As lembranças de uma guerra...

Ela me odiava.

E eu só queria rir...

Quem nesse mundo gostava de verdade de mim?

Sua moleca...Quem pensa que é?Eu pouco me importo se você me odeia!

Era mentira...

Quanto mais alguém me odiava, mais um buraco se abria em meu coração, mais dor eu sentia, mais eu via a razão fugir.

Ela chorava... Também, o que eu queria, que ela risse?

Enquanto, o corpo da mãe dela estava estirado no chão, já sem vida!

Ora... Eu estava louco?

Um pouco.

"Seu monstro... Eu odeio você!".

Ela disse, com um gosto, como se estivesse descarregando toda sua raiva.E no fim, ela realmente estava.

Eu era um garoto inconseqüente, mimado, metido e invejoso.

E eu estava ali tentando conseguir algo...

O mundo.

Não por um mestre... Mas, por mim.

Eu era um tolo.

Apenas, um tolo.

Lembro me de tocar a pele dela, e ver como era macia.

Mas, não naquele instante.Lembro de beijá-la... Semanas antes da guerra.

Por quê?

Porque eu achava que eu podia ter tudo.

"Solte me seu nojento". -ela gritou, e os gritos dela ainda estão na minha mente.

Eu não o fiz.

Ela tinha ido até mim para implorar, para dizer, para pedir que eu ficasse do lado deles.

Que eu não fosse lutar junto ao Voldemort.

Junto aos comensais.

Não por eu ser alguém que ela amava, ou se importava.

Mas, porque era melhor.

Claro...

Eu não posso dizer que era um adversário fraco.Nunca!

Eu era forte.Tinha treinado bastante, para superar Potter.
Para superar todos.

Para ser o melhor.

Porém, voltando ao dia em que ela me visitou na biblioteca, pedindo para me juntar a eles, me pegou em um dia horrível.Eu estava de mau-humor.Tinha acabado de receber uma coruja de meu pai, avisando para eu começar a me preparar, pois, íamos logo começar a guerra.

"Nunca! Nunca estarei do lado de vocês, seus inúteis!".

Eu exclamei cheio de fúria.

"Pense... Pense! Será melhor com você ao nosso lado" - ela insistiu.E isso só me irritou mais e mais.

Eu segurei seu pulso com toda a força, sem me importa se doía ou machucava.

"Solte me seu nojento". -ela gritou, como eu disse ai em cima.Ela gritou esse grito ainda está na minha mente.

"Nojento? Então prove do meu nojo" - eu estava totalmente, irado e descarreguei toda a raiva nela.Eu a beijei.E não desejo esquecer deste beijo, apesar, de ter tentado muitas e muitas vezes... Ter tentado esquecer do beijo dela.

Da pele dela, do perfume, da voz... Enfim, esquecer dela.

Ela me empurrou com tudo.

"Não tem o direito de fazer isso..." ela limpou a boca "... não tem..." as lágrimas brotarem em seus olhos "... seu, seu idiota!" Ela saiu correndo e depois, disso eu mal a via... E depois, eu não a vi mais.

Pois, havia chegado à hora de sair de dentro daquele castelo, que de alguma forma lhe dava segurança.Estava na hora de entrar nas trevas do mundo, as trevas que cercava todo esse mundo.

E de finalmente, conhecer a morte e a dor.

A dor que eu tanto evitei, a dor que eu tanto causei!

Sim, eu fui o causador, o culpado pela dor de tantas famílias, de tantas pessoas.Culpado pela tristeza e pelas lágrimas.Pelo abandono e pelos novos órfãos... Isso só me fazia sentir mais e mais culpado.

Ter a consciência que eu havia me tornado um monstro.

Sim, só isso me definia, agora.E ela sabia muito bem me definir...

Vê-la novamente, confesso, foi um choque.Eu não estava preparado... Aliás, eu acho que a única coisa que eu estava preparado era para a morte.Eu não tinha razões para viver.

E tinha medo da vida.

Com a morte tudo passaria, não é mesmo?Tudo passaria...

"Eu te odeio com todas as minhas forças, porque você é alguém desprezível".

Desprezível, sim eu era alguém desprezível!

Chegando a ponto de eu mesmo me detestar.

Um aperto no peito, algo que não consegui decifrar, pois, nunca havia sentido.Um aperto que me matou.

Caminhei até ela... E ela recuou.

"Sim, me odeie sua inútil!" Retruquei com ódio.

A dor de meu ombro, que sangrava sem cessar, aumentou.Senti-me meio que idiota, por sentir dor, por sofrer.

Mas, não seria vencido.Não, não e não!Eu ainda teria o mundo... Como eu sempre desejei e sempre soube que teria.

Entretanto, eu também sabia que era blefe, que estava blefando... Dizendo asneiras.

Sim, só asneiras!

"Com medo?" –perguntei.

"De você?" –ela indagou de volta. "Não, apenas, nojo".

E sinceramente... Isso só me fez sentir pior.

Como ela podia ser assim?Como podia me matar a cada palavra?

Fazer-me apodrecer por dentro, me corroer e me fazer sentir os rasgos de meu coração negro e gélido?

Ela não parava de chorar.Olhei de relance para o cadáver de sua mãe, o que era nojento.Nas roupas da Weasley menor o sangue da própria mãe.Quem a matará?Bem, eu confesso que não fiquei sabendo ao certo.Aliás, nem me recordo mais... Talvez, o pai de Crabbe... É acho que foi ele mesmo.

Matou-a antes, de falecer.Morto pelos gêmeos, que o matou sem dó e piedade.Melhor não discutirmos o que eles fizeram.

Talvez, no coração daqueles dois houvesse um pouco mais de maldade do que os outros, não... Foi o ódio de perder aquela que os gerou, que os amou, que cuidou deles quando doentes, que lhes deu broncas e mais broncas quando aprontavam e que os beijou ao vê-los mal, ou sem motivo algum.Apenas, porque sentia amor.

Acho que qualquer ser normal faria isso.A vingança nos cega, às vezes.Muito justo.

Pelo menos, eu acho.

Quem me dera ter lembranças assim, de minha mãe.

Sempre fria, que eu mal recordo de suas broncas, tão quieta.Oprimida por meu pai, sinceramente.Mas, ao mesmo tempo exibida, se glorificando das perdas dos outros.Uma Malfoy nata.

Mesmo que eu fale tudo isso, ainda sinto falta dela.Faz alguns anos e a dor continua ali, morreu de solidão.Talvez...

Eu não sei dizer.

Com a morte de meu pai, e a minha mente conturbada sedenta por poder, talvez isso tenha a deixado de lado e a feito sentir solidão.

Solidão... A qual sinto todas as noites antes, de dormir ou tentar dormir.

Pois, milhares de coisas acontecem e milhares de cenas voltam e me dominam.Todas as lembranças daquela guerra, que eu tanto almejo esquecer, voltam.

E me perturbam.

Imagine ver os rostos daqueles que já faleceram e pior, aqueles que você fez falecer.

Que matou com sua própria mão, alguns a sangue frio.

Isso vai te corroendo, abrindo buracos gigantescos naquilo que você ainda tem coragem de chamar de coração.

Um coração que está cansado de bater.

Um coração que sentiu algo, tarde demais, surpreendente.

Algo como o amor, mas, que não soube aproveitar o significado da palavra.

Como eu disse, todas as noites eu recordo daquilo que quero esquecer.Sem tirar, a nossa querida Weasley.Sua voz permanece em minha mente... Provavelmente, como uma canção.

Que marcou e não sairá mais.

Uma doce canção...

"Traidor".

Traidor?

Sim, um traidor que não soube se redimir.

Eu não agüentei e a puxei novamente, como naquela vez na biblioteca.Eu a puxei para meus braços a abraçando com toda a força.

E pela primeira vez senti aquilo que chamam de Calor Humano.

De Amor...

De ardor.

Senti me tão bem que mal conseguia parar em queria desabar e contar-lhe todas as minhas angústias, contar tudo aquilo que me magoava.

Enfim, confessar-me.

Mas, não podia... Eu era o Maldito Malfoy!

Como me chamei naquele instante...

Eu a puxei mais para mim, nem eu sei como, estávamos praticamente colados.Eu sentia a respiração dela em meu pescoço e o coração dela bater, muito mais muito forte.

Beijou-lhe o cabelo e logo depois, a boca.Sentiu ela retribuir por alguns segundos e depois, um empurrão.

"O que você quer? Que eu tenha que cortar meus lábios?".

Isso realmente magoou.

Cortar os lábios?

"Então, corte sua língua que tocou a minha".

Retruquei agressivo.

Ela não falou mais nada.

Nem eu... Uma dor imensa, eu não agüentava mais.Então, cai.E ela continuou a me olhar.Não queria compaixão.

Pare de me olhar deste jeito... Pare de me olhar como se eu fosse um coitadinho! Exclamei.Minha vista estava embaraçada, eu não conseguia vê-la direito, eu via duas Weasley.

O que era uma tortura...

"Saia..." Ela começou. "Saia da minha mente" implorou.

Eu não entendi.

"Desde daquele maldito dia que você me beijou, antes... Na biblioteca, lembra-se? Duvido... Aposto que não".

Eu queria gritar e dizer que lembrava, sussurrei algo como um "sim", mas, ela não deu muita atenção.

"Por que você foi tão cretino em dominar a minha mente, todo esse tempo? Eu não conseguia parar de lembrar do beijo, de você... Eu pensei que eu ia morrer...".

Ela caminhou até mim.Agachou-se e colocou suas mãos que tinham o sangue de sua mãe, sobre minhas bochechas, segurando assim, meu rosto.Ela me olhava fixamente.E eu sentia que este era meu fim, nunca senti uma satisfação tão grande... Mas, agora... Com tudo que ela disse.Será que eu queria mesmo o meu fim?Eu queria uma chance... Porém, se eu soubesse que nunca ia tê-la, eu preferiria falecer, ali mesmo.Do que passar anos só.

"Por que eu tenho que amar o ser mais imbecil do mundo?".

Se ela me amava... Se eu a amava...?Por que eu não tive coragem de segurá-la para que não saísse mais de perto de mim?

Por que eu sempre fui tão tolo?

"Você... Nunca deve ter recordado de mim. Nunca deve ter me amado, nunca, nunca... Então, por que eu amo alguém tão ingrato?".

Doía demais ouvi-la dizer tudo isso.Eu estava sem forças pra gritar...

"Não... Eu..." eu tentei falar.

Ainda lembro que neste instante ela tocou meus lábios com os dela, em um beijo desesperado.

Eu a beijei como se no beijo, eu quisesse passar tudo que eu estava sentindo...Mas, eu acho que nunca fui muito bom, em falar sobre meus sentimentos.Imagine passar algo por um beijo...

Fechei meus olhos, a dor aumentou... Ainda lembro disso.Porém, depois, que o beijo cessou-se, e as mãos delas se afastaram de minha pele, tudo ficou negro.E apesar, da imensa vontade de abrir os olhos e ver o rosto dela... Eu não consegui.

Foi um mês e meio em coma, adormecido, como se tivessem me jogado um feitiço ou uma maldição.Só sei que quando acordei, nem parecia que tinha havido alguma guerra.Tanto o mundo humano como os dos bruxos estavam de volta ao seu estado normal.

E foi a partir daí... Que eu vi que era só...

Procurei a Weasley... Mas, quando eu finalmente, a encontrei... Foi num altar.

Sim, num altar.

Como eu queria que fosse eu o felizardo...

Mas, eu sou apenas, um infeliz.

Lá estava ela, com um vestido não tradicional da cor champanhe, nada muito extravagante.Pronta pra casar... Com o maldito Potter.

Foi nessa batalha que eu a perdi...

Nada de perder o mundo... Ou uma guerra.

Essa é a lembrança que mais me dói... Quando eu recordo da guerra... Da maldita guerra.

Minhas lembranças que tanto quero esquecer.Que me marcaram como o ferro na brasa, cravado na alma.

E agora sentado em uma poltrona, no meio de um quarto vazio.Onde nada menos do que mulheres me divertiram na cama, e deixaram as tardes esta tão fria que chegava a congelar me.

E a pessoa que eu mais amava e queria.Que eu podia sentir que me faria feliz, e todos os dias seriam pura e completa alegria.Alegra a alma de outro.

Por que eu fui tão tolo?

Nem consigo me encarar no espelho.

Por que a deixei escapar?

Pois, ela era como o ar... Não podia vê-la, porém, sabia que estava ali...Em mim.No meu coração.

E depois, quando eu pude pegá-la...
Eu a deixei escapar por entre meus dedos.

Nem consigo acreditar que a deixei sumir de minha vida, escapando por entre meus dedos...

Fim

Olá!Demorei... problemas com o pc, com tudo!Mas, eu irei aos poucos voltar-estou sem pc.-Quero agredecer a você Mione por ter postado o comentário, fiquei muito feliz.Espero que ainda queira ler o final deste short-fic, de só dois cap.

Eu fiz com muito amor e carinho, me dediquei noites para completá-lo.E espero que quem o ler goste.Fico triste por não ter um final feliz... Mas, era o objetivo.

Fazer o q?

Bem, é isso!

beijos e ate mais