Se meu sobrenome já não me adiantava de nada, talvez minha conta bancária, sim. Disfarçadamente eu coloquei a mão no bolso e tirei alguma notas altas, fazendo com que o senhor as visse. Dei uma olhada pra Abby pra me certificar que ela não estava ali. Quanto a Susan...pra falar a verdade, ignorei a presença de Susan ali. O homem bateu o olho nas notas e prontamente mudou o tom de voz.
"Ao menos que.."- Abby o interrompeu, com um sorriso lindo.
"Eu sabia que tinha um jeito!"- ela disse, voltando ao meu colo. Nem ousei olhar pra Susan que assistia tudo em silêncio.
"Eu posso assinar... ou peço amanha pra alguém fazer isso.. mas deixe comigo..." - ele falou revirando uma pilha de papéis – "bom... então vamos ao que interessa... me sigam por favor."
Nós nos levantamos ao mesmo tempo e fomos seguindo o homem que nos conduzia, acedendo as luzes pelo caminho até uma sala escura. Segurei a mão de Abby e a conduzi a uma espécie de altar, onde o mesmo homem que havia nos atendido estava vestindo uma roupa e separando algumas coisas, colocando-as em cima de uma mesa. Ficamos sem saber o que fazer em silêncio, observando os seus passos, e por incrível que pareça, Susan também acompanhava o silencio.
"Se aproximem, por favor..." - o homem colocou um óculos, abriu uma bíblia e ficou nos observando por alguns segundos.
"Porque ele abriu a bíblia...?" - Abby falou baixinho se encostando em mim.
"E se eu te disser que eu não tenho a mínima idéia! Será que ele pensa que é um padre, pastor ou algo do gênero?"
"A gente não se casa só no papel?"- ela perguntou falou sussurrando, mas num tom alto que ele deve ter ouvido, porque olhou pra nós e voltou a se concentrar na Bíblia.
"Vamos dar inicio a união de John Trumman Carter III e Abigail Marjorie Lockkart." - ele virou a pagina da bíblia, ajeitou os óculos e recomeçou a falar – "é por livre e espontânea vontade que vocês estão aqui para se unir nos laços do matrimônio!"
"Sim.." - Eu falei olhando pra Abby que sorria. Não seria assinar apenas uns papeis, eu acho que a influência so sobrenome foi além do que eu pensava.. nos arranjaram um pastor pra fazer o nosso casamento.
"Sim.." - ela acenou afirmativamente me olhando de cima a baixo como se não estivesse entendo bem tudo aquilo.
"Ok..."- ele virou algumas páginas na Bíblia- "John Trumman Carter III , aceita Abigail Marjorie Lockkart como sua legítima esposa, promete ama-la e respeita-la, na saúde na doença, na riqueza e na pobre, até os últimos dias de sua vida?"
"Sim..."- eu disse. Até que não era tão difícil E realmente era muito bonito.
"Abigail Marjorie LockkartJohn aceita John Trumman Carter III , como seu legitimo esposo, promete ama-lo e respeita-lo, na saude ou na doeça, na riqueza e na pobreza, até os últimos dias de sua vida?"
" Sim"- ela disse sorrindo. Eu dei uma olhadinha pra trás e vi Susan se debulhando em lágrimas. Realmente era bem emocionante trocar aquelas juras de amor eterno e nem precisava de som de violinos pra se emocionar a esse ponto.
"Alguém aqui deseja contestar alguma coisa antes de eu dar a declaração antes que eu prossiga!" - ele olhou para nós e eu dei uma olhada pra Susan mostrando que se ela se atrevesse eu a mataria. – "Certo.. já que ninguém se manifestou... eu oficialmente vos..."
"Hey!" - Susan gritou interrompendo o que o padre, pastros, juiz falaria – "o senhor não vai abençoar as alianças do casal não!"
"Ah.. é mesmo... - o homem disse sorrindo e vindo até nós. - onde estão as alianças!"
Eu olhei pra minha mão, olhei pra da Abby e constatei que só ela tinha anel no dedo.
"E se elas também não estiverem aqui!" - eu falo tentando sorrir pra não chorar.
"Aí complica..." - o homem voltou ao altar sentando-se em uma cadeira.
"E agora!" - Abby se aproxima de mim segurando minha mão.
"Será que tem joalheria aberta um hora dessa!" - Abby acenou negativamente e eu olhei para os lados procurando por uma solução. Foi quando eu avistei a mão de Susan, mais de um anel.. hum.. custava nada ela me emprestar um desses né!
"Susan..."- eu disse baixinho e ela começou a rir. Ela já tinha entendido tudo.
"Toma, Carter!"- ela começou a tentar tirar o anel do dedo- "todo seu!"- ela disse, puxando o anel com mais força.
"Por Deus Susan, tira logo isso..."- escutei Abby também dizer até que finalmente o anel saiu.
"Toma!"- ela passou a aliança pra mim e eu tirei o anel de Abby. Coloquei os dois na mão direita dela. Pus a minha mão por debaixo da dela e o homem prosseguiu.
"Bom.. já que o que deveria ser dito já foi dito, vocês podem colocar a aliança aí um no outro que já estarão abençoadas.." - eu olhei para Abby que além de não entender aquela reação, disfarçava a mesma vontade que eu tinha de rir. Quando eu vou colocando o anel no seu dedo, ouço uma gargalhada ecoar por tras de nós. Eu não acredito que isso ta acontecendo.
"Desculpa.." - Susan fala colocando a mão na boca e controlando o riso. Meu Deus! Isso que dava ter amiga loira, entende a piada e as situações três horas depois!
Eu acenei pra ela e voltei pro que estava fazendo. Coloquei lentamente o anel no dedo de Abby que me observava com olhos cheios d´agua. Ela tambem pegou o anel de Susan e tentou colocar no meu dedo, porem, ele só foi até a metade. Tudo bem, o que vale é a intenção. Ela olha mais uma vez pra mim deixando uma lagrima cair, eu não me controlo e começo a sentir os meus olhos marejarem.
Finalmente. Acho que aquilo Tinha acabado. Não posso negar que não esperava aquilo. Eu não era lá muito religioso ou seja lá o que for. Mas realmente aquele era uma cerimônia muito bonita e eu estava feliz por te-la realizado.
"Prontinho...marido e mulher perante Deus" - o homem disse e eu senti uma sensação imensamente confortante. Vi Abby também sorrir. Acho que ela também deveria ter gostado.
Dei um selinho nela e Susan começou a bater palmas, o mais empolgada possível. Ela realmente valia por 10! Passamos novamente pelo corredor, que já estava escuro de novo conforme ele apagava a luz. Mas que economia!
Voltamos a antiga sala. Agora Susan deu lugar a Abby.
"O Sr. assina aqui..."- ele indicou uma linha num papel- "e aqui.."- apontou mais um lugar. Eu assinei rapidamente com a caneta que ele me cedeu.
"E a Sra."- ele já tinha até parado de chamá-la de senhorita- "passa a assinar como? Vai colocar Carter ou continuará com seu sobrenome?"- ele perguntou a Abby que olhou pra mim.
O homem assistiu a indecisão dela.
"Bem..."- ele parecia perder a paciência. Acho que nunca tivera feito um casamento tão complicado- "quando decidir é so assinar aqui.."- apontou um lugar- "e aqui"- e outro na outra folha.
"Hum.." - ela pensou alto olhando pra mim. – "o sonho de toda mulher é se tornar uma Carter.. porém dois médicos no mesmo hospital com o mesmo sobrenome!"
'E o que é que tem?" - Susan se mete pra ajudar na indecisão dela. – "Dr. E dra. Tem um "a" de diferente."
"Obrigada Susan, você ajudou demais! "
"Tem gente que casa, fica importante, e maltrata os simples classe media da cidade..." - ela resmunga do meu lado e eu me viro dando um olhar repreendendo-a.
"Bom..' - Abby reinicia seu pensamento. – "Assino aqui né!" - ela aproximou a caneta do papel e eu me aproximei para ver o que ela iria colocar. Ela percebe que eu estava curioso e foi escrevendo lentamente o nome todo, quando parou no sobrenome passou pro outro espaço em branco e também colocou só Abigail Marjorie. A minha vontade ali era de pegar a caneta e colocar logo o Carter, ela estava brincando comigo, eu poderia ter um infarto a qualquer instante!
"Anda logo com isso!"- eu não me controlei e disse.
"Calminho...'- ela disse sorrindo e indo até a outra folha para finalmente completar com o "Carter".
"Finalmente!"- eu não controlei meu riso e ela completou o segundo papel também.
"Prontinho, agora a Sra por favor"- o homem disse sinalizando Susan que foi até lá e assinou também. Ele deu uma última conferida no papel assinando também as duas folhas.
"Ok, tudo certo. Amanhã o mais cedo possível, esse documentos aqui.".- ele me deu um "pequena listas"- "dos dois.."- completou- "ah! Já ia me esquecendo! Preciso do seu RG e certidão de casamento..."- ele disse e Susan acenou.
"Podemos ir!" - Abby pergunta me puxando pela mão até o portão.
"Claro... e uma ótima noite de núpcias pra vocês!"
Que homem tarado! Eu juro eu não estava nem penando nisso.. mas essas palavras fervilharam na minha mente e aumentou o meu desejo de ficar à sós com ela.
"EEEEeeeeee!" - Susan pulou em cima de nós quando saímos pelo portão – "Com quem foi! Com quem foi que Abby casou? o John desencalhou, ele desencalhouuu e vão ter muitos filhos OoO!"
"Desculpa.. mas o serviço de palhaça não esta incluso no pagamento." - eu vi Abby sorrir e Susan ficar seria.
"Vamos tomar um porre agora e comemorar!" - - ela voltou a pular feito uma louca.
"Mas antes... será que se eu ligar agora pro hospital eles nos dão uns dias de lua de mel? Ninguém merece ter plantão amanha cedo!" - eu disse, pensando no futuro.
"Nem pense em dizer a eles que nós casamos!'- vi Abby protestar imediatamente.
"Nossa, calma, eu tava brincando"- eu disse, entrando no carro depois de abrir a porta pras duas.
"Nem pense, já disse! E isso vale pra você também, viu, D. Susan?"- elas trocaram um olhar pelo retrovisor.
"To caladinha!"- ela colocou a mão na boca prometendo silêncio- "e então, pra onde vamos?"- ela se pendurou de novo entre os bancos. Como assim" vamos"? Eu pensava em ir pra casa curtir a minha "lua de mel" até a manhã seguinte se ela não se incomodasse.
"Agora!" - eu vi Abby se virar, acho que ela acompanhava meu pensamento. – "você vai pra sua cama e nós.." - ela apontou pra mim e pra ela. – "pra nossa..."
"Mas nem uma tacinha de champagne!"
"Nem uma, nem meia... amanha quem sabe..." - eu disse vendo-a pular no banco de novo.
"Que casamento mais pobre! Nem água me ofereceram!"
"Se você quiser ir a pé pra casa... – Abby começa a rir e eu a acompanho - até que eu acho que não seria má ideia... "
"Meu Deus! Até tu Abby! E eu que pensava que tinha uma amiga..."
"Ow... Sue do meu coração... – ela se virou para encara-la - você tem que entender que estamos em processo de fabricação..."
Abby falar nisso! É o final dos tempos! A uns dias ela mal podia ouvir falar na palavra filho e hoje já fala que vai fazer um. É agora mesmo que eu iria pra casa.. e Susan que morresse de reclamar.
Eu fui dirigindo até a casa de Susan sem ouvir nem um "pio". Quando estávamos quase chegando, percebi Susan se deslocar até perto de Abby do outro lado, longe de mim. Ela sussurro algo que eu não ouvi e Abby caiu na risada.
"Susan, eu te pego na saída" - eu disse, estacionando o carro e descendo pra que ela pudesse sair.
Fomos para a calçada e elas se deram um abraço apertado. Ela veio do meu lado e fez o mesmo.
"Apesar de vocês não me deixarem para ver o melhor"- ela riu e arrancou risos de nós também- "parabéns. Saiba que eu amo muito vocês dois"- ela estava menos palhaça e séria como nunca. Esse era um dos raros momentos que Susan falava algo que prestasse.- "e esse momento foi o que eu esperei esse tempão todo. Eu sou muito honrada em ser madrinha de vocês, porque acompanhei de pertinho e sofre com cada um a perda do outro...e é por isso que eu imploro! Não faça mais cagadas!"- ela riu e eu trouxe Abby num abraço gostoso.
"Pode deixar, Sue. Agora é pra sempre..."
Com aquela palavras ela sorriu e entrou na sua casa. Eu virei pra Abby e sorri.
"Enfim sós..." - eu sempre quis falar isso. Ela sorriu mais ainda, então segurei sua mão e andei até o carro em silêncio. Hoje a noite renderia bastantes frutos.
Continua…
