Um Mês Depois...
O que eu menos queria que acontecesse não demorou muito a chegar naquela semana. Os absorvente que havíamos comprados foram usados e já compramos mais para esse mês. Eu já estou ficando nervoso com isso.. já fazem mais de dois meses que tentamos algo e não sai nada.
Quando contamos a nossa família do casamento relâmpago, só faltaram nos matar. Minha mãe foi a que mais encrencou falando que era deselegante, uma tremenda falta de consideração.. mas quem disse que eu me importo com isso! A única coisa que vale nisso tudo é perceber que essa foi a decisão mais sábia que eu tomei em toda minha vida. Nunca vi Abby tão feliz e amorosa como nesse último mês.
Pegamos essa ultima semana de folga, pois tínhamos direito de alguns dias para lua-de-mel, e aproveitamos para fazer a nossa mudança. Compramos alguns móveis e eu teimei com a Abby de deixar um quarto vazio pois não demoraria muito para que um bebê chegasse. Ela demorou um pouco para acreditar na idéia, mas acabou cedendo aos meus caprichos.
"Droga!" - Abby fala escolhendo uma roupa para ir ao trabalho.
"Que foi agora!" - eu saio do banheiro ainda com espuma de barbear no rosto.
"Esse sutiã está me sufocando!" - ela diz jogando o sutiã na cama e procurando alguma camisa que não precisasse usa-lo.
Eu não sei se é paranóia da minha cabeça, mas havia de concordar que os seus peitos pareciam sim um pouco maiores. Eu a assisti ali ainda mais alguns momentos. Eu sorria vendo todo seu nervosismo. Ela finalmente pos a blusa e eu resolvi provoca-la.
"Mas vai usar sem mesmo?"- eu fiz uma expressão séria.
"Vou..."- ela disse, amarrando os sapatos- "por que, hein?"- ela jaz fez aquela carinha de "chata" e eu achei melhor parar por ali.
"Nada...Só acho que fica meio indiscreto" - Hehehe.Ou não...
"Bem...então eu to indo"- ela ajeitou a pasta que ia levar para o hospital com os relatórios- "voltou lá pelas 10, se tudo correr bem, tá!"- ele me deu um selinho e saiu apressada.
Eu estava de folga naquele dia e resolvi fazer uma surpresa a ela, ajeitando um pouco a casa. O nosso quarto era o único lugar que estava mais decente, isto é, com menos caixas.
Dei uma ajeitada na cozinha e instalei alguns eletrodomésticos que ainda estavam na caixa. Montei a cama do quarto de vistas e fui pegar as plantas que ela tinha encomendado na floricultura para plantar no jardim. O casamento tinha mesmo mudado Abby. Começara até a gostar de plantas e flores.
Quando começou a anoitecer, fiz algo para eu comer. Todo aquele trabalho tinha me dado um canseira... e muita fome. Fiz macarrão (o mais rápido e prático) e tomei um banho. A casa estava bem melhor e eu tentaria com isso diminuir o mau-humor dela que devia estar maior devido a tarde no PS.
Olho para o relógio e nada dela chegar. Penso em ligar, mas prefiro deixar as coisas como estavam, se tivesse acontecido algo ela havia ligado. Tiro aqueles pensamentos negativos da cabeça e coloco um dvd na televisão e fico assistindo enquanto ela não aparecia.
Ouço o barulho de chaves na porta, diminuo o volume do som e saio correndo para recepciona-la.
"Boa Noite..." - eu falo vendo sua expressão cansada esboçar um pequeno sorriso. Me aproximo, beijando-a e segurando sua bolsa, levando-a até a mesa da sala. – "Já comeu?"
"Alguma porcaria na rua..". - ela responde subindo as escadas. – "Você andou mudando as nossas caixas de lugar!" - eu vou subindo atrás para não deixa-la falando sozinha.
"Arrumei algumas coisas.. instalei outras... estava mais que na hora de alguém aqui ter tempo para isso..."
Ela não reponde e eu a sigo em silêncio para o quarto. Tira o sapato, coloca o relógio de lado e se senta abaixando a cabeça.
"Vou ter que lavar o meu jaleco hoje... está todo sujo de sangue.. e nessa bagunça eu não sei onde coloquei o outro..."
"Você e sua mania de deixar tudo para ultima hora... amanhã mesmo a gente compra uns dois de reserva..."
Me sento ao seu lado colocando o braço em volta das suas costas e a puxo para mais perto de mim.
"Com dor de cabeça?" - eu falo vendo-a levantar o rosto.
"Também..."- ela deita na cama e eu fico na altura da cintura dela- "é mais fácil perguntar o que não está doendo..."
"Quer que eu faça uma massagem?" - eu perguntei na melhor das intenções. Ela começou a rir um pouquinho antes de completar.
"Se você me fizer uma massagem onde eu mais tenho dor, vai ser quase um ato sexual..."- ela começou a rir com mais força, mas ainda matinha aquele expressão penosa. Eu a olhei assustado, mas também rindo.
"Ai meu Deus! Que que você andou fazendo?"- eu cruzei os braços com uma cara de desconfiado.
"Bobo..."- ela segurou a minha mão – "eu to com dor aqui..."- ela disse, indicando os seios. Outra vez isso Muito estranho...
Ela se levantou e disse que iria tomar banho. Fiquei sentado na cama esperando por ela, e ela voltou rapidamente. Enrolada numa toalha, eu a vi procurar a camisola mas eu tinha colocado pra lavar.
"Pega na caixa..."- eu disse, vendo-a procurar por todos os cantos- "pus pra lavar..."
Ela não resmungou nem reclamou. Apenas abaixou na única caixa que ainda estava no quarto e pegou um short e uma camiseta curta.
Ela colocou a roupa sobre a cama e começou a desenrolar a toalha do corpo para se enxugar. Eu a secava por todo o movimento, até que ela pos a calcinha e o short. Aquilo era estranho. Vendo-a ali eu comecei me lembrar de alguma coisa, de alguma cena, mas era difícil decifrar o que era.
Eu estava perdido nos meus pensamentos e quando ela fez algum barulho com a boca, reclamando, eu encarei os seios dela com mais firmeza e tudo se esclareceu.
-------------------------------------------- FLASH BACK--------------------------------------
"Você já deu comida pra ele?"- eu não sei porque, mas eu pergunto isso, e a vejo me retornar com aquele olhar mortal e fatal, que só ela sabe dar.
"Que pergunta!"- ela então aponta para os próprios seios-" você acha que eu tenho tudo isso aqui por falta de grana pra botar silicone?"
"Mamãe é mó peituda...!" - Julie fala me fazendo rir.
"Julie, Isso são modos de falar de sua mãe?" - então é Julie que começa a rir também – "E você John? Esta rindo porque!"
"Eu? Por nada..." – eu falo tentando controlar o riso.
"E papai bem que gosta dos peitos da mamãe..."
"Julie de onde você tirou isso!" – eu lhe pergunto agora sem achar a menor graça e Abby começa a rir.
"Eu sou uma boa observadora!"
"Julie.. eu ja lhe falei pra não falar essas coisas..". – Abby fala tentando ficar seria, mas eu sei que ela esta morrendo de achar graça.
"Desculpa mãe.." – ela fica em silencio por um segundo e logo retorna a falar – "Pai... mãe.. eu tenho uma duvida duvidosa a séculos..."
" Séculos!"- Abby olha encantada para mim- "Diga, bebê.."
"Como é que isso vai parar aí? Que eu saiba, nós tomamos leite de saquinho, ou de caixinha... quem é que põe aí dentro... O papai?"
"Não, Julie... de onde você tirou isso, menina!"- é a reação de Abby.
"Ah, não sei... às vezes..".- ela sorri pra mim, me percebendo.
"Verdade pai! Como você faz isso?" – Ops.. acho que brinquei com a pessoa errada.
"Não Julie... eu não coloco leite na mamãe... é que quando ela tem bebês, ela produz leite.. mas depois de um tempo, ela para de produzir."
"Igual as vacas!" – ela pergunta com uma cara de intrigada olhando pros peitos da Abby.
"Digamos que sim..." – eu lhe falo na tentativa que ela entenda.
-------------------------------------- FIM DO FLASH BACK---------------------------------------
"Então... foi assim que eu tive que mais uma vez falar com o Dubenko para que ele aceitasse a minha opini..." - ela se vira notando minha distração. – "John?"
"Han!" - eu voltei para a realidade pulando da cama.
"Você ouviu o que eu falei no ultimo minuto?" - eu olhei pra ela e novo que ja estava toda vestida, pronta pra dormir.
"Que o Dubenko aceitou a tua opinião?" - ela fez a pose típica de sempre, com as mãos posicionadas na cintura e se aproximou sentando ao meu lado.
"Deixa pra lá..." - ela se deita no meu colo e fica encarando o ventilador de teto "rodando".
"Quando você menstrua Abby?" - eu pergunto já interessado em me aprofundar naquele assunto.
"Sei lá... meu ciclo as vezes pira.. ainda mais quando fico sem tomar o anticoncepcional.. tem vez que vem no começo do mês.. as vezes vem mais de mês atrasado... porque você que saber!" - ela para o seu olhar no meu.
Eu tinha que pensar rápido para encontrar alguma desculpa.
"Por nada.. pra comprar os absorventes..."
'Nossa, e desde quando você se preocupa com isso?"- ela perguntou, ainda sem me olhar.
"Sei la! Se a gente não se preocupa é porque não se preocupa, se preocupa é porque se preocupa...Vai entender você..."- eu disfarcei bem. Ela riu com o meu comentário, mas ainda encarava o teto- "vamos dormir" - eu sugeri e ela logo entrou por debaixo das cobertas.
Eu me levantei só para desligar o dvd que havia ficado ligar e as luzes da casa. Voltei para a cama e ela parecia já estar no décimo sono. Ajusto o alarme do despertador e começo a dormir.
Não sei bem quanto tempo depois sinto uma mão me sacudindo de um lado para o outro.
"Que?" - eu murmuro algo que nem sei se saiu sonoro.
"Tô com fome..." - ela fala baixinho.
"Vai comer ué..."
"Tenho medo de descer nesse escuro.. e ainda mais agora que eu moro em uma casa..." - eu nem dei muita bola pro que ela falou.. meu sonho estava tão bom... estava sonhando com a..
"Johnzinho queridinho do meu pequeno coração..."
Eu saberia que não adianta nada continuar dormindo, porque ela não ia deixar. Ligo a luz do abajur. Olho para o relógio que marcavam 3:17 e volto a olhar pra ela que estava sentada na cama sorrindo.
"Queria tanto.. mais tanto um sanduíche com bastante queijo derretido..." - ela falou quase babando em cima do lençol. – "e pra beber um suco de cajá que só o meu maridinho sabe fazer..."
"Cajá?"- eu perguntei incrédulo- "que horror...vai é te dar uma má digestão que você não vai nem conseguir dormir"- eu disse sorrindo, mas indo finalmente pra porta para fazer o lanche pra ela.
"Não vai não, vai..."- ela me jogou um beijo de longe e eu desci. Acendi todas as luzes do corredor pra não tropeçar nas caixas que ainda tinham ficado por ali. Fui até a cozinha e derreti bastante queijo, colocando dentro de um pão com manteiga quentinho também. Olhei para aquele lanche delicioso e definitivamente decidi que cajá não era coisa para se tomar aquela hora. Peguei o suco de maracujá e preparei. Nada como uma boa noite de sono...
Subi de novo com a bandeja, apagando todas as luzes que tinha acendido na ida. Entrei no quarto e quase chorei. Demorei tanto para fazer tudo aquilo e ela tinha dormido. Ah, não mesmo Deixei a bandeja em cima da caixa de papelão e fui acorda-la.
"Cinderela...acorda...seu lanchinho..."- ela acordou mal-humorada, assim como todas as vezes em que eu a acordava.
"Po...Me deixasse dormir, né, Carter!"- ela disse, sentando na cama enquanto eu trazia a bandeja.
"Uai...você não tava com fome?"- eu perguntei inconformado com a atitude dela.
"Sim, sim"- ela mordeu o sanduíche e pegou o copo- "mas cade o meu cajá?"
"Sem cajá, no máximo um maracujá pra dormir tranquilinha..."- eu sorri e ela tomou o suco contra a vontade.
"Queria ver se eu tivesse grávida e minha filha nascesse com cara de cajá.. a culpa seria toda sua.." - ela resmungou ainda bebendo o ultimo gole do suco.
"Satisfeita!" - eu falo pegando o que estava sujo e colocando em cima do criado-mudo.
"Penso que sim.. agora posso dormir feliz e tranquila..." - ela voltou pra debaixo das cobertas e eu desci para deixar tudo na cozinha.
Subi rapidamente os degraus, quase correndo e fui direto para a cama, eu estava pregado de sono.
"Eu ainda estou sonhando com cajá.." - ela resmunga mais uma vez quando eu começo a fechar os meus olhos.
"Você não estava dormindo não!" - eu acendo a luz e me viro pra ficar de frente pra ela.
"Se eu dormir eu vou sonhar com cajá.. e se de repente esse sono virar um pesadelo e o cajá sair correndo atrás de mim e tentar me matar hein?"
"Abby, pelo amor de Deus!"- meus olhos fechavam sozinhos e ela não parava se resmungar- "shiu"- eu disse num tom mais ríspido e ela se calou. Virou pro lado contrário do meu e não abriu mais a boca. Com medo de que ela tivesse ficado chateada, eu a envolvi no meu braço e finalmente dormirmos.
Continua...
