Chegamos em casa já passava das onze da noite. Fui tomar um banho enquanto ela punha a mesa. Eu não sei se tocava no assunto, mas depois que ela passou a reavaliar a idéia de ter filho, me veio um desejo muito maior de fazer sexo com ela. Não que a vida a dois fosse chata, mas eu sinto que quando casarmos, termos o nosso filho, vamos ficar mais íntimos e com isso vem a confiança e eu vou poder fazê-la muito mais feliz.
"Carter?" - ela falou batendo na porta do banheiro.
"Entre.." - eu falei vestindo o roupão.
"Vou tomar um banho antes de jantarmos.. mas se você quiser, ja esta tudo na mesa..."
"Não se preocupe, eu lhe espero..."
Eu fingi que estava fazendo alguma coisa no banheiro só para ver ela entrando no banho. Analisei minha barba no espelho, porque eu tinha feito ela ontem a noite! Olhei para o lado e percebi que ela estava enrolando. Eu preferi não atrapalha-la e prontamente sai do banheiro indo até a cama pegar o meu pijama para vestir.
Me vesti e fui pra sala. Ela estava estranha. Distante, fria. Parecia fingir um sorriso toda vez que eu chegava perto. Eu pensei em tudo e a única explicação que achava era a conversa de hoje de manhã. É, realmente as coisas não vão ser tão fáceis como no meu sonho. Nós tínhamos problemas e medos que não nos assustavam na outra vida. Tudo era diferente. A fome me consumia e ela nada de aparecer. Nem ousei ir até a cozinha porque sabia que iria acabar comendo. E como as coisas tão hoje, era melhor não dar pano pra manga. Fiquei mais um pouco sentado na sala até que ela apareceu.
"Vamos comer?"- ela passou batido e eu fui pra cozinha, deixando a TV ligada num tom alto. O clima não estava lá muito bom, um silêncio só pioraria as coisas.
Eu me sentei a sua frente. Eu acho que o seu humor também afetou o seu apetite, eu nunca a vi, depois de hora de plantão, comendo tão pouco. Peguei o pão, passei o requeijão, coloquei tudo o que havia na mesa dentro dele e deixei em cima do prato. Me levantei e decidi fazer uma batida no liquidificador.
"Você quer beber alguma coisa?" - eu falei pegando o leite e as frutas na geladeira.
"Não.. obrigada.." - ela falou colocando a comida na boca e olhando pra televisão da sala.
Rapidamente terminei o que tinha a fazer e me sentei a mesa, mordendo o meu sanduíche. Eu queria tocar em algum assunto para faze-la falar, mas não pensava em nada que ela não fosse interpretar de outra forma ou ficar chateada. Eu olhei para o calendário e percebi que ela estava de tpm. Será que o medo veio a partir disso também!
Achei melhor deixar as coisas fluírem. Qualquer pisada em falso seria fatal numa mulher nesse estado.
Fiquei calado, não puxei assunto algum. O máximo que fiz foi fazer um comentário sobre uma reportagem da TV. Terminei de jantar primeiro que ela, por incrível que pareça. Apesar da pouca comida no prato, comia feito uma formiga. Fui até a pia e comecei a lavar a louça. Só quando eu acabei de lavar, ela praticamente me expulsou dali pra lavar o prato. Ô bichinho mais estranho que é mulher nessas épocas. Fui pro quarto e a deixe lá. Eu estava me sentindo perdido na minha própria casa, com a minha mulher. Estava desconfortável em saber que eu poderia ser o causador desse mal estar todo. Eu fiquei encarando o teto por alguns instantes... porque ela estava demorando tanto? Eu pensei em ir conferir mas o meu corpo estava pedindo aquela cama. Eu me enterrei minha cabeça no travesseiro e resolvi me entregar ao meu sono.
"John..." - eu sinto uma mão nas minhas costas. Logo agora que eu estava tentando dormir?
"Hum?" -falei tentando abrir os olhos.
"Porque você não me esperou!"
"Não sei.. pensava que você estava sem sono.."
"Eu estava te esperando na sala."
"O que?" - eu finalmente abri os meus olhos.
"É... eu pensei que você iria ficar comigo lá na sala... você simplesmente veio pro quarto e me abandonou..."
Agora ela começou a mudar o tom de sua voz, ela estava ficando brava. Eu não entendo, se eu tivesse ficado lá, ela com certeza teria brigado comigo e se eu vim pra cá, ela também briga. Era pra eu ter ido embora? Ou o que?
Eu respirei para não começar um briga. Eu sei que tinha que ser compreensivo, que essa fase é difícil e eu como um bom-samaritano e um marido exemplar devia ser o mais amoroso e amigo possível, mas eu juro que nunca fiquei com nenhuma mulher que tivesse uma TPM tão brava quanto a dela. Bom, lá no hospital diziam que a Abby vivia de TPM, porque ela tem um gênio que só eu sei. Mas aí você pega tudo isso e multiplica por ...10? Nossa, que sou um cara legal! Eu fiquei olhando pra ela e toda aquela braveza até me tirou um sorriso. Ela ficava tão bonitinha bravinha... Ai, pra que? É só eu sorrir que ela acha que eu to gozando da cara dela. Mulheres! Ah!
"Vem aqui, deita aqui do meu lado, vem"- eu amenizei o clima. Ela ficou olhando pra mim meio na defensiva. Não ia dar o braço a torcer, eu sabia. Foi até o banheiro e ficou enrolando lá, quieta.
Eu tentei olhar de canto de olho pra ver o que ela estava fazendo mas não consegui ver nada. Não podia me mexer muito, se não ela me veria.
"O que você esta querendo olhar aqui?" - ela gritou do banheiro.
Ela agora tinha superpoderes? Ou estava com a audição perfeita?
"Eu? Estava procurando a minha lente que caiu por aqui em algum lugar.."
"Lente?" - ela falou saindo do banheiro so de calcinha e sutiã. – "Desde quando você usa lente?"
"Desde nunca." - sorri e voltei a me deitar na cama.
"Palhaço.." - ela balançou a cabeça e eu senti que ela ficou controlando o sorriso.
"Abby!" - gritei, agora eu iria tirar aquele mal humor dela.
'O que foi agora John?"
"Corre aqui!"- eu gritei mais alto e desesperado e a vi vir em seguida. Não correndo, mas Também, eu queria demais.
"Que que foi?"- ela olhou pra mim que estava encolhido no travesseiro, de costas pra ela. Eu fiquei calado e ela foi chegando mais perto e mais perto. Quando eu senti que ela já estava ao meu alcance eu virei subitamente e a joguei na cama, dando um beijo que pode-se se chamar de cenográfico.
"É que eu tava com muita necessidade de beijar você"- eu disse, sorrindo quando acabei o beijo.
"Era só você ter pedido.. não precisava me assustar assim..."
"Mas um beijo roubado não é bem melhor que um beijo implorado!"
"Verdade..." - ela falou sentando na cama procurando por alguma coisa.
"O que você esta procurando?"
"Você viu minha camisola por ai?"
"Não passou por aqui... hum.. porque você não fica assim mesmo?" - eu falei colocando meus dedos na sua calcinha.
"Está frio John.." - ela se virou tirando o meu braço de cima dela. Quando ela ia se levantando eu puxei o seu braço de volta pedindo sua atenção.
"Eu te aqueço... e se você quiser.. eu fico só de cueca.. pra compartilhar a sensação de frio..."
"Nossa"- ela virou os olhos- "você tem cada uma..."- eu a vi sair pela porta e voltar alguns segundos depois- "Caramba! Cadê a minha camisola?"- eu podia sentir o mal-humor de volta.
"Calma"- eu sai da cama e comecei a procurar- "ei, agora até eu fiquei encucado"- eu pus as mãos na cintura e fiz uma voz engraçada- "onde é que você enfiou essa camisola, Dona Abby?"
"A camisola eu não sei"- ela foi indo pra cima de mim- "mas eu sei onde foi enfiar a minha mão se você não parar de me chatear" - ela virou de costas e voltou a procurar a bendita camisola.
"Olha"- eu fui bem atrás dela e coloquei minha mão no ombro dela- "você dorme assim e a gente pega um cobertor quentinho, tá?"- eu pisquei, pegando-a pela cintura
"Não.. é mais fácil eu pegar outra roupa"- ela ainda tentou falar, mas eu já a tinha jogado na cama e fui pegar um cobertor.
"Não facilita, é mais gostoso complicar"- eu pisquei de novo, abrindo o cobertor e jogando por cima dela. O clima parecia estar bem mais ameno.
Eu fui andando até a cama, vendo que ela ainda estava se encolhendo mesmo com o cobertor. É impressionante. Algumas mulheres teimam com uma coisa e so se acalmam quando a conseguem.
"Ainda com frio..?" - eu falei entrando por baixo do cobertor abraçando-a.
"Muito.." - ela disse ainda olhando pro outro lado.
Eu tirei minha camisa e estendi o meu braço entregando-a pra ela.
"O que é isso?" - ela se virou pra ficar de frente pra mim.
"Minha camisa...veste que melhora..."
"Precisa não.." - ela sorriu. – "Pode vestir de volta.."
"Veste, por favor.. eu não quero que você gripe.."
"Muito menos eu... sua ultima gripe demorou demais pra ser curada..."
"Mas ela caiu numa boa hora, não!"
Ela ficou em silêncio, vestindo minha camiseta.
"Agora ficou melhor..."- eu a abracei, colocando minha cabeça encostada na dela. Tinha até medo dela morder, mas acho que as coisas estavam controladas por agora...Só não sei por quanto tempo.
"Não sei pra que tudo isso, é tão mais fácil eu pegar uma roupa no armário?"- ela me questionou.
"Essa foi uma maneira educada e sutil de te falar que eu estou pingando de calor sem você se zangar"- eu gargalhei.
"Tonto, então da a coberta pra mim"- ela puxou, arrancado toda a coberta de mim.
"Gulosa"- eu coloquei a mão por debaixo do cobertos e apertei o lado da barriga dela, onde ela tinha cócegas.
"Não começa, Carter!"
"Eu ainda vou dar um jeito de mudar o meu nome pra ser só John.." - eu falei voltando ao meu lugar na cama.
Ela ficou em silêncio por um instante e logo se virou me encarando.
"O que!"
"O que, o que!" – eu pisco sem entender o que ela pretendia.
"Porque você vai tirar seu sobrenome!"
"Pra por Wyck.. Wyckezinho... como é mesmo?"
"Wyckezinsk.." - ela se virou rindo.
"John Wyckezinsk... fica bonito ne?"
"Lindo..." - ela sorri. – "Dr. Wyckezinsk. O paciente corre de ti antes mesmo de saber falar teu sobrenome."
"É o sobrenome mais lindo que eu conheço..."
"Não precisa me agradar John.. eu mesma odeio esse sobrenome, tanto que mantenho o Lockhart."
"É"- eu me fiz de emburrado- "e eu tenho que conviver com o sobrenome daquele cara..".- eu cruzei os braços, olhando pro outro lado.
"O nome dele é Richard!"- ela me corrigiu e eu olhei revoltado.
"Tá defendendo?"- eu me apoiei nos cotovelos encarando.
"Não, só estou falando, Carter"- o tom era de uma nova discussão.
"Tá bom"- eu parei por ali mas fiquei encucado com o comentário.
Eu vi ela virar para o meu lado e me observar. De repente se levanta, sentando-se na cama virada pra mim.
"Hum.. ficou com ciumes?" - ela falou abaixando sua cabeça e a apoiando nos joelhos.
"Eu? Eu não sinto ciumes.. alias, nunca senti.." - eu falei ainda deitado olhando para o teto.
"Não mesmo?" - ela disse começando a se mover pra mais perto de mim.
"Não.. nops.. nadinha..."
"Hum..." - ela disse correndo os seus dedos pelo meu braço.
Eu fingi que ela não estava fazendo aquilo e movi o meu braço, colocando-o por cima da minha barriga. Eu queria ver ate onde ela iria chegar.
"Não vai olhar pra mim, não?"- ela parou com a mão e ficou me encarando.
"Tô olhando, não to?"- eu disse, encarando-a, mas não dando a mínima atenção ao que ela fazia com as mãos.
" Tá bom então"- ela saiu da cama e foi apagar a luz, voltando logo em, seguida. Deitou na cama de costas pra mim. - "Boa noite"- ela disse e eu percebi que já era hora de eu parar de fazer birra se não quisesse passar uma semana do cão.
"Vem cá, bebê..."- eu coloquei a minha mão na cintura dela, virando-a pra mim.
"Pra que? Pra você ficar com essas gracinhas?"- ela fez um bico fofo.
"Eu só estava planejando como eu faria pra beijar esse boca linda..." - eu me aproximei beijando-a e ela deu um leve sorriso.
"Serio.. porque você esta tão estranho hoje a noite!"
O que! Eu que estou estranho! Essa eu juro que não entendi.
"Não sei... talvez eu só esteja um pouco cansado" - eu falei tentando não contradize-la.
" Johnnnnn..." - ela sorriu olhando pra mim.
Johnnnnn.. ela estava querendo algo que só eu podia dar.
"Espera" – eu disse quando vi um cílio que caiu do olho dela. – "Vamos apostar..." - eu disse mostrando o cílio e colocando os nossos dedos juntos. – "O que você vai querer!"
"Que tal se você o serviço de casa por um mês?"- ela parou um pouco- "não, você fazer almoço e janta por dois meses? Ou então..."- eu a cortei logo, tinha que esquentar um pouquinho as coisas.
"Poxa, Abby. Peça algo mais legal, eu já te ajudo com a casa. Peça alguma coisa mais interessante..."- eu sorri, apoiado nos cotovelos, com o dedo grudado com o dela.
"Eu odeio cozinhar"- ela piscou demoradamente- "o que pode ser mais interessante que isso?"- algo veio na ponta da minha língua mais eu me segurei- "e você, o que vai querer se ganhar?"
Eu aproveite a situação pra dar mais um beijo nela.
"Milhões desse... e..."
"Ei.. só vale um pedido.." - ela disse tentando cortar o meu barato.
"Mas eu comecei a brincadeira, então eu escolho o que eu quero.. um faz parte do outro..."
"Esta certo então.. o que é complemento de beijos!"
"Hum..." - eu disse sorrindo maliciosamente pra ela.
"Não.." - ela disse adivinhando os meus pensamentos.
"Não o que sua louca! Eu não falei o que é ainda.."
"Mas eu posso imaginar.."
"Hum... Hum..." - eu fingi que estava tentando buscar algo dificil pra ela.
"Faaala John."
"Você topa tudo tudo tudo mesmo!"
"Tenho até medo..."- ela sorriu- "mas fale...eu aguento..."- eu tirei proveito das palavras dela pra dar continuidade ao que queria. Tirei meu dedo dela e ganhei.
"Bingo!"- eu disse indo pra cima dela agora com um pouco mais de força, segurando os braços dela em cima da coberta. Fui beijando o pescoço e a nuca, até chegar finalmente a boca. Senti que ela havia ficado um pouco tensa, mas aos poucos foi relaxando novamente.
Toda aquela situação e o mal humor dela só tinha me deixado com muito desejo. Eu a beijava com fome e quando o beijo foi se tornando urgente ela começou a ficar um pouco nervosa. Eu podia sentir isso no beijo. Tentei melhorar as coisas apagando a luz do abajur. Isso costumava melhorar as coisas. Fui quebrar o gelo pra ver se ela melhorava.
"Que tal você devolver a minha camiseta agora?"- eu disse, passando a mão no rosto dela. Nunca tinha visto ela assim, estava gelada e a respiração forte.
"John..."- ela disse manhosa, tentando resistir a situação.
"Vai, to com frio"- falei, sorrindo- "agora!" - fingi uma ordem.
"Não"- ela parecia séria e eu entendi que o que ela estava recusando não era a devolução da camiseta e sim o sexo.
"Então eu vou ter que pegar a força..." - eu falei puxando-a pela camisa e colocando as minhas mãos tentando levantar.
"Para com isso John.." - ela falou virando o pescoço fugindo dos meus beijos.
Certo. Eu não iria insistir. Me afastei dela, me sentando na cama e estendi o meu braço acendendo o abajur.
"Eu me rendo.. eu não sei mais o que fazer pra te agradar hoje Abby. Eu juro que eu tentei.. mas hoje você esta impossível..." - eu disse vendo-a olhar assustada pra mim.
Ela continuou calada, colocou as pernas pra dentro da camisa, se encolhendo no canto da cama me olhando seriamente.
"Se você quiser eu posso ir imediatamente pra casa, porque pelo que esta dando pra perceber, você esta odiando a minha presença hoje." - eu disse me levantando e indo ate uma gaveta pegando uma camisa. – "E quando acontecer isso, basta você me pedir que eu vou embora sem hesitar ou perguntar o porque..."
"Ai, Carter, não faz drama!"- ela parecia louca da vida. Eu sempre acabo pagando o pato.
"Pára, pára, pára tudo!"- eu disse, me descontrolando dessa vez – "eu sei que você estava de TPM, que você supera seu mal-humor nesses dias, e que a situação não está fácil"- eu disse de uma só vez –"mas por favor! Tenta me entender também o meu lado!"- eu podia ver que ela tinha estranhado minha reação. Eu não era de estourar, mas hoje...
"Desculpa..."- eu vi que ela tinha caído na real e já estava quase chorando, tudo o que eu temia. Ela ficava tão chorona nesses dias...
"Ei, calma"- eu fui ate ela e a abracei. Tinha vencido, amansei a fera mais uma vez. Deu um selinho e ela me deu um sorriso.
"Toma sua camiseta de volta"- ela disse, tirando a camiseta e me dando aquela visão maravilhosa mais uma vez. Ela estava aceitando o sexo ou é só uma reconciliação?
Eu peguei minha camisa e joguei ela longe. Ela virou pra mim aumentando o sorriso e eu me virei pra desligar a luz.
"Não.." - ela me impediu me puxando pelo braço. – "Deixa acesa."
"Mas..."
"Você ficar querendo discutir por causa de luz ou prefere começa a agir?"
Eu levantei minha sobrancelha e fui engatinhando na cama, escalando ela e ficando por cima de seu corpo.
"É impressão minha ou você esta me intimando?" - eu disse colocando um dedo em cima da alça do sutiã dela.
"Entendo como quiser..." - ela disse roubando um beijo meu e eu prontamente deslizei os meus dedos, abaixando as alças de seu sutiã.
Continua...
