, de vez em quando. Você deve compreender que eu não posso simplesmente entrar em Hogwarts e falar com ela, então eu preciso de uma mensageira, alguém que possa levar cartas e trazer respostas. Alguém que não esteja interessado em reportar para Dumbledore..."
Mantendo os olhos voltados para o pergaminho, ela concordou. "Mas como eu posso ter certeza de que você não vai contar a Malfoy? Ele me entregaria ao seu Lord mais rápido do que você possa falar aborto."
"Malfoy é um idiota!" Olsen quase cuspiu quando ele falou o nome. "Qualquer dia desses Voldemort vai se livrar dele. Eu precisarei de aliados, então, aliados importantes, para conseguir tomar o lugar dele como Terceiro Comando."
"E eu seria essa aliada?" Claire perguntou.
"Você será minha aliada," ele confirmou." E por isso eu vou deixar você viver agora e deixarei você viva quando nós tomarmos Hogwarts."
Começou a chover quando o bote deixou Severus e Remus na ilha de Azkaban. A fortaleza não podia ser alcançada Aparatando ou de vassoura. Aparatar era impossível, pois eles usavam os mesmos feitiços que protegiam Hogwarts, e usar a vassoura era impossível por causa dos fortes ventos do Norte.
Os dois bruxos tinham entregado as suas varinhas antes de embarcarem no pequeno bote. Agora, depois de meia hora no mar selvagem, Severus parecia verde e precisava de uma poção contra enjôo.
"Existe um feitiço para acalmar as ondas." ele murmurou e fechou os olhos, aborrecido, quando outra onda os sacudiu. "Eu realmente deveria treinar minha magia sem varinha." O troll que remava o bote olhou indiferente para o rosto do Mestre de Poções. E Remus Lupin ajoelhado na ponta do bote, mantendo o rosto no vento, respirando o ar gelado.
Quando eles finalmente chegaram ao deck da ilha, e pisaram em terra firme Remus olhou com tristeza para o mar.
"Você tem certeza de que quer fazer isso, Lupin?" perguntou Snape.
"Sim. É só que… eu detesto ficar preso." Remus deu de ombros e suspirou. "Mas é preciso, então eu vou fazê-lo."
Um Auror de olhar sério esperava por eles na porta.
"Professores." ele os cumprimentou e checou seus documentos, permitindo a visita. "Uma hora para interrogar seu antigo colega." Ele sacudiu a cabeça, desapontado. "Que vergonha! Agora nós temos Comensais da Morte em nossas escolas também… Eu levarei vocês lá para cima. Não é necessário mandar um dos Dementadores com vocês." Rindo da própria piada, ele os guiou para dentro da fortaleza.
Snape se certificou de que sua manga cobria todo o seu braço, enquanto eles seguiam o carcereiro através das escadas e corredores. Era uma experiência apavorante. Por trás das portas eles podiam ouvir gemidos, lamentos, e uma vez ou duas um vento frio chegava até eles por um corredor lateral, apesar dos Dementadores não chegarem perto deles. Remus manteve seus punhos cerrados e seus olhos para o chão, e mesmo Severus mostrava algum nervosismo passando a mão pelo cabelo quando sentia o ar gelado.
Finalmente eles pararam em frente à porta fortificada que era trancada por várias fechaduras.
"Todas essas precauções são mesmo necessárias?" perguntou Snape e estudou as trancas, com uma olhadela de lado para Lupin.
"Não realmente, não." admitiu o carcereiro. "Mesmo se nós deixássemos as portas abertas, ainda haveria as paredes para serem escaladas e depois, o mar. Mas o Ministério exige trancas e nós as colocamos..." Ele começou a abri-las, uma por uma, usando um molho de chaves de ferro. "Nós revistamos as celas em busca de varinhas de vez em quando. Você nunca sabe. Não existem muitos visitantes para trazê-las, mas ainda assim..." Seu olhar deixava claro que eles não aceitavam visitantes que traziam varinhas para os prisioneiros.
"Aqui estamos. Vocês têm uma hora. Apesar de eu achar que ele não vai ser uma boa companhia, a julgar pela aparência dele."
Ele empurrou a porta, e a trancou novamente, assim que os Professores tinham entrado. Colocando um feitiço para que os Dementadores se afastassem por uma hora, ele desceu para seu escritório perto do deck novamente.
A cela era escura e fria como uma câmara de gelo. O vento gelado que vinha do Norte parecia penetrar pelas paredes de pedra, e quando Severus falou, sua respiração mostrou uma nuvem de fumaça branca. Lupin olhou em volta, especulativamente. Não havia muito para ver - uma tábua presa na parede parecia servir de cama, uma calha em um canto, um banquinho com uma tigela e uma moringa perto da porta. Perto da parede embaixo da janela alta, um homem estava encolhido segurando as pernas, sua cabeça encostada nos joelhos.
"Siri?" a voz de Remus era suave, baixa, para não assustar o amigo.
Sirius não reagiu. Seu cabelo tinha crescido e estava embaraçado. No último mês, desde o ataque, era aparente que ele não tinha visto uma tesoura ou um pente. As roupas que ele usava eram as mesmas que Snape tinha visto no dia do encontro dos Comensais da Morte. Agora o tecido que tinha sido preto e branco tinha se tornado cinza de sujeira, e por baixo da manga, que tinha sido cortada por Voldemort, a pele de Sirius estava da mesma cor.
"Black." Snape se abaixou em um joelho e tocou o ombro de Sirius. O prisioneiro recuou e olhou para cima. Seus olhos estavam vermelhos, seus lábios manchados de sangue.
"Vá embora." ele murmurou cansado. "Se eu quisesse ter alucinações, eu escolheria outra pessoa para rever."
O Mestre de Poções escarneceu. "Eu aposto que sim. Sinto muito desapontar você, mas eu sou real."
Sirius olhou direto para ele, não ouvindo suas palavras. Ele tinha começado a resmungar palavras ininteligíveis.
Snape olhou para Remus preocupado. "Ele se encontra em pior estado do que eu esperava."
"Siri, você pode me ouvir?" Lupin se abaixou e pegou o rosto de Sirius com as duas mãos. "Isso é muito importante. Concentre-se!"
Sirius suspirou.
"Você tem que me ouvir. Nós viemos tirar você desse lugar horrível, mas você precisa nos ajudar."
Ele olhou para Snape e sacudiu a cabeça. "Eu não sei o que…"
"Vá embora." a voz de Sirius voz estava rouca como se ele tivesse passado muito tempo gritando a plenos pulmões. "Moony, você é um tolo. O que você está fazendo aqui?"
"Nós viemos pegar você." Snape olhava nervoso para a porta. Eles tinham que fazer um monte de preparativos ainda e se Black não ficasse mais racional em breve, o tempo deles se esgotaria. "Você não está exatamente nos ajudando, Black."
"Dane-se, Snape." Sirius falou asperamente e fechou os olhos cansado, deixando a cabeça encostar-se à parede. "Eu não pedi a você para vir. Eu não pedi a ninguém para me salvar."
"Não venha com esse papo heróico para cima de mim, Black." Snape puxou um pequeno frasco de sua manga. "Beba isso e vamos sair daqui."
"Do que ele está falando?" Sirius virou para Remus, que ainda estava perto dele.
"Isto é Polissuco." explicou Remus calmamente. "Você vai se transformar em mim e sair da ilha com Severus."
Sirius riu, um riso terrível, que acabou em um acesso de tosse. "Com certeza, e vou deixar você ficar aqui no meu lugar." Seus olhos estavam cheios de lágrimas, e ele estava muito cansado para lutar com elas. "Então você acredita que eu não sou forte o suficiente também."
"Não é forte o suficiente?" Remus suspirou. Ele entendia o motivo de Claire ter ferido Sirius da forma que ela fez. Mas talvez ela tivesse ido longe demais e a situação não poderia mais ser remediada… De qualquer forma, primeiro, eles tinham que salvar a vida de Sirius e depois eles cuidariam da alma dele.
Snape concordava com ele. "Pare com isso, Black!" ele falou rispidamente. "Nós levaremos você de volta para Hogwarts e daremos a você a oportunidade de discutir a situação com sua esposa. Agora seja um bom cachorrinho e beba a poção."
O prisioneiro nem olhou para ele.
Remus se levantou e coçou a cabeça. Com todo o planejamento deles, ninguém tinha pensado que Sirius se recusasse a ser resgatado. Enquanto ele ficava ali, pensando em uma maneira de convencer seu amigo que eles não podiam esperar mais tempo, Snape tirou uma varinha de sua manga.
"Hey! Você não entregou sua varinha no homem da guarda no deck." Remus franziu a testa. Claro que Severus Snape sempre estava um passo à frente dos Aurors.
"Você pensou realmente que eu entraria nesse buraco do inferno totalmente desarmado?" Snape zombou e olhou para as paredes e para a pequena janela no alto. "Nem que fosse para me matar antes que os Dementadores me pegassem."
Ele deu a Remus um olhar estranho. "Eu quero que você entenda que vou fazer isso apenas porque é o último recurso. Você sabe que ele não virá comigo sem resistir. Se nós ficarmos mais algum tempo, não haverá mais remédio e então Black estará realmente perdido."
Remus concordou, ainda com a testa franzida. "O que você quer dizer? O que você vai fazer?"
"Isso." Snape apontou para Sirius e disse: "Imperius!"
A cabeça de Sirius se ergueu. Ele tentou reagir ao feitiço, mas não teve forças contra o Feitiço Imperdoável.
"Se o Ministério algum dia descobrir isso, você será mandado para Azkaban, Comensal da Morte redimido ou não." Remus curvou a cabeça respeitosamente. "Você está se arriscando demais por um bruxo que diz odiar, Mestre de Poções."
Snape franziu a testa e pressionou o frasco nas mãos de Sirius. "Eu não faço isso por causa dele." Ele deu de ombros. "Bem, talvez um pouco. Mas, principalmente, eu faço isso para me vingar de Voldemort. Faço por respeitar Dumbledore, e para evitar que o filho de Claire cresça sem o pai."
Ao ouvir isso Sirius fez um esforço violento e jogou a cabeça para trás, mas cedeu novamente e bebeu todo o conteúdo do frasco, como tinha sido mandado fazer. Remus e Severus observaram os efeitos da poção de Polissuco, o lobisomem fascinado, o Mestre de Poções com satisfação. Em poucos segundos o prisioneiro de aspecto selvagem tinha se transformado na figura de Remus Lupin.
"Eu temo que você precise trocar de roupas com ele."
Snape mandou Sirius se despir e enquanto Remus colocava as roupas sujas, Sirius deu de ombros e vestiu as roupas do amigo e obedientemente as abotoou, conforme tinha sido mandado fazer.
"Agora, a parte mais importante do plano." Snape colocou a varinha na palma da mão esticada e murmurou alguma coisa ininteligível. A varinha começou a se mover, parecendo uma bússola, até que apontou para o norte.
"Nada bom." suspirou Remus, comparando a janela da cela e a posição varinha. "Eu não estou certo quanto ao ângulo."
"Você tem certeza de quer fazer isso?" Snape perguntou novamente e guardou a varinha. Remus concordou calmamente. O Mestre de Poções deu a ele um pequeno espelho. "Você vai ter que pegar a luz da lua com o espelho." Ele olhou para a porta de ferro reforçado, em dúvida. "Você vai conseguir quebrar a porta?"
Remus bufou. "Não há porta que me prenda uma vez que eu esteja transformado. Tem anos que eu não passo sem Wolfsbane, mas eu me lembro bem." Ele colocou a mão no braço de Sirius, sentindo-se um pouco perturbado porque parecia estar vendo o próprio rosto. "Eu me lembro de como eu era violento."
"Bom." Snape colocou uma pequena garrafa na cama de madeira. "Beba isso assim que formos embora. Vai fazer você dormir por exatamente 30 horas, então você vai acordar amanhã à noite. Enquanto você dormir os Dementadores não vão incomodar você."
"E quando eu me transformar em lobisomem, eles também não vão." Remus sorriu. "Existem certas vantagens em estar completamente fora de si."
"Vamos torcer para que você ainda esteja racional o suficiente para fugir daqui." Snape tinha concordado com o plano principalmente porque não podia oferecer outro melhor, mas agora, depois de ver a fortaleza e o mar raivoso entre a ilha e o continente, ele sentia uma dor no estômago. "Você tem certeza de que pode nadar até a costa e chegar a Hogwarts?"
"Enquanto a lua estiver no céu, não existe quase qualquer limite para a minha resistência física," assegurou Remus. "Assim que eu estiver em terra firme, eu vou descansar e correr para casa na noite seguinte." Ele passou os dedos pelos cabelos. "O único problema é..."
Snape levantou a sobrancelha. "Sim?"
"Eu posso esquecer onde fica minha casa." Lupin suspirou. "Quando eu estou na forma de um lobo, a parte humana de minha mente fica adormecida. O cheiro de um coelho, o vento noturno, a lua… tudo isso chama mais a minha atenção do que um castelo cheio de seres humanos."
"Talvez." Snape deu a ele um olhar de esguelha. "Talvez o lobo consiga lembrar onde fica a sua casa por causa de uma certa bruxa de cabelos vermelhos."
Remus suspirou. "Você realmente sabe bater onde dói, Snape. Agora leve meu gêmeo e tire ele daqui antes que o efeito da Poção Polissuco acabe. Não esqueça de pegar a minha varinha na hora de ir embora." Ele sorriu. "Como você fez para enganar o Auror? Eu vi que você entregou uma varinha de verdade para ele."
"Olivander fez para mim uma substituta para a varinha de Black." explicou Snape. "Disse que na longa história da Olivander, Black foi o único que já fez três varinhas com eles. Talvez da próxima vez ele ganhe um desconto. De qualquer forma, eu dei ao Auror a varinha nova de Black e fiquei com a minha, caso eu precisasse."
Ele ficou sério. Oferecendo a mão a Remus, ele checou pela última vez o espelho e a poção para Remus dormir. "Boa sorte, Lupin."
Remus sacudiu a mão dele e então, seguindo um impulso, o abraçou. "Boa sorte para você também. Leve-o para casa em segurança."
"Ele está fazendo O QUÊ?"
Serene olhava atônita para Dumbledore com tanto horror nos olhos, que o velho bruxo bateu em sua mão, tentando consolá-la. Era a hora do aconselhamento semanal, as sessões que ele oferecia a Serene, depois que ela começara a falar sobre suas visões, alguns meses antes. Ele sabia que não tinha ouvido a história inteira ainda, apenas pequenos pedaços. Mas ele tinha que admitir para si mesmo que ele tinha grande prazer em apenas sentar e conversar com a jovem bruxa e discutir qualquer coisa que viesse à mente dela. Ela evitava tocar em certos assuntos - como Remus Lupin. Então ele apenas casualmente lembrou que ela não precisava se preocupar caso Lupin não voltasse a tempo.
Mas, aparentemente, ela não tinha sabido sobre o que eles tinham andado planejando, e agora estava completamente perplexa.
"Querida menina, vai ficar tudo bem. Ele vai se transformar amanhã à noite, quebrar as portas e nadar de volta ao continente."
Os olhos dela estavam enormes e o rosto pálido como a morte.
"Um lobisomem pode fazer isso. Ele é a única criatura que pode fugir de Azkaban sem a ajuda de mágica, apenas usando a sua resistência física." Dumbledore continuou, pensando se deveria enviá-la a Madame Pomfrey.
Serene se levantou devagar e tirou a mão da dele.
"Ele não me contou." ela sussurrou. "Ele não me disse que poderia morrer."
Os nervos de Snape estavam esticados como cordas de aço e ele pensou seriamente em usar o Feitiço Amarra Corpo em Black e entregá-lo na porta de Claire, enrolado como se fosse um peru. O bruxo estava tão exausto que mal podia subir, as escadas que levavam aos aposentos dele, sozinho, se ajoelhou no chão e começou a arrumar as roupas e livros em um caldeirão insistindo em dizer que ia embora. Mas não ia voltar para a esposa, oh não, Snape pensou aborrecido com tanta teimosia. Para fugir. Ele tinha tentado falar com Sirius, mas no final ele tinha recorrido a Laurel esperando que ela se entendesse com ele.
Laurel, com seu jeito calmo, havia feito Sirius beber uma xícara de chá para acalmar a sua ânsia de arrumar a bagagem.
"Sirius, você não precisa ir embora agora. Você está cansado, você precisa tomar um banho e dormir por uma semana. E você precisa comer, está com uma aparência terrível."
Sirius sacudiu a cabeça fracamente. "Eu estou bem. Eu apenas quero ir embora. Por favor, não me aborreça, Laurel. Eu preciso sair daqui."
O Mestre de Poções notou a Marca Negra no braço de Sirius. Ele fez uma anotação mental para preparar a poção anestésica para Black, para Voldemort não conseguir chamá-lo. De alguma forma ele não gostava da idéia do Lord das Trevas chamar Black, depois de tudo o que ele e Lupin tinham arriscado para salvá-lo.
"Antes que você fuja, nós temos alguns recados para você." Snape cruzou os braços sobre o peito e zombou.
"Potter quer que você saiba que você é um... o que era mesmo?" Ele fingiu pensar. "Ah, um estúpido idiota por não notar um pomo de ouro quando ele está bem diante do seu nariz."
Laurel conteve um sorriso pela intuição do menino.
"E Claire quer que você saiba que ela está cobrando a sua dívida."
Sirius apenas olhou para os dois sem entender.
"Minha... dívida."
"Obviamente você perdeu uma aposta ou alguma coisa que garantiu a ela que você atenderia a um desejo dela."
"Eu lembro." A voz dele estava fraca.
"Ela exige que você vá para casa."
"Não."
"Ela exige que seja essa noite." Laurel deu de ombros. "Foi tudo o que ela disse."
"Será que, além da sanidade mental, você também perdeu sua honra em Azkaban?" as sobrancelhas de Snape se levantaram.
Sirius empalideceu embaixo da barba embaraçada. Seus olhos vermelhos lançaram chispas de raiva. "Você não sabe do que está falando." ele disse, sua voz ainda rouca por ter ficado sem falar tanto tempo.
Snape deu de ombros. "Provavelmente não. Tudo o que eu sei é que você tem estado fugindo a maior parte de sua vida. Talvez este seja o momento de parar, e consertar o estrago que foi feito."
Dumbledore tinha entrado sem que ninguém notasse. Agora ele pigarreou. Quando eles se viraram, ele sorriu para Sirius. "Seja bem vindo de volta, meu menino."
Sirius olhou para os olhos azuis do velho bruxo e se sentiu como um menino de cinco anos de idade novamente, certo de que o velho bruxo podia ver através dele, no fundo de sua alma.
"Faça-me uma gentileza e entregue isso à sua esposa quando você encontrar com ela." O Diretor entregou a ele uma carta e um pequeno pacote e bateu no ombro dele, como se ele estivesse voltando de um final de semana em Londres e não depois de um mês na pior prisão do mundo dos bruxos.
Mais um sorriso caloroso e ele saiu.
Sirius olhou para o pacote, e acabou cedendo. Ele iria ver Claire. Ele entregaria a maldita carta, ele faria qualquer coisa que ela pedisse a ele - mas apenas por essa noite. Então ele iria embora. Ele se explicaria com Harry mais tarde. E o bebê… Ele rangeu os dentes. Ele encontraria uma maneira de ver a criança de vez em quando.
Laurel e Severus deixaram que ele saísse sem dizer uma palavra. Laurel sacudiu a cabeça preocupada. Em sua opinião, ele não estava com energia suficiente para chegar em Hogsmeade sozinho. Ela ficou feliz quando viu que Severus o seguiu.
"Black!"
Quando Sirius virou, o Mestre de Poções acertou um soco no seu rosto, partindo o lábio dele. Ele caiu com as costas contra a porta de entrada do hall. Pela primeira vez desde que haviam fugido, o rosto de Sirius mostrou alguma emoção, não tanto de dor, mas confusão.
"Por que você fez isso?"
"Você quer dizer, além de você me perturbar até me deixar louco?" Snape colocou a mão no peito e estremeceu quando tentou mexer os dedos.
"Eu devia ter feito isso anos atrás quando nós tínhamos dezesseis anos. Logo depois daquela peça que você pregou em mim. Agora nós estamos empatados."
Sirius tocou o lábio devagar e sua mão veio com sangue.
Snape franziu a testa.
"Você sabe, eu nunca entendi você, Black. Eu apenas não conseguia entender porque você queria colocar todo mundo embaixo de suas asas. Eu não podia entender o que você ganhava por proteger todos os mais fracos." A voz dele ficou muito suave. "Até ultimamente."
Sirius olhou para ele, a compreensão chegando ao seu cérebro.
"Laurel."
"Sim, Laurel." o Mestre de Poções concordou e seu rosto traiu completo desespero. "Ela é tão independente que chega a ser irritante. Mas eu a protegeria contra qualquer um. Eu abriria a mão de qualquer coisa por causa dela, matar qualquer um que tentasse feri-la."
Sirius baixou a cabeça.
"Então, eu acho que entendo você agora." Snape continuou e sentou nas escadas. "Mas por outro lado eu entendo você menos do que nunca. Como você pode deixar Claire? Você a ama. Seu rosto, suas palavras, suas ações - isso tudo flui de você, mostrando para todo mundo que você a ama."
"E daí?" a voz de Sirius estava amarga. "Ela não liga."
"Droga, Black, ela é como você." O Mestre de Poções franziu a testa, exasperado. "Ela pode parecer com um cordeiro, mas acredite-me, ela é uma leoa em pele de cordeiro. Ela é terrivelmente protetora no que diz respeito a você. Sim, ela fez alguma coisa, disse alguma coisa que fez você sofrer. Mas eu aviso a você, por experiência própria, para perguntar a ela o motivo antes de condená-la e a você mesmo."
Sirius suspirou e sacudiu a cabeça, cansado.
"Tarde demais."
Snape ficou de pé e ajudou o outro bruxo a se levantar. "Eu sei que não somos amigos, Black, mas aceite minha palavra nesse assunto. Não desperdice sua única chance de felicidade. Não deixe o orgulho governar seu coração."
Continua…
NT: Bem, eu disse que ia mandar os dois últimos capítulos juntos, mas eu não consegui... Mas não se desesperem... eu acabei de mandar o último capítulo para minha beta. Então não deve demorar muito para o final...
