Disclaimer: Quem me dera possuir os cavaleiros! O Kamus nunca teria morrido e o Seiya não existiria. Deixa o tio Kurumada lá no Japão com o dinheirinho dele e eu cá com minhas fics, que eu não ganho um reles centavo pra escrever.

Outro aviso: essa fic não é "M" à toa, certo? Ela contém material erótico homossexual, depois não digam que eu não avisei.

Se você se sente confortável, boa leitura. Se não, esse site é bem diversificado, tenho certeza que vai encontrar um bom passatempo.

Baile de Máscaras

Repete-se de boca em boca que todos os anos, durante o Carnaval, Veneza era atacada por um assassino silencioso que sempre escolhia um belo jovem da corte para uma extasiante noite de luxúria e pecado e logo depois o estrangulava de forma cruel e impiedosa.

Para aumentar ainda mais o medo dos vienenses, sabia-se que seria impossível identificá-lo algum dia, pois todos usavam máscaras durante as festividades.

Os nobres jamais poderiam ser pegos pelas condutas que praticavam e para isso escondiam o rosto, ficaria fácil, assim, para que alguém agisse com más intenções e nunca fosse pego.

O povo, mesmo apavorado, não deixava de comemorar a data e criou-se até um folclore em cima do assassino, passaram a chamá-lo de Máscara da Morte.

Tudo ocorria da mesma forma por algum tempo até o desaparecimento de um jovem estrangeiro e os ataques daquele misterioso homem terem cessado.

-o.O.o-

Aquele clima de despedida do inverno o estava deixando cada vez mais eufórico. Afinal, com ele vinha uma época no mínimo interessante.

Todos os anos era a mesma coisa, empenhava-se com esmero em todos os detalhes, por mais insignificantes que parecessem, e esse ano escolhera algo especialmente ousado.

Os preparativos estavam bem encaminhados, já passara no alfaiate para os últimos retoques da suntuosa roupa que usaria.

Em vez dos babados e das folgadas vestes habituais que qualquer folião comum usaria, tentara um modelo que marcava as linhas de seu corpo, tomando cuidado apenas para não se deixar muito exposto ao frio.

Estaria deslumbrante, não tinha dúvidas. Era belo, tinha consciência disso, usava seus atributos físicos a seu favor para garantir-lhe prestígio e vantagens naquele mundo onde apenas o título e uma pequena porção de terras valiam de alguma coisa.

Moral, costumes e Igreja eram apenas a fachada daquela sociedade doente e hipócrita.

Com os deuses a seu favor, passou em último lugar, antes de recolher-se ao conforto de seus aposentos para depois iniciar mais uma noite de seus costumeiros "arranjos profissionais".

Chegando ao artesão começou o trabalho: sentou-se na cadeira e esperou o homenzinho que daria o toque final a sua fantasia, o mais importante de todos.

Esperou pacientemente o senhor calvo e de parcos cabelos grisalhos passar óleo mineral em seu rosto e começar a moldar aquela face perfeita com o uma massa a qual não tinha idéia do que fosse.

Depois de esperar duas horas com o molde no rosto, o artesão chegou junto a si e retirou a placa que havia se formado, analisando-a percebeu, encantado como das outras vezes, a perfeição do seu próprio rosto em baixo relevo.

E quando ficará pronta?

Ah, senhor, uma máscara como essa pede muito cuidado, qualquer deslize pode colocar tudo a perder, mas como o senhor é meu cliente mais fiel, amanhã mesmo mando entregá-la.

Não é necessário, virei buscá-la, você sabe que prezo o sigilo absoluto, não sabe?

Claro, senhor, pode contar com minha discrição.

Saiu de lá se sentindo mais extasiado do que antes, dentro em breve chegaria os quatro dias do ano de sua libertação.

A máscara, o frenesi nas ruas, a música, tudo no carnaval lhe fazia sentir bem, era a única época do ano que poderia expressar seus desejos e vontades sem gerar o escândalo ou repúdio das pessoas hipócritas com as quais convivia.

O que poderia um nobre estrangeiro, não primogênito, andrógeno e com alguns trejeitos efeminados fazer diante a machista população de uma corte italiana?

Muita coisa! Engana-se quem acha que o rostinho angelical e a aparência frágil daquele rapaz o tornavam alguém subjugável.

Exímio observador e estrategista, ele sabia de todos os esquemas e conspirações que ocorriam ao seu redor e usava isso a seu proveito, tinha sua própria rede de conexões e informantes e muitos deviam-no favores, o que só aumentava sua influência naquele ambiente.

Afrodite, como fora apelidado por suas características físicas. Possuía uma beleza ser tão famosa quanto à da deusa grega que lhe emprestara o nome. Era uma sombra silenciosa que se entendia dentro das paredes daquele castelo, mas não por isso menos perigosa.

Gostava da vida que levava? Não tinha do que reclamar. Ultimamente a única coisa que o incomodava era o fato de, apesar de todo o poder que possuía, não poder expressar abertamente seus desejos.

Desejos esses que iam contra as leis de Deus.

Sodomia era um pecado tão absurdo que chegava a ser punido com os mais severos castigos, e, mesmo sendo nobre e influente, pouco poderia fazer diante da repressão exercida pelo Vaticano, ainda mais estando tão perto dele.

Só de pensar em algum dos castigos seu corpo tremia de leve.

Mas o que poderia fazer se realmente sentia-se atraído por homens?

Primeiro um casamento de disfarce, óbvio, nunca sequer permanecera uma noite inteira com a infeliz, sempre saía no meio da madrugada para encontrar-se com seus amantes.

Lógico que havia boatos, entretanto, aqueles homens tinham tanto a perder quanto ele próprio.

Quando ele já estava razoavelmente satisfeito com o amante ou esse se apresentava interessado em ameaçá-lo de alguma forma, eliminava-os sempre da mesma maneira: tinha a melhor noite de sexo que já tivera com ele e propunha um brinde aos dois. Mal sabia seu companheiro de luxúria que a bebida estava repleta de um veneno extraído de rosas.

A substância não deixava evidências fáceis de distinguir, o que facilitava muito a possibilidade de nunca ser pego, uma vez que num mundo cheio de superstições e moléstias, as mortes mais misteriosas povoavam o imaginário popular.

E depois disso tudo, o que o carnaval e as máscaras têm haver com a vida desse homem, você deve estar se perguntando?

Os nobres usavam para liberar suas vontades contidas e usavam-nas para declamar publicamente poemas ou fazer parte de uma orgia, não importava, tinham as máscaras, nunca seriam descobertos.

O irônico é que Afrodite usava uma máscara etérea para se esconder durante todo o ano e usava uma máscara física para libertar-se por menos de uma semana.

Talvez não fosse a forma mais apropriada, porém era a forma que tinha encontrado.

Não queria pensar em um plano mirabolante de se salvar daquela situação, queria apenas sentir e aproveitar o momento! Faltava pouco, muito pouco.

o.O.o

Chegou! Chegou o grande dia! A euforia da cidade contagiava a todos, até mesmo os membros mais ortodoxos da Igreja. Todos sentiam um pouco da alegria do povo que apinhava as ruas naquela época do ano.

Afrodite saiu da corte e tomou uma gôndola até o local mais agitado da cidade, era ali que geralmente encontrava seus amantes.

Logo que chegou, um dos muitos mascarados chamou-lhe atenção.

Aquele ser, mesmo fantasiado e completamente coberto, exalava sensualidade e virilidade, quem dera ter aquele homem para si.

Dirigiu-se à algazarra e começou a dançar e entoar as cantigas, que mesmo se repetindo todos os anos ainda faziam a alegria da multidão.

De vez em quando se atrevia a olhar mais felinamente a um ou outro folião que teria um potencial interesse em sua pessoa.

Parecia que naquele dia, porém, algo em específico não estava certo.

Todos os que tentavam se aproximar eram repelidos de alguma forma, não conseguia tirar aquele homem másculo que vira assim que desceu do barquinho.

Para piorar, sentia-se observado e sabia que era por ele.

Ah, Deuses como o queria! Aquela sensação de ser a presa deixava-lhe extremamente empolgado.

Via-o de vez em quando e sorria debaixo da máscara, caprichava nos movimentos sensuais para seduzi-lo e nada acontecia, parecia-lhe que aquele homem não seria seu e aquele pensamento o irritava! Estavam jogando com ele!

Ninguém brincava assim consigo e saía impune, uma pena não saber quem aquele estranho era ou se vingaria por rejeitá-lo.

Já estava bem desiludido e quase conformado, mas não seria aquele contratempo que estragaria sua diversão! Entregou-se aos prazeres do canto, da dança e da bebida e assim permaneceu por mais algumas horas.

Algum tempo depois, encontrava-se no meio de todos quando sentiu um atrevido corpo junto a si.

Essa pessoa esfregava-se de leve nele e logo colara às suas costas iniciando uma dança lenta e sensual.

O mundo a sua volta parou, acompanhou os movimentos do homem atrás dele e empinou ligeiramente os quadris para trás, mostrando claramente que aceitava o convite.

Para sua desilusão, o estranho deixou-o a ver navios, sumindo dali.

Voltou para casa e deitou-se com mais um dos seus inúmeros amantes para descontar a frustração que estava presente desde aquela tarde, mas aquela ainda era segunda-feira, teria até a quarta para encontrá-lo e conseguir o que queria.

o.O.o

No dia seguinte, lá estava Afrodite no mesmo local, ainda cantava e dançava. Rejeitava quem lhe aparecia, não tirava aquele homem da cabeça, o queria e o teria!

Muitas horas se passaram até que o visse novamente.

Mudou de estratégia, não se ofereceria, iria ignorá-lo, se "homens gostam de mulheres difíceis" a recíproca também era verdadeira, se funcionava para mulheres... deixar-se-ia seduzir, portanto.

Não deu outra! Viu que o objeto de seus desejos ressentiu-se de ser deixado de lado e piorou ainda mais a raiva dele aceitando, finalmente, o convite de outro rapaz que o tentara conquistar a noite inteira.

Virara o jogo, agora estava em vantagem, amanhã ainda era quarta e seria naquela quarta que teria seu alvo para si, mal sabia ele com quem estava "guerreando".

o.O.o

Demorou-se um pouco a chegar no dia seguinte, não queria parecer desesperado.

Para sua surpresa, o homem o aguardava no mesmo local do primeiro dia, reconheceria aquela presença e aquele olhar a qualquer tempo, não os tirou da cabeça por dois dias.

Sentiu-se intimado e caminhou até ele, não perderia aquela oportunidade, já estava em brasas por dentro há tempos, não se faria de difícil quando o outro baixou a guarda.

Em um convite mudo, o estranho sensual o conduziu até um lugar da cidade mais isolado, atravessaram ruas e pontes até entrarem em um beco sujo e úmido.

Lá chegando, não perderam tempo, abraçaram-se e acariciavam-se mutuamente, mas Afrodite logo perdeu a batalha e deixou-se conduzir.

O estranho retirou-lhe todas as roupas (não importava se era inverno, o calor interno que sentia compensava), deixando-lhe apenas a máscara e massageava-lhe o corpo ferozmente.

Ambos estavam extremamente excitados e logo Afrodite foi tomado por aquele homem que lhe despertara um desejo animal.

O homem misterioso ergueu-o e encaixando-se a ele, apoiando as costas de Afrodite na parede gelada do beco.

Afrodite aproveitava cada momento daquela loucura, apertava o homem abraçando-o com as pernas, arranhava-lhe as costas, mordia-lhe pescoço e orelhas.

Tudo era tão intenso que o orgasmo veio forte e arrebatador, parecia que sua alma desprendera-se do corpo e passou minutos em uma espécie de transe.

Bruscamente, o estranho arrancou-lhe a máscara e pôs-se lhe apertar o pescoço sem piedade.

As últimas palavras que cruzaram os lábios de Afrodite foram: "Máscara da Morte".

Máscara tinha um corpo que jazia morto junto ao seu, estocou-o mais algumas vezes e gozou.

Retirou-se dele, limpou-se, vestiu-se e com uma pequena espada que trazia consigo cortou-lhe a cabeça, levando-a junto com a máscara.

No local sobrou somente um corpo decapitado para quem quisesse ver ao passar por ali.

Depois dessa quarta-feira de cinzas, nunca mais se ouviu falar de nenhum dos dois…

— Pára! Pára! Pára! Não é assim a história! — Berrou Aioria.

Ao redor do fogo, um grupo de vários homens bebia vinho e conversava sobre as mais escabrosas histórias que já ouviram falar, desde lendas urbanas ou fatos verídicos que ocorreram e eram explicados apenas no imaginário popular.

Quem os visse de longe não diria nunca que sequer poderiam ser conhecidos. Muito menos, amigos, pareciam tão diferentes entre si!

O desejo de se isolar da sociedade e estarem em local reservado para viverem a própria vida do jeito que bem entendessem era o que os unia, além do fato de terem algo em comum a esconder, algo que poderia lhes trazer desagradáveis conseqüências.

Naquela noite em específico, debatiam sobre o desaparecimento de um nobre sueco que morara na corte veneziana e havia pelo menos cinco anos estava desaparecido.

— Ah é sabichão? E como foi que Afrodite desapareceu de cidade? — Desafiou um contrariado Milo pelo comentário do outro grego.

— Foi o seguinte:

Afrodite nunca foi tolo, meus caros.

Ele percebera desde o princípio com quem estava lidando, tinha influências e era bem informado.

Ele sabia que todos os anos Máscara da Morte escolhia um jovem da corte e o observava por semanas antes de seduzi-lo no Carnaval e matá-lo logo depois de ter conseguido seus favores, esse era o preço a se pagar por ter visto assassino mais misterioso de toda Veneza, mesmo o rosto daquele mito estando sempre oculto.

Já estava desconfiado, havia semanas que era seguido por onde ia e aquilo o excitava mais!

O gosto pelo perigo era por demais delicioso para ser ignorado, ainda mais para ele que sempre conseguia o que queria com relativa facilidade.

Queria tentar algo novo e excitante! Ele por si só não era nenhuma florzinha delicada e poderia ser extremamente sutil e perigoso ao mesmo tempo.

É certo que Máscara o encontrou e os dois acabaram naquele mútuo embate de sedução, só que Afrodite não agüentava mais de vontade de consumar o ato, tinha que fazê-lo, aquele jogo de gato e rato aguçara ainda mais sua luxúria.

Quando eles entraram naquele beco, Afrodite trazia algo sob a manga, literalmente.

Começaram as carícias e Afrodite era um amante exigente e também não deixava a ação apenas com aquele com quem dividia sua intimidade.

À medida que Máscara da Morte o incitava, ele não ficava por menos, também percorria o corpo do outro a procura dos lugares mais sensíveis.

Caminhou pelos mamilos sob a roupa e nuca do parceiro, costas e o membro do outro, se seria passivo era apenas porque gostava e não por se sentir intimidado pelos parceiros ou algo assim.

Tanto fez que conseguiu colher os resultados muito rapidamente. Os primeiros indícios daquela pequena disputa por controle: seu futuro algoz respirava mais pesadamente e a ereção dele já era evidente.

O nobre também não se encontrava em um estado muito diverso do amante, estava cada vez mais próximo o momento que seria possuído, até que:

Vamos acabar logo com isso! — Ele disse e retirou sua preciosa máscara apenas o suficiente para enfiar dois dedos de MM na boca e molhá-los com vontade.

Podia até gostar do perigo, só tinha um pouco de aversão a dor e apesar de toda excitação que pudesse estar sentindo durante uma sessão de sexo, nunca sentia plenamente confortável se deixando tomar por alguém.

Quando achou que estavam suficientemente lubrificados, o italiano retirou os dedos e começou a preparação do homem que estava junto a si.

Introduziu o primeiro dedo e depois um segundo e um terceiro até a penetração.

Começou as estocadas, a princípio lentas e vigorosas e intensificou o ritmo à medida que sentia o outro recomeçar a participar da relação. Para sua surpresa, aquele jovem estrangeiro poderia ser tão quente quanto seu corpo parecia frágil a olhos desavisados.

Afrodite por, sua vez, arranhava as costas de Máscara sem piedade e estava num misto entre perder-se na sensação do orgasmo, que estava próximo, e continuar com o plano. Decidiu pela segunda opção.

O sueco controlava-se. E muito! Aquele homem era extremamente másculo e fogoso, nunca tivera uma experiência assim, porém tanto se contraia voluntariamente estreitando o canal e rebolava, como procurara atrevidamente pela próstata do amante.

Tanto fez que Máscara da Morte foi o primeiro a chegar ao orgasmo.

O assassino fraquejou um pouco e caiu de joelhos sentindo a dor que o peso dos dois corpos produziram durante o impacto, não se importou, o que lhe era mais necessário no momento era aquele torpor que sentia.

Foi nessa hora que Afrodite agiu.

Passou a substância de um vidrinho, que trazia sempre consigo, no corte que fizera escorrer sangue nas costas do homem que ainda estava ligado a si e em apenas alguns segundos sentiu-o tombar de lado, não pelo sono, seu veneno fizera efeito mais uma vez.

Saiu da posição que se encontrava, aliviou-se sozinho, afinal nesse breve momento o seu pênis fora esquecido.

Recuperou-se e começou a despir completamente o ingênuo assassino que pensara que enganaria justo a ele, outro assassino, só que com muito mais classe, era óbvio.

Ao retirar a máscara encantou-se com a beleza tipicamente mediterrânea do corpo a sua frente.

Beijou dois de seus dedos e depositou nos lábios do outro e murmurou:

Idiota.

Saiu de lá trocando de máscaras com a do morto, jogando a sua longe, despedaçando-a e lançando as roupas de Máscara da Morte no primeiro canal que viu. Tomou a gôndola de volta a corte e na mesma noite seguiu para outro lugar.

O corpo foi achado boiando no dia seguinte e nunca ninguém soube do quem se tratava.

Dizem que Afrodite foi visto perto Atenas, numa região muito próxima a que estamos agora.

— E vocês acham que essa conversa toda que você e o Aioria contaram pode ser verdade, Milo? Faça-me o favor…

— E por que não seria francês? Por acaso está me tomando por mentiroso? — Replicou um Aioria muito irritado.

— Não, em absoluto! — Respondeu Kamus — Só disse que é muita ingenuidade de vocês pensarem que a versão que contaram para nós essa noite é a verdadeira.

— E por que não seria, hein? Diga lá, metido a inteligente! — Agora era um Milo bastante nervoso que já estava de braços cruzados esperando a explicação do ruivo a seu lado.

— Ah, por uma série de motivos que vocês mesmo disseram, é só ficar atento às suas próprias palavras, mas vou lhes dar três motivos…

— Você não vai me convencer! — Adiantou-se Aioria.

— Veremos. — Disse impassível — Primeiro: Como vocês sabem que Afrodite gostava de seduzir os parceiros e matá-los com veneno?

— Apareceram muitos corpos de homens que se encontravam com Afrodite às escondidas. — rebateu Aioria.

— Boatos e testemunho de gente que daria qualquer coisa por um punhado de moedas de ouro. Segundo: — Kamus nem dera ouvidos a resposta do grego — Como vocês sabem tantos detalhes das peripécias sexuais dos dois e dos sentimentos que se passavam com Afrodite?

Todos calados.

— Terceiro: Nunca ninguém achou corpo algum naquela noite, não sei de onde vocês tiraram essa idéia. Essa parte é a mais frágil da história, alguns mendigos que passaram no local disseram que viram dois homens juntos e isso é fato. O condutor das investigações do desaparecimento de Afrodite era amigo meu e ele me enviou algumas cartas comentando a respeito, mas nunca provaram que era ele quem estava naquele beco.

Silêncio novamente.

— A única coisa que se sabe é que Afrodite sumiu e Máscara da Morte nunca mais atacou desde aquele carnaval e os dois fatos foram ligados por acaso e pela criatividade do povo.

— Chato! Sempre acaba uma boa história! — Resmungou um Aioria derrotado.

— Isso é inveja porque você não é tão inteligente e perceptivo quanto meu Kamyu! — Disse Milo todo orgulhoso do companheiro, pulando em seu colo e tomando-lhe os lábios tão de súbito que Kamus não teve tempo de mais nada a não ser sorrir e tentar retribuir o beijo.

— Ah! Vão para o quarto de vocês! Ninguém quer ver isso! — Aioria queria porque queria descontar sua frustração em alguém e foi Mu que veio em seu socorro.

— Deixe de ser infantil, eles não têm nada que você também não tenha. — Murmurou-lhe ao pé do ouvido. — A estória foi bem contada, mas só mesmo um ingênuo para acreditar nela.

— Mu! — e Mu apenas riu baixinho e encostou a cabeça no peito de Aioria.

o.O.o

Só o som de um ou outro grilo e do vento soprando poderia ser ouvido, cada um ali parecia estar disperso em pensamentos ou ocupados de alguma outra forma até que o silêncio é novamente rompido:

— Ah, eu prefiro a minha versão.

— E que versão seria essa, loirinho? — Perguntou Milo, interrompendo seus "assuntos" com Kamus, sendo seguido pelos outros.

— Eles realmente passaram essa noite de cinco anos atrás cheia de luxúria, o que poucos sabem é que aquela não fora a primeira noite deles juntos. Todo o joguinho de sedução no meio do bloco, depois o de gato e rato e o beco nos subúrbios da cidade, tudo verdade, só que pela segunda vez.

— Continue! — Disse Aioria interessado.

Afrodite nunca encontrara nenhuma pessoa que o fizesse sentir daquela forma.

Os toques, as sensações, os gemidos e sussurros, todos eram únicos, ele não pensava que podia existir algo assim.

"O que diabos está acontecendo comigo?" Ele pensava. E as lembranças começaram a passar por sua mente.

Nunca se deixara tão exposto como daquela vez. Transar em pé no meio da rua, encostado na parede de um beco úmido e sujo, sentindo o mau cheiro dos canais de Veneza e não conseguia parar!

Tanto dava como recebia carícias e essas eram cada vez mais ousadas.

Foi tomado, sem muita delicadeza, mas não se importava, o que importava era o contato com aquele peito forte ao encontro do seu.

Atingiram o ápice juntos e Afrodite estava preparado com seu inseparável vidrinho de veneno.

Máscara da Morte mal se recuperou e teria que estrangular sua vítima daquele ano, mas algo o impediu, talvez a mesma coisa que não deixava Afrodite usar seu veneno, ficaram apenas ali se encarando por alguns segundos.

E agora? — Perguntou Afrodite, ele realmente não era tolo, sabia com que estava lidando e percebia com clareza a hesitação no olhar do outro.

Não há agora. Vou te poupar só porque você é diferente dos outros.

Como se você não estivesse em minhas mãos do mesmo modo…

Eu sei, não sou tolo, já senti o toque do vidro nas minhas costas.

Como ficamos então?

Nos encontramos aqui em Veneza, no próximo ano, no mesmo bloco que passa naquela rua que eu te abordei e vejamos o que acontece.

Por mim tudo bem, pode ir à caça de sua próxima vítima então, ainda está em tempo.

Será fácil, sempre tem um nobrezinho qualquer para mim. — Levantou-se, ajeitou as calças e saiu.

Passara o ano inteiro pensando naquela noite e pulava de leito em leito tentando suprir um vazio que sentia, não entendia o que havia acontecido nem lhe importava, estava nos braços daquele que perturbava seus pensamentos a todo instante.

E lá estava ele, no mesmo beco, sendo tomado com o mesmo vigor e vontade e aquela sensação estranha não o deixava.

Subia e descia no ritmo das estocadas, mas essas não eram tão rápidas quanto os milhares de pensamentos que se seguiam um após o outro ou ao mesmo tempo.

De repente um puxão um pouco bruto em seu sexo o fez despertar e ficar ainda mais excitado.

Nada pode ser mais importante do que eu, não agora. — Máscara da Morte estocava-o com mais força e masturbava-lhe num ritmo alucinado.

Você não é lá de grande valia, fiquei tão entediado que estava longe daqui — Rebateu entre um gemido e outro, não iria admitir suas fraquezas assim tão facilmente. — Falou com dificuldade devido à excitação.

Não é o que seu corpo me mostra. — E parou de súbito para provocá-lo, dando um golpe de misericórdia apertando-lhe o membro.

Em represália, Afrodite contraiu-se incessantemente, tentativa vã, mas não se entregaria, tinha seu orgulho.

Vamos ver quem agüenta mais, estrangeiro, eu estou em vantagem. — Disse MM sem muita convicção, estava a ponto de fraquejar, precisava agir ou enlouqueceria, numa tentativa desesperada, apertou ainda mais o pênis de Afrodite e intensificou a masturbação.

Menos conversa e mais ação! Eu me rendo! — Gritou Afodite desesperado.

Só mais umas poucas estocadas e Afrodite atingiu o orgasmo seguido de MM.

Alguns minutos e novamente a mesma pergunta:

E agora?

Máscara da Morte retirou a própria máscara e depois a de Afrodite. Zeus como aquele italiano era lindo!

Beijaram-se.

Aquele beijo veio de forma tão cálida e doce que Afrodite ficou ainda mais extasiado.

Vamos embora daqui. Deixar tudo para trás e reconstruir nossas vidas longe de Veneza. — Disse Máscara.

Sua reposta foi mais um beijo, com muito mais volúpia e paixão.

Dessa noite em diante, nunca mais foram vistos.

— Ah, você vai me fazer chorar assim! — Zombou Milo limpando uma falsa lágrima dos olhos.

— Um incorrigível romântico, você, não? — foi a vez de Aoria.

— Foi uma versão interessante, mas ainda mais improvável que as outras duas. — Falou Kamus.

— Improvável ou não, já é tarde, vamos nos recolher. — Mu resolveu colocar um ponto final na briguinha ridícula e interminável que poderia se seguir.

— Vocês não vêm? Está esfriando. — Preocupou-se Kamus.

— Só mais alguns minutinhos.

Kamus, Milo, Aioria e Mu se retiraram deixando o último casal a sós por mais algum tempo.

— Eu prefiro a sua versão, meu amor.

— Você quem ajudou a construí-la, Máscara da Morte.

— Eu sei que você adorou fazê-la junto comigo Afrodite.

Afrodite e Máscara da Morte ficaram ali, debaixo da lua, aproveitando o calor da fogueira e a companhia um do outro por um tempo que ninguém sabe precisar, até a hora que voltaram ao seu quarto para entregarem-se a mais uma sessão de prazer e amor que completava o romance de ambos que seria recontado por gerações, mas nunca tão fielmente.

— Fim —

Notas da Ilía:

Essa fic nasceu no carnaval (faz muito tempo, eu sei) mas um monte de coisas me fizeram escrevê-la apenas semana passada.

Não fiquem achando que essa fic situa-se num tempo específico, eu misturei diversos períodos da História européia, nem ao menos sei se já se usavam gôndolas e também e um monte de coisas mais, quem quiser pergunte algo que eu respondo, certo?

Queria agradecer a Anushka-chan, a Yumi Sumeragi e a Bella Patty (altamente recomendas!) que se interessaram por ler o que eu escrevo e também a todos os que estão na minha lista de favoritos, que de alguma forma me influenciaram.

E sim, o Dite tá loiro, queria enganar alguém XD, não sei se consegui, mas isso são detalhes.

Beijo a todos,

Ilía

PS: Não gosto do Mu e do Oria juntos, abri uma exceção por causa de uma certa aquariana, mas minha amiga, não se acostume…