Parte 3.

Cap. 1: Emoção e Culpa

Hotohori ficava o tempo todo procurando Tamahome. Olhava de um lado para o outro tentando encontrá-lo, mas parecia que ele estava escondendo-se. Mas um pouco antes de começar sua aula ele o viu de longe. Estava entrando na faculdade, de mãos dadas com uma garota, não pode ver seu rosto direito. Passou as mãos nos olhos tentando enxergar melhor, mas sua vista estava embarçada e um pouco escurecida, não tinha nem certeza se aquele era Tamahome. Mas, sim era ele, sentia isso. A garota deu um beijo em seu rosto e correu, estava atrasada.

Ouviu alguém chamá-lo e virou-se, quando tornou a olhar não viu mais Tamahome. Olhou em volta, mas nada viu. Pensou estar delirando. E por que sua vista falhara? Entrou na sala assim que o professor passou por ele.

Hotohori encontrou Tamahome limpando o chão da biblioteca, na hora do almoço.

- Você não vai almoçar? – perguntou dando um susto em Hotohori, que estava lendo e deu um grito. - Não grite, ficou louco?

- Eu quem pergunto. – disse contrariado. – Por que me assusta dessa maneira?

Tamahome sorriu em resposta.

- Então, não vai almoçar? – repitiu. – Sempre te vejo sozinho, na hora do almoço.

- Não estou com fome. – respondeu secamente.

- Fiu – Tamahome assobiou. – Por isso é tão magrinho.

Hotohori voltou sua atenção para os livros, tentando fingir indiferença. E Tamahome saiu de perto dele sorrindo.

- Onde esteve? – perguntou Hotohori. Ele estava de pé, encostado numa estante, de braços cruzados e aparentemente aborrecido.

Tamahome nem olhou para ele ao responder.

- Fazendo meu trabalho. Ao contrario de você, tenho outras obrigações. – olhou para Hotohori, sem demonstrar nenhuma emoção no rosto. – Sou empregado aqui, fico aonde me mandarem, caso você não saiba.

- Não precisa ser tão rude, seu grosso. – disse descruzando os braços, e passou a mão pelos cabelos.

- Desculpe, senhor fino. – replicou.

Hotohori abriu a boca para responder, mas nada disse. Virou de costas para ir embora, mas voltou sem ao menos dar um passo.

- Por que faz isso comigo, Tamahome? – perguntou, mas Tamahome parecia não ter ouvido a pergunta e continuou a limpar o chão. – Responde, droga!

- Uhh! A boneca de porcelana sabe dá palavrão. – ironizou. – Eu não faço nada com você, Hotohori. Só por que você está acostumado o ter seu namorado babando a seus pés, não significa que eu deva fazer o mesmo.

A simples menção a Nakago fez Hotohori gelar, lembrou-se da noite em fez amor com Nakago pensando em Tamahome e estremeceu. Seus olhos encheram-se de lágrimas. Tamahome olhou-o de cara feia.

- Você se ofende com tudo. Bonequinha de porcelana.

Hotohori lembrou-se do ocorrido de mais cedo.

- Quem era aquela garota que chegou com você?

- Meu irmão. – respondeu seco.

O queixo de Hotohori caiu.

- Eu vi uma garota... Ele é um travesti?

- Não. Ele é homem mesmo.

- ...

- Não quero que isso se espalhe. – falou em tom de aviso. – Entendeu?

- Entendi sim. – Hotohori deu de ombros.

- Por que não vai fazer companhia pra seu namoradinho? - insinuou. – Tenho que terminar meu trabalho aqui e você me atrapalha.

- É mesmo? Eu chamo tanto a sua atenção assim? – disse apertando o lábio com o dente.

- Não. É que eu não tenho tempo pra entreter nenhum mauricinho sem apetite.

- Pare com isso, Tamahome. – disse batendo o pé no chão. - Não sabe o que estou sentindo.

- E o que está sentindo? – perguntou Tamahome aproximando-se de Hotohori.

Suas bocas estavam próximas uma da outra e Hotohori podia sentir sua respiração, fechou os olhos e sentiu os braços de Tamahome envolveram sua cintura e sua língua quente explorar cada canto de sua boca. Como era maravilhosa aquela sensação. Hotohori abraçou Tamahome, não tinha idéia de o quanto ansiava por aquele beijo. O tempo parecia ter parado, tudo o que queria ficar ali para sempre.

Foi como se o mundo desabasse quando a boca de Tamahome afastou-se da sua e os braços dele soltaram seu corpo. Não era justo que ele o maltratasse dessa maneira, quem ele pensava que era? Hotohori sentiu-se tonto e tudo a sua volta começou a escurecer.

- Hotohori? Hotohori? – Ele ouvia alguém te chamar, de longe e ia se aproximando, devagar distinguir os contornos de Nakago e chorou.

- Hotohori, meu amor o que foi? Alguém te fez algum mal? – A voz de Nakago era suave e preocupada, o que o fazia sentir-se pior ainda. Foi abraçado pelo namorado e sentiu o calor do peito dele em seu rosto.

- Não é nada, Nakago – respondeu controlando o choro -, não é nada.

- Mas então por que está chorando?

- Já disse que não é nada. – gritou se afastando de Nakago.

- Me desculpe. – disse Nakago, seu rosto claro ficou bem vermelho.

Hotohori sentiu vontade de chorar novamente, mas segurou-se abraçando Nakago e pedindo desculpas.

- Não é nada com você, querido. Eu sou estou preocupado com outras coisas.

Nakago sorriu e beijou-o.

Cap. 2: Meu Herói

Cansada de esperar Tamahome que não aparecia, Nuriko resolveu ir para casa sozinha. Será que aconteceu alguma coisa com Tamahome? Ele nunca deixava de pegá-la e hoje se atrasara mais de uma hora. Não podia ficar esperando por ale ali, se ele tivesse sofrido algum acidente e estivesse em casa desmaiado? Sacudiu a cabeça afastando os maus pensamentos.

Tinha que caminhar um pouco da faculdade até o ponto de ônibus e se pôs a caminho a passos rápidos. Apesar de não ser muito tarde, o caminho não costumava ser muito movimentado, por isso mesmo Nuriko quase corria.

- Ah! – gritou. Foi só um susto.

O relógio da torre da faculdade marcava dez da noite com badaladas em alto e bom som, que ecoavam por aquele lugar deserto.

Nuriko sabia que o último ônibus passava as dez e trinta e cinco, ainda demoraria uns vinte minutos.

- Que coisa! – resmungou baixinho. – Não aparece uma alma viva nesse lugar.

Falou cedo de mais. Dois homens viam em sua direção. Primeiro pensou em correr, depois ficou em seu lugar, iria ignorá-los. Quando chegaram mais perto os reconhece, eram os malandros da faculdade, estavam ali por que os pais pagavam, mas nunca iam apara as salas ou faziam outra coisa a não ser festas, sexo e bebiam feito uns loucos. Nuriko estremeceu. Os rapazes cambaleavam agarrando-se um no outro para não cair. Deu uns passos para trás, iria esconder-se nas sombras, do jeito que estavam bêbados nem iriam percebê-la. Rezava para que isso fosse verdade.

Mas seus livros caem chamando a atenção deles. Nuriko pega os livros depressa, achando que eles nada ouviram e encolhe-se assustada na cadeira do ponto de ônibus. Onde estaria Tamahome?

Um dos rapazes se aproximou.

- Niko, vem ver que... gracinha está tentando se esconder... da gente. – Sua voz estava trôpega, ele parecia procurar as palavras em sua mente antes de dizê-las

Nuriko se encolheu mais ainda abraçando os livros. Podia sentir o bafo do cara. Ele esticou o braço para tocá-la e ela escondeu o rosto com as mãos deixando os livros caíram no chão mais uma vez.

- Seus livros... caíram – disse o cara abaixando para pegar os livros.

Nuriko aproveitou para dar um chute nele e levantou-se correndo, mas foi detida pelo outro cara, o chamado Niko, tinha esquecido que o cara não estava sozinho.

- Pra onde vai, gostosa! – disse Niko segurando-a pelos braços.

- Me solta, seu nojento. – gritou tentando desvencilha-se das mãos fortes do homem sem sucesso. Ele virou-a de costas e segurou-os seus braços para trás.

O outro homem aproximou-se cambaleando, passando a mão no rosto, onde Nuriko havia o chutado. Deu um soco na cara de Nuriko.

- Vagabunda, vou lhe ensinar a não me chutar.

- Vai nessa Chang, traça logo essa putinha! – disse incentivando o amigo.

Nuriko começou a chorar.

- Socorro! Socorro! Seu porco, não toque em mim. – gritou cuspindo no cara em sua frente.

Chang meteu a mão na perna de Nuriko e suspendeu sua saia, mas parou quando tocou em algo que não devia estar ali. Tirou a mão assustada.

Nuriko gelou. E o cara ficou atônito com sua descoberta.

- Que foi cara?

- Ela não é ela. – disse aturdido.

Nuriko mexeu-se nas mãos de Niko, mas ele pôs mais força nas mãos.

- Como assim? – o outro não entendia.

- Ela é homem, caralho!

Pete não acreditava no amigo e passou a mão no peito de Nuriko, não encontrou nada e desceu apalpando o sexo de Nuriko.

Ele empurra-a, fazendo-a cair no chão de joelhos e dá-lhe um chute na barriga. Nuriko cai de costas, sentindo uma dor terrível no pé da barriga.

- Bicha! – xinga Niko e dar-lhe outro chute, dessa vez no rosto.

Chang aproxima-se e a chuta sua perna. Nuriko se encolhe com a dor provocada pelos homens.

Niko abaixa-se e rasga a saia de Nuriko, deixando suas pernas a mostra e estica-a pela blusa rasgando-a um pouco na parte das costas. Levanta-a e a joga contra os bancos do ponto de ônibus, onde ela bate com a cabeça.

- Gosta de dar o rabo, viado. – disse empurrando Nuriko no chão, deixando-a de quatro e rasgando ainda mais sua saia. – Então eu vou te comer aqui mesmo.

Nuriko estava tonta com as pancadas que levou, chorava e soluçava, mas não podia lutar contra aqueles brutamontes que agora iriam estuprá-la.

- Socorro! - gritou, mas foi calada por um chute no queixo dado por Chang.

Niko desabotoava o cinto e baixava a cueca, mas parou para olhar o amigo, que parara de rir.

Chang que ria com o que ele e o amigo faziam, mas parou e levantou a cabeça assustado, para logo em seguida sair correndo.

Nuriko chorava e gostaria de saber o que assustou o outro cara.

O ronco de um motor de carro fez Niko se levantar alarmado. Tenta correr, mas a calça no meio das pernas o faz cair. Um homem desce do carro e o pega, aplicando-lhe um soco que o deixa desmaiado.

Nuriko ajeita a saia e olha para o homem, era Nakago. Surpresa em vê-lo, ela abaixa a cabeça e chora, mas agora de vergonha. Suas roupas estão quase completamente rasgadas e seu cabelo todo desgrenhado, o ultima coisa que Nuriko desejara era que Nakago a visse dessa maneira.

- Mas que ordinários. Você está bem? – a voz de Nakago exibe uma preocupação legitima, mas ele ainda não a reconheceu. – Venha eu vou leva-la para um hospital, precisa de ajuda.

Nakago ajudou-a a se levantar, Nuriko soltou-se das mãos dele, segurando a blusa que caia com uma manga rasgada.

- Não. – gritou. – Hospital não. Eu preciso ir para casa.

Nakago se espantou ao reconhecê-la.

- Meu Deus! Você é a irmã de Tamahome Sanokino, não é mesmo? Nuriko?

Nuriko, muito constrangida, confirmou com a cabeça.

- Venha eu vou te levar para casa. – chamou Nakago. Tirou o sobretudo que usava e deu-o a Nuriko. – Você não quer prestar queixa na policia?

- Não. Eu quero mesmo ir para casa. – respondeu enquanto entrava no carro de Nakago.

- Por que estava ali sozinha? – perguntou Nakago

- Tamahome não apareceu para me buscar. – explicou e eu resolvi ir sozinha. Recomeçou a chorar escondendo o rosto com as mãos.

- Não chore. Eles chegaram a te fazer alguma coisa?

Ela negou.

- Ainda assim acho que deveria ir para a policia. Eu conheço aqueles caras e provavelmente não foi a primeira vitima deles. – Nakago estava sério, intrigado até. Por que Tamahome deixaria a irmã sozinha?

- É aqui. – disse quando pararam na casa dela.

- Você está com a chave? Deixe que eu abro. – pediu.

Ao abrir a porta Nuriko levou um grande susto. A casa estava revirada, molhada, com cacos de vidros espalhados pelo chão, mesa e cadeiras de cabeça para baixo.

- Tamahome! Tamahome! – gritou Nuriko, pulando os estilhaços e entrou no quarto do irmão. Estava igualmente revirado.

Nuriko torceu o nariz com o cheiro de cerveja que impregnava o lugar. Tamahome estava caído do lado da cama, dormindo de bêbado no chão, ainda com uma garrafa de cerveja na mão.

Nakago entrou no quarto e sentiu o estomago embrulhar com o fedor que estava no lugar.

- Por favor, Nakago. Você pode me ajudar a colocá-lo na cama? – Nuriko estava chorando.

- Mas é claro, Nuriko.

Nuriko chorava baixo enquanto desvirava os movéis, Nakago estava calado, mas a ajudava. Enfim quebrou o silêncio.

- Tamahome costuma beber desse jeito?

- Não. Isso é que é estranho. – respondeu chorando. – Eu nunca vi Tamahome beber. Quanto mais dessa maneira. Não entendo o que aconteceu.

Nakago fita-a durante alguns instantes em silêncio. Até que era bonita, para uma mulher, pensou.

Ela também ficou parada olhando-o. Nakago era muito bonito e era um bom rapaz, dizia a sim mesmo.

Ambos foram despertados pelo bip do relógio tocou onze horas.

- É tarde, é melhor você ir embora. – disse Nuriko timidamente, mas o que queria dizer era para ele ficar.

Nakago baixou a cabeça apertando os lábios.

- Tem razão. Agente se vê na segunda.

Nuriko levou-o até a porta. Suspirou quando Nakago saiu. Ele reconheceu-a e ainda disse que se veria na segunda. De repente um calafrio passou-lhe pela espinha, ele pensava que ela era uma mulher de verdade. E se assim continuasse, nunca teriam nada. Sacudiu a cabeça para sair de seu devaneio, Nakago era rico, nunca iria querer nada com ela, mesmo sabendo que na verdade era ele.

Olhou pra a sala e suspirou. Não arrumaria nada hoje. Tomaria um banho para se livrar do cheiro daqueles homens e dormiria, amanhã entenderia-se com Tamahome e o faria arrumar toda a bagunça que ele fez. Neste instante lembrou-se que ficara como sobretudo de Nakago. Sorriu, pelo menos teria uma desculpa para falar com ele na segunda-feira.

Mais tarde deitou-se abraçando o sobretudo de Nakago e dormiu sonhando com ele carregando-a no colo e dizendo como a amava.

Cap. 3: Amores Mal Resolvidos

- Ai! Minha cabeça!

Era Tamahome reclamando da ressaca. Nuriko de pé ao lado da cama dele, olhava-o séria. Trouxera um pouco de café para ele, mas estava muito brava.

- O que aconteceu aqui, Tamahome Sanokino? Por que você tentou destruir a casa?

Tamahome também ficou sério.

- Me desculpe. Acho que eu perdi o controle.

- Você acha? E por que você perdeu o controle? – ela batia o pé no chão e cruzou os braços. – Deixa-me adivinhar... Hotohori.

- ...

- O que foi dessa vez? Ele te deu um fora foi?

- Não. Eu o beijei. Agora estou arrependido, sei que ele gosta de mim também e...

O rosto de Nuriko se enterneceu. Sabia que o irmão se apaixonara por Hotohori e sofria porque achava que nunca poderiam estar juntos. Sentou ao lado do irmão e acariciou seu rosto.

- Devia tentar esquecê-lo, maninho. – disse com voz carinhosa. – Esse sentimento só te faz sofrer e o amor entre vocês... sabe somos muito diferentes dele. – nuriko dizia isso para o irmão, mas no fundo, com uma pontada de dor, sentia que isso poderia ser facilmente aplicado a ela também.

Nuriko sorriu ao pensamento que lhe passou pela cabeça. Dois irmãos, dois namorados, duas classes sócias deferentes, duas vidas... quatro amores. Ou será que eram três?

- Eu sei, mas... – Interrompeu-se ao perceber um corte nos lábios de Nuriko, tocou o ferimento, mas ela desviou o rosto. – O que houve com você? Deus do céu, eu não fui buscá-la ontem, o que houve?

Nuriko levantou-se, segurou a lagrimas ao se lembrar do acontecimento da noite anterior.

- Eu cai da escada na faculdade, só isso.

Tamahome esqueceu-se de sua dor de cabeça e puxou a irmã, para ver seu rosto direito. Havia mais um hematoma no queixo e perto dos olhos.

- Você foi estuprada? – ele perguntou sério.

Nuriko o abraçou, soluçando.

- Não. Mas foi por pouco. Eles descobriram que eu não sou... – deixou a frase no ar. – Me bateram e quase me...

- Quem te trouxe para casa? perguntou sério.

- Nakago. Ele até me ajudou a por você na cama.

Tamahome espantou-se. Olhou para a irmã.

- O namorado de Hotohori?

Ela confirmou, enxugando as lágrimas.

- Foi ele quem impediu os caras de me violentar.

Os olhinhos de Nuriko brilharam, Tamahome percebeu a emoção em sua voz ao falar de Nakago.

- Nem pense em se apaixonar por ele.

- Ora! E quem falou sobre isso? – resmungou ofendida.

- Olhe como você fala dele, como se fosse um príncipe encantado ou coisa parecida. Não quero você com ele.

- Não seja bobo, Tamahome. Ele nunca iria querer nada comigo. – saiu do quarto, mas pôs a cabeça para dentro novamente. – Levante-se e venha me ajudar a arrumar toda essa bagunça.

Tamahome sorriu e logo depois fez uma careta de dor ao sentir uma pontada na cabeça causada pelo excesso de bebida.

Cap. 4: Revelação

Desde o beijo na biblioteca Hotohori não vira mais Tamahome. Estava se acostumando com isso. Não podia procurá-lo e começava a se acostumar também em esperar que ele aparecesse. Tentava tranqüilizar-se, mas seu coração disparava sempre que via alguém parecido. Sonhou com aquele beijo durante noites seguidas e acordava suado por que depois do beijo sempre via, em seus sonhos, Nakago morto.

Decidiu esquecer Tamahome de uma vez e ficou indiferente quando esbarrou nele no final da tarde de uma quinta-feira.

- Ai. Será que não pode olhar por onde anda? – perguntou sem olhar para cara do cara em que bateu.

- Essa é boa. – ironizou Tamahome. – Você tem a mania de se esbarra em mim, e eu que não olho por onde ando?

- Seu cafajeste. – Hotohori levantou o braço para dar um tapa em Tamahome, mas ele segurou seu braço no meio do caminho.

- Não seja tolo, Hotohori. – disse sério. – Não sou eu quem estar traindo o namorado.

Trair. Traição. Aquela palavra atravessou-o como uma lâmina fria em seu peito. Sentiu que choraria... prendeu a respiração.

- Você é um miserável, Tamahome. – gritou. – Não devia ter me beijado.

- Se você não tivesse gostado, eu teria parado. – disse ríspido.

- Seu desgraçado. – gritou Hotohori e saiu correndo chorando.

- Você precisa lavar essa boca, boneca. – gritou Tamahome de volta rindo, mas se tornou sério quando já não podia mais vê-lo.

Hotohori lavou o rosto para encontrar Nakago. Foi para a casa dele essa noite ligou para casa avisando que dormiria lá aquela noite, pois tinha um trabalho que Nakago iria ajudá-lo a fazer, o que não eram totalmente me mentira.

O pai de Hotohori não estranhou quando a emprega transmitiu-lhe o recado, mas percebeu a esforço da mulher para abafar um riso e lhe perguntou o que tinha.

- Não é nada senhor. – respondeu.

- Sim, é alguma coisa. – disse, olhando-a nos olhos. – Do que você esta rindo? Por acaso achou engraçado Hotohori dormir fora?

- Mas é claro que não, senhor. Eu só...

- Só... Vamos fale mulher. O que você tem a dizer?

- Bem, senhor. Eu vou falar. – disse resoluta.

O patrão arqueou as sombracelhas e pousou a caneta na mesa, encostando-se na cadeira e cruzando os braços, pronto para ouvi-la.

- Eu vi, senhor... eu vi os dois se beijando na piscina. – disse atropeladamente.

- Viu quem se beijando? – indagou o senhor Kishomoto.

- O senhor Hotohori e o senhor Nakago. – respondeu.

- Você está louca? – gritou o senhor Kishomoto levantando-se da cadeira, dando um forte murro na mesa o que fez a mulher recuar assustada.

- Desculpe senhor, mas eu tenho certeza do que vi. – respondeu.- O senhor Hotohori ficou bravo por que eu disse que o senhor Nakago era bonito e eu fiquei curiosa sobre o porquê, - começou a explicação -, então eu entrei no quarto do senhor e olhei para a piscina. Vi quando o senhor Hotohori chegou, vi quando eles se abraçarem e se beijarem, como namorados fazem senhor.

O rosto de Fusaka Kishomoto estava vermelho de raiva. O que diabos aquela mulher impertinente dizia? Que seu filho era viado? Uma bicha, na família? Impossível ser verdade. Respirou profundamente e disse com calma:

- Arrume suas coisas, quero você fora dessa casa amanhã cedo. Acertaremos suas contas logo depois.

- Sim, senhor. – a mulher deixou o escritório chorando, amaldiçoando sua boca grande.

Fusaka saiu logo depois, pegou o carro e quase atropelou o segurança, ao sair de casa. Chegou furioso a casa dos Nakarashi.

- Onde está meu filho? – perguntou gritando para a empregada que veio atender a porta. – Onde ele está?

Os pais de Nakago chegaram assustados com os gritos.

- Mas o que você tem, homem? – perguntou Tarukawa Nakarashi, pai de Nakago.

- Onde está Hotohori? – perguntou baixando a voz, mas seu nervoso aumentou ao ver a hesitação do casal de amigos. – Onde ele está afinal?

- Está no quarto de Nakago. – respondeu Tarukawa por fim.

O Sr. Kishomoto subiu correndo as escadas, seguido pelo casal Nakarashi.

Cap. 5: Flagrante

O trabalho não demorou muito para ser finalizado, Hotohori e Nakago não desceram para jantar, e um lanche foi servido no quarto de Nakago, mas só ele comeu.

- Você vai terminar doente. – comentou Nakago, quando Hotohori recusou uma torrada. – Pelo menos beba o suco.

Hotohori ligou o radio e assistiu Nakago tomar banho e fugiu quando o namorado tentou puxa-lo de roupa e tudo para debaixo do chuveiro, mas logo depois tirou a roupa e entrou no banho com ele. Afundou no beijo dele e começou a se excitar com o roçar dos corpos.

Nakago beijava-o com avidez, deixando-o sem fôlego e respirou quando o namorado desceu chupando seu pescoço. Sentia a língua dele explorar seu corpo, descer para seus frágeis mamilos e chupa-los devagar.

Os gemidos dos dois eram abafados pelo barulho do chuveiro, que jorrava água quente nas costas de Nakago. Ele segurou o pênis de Hotohori e o pôs na boca, chupando-o devagar, segurando as nádegas dele enfiou o dedo em seu ânus, fazendo-o gritar de prazer.

- Me possua logo, Nakago, por favor. – pediu, quando Nakago retirou o dedo e largou seu pênis, para chupar seu pescoço.

Hotohori virou de costas, gemendo ao sentir a penetração de Nakago. Sentiu as mãos carinhosas dele alisando seu corpo e chegar a seu pênis, masturbando-o, enquanto entrava e saia de dentro dele. Gozou nas mãos de Nakago e instantes depois sentiu o gozo do namorado dentro dele.

Nakago desligou o chuveiro e carregou Hotohori até a cama. Passando a toalha no corpo dele, beijava cada parte que enxugava, fazendo-o sorrir e gemer ao mesmo tempo. Ainda estava ofegante do orgasmo de agora a pouco, mas Nakago parecia pronto para outra e ele não iria resistir de jeito nenhum. Ele era tão bom que poderiam fazer amor até morreram, que Hotohori ira morrer feliz.

A música alta impediu que ambos ouvissem o som forte dos passos no corredor, quando perceberam era tarde demais. A porta arrombada com o chute do Sr. Kishomoto bateu com força na parede e quase foi arrancada. O barulho assustou-os fazendo-os olhar para trás. O terror estampou-se no rosto de Hotohori e Nakago ficou ultravermelho.

O pai de Hotohori estava chocado. Nunca esperaria isso, encontrar o filho na cama com outro homem. Teria preferido a morte a ver essa cena. Desviou o olhar e disse calmamente.

- Vista-se, Hotohori. – mandou. – Conversaremos em casa.

Hotohori era só terror. Lembrava-se de ter ouvido seu pai comentando "Prefiro a morte a ter um filho viado", o que faria agora? Tremia da cabeça aos pés. Queria se agarrar a Nakago e pedir proteção para ele. Não podia ir para casa, o pai iria matá-lo. Hesitou em levantar-se, mas estremeceu com o grito do pai mandando andar depressa. Chorava copiosamente, enquanto o pai, arrastava-o pelo braço. Ele o apertava com tanta força que Hotohori pensou que isso não era nada comparado ao que o esperava em casa.

Nakago vestiu uma calça rapidamente e passou correndo pelos pais, sem dar atenção ao rubor nos rostos deles.

- Tio, por favor... – calou ao levar um soco de Fusaka.

- Não me chame de tio, moleque. – gritou furioso, ainda apertando o braço do filho.

- Deixe-o em paz, pai. – gritou Hotohori desesperado e chorando mais ainda, mas levou um tapa do pai em resposta.

- Cale-se, seu viado. – gritou Fusaka e virou-se para Nakago ainda caído no chão por causa do soco. - Nunca mais chegue perto de minha casa ou desse aqui, entendeu. Você vai pagar por isso.

Jogou Hotohori no banco traseiro do carro e partiu em alta velocidade deixando para trás um cheiro de pneu queimado.

Cap. 6: A Surra

O senhor Kishomoto chegou em casa arrastando Hotohori, que chorava sem parar para horror de sua mãe.

- Fusaka o que houve, por que Hotohori está chorando desse jeito? – perguntou, enquanto o marido puxava o filho em direção ao quarto.

- O que houve? – repitiu, virando-se para a mulher. – A resposta Naoko, é que eu peguei esse viado miserável na cama com aquele outro lá.

A mulher não parecia tão surpresa quanto ele.

- O que você pretende fazer? – perguntou a mulher calmamente.

Ele pareceu não ter gostado da calma da mulher e ficou ainda mais furioso, parou para olhá-la.

- Eu vou dar uma surra nele, para ensiná-lo a ser macho. – respondeu dando as costas para a esposa.

A senhora Kishomoto correu atrás do marido e tentou fazer com que ele soltasse Hotohori, mas levou um empurrão dele. Levantou-se, mas não consegui impedir que ele trancasse a porta do quarto de Hotohori.

Fusaka jogou Hotohori na cama e desabotoou cinto. Hotohori encolhe-se na cama, aterrorizado com a perspectiva de levar uma surra do pai. Fusaka não era velho, muito pelo contrario, orgulhava-se de aos 53 anos estar tão em forma quanto um garoto de vinte, praticar musculação pelo menos três vezes na semana, além de caminhar toda manhã. Hotohori imaginou o peso de sua mão, o pai nunca lhe levantara a mão, mas se ele consegui derrubar Nakago, o que não faria com ele?

Gritou quando o cinto atingiu suas pernas na primeira vez, e outra e mais outra. Depois de algum tempo, seu corpo estava tão dolorido que ele não tinha mais forças nem mesmo para chorar, apenas soluçava e sentia a dor quando o cinto de couro tocava-lhe o corpo e até mesmo seu rosto, que não tinha mais força para proteger. Ouvia os gemidos do pai e via na parede a sombra de eu braço subir e descer em direção a ele. Conseguia ouvi também os gritos da mãe e as batidas dela na porta. O pai xingava-o e gritava que ele seria macho depois dessa surra. Agarrou-o pelo cabelo e desferiu um soco em seu rosto, sentia o pai chutá-lo e joga-lo na cama mais uma vez dando-lhe cinturadas. De repente não ouvi mais nada e tudo voltou a ficar escuro.

Quando abriu os olhos viu a mãe chorando, ela segurava sua mão. Mas onde estava sua mão?

- Graças a Deus, Hotohori. – disse ela. – Pensei que ele lhe tinha matado. Você ficou três dias desacordado.

Três dias? Onde ele estava? Ah sim. Era seu quarto ali, mas por que não o levaram para o hospital? Foi melhor assim, devia estar horrível e não ia querer que ninguém lhe visse daquele jeito. Não podia falar. Queria tocar seu rosto, sua boca. Será que faltava algum dente? Pelos socos do pai, seus olhos deveriam ter ficado roxos e inchados. Não conseguia mover um músculo sequer, e caiu num sono profundo.

Voltou a si mais dois dias depois, à noite. A mãe ainda estava a seu lado e agora ele já conseguia mexer-se.

- Mamã, pode trazer-me um espelho? – foi seu primeiro pedido.

A mãe chorou ao ouvir as primeiras palavras do filho em cinco dias.

- Hotohori, é melhor não. – respondeu engolindo as lágrimas.

Ele suspirou.

- Estou tão mal assim? – perguntou. – Mesmo assim, traga-me o espelho, mamã. Eu preciso me ver.

Hotohori chorou ao ver sua imagem. Seus lábios tinham um corte quase sarado e ao redor de seus olhos havia manchas roxas, mas o rosto não estava mais inchado, seu tórax estava enfaixado e havia marcas vermelhas em seu pescoço, assim como em seus braços e pernas.

- Desculpe, por não puder ter impedido, meu filho. Eu sou só uma mulher. Não poderia lutar com seu pai.

- Seu sei, mamã. – disse suspirando. - O que ele fez comigo?

Ele bateu em você até que desmaiasse. O médico disse que ele lhe quebrou uma costela, fora os hematomas que você ainda carregará por algum tempo.

- Mamã, você me odeia por eu ser gay? – perguntou Hotohori tristemente.

- Oh! Claro que não, meu filho. – respondeu a mãe voltando a chorar. – Eu o amo como você é. Independente de você ser gay ou não, eu o amo acima de tudo, meu filhinho.

- Você já sabia, não mamã? – tornou.

- Desconfiava. – respondeu. – Não tinha certeza, pensava até que estava imaginando coisas. Mas você e Nakago, não pareciam ser apenas amigos.

- Nakago? Onde ele está, mamã? Ele me ligou?

- Seu pai proibiu qualquer Nakarashi de manter contato conosco. – respondeu também triste. – Ele não me deixa chegar perto do telefone e proibiu os empregados de atender qualquer chamada da casa dos Nakarashi. Não sei dele, meu filho. Uma pena, ele é um bom rapaz.

- É sim, mamã. Ele se preocupa muito comigo. – De repente o terror dominou-o mais uma vez. Lembrou-se da ameaça que seu pai fez a Nakago quando deixaram sua casa. Será que ele seria capaz?

Cap. 7: No Hospital

Oito, foram o total de dias que Hotohori ficou em casa, ou melhor, em seu quarto. Seu pai viajava e ele aproveitando a oportunidade, foi à casa dos Nakarashi. Foi informado no portão que não havia ninguém em casa e tremeu quando o segurança lhe disse que estavam todos no hospital. Partiu imediatamente, sem esperar o homem dizer quem estava internado. Tinha certeza que era Nakago.

Foi recebido pelo irmão mais novo de Nakago. Tasuki era um ano mais velho que Hotohori, tão loiro quanto o irmão, era totalmente diferente dele. Hotohori o detestava desde criança, pois sempre implicara com ele, chamando-o de mulherzinha e coisas piores. Desconfiava que Tasuki não era tão hetero quanto demonstrava e que na verdade queria era tê-lo na cama ao menos uma vez, é claro que nunca insinuou isso, pois sabia que Tasuki não hesitaria em parti-lhe a cara. Ele não era nem um pingo delicado.

Tasuki fez uma cara de desagrado ao ver o namorado do irmão. Não era por ele ser gay, mas por ele ser ele. Também detestava Hotohori, achava-o mimado demais e sempre desconfiou que ele enganava o irmão, mesmo quando isso não era verdade. Foi ríspido como sempre com Hotohori.

- O que você esta fazendo aqui?

- Nakago? – perguntou hesitante. Sua vista embarçou-se com as lágrimas, quando viu Tasuki fechar os olhos e suspirar. – Meu Deus, o que fizeram com ele?

- Onde você esteve? – perguntou com raiva. – Tudo o que Nakago pergunta quando acorda é onde você está. Ele até chora, pois pensa que está morto e agente está escondendo isso dele.

- Papai me deu uma surra. Fiquei sem poder me levantar por seis dias. – disse limpando o rosto. – Só estou aqui por que ele viajou e mamã brigou com o segurança, porque papai me proibiu de sair de casa.

- Sinto muito. – disse e seu sentimento era verdadeiro. – Seu pai é um desgraçado. Por que ele fez isso?

- Não sei. Mas o que aconteceu com Nakago?

- Há quatro dias, ele foi emboscado por uns caras. – explicou. – Bateram nele até quase matá-lo. Desconfio que era essa a intenção. Mas a polícia passava pelo local e os homens fugiram. Eram mais de cinco pelo que disseram. Desgraçados. – xingou esmurrando a mão.

- Papai mandou fazer isso. – murmurou quase para si mesmo, baixando a cabeça.

- Eu também acho isso óbvio e papai também. Mas ninguém vai acusá-lo sem provas. – ele olhou para Hotohori. Por mais que o detestasse, tinha pena dele agora, parecia tão abatido e reparando bem, conseguia ver marcas em seu pescoço que a camisa de gola alta deixava escapar. Decidiu deixar a antipatia de lado, pelo menos por enquanto. – Você quer vê-lo?

- Mas é claro. – Hotohori respondeu excitado.

O senhor Nakarashi abraçava a mulher, que tinha olheiras profundas e os olhos marejados.

- Hotohori? – disse o pai de Nakago surpreso ao vê-lo. – Que bom que você apareceu. Nakago ficará contente em saber que você está aqui. – abraçou Hotohori, que recuou quando ele apertou sua costela. – Está machucado? Seu pai te bateu, não foi? Aquele homem é um cabeça dura desde criança.

- Como ele está? – perguntou apontando Nakago com a cabeça, sem ter coragem de olhá-lo.

- Escoriações, traumatismos e várias fraturas por todo o corpo.Três costelas quebradas, fratura exposta no braço direito. Hum... ele não está muito bem agora, mais vai ficar.

Hotohori olhou assustado para a porta. Um homem moreno, alto com aparência de atleta, todo vestido de branco havia acabado de entrar no quarto. O médico sorriu.

- Ele é bem forte, se fosse você ficaria um mês sem poder mexer um músculo.

Essa observação fez Hotohori corar. Nakago reclamava que ele não comia direito e costumava brincar que a qualquer momento ele seria levado pelo vento.

- Sou o doutor Mitsukake. – apresentou-se estendendo a mão para Hotohori, que a apertou de leve. – Você deve ser o Hotohori. Nakago sempre pergunta por você, sabia.

Hotohori balançou a cabeça.

- Ele parece gostar muito de você. – disse examinando Nakago. – Espero que faça por merecer todo esse amor. Com licença agora, ele já está bem melhor.

"Espero que faça por merecer todo esse amor." Esse pensamento ecoou pela mente de Hotohori. Quem era ele para falar alguma coisa? O que ele sabia de sua vida? Não tinha o direito de deixa-lo tão perturbado assim. Tudo ficou escuro a sua volta.

- Você está bem? – perguntou o doutor Mitsukake. – Desmaiou logo que deixei o quarto de seu namorado.

- Nakago! Ele vai ficar bom? – perguntou, distraído.

- Eu não disse que ele ficaria? Acha que estou mentindo?

- Não, doutor. – retorquiu Hotohori. – Só queria ter certeza que não estava sonhando.

Levantou-se da cama.

- Obrigado doutor. – disse ao se retirar do quarto.

Foi abraçado pela mãe de Nakago, que tomava o cuidado de não apertá-lo quando entrou novamente no quarto.

- Filho, estávamos preocupados. Você tem comido direito? – perguntou no tom carinhoso usado pelas mães. – O médico disse que você estar com anemia.

- Estive de cama, tia. – explicou. – Não me alimentei direito nos últimos oito dias. "E nem nos dias anteriores." Mas não expressou verbalmente esse último pensamento. Não queria deixar ninguém ainda mais preocupado.

Foi até a cama de Nakago. Não usava mais o respirador de quando ele entrava pela primeira vez. Seu rosto estava manchado de roxo e vermelho em quase todos os lugares. O corpo também estava enfaixado, assim como parte as pernas e o braço esquerdo, o direito estava engessado. Uma visão horrorosa. Hotohori chorou baixinho, escondendo o rosto nas mãos. Por que seu pai teve de fazer isso? Seria mesmo capaz de mandar matar Nakago? "Sim, ele seria. " , pensou.

- Hotohori? – murmurou Nakago, fazendo Hotohori levantar a cabeça ligeiro, e os pais dele se voltarem.

- Nakago, meu amor, você está acordado? – perguntou Hotohori espantado.

- Hotohori, ainda bem. Pensei que seu pai o tinha matado. – Nakago dormiu de novo, fazendo Hotohori cair em prantos novamente.

- Tudo bem, Hotohori. Ele está assim mesmo. – disse Mihaku Nakarashi.- Dorme e acorda o tempo todo.

Continua...