A manhã seguinte amanheceu com o tempo feio, assim como todas as outras da semana seguinte. Nossa vidinha de casado ia muito bem. Arrumávamos o apartamento, dividíamos o serviço da casa e conseguíamos trabalhar. Para falar a verdade o que não ia lá muito bem era nossa vida sexual. O cansaço tomava conta de nós toma noite e não sobrava forças nem pra um beijo mais alegre.
Fazia bem mais de uma semana que nada rolava. Se bem, que eu acho que mesmo que não estivéssemos menos cansados, nada iria rolar. Ela estava um bicho essa semana. Chatinha e mal-humorada como eu nunca vi por tempo prolongado. Não tinha comentado nada nem perguntado, mas pelo o que eu pude perceber, ela estava atrasada. Bem atrasada. Aquela lembrança da Julie me falando aquilo não me saía um minuto da cabeça.
Eu cheguei mais uma noite em casa. Nem estava muito cansado devido a um dia mais tranqüilo. Ela só havia trabalhado pela manhã e desde a hora do almoço estava em casa. Olhei para a cozinha e lá estava ela cozinhando com o som ligado (desta vez bem baixinho).
"Tentando me seduzir dessa forma!" - eu falo deixando minhas coisas de lado e indo abraça-la.
"Você se sente seduzido por isso?" - ela fala mexendo o conteúdo que estava na panela.
"Normalmente tudo o que você faz me seduz.." - eu falei beijando o seu pescoço, mas ao invés dela encarar isso seriamente ela começou a rir.
"Ai Ai.. como você é engraçado.." - ela caminhou até a geladeira pegando um vinho que estava lá desde que chegamos. – "Hoje acho que é dia de beber isso"
Aquelas cenas dos últimos dias, dos últimos sonos imediatamente voltaram ao meu pensamento e eu não poderia deixa-la beber.
"Poderíamos deixar ele pra depois! Pra algum momento especial?" - eu falo pegando o vinho de sua mão.
"Faz quase um mês que não provo um vinho.. e não custa nada.. pra que momento mais especial que esse!" - ela se aproxima me beijando. Ah.. eu não iria resistir muito se ela começasse a usar o seu charme.
"Não sei..."- eu pensei rápido em algo- "mas não estou afim de ficar de porre..."- eu sorri e ela continuou a cozinhar.
"Quem falou que é pra ficar de porre Só um calicezinho...".- ela voltou a beijar o meu pescoço e eu permaneci imóvel, antes que ela conseguisse o que queria.
"Vamos comer?"- eu mudei de assunto, vendo a expressão frustrada dela.
"Não tá pronto ainda..."- falou, mais séria, voltando a mexer o que eu não tinha muito certeza do que tinha na panela.
"Posso tomar banho então antes do jantar?"- ela balançou os ombros e eu fui até o quarto. Não queria demorar para que ela não tivesse razão pra brigar comigo. Bem, pelo menos não uma razão aparente. Tomei um banho e coloquei uma calça de moletom. Estava com um pouquinho de frio. Não demorou para que ela gritasse meu nome lá da cozinha e eu apressei o passo o quanto pude. Quando estava quase saindo, a vi entrando pelo quarto.
"Po, vem comer...vai esfriar..."- eu não disse uma palavra antes que virasse briga. Aquele mau-humor estava me deixando estressado também. Quase uma semana...
Cheguei na cozinha e ela já havia servidos os pratos e começado a comer. Pelo menos ela meu ouviu e deixou o vinho dela... eu sorri ao se aproximar dela, mas ela fingiu não me ver.
"Suco de acerola!" - eu falo sentando a mesa e tomando um gole.
"Não.. de sangue de galinha" – ela disse seria também bebendo um gole. Eu fiquei parado esperando uma risada mas ela não veio.
Mais uma vez naqueles dias deixei tudo aquilo de lado e tentei me concentrar em outra coisas.
"Comidinha de panela no jantar... estou sonhando..."
Desta vez ela não fez nenhum comentário "grosseiro" e continuou comendo.
Rapidamente ela terminou, levando o prato pra pia. Abriu a geladeira e pegou uma panela, colocou uma colher dentro e colocou de volta na boca, eu nem tive a oportunidade de ver o que era. Voltou para a pia e ficou lambendo a colher parada olhando pro nada.
"O que você está comendo?" - eu pergunto curioso me levantando levando o meu prato para lavar.
"Na falta de vinho e "daquilo", eu como chocolate..."
""Daquilo"!"- eu perguntei tentando saber se ela estava falando da mesma coisa que eu.
"É!"- ela disse meio seca- "não posso tomar vinho, não posso ficar em casa, não posso descansar, não posso dormir direito...e nem transar agora posso mais!"- ela disse meio irritada voltando a geladeira pegando mais um pouco do conteúdo que eu tinha certeza absoluta de que era brigadeiro.
"E por isso você precisa ficar toda estressadinha?"- eu disse, sem tentar qualquer tipo de provocação, mas pelo olhar, não foi isso que ela entendeu- "você sabe que semana que vem os seus plantões vão ser mais espaçados..."
"É! E aí são os seus que vão tomar todo o nosso tempo" - ela disse, jogando a colher dentro da pia e começando a lavar a louça.
"É, mas metade dos seus problemas vão estar resolvidos..."- eu disse, ainda sentado na mesa depois de terminado de comer.
"Esses problemas não são so meus, Carter!"- ela gritou, virando para me encarar. Parou até de lavar louça, e com as mãos ainda com sabão ela ficou a me olhar.
Eu me levantei da mesa e fui em sua direção que ainda me encarava esperando uma resposta. Coloquei minha mão no seu queixo e a fiz levantar o rosto fazendo com que elas olhasse pra mim.
"Sabe de uma coisa!" - eu me aproximo mais dela. – "Chega! Basta...! Vamos dar uma solução a todos os nossos problemas, ok! Eu estou na mesma situação que você e chocolate não me contenta em nada. Larga essa louça suja aí.." - eu falo colocando suas mãos pra trás na pia e puxando-a pra mais perto ainda. – "e vem comigo..."
Neste exato momento vi uma nova expressão no seu rosto. Ela colocou suas mãos sujas de sabão atrás da minha nuca e me puxou para um beijo. Nós soltamos em pouco tempo e fui andando de costas até a escada trazendo-a junto comigo.
"Onde você vai querer!" - eu falo parado na escada. – "Andar de cima, ou de baixo?"
"O convencional..." - ela falou olhando bem para os lados. – "e o sr. não vá pensando que terminamos de discutir, pois mal começamos!" - ela se virou rindo e foi subindo as escadas me puxando pelo braço. Certo, já que ela dizia, quem era eu pra discordar!
Nós entramos no quarto e o mau-humor dela parecia ter passado. Poxa! Se eu soubesse que com isso acabaria, teria feito a proposta antes! Ela foi até o banheiro e eu deitei na cama. Um friozinho na barriga tomou conta de mim. Eu também estava sentindo MUITA falta e acabar com aquela espera era tudo o que eu mais queria. Ela voltou um pouquinho depois e apagou a luz como sempre. Deitou do meu lado mas não se mexeu. Era isso, se eu tinha dito, eu é quem teria que agir. Apoiei os braços no cotovelo e comecei a beija-la devagar. Ela respondeu bem ao beijo e logo começou a subir minha camiseta. Realmente era só eu dar o primeiro passo que ela já se assanhava toda. Quando minha camiseta foi jogada longe, eu percebi que aquela "seca" tinha feito muito bem. Pelo menos pra mim. Quando nós ficamos muito tempo sem dormir juntos, a "volta" sempre era memorável.
Eu não estava enxergando nada e parei por um instante para ligar o abajur. Ela ficou me esperando rindo mas ao voltar percebi que ainda não era o suficiente.
"Dá pra você ligar o seu também?"- eu disse meio envergonhado por ter cortado o clima.
Ela parou de me beijar e me olhou meio estranho.
"Quer que eu acenda a luz?"- ela disse meio irritada de novo
"Não, não precisa se não quiser..."-eu a deixei a vontade para fazer o que bem entendesse.
"Vai, é melhor"- ela levantou e foi até a porta, ligando a luz de novo- "não quero uma coisa frustrante..."- ela esboçou um sorriso- "vai que você não enxerga..."- ela riu mais um pouco e voltou para cama ainda inteiramente vestida.
Quando ela ia se deitando, a puxei pelo braço e a coloquei na cama. Ela sorriu pra mim e deu um tapinha no meu ombro. Fomos nos beijando e tirando cada peça de roupa por vez. Quer dizer, primeiro foram as minhas embora hoje.. fiquei só de cueca quando finalmente ajudei a tirar aquela camisa que ela estava usando que tanto atrapalhava a minha visão.
Como sempre fazia fui fazendo aquele percurso de beijos ao redor de sua barriga, mas ao aproximar minha boca da mesma, senti uma leve diferença de tamanho. Analisei melhor com a visão e decidi beijar logo antes que ela desconfiasse. Eu acho que estava ficando paranóico com isso tudo. Aproveitei para acaricia-la para tentar ver se sentia algum batimento diferente ou algo do gênero. Vendo que não saia na dali, continuei beijando-a e soltando algumas frases amorosas que eram pra Abby, claro, mas desta vez eu as destinava secretamente a uma outra pessoinha.
"Deixa ela em paz..." - Abby falou vendo a minha demora naquela região. – "ela ainda não voltou de viagem John..." - Olhei pra Abby e fiquei encarando-a, será que ela não desconfiava de nada!
Pra comprovar as minhas suspeitas fui em direção ao seu sutiã.
Eles estavam maiores, não havia dúvida. Poxa, além de marido dela eu era médico e tinha um olho bom pra essas coisas. Fui tateando as costas dela para achar o fecho do soutien e quando finalmente consegui abrir, eu não tinha mais duvida alguma. O pior é que ela não dava a mínima aparência de quem desconfiava de algo. Será possível? Será que eu teria que falar isso pra ela?
"Que foi? Que tá olhando tanto? Eu não disse que tava gorda?"- ela disse parando qualquer toque ao meu corpo.
"Chega de paranóia, Abby..."- eu disse, olhando pro teto. Será que ela não percebia mesmo?
"Paranóia? Paranóia! Não sei o que acontece.. eu nem to comendo tanto assim e mesmo assim eu estou tomando o formato de uma bola" - ela agora havia sentado na cama e tentando puxar da barriga uma "banha".
Eu me sento a sua frente e puxo a sua mãos, colocando-a de lado, agora observando bem todo o conjunto e sua obra.
"Não disse Você também me acha uma bola?"
De repente ela começou a chorar e eu balancei a cabeça rindo.
"Você não está nem um pouco gorda Abby... talvez o que esteja aconte..." - eu ia começar a falar mas, seria mesmo que ela nem desconfiava! E se eu falasse? Ela não ficaria com raiva?
"Acontecendo o que John?" - ela disse olhando pra mim.
"Tipo.." - eu tentei buscar a forma mais sutil de perguntar isso. – "Você nem desconfia?"
"Desconfiar de!"
Eu pude ver a duvida estampada na sua cara. Ela franziu a testa, levantou uma sobrancelha e finalmente colocou as mãos cruzadas a sua frente.
"Hein John.. desconfiar de que!"
Continua..
