Parte 4
Cap. 1: Decisões
Hotohori passou o resto da semana indo e voltando para o hospital, passava o dia e muitas vezes a noite com Nakago. Decidiu esquecer Tamahome de uma vez por todas. Nakago se preocupava tanto com ele, enquanto Tamahome só fazia deixa-lo confuso e maltratá-lo, não dava valor nenhum a seus sentimentos. Então no domingo de noite seu pai chegou. Hotohori ia correr para o quarto, mas o pai mandou que ele voltasse.
- Onde esteve a semana toda? Eu liguei para cá e me disseram que você saiu. Quem passou por cima de minhas ordens?
- Fui eu Fusaka. – respondeu Naoko. Hotohori correu para os braços da mãe. – Não deixaria Hotohori preso aqui.
Fusaka sorriu.
- Esteve com aquele lá? Soube que ele está no hospital.
- É claro que você sabe. Foi você quem o mandou para lá, não foi? – gritou Hotohori com raiva, afundando nos braços da mãe quando o pai levantou a mão para bater nele.
- Dobre a sua língua, menino. Eu ainda sou seu pai. – acalmou-se e anunciou. - Vejo que está melhor. Amanhã mesmo nos vamos a uma academia. Você vai lutar kickboxing.
O queixo de Hotohori caiu. O que o pai estava pensando? Aquele esporte de bárbaros não combinava com ele.
- Você ficou louco? – disse irônico. – Eu sou muito delicado para lutar kickboxing. Nakago as vezes sai machucado de uma luta, imagine o que aconteceria comigo.
- Justamente por isso que você vai fazer. – replicou. – Não quero um filho delicado, você vai aprender a ser homem. E não fale o nome daquele viado em minha frente.
- Se kickboxing fizesse as pessoas trocarem de opção sexual, Nakago não seria meu namorado, papai. – acrescentou Hotohori desafiador.
- Já mandei não falar o nome dele em minha casa. – gritou Fusaka.
- Se for por isso, eu saio de sua casa, papai. – gritou Hotohori de volta, enquanto o pai subia as escadas, mas ele não respondeu.
Cap. 2: Surpresa
Na segunda-feira, voltou para a faculdade. Quase não consegui se concentrar nas aulas. Sua mente voava o tempo todo para o hospital e ansiava pelo fim da tarde quando iria para lá encontrar Nakago. Ficou surpreso quando viu o pai o esperando na porta da faculdade.
- O que está fazendo aqui?
- Entre no carro agora. – mandou o pai.
- E se eu não quiser? – desafiou Hotohori.
O Sr. Kishomoto abriu a porta do carro.
- Eu o obrigarei.
Hotohori engoliu em seco e entrou no carro. Sentiu um calafrio percorre-lhe o corpo ao ouvir os gemidos dos freqüentadores da academia "DRAGÃO INVENCÍVEL". Onde já ouvira esse nome? Lembrou, essa era rival da academia de Nakago: "FÚRIA DO TIGRE ".
- Por que aqui? – perguntou virando-se para o pai.
- Aquele outro bicha freqüenta uma academia rival a essa. – explicou, puxando Hotohori pelo braço. - Assim ele não vai querer mais olhar para sua cara. Eu já vim aqui e já acertei tudo, você começa amanhã.
- Isso é absurdo... -calou-se. Outro calafrio atravessou-lhe a espinha e seu coração disparou. Por que logo agora?
Tamahome vinha caminhando sorridente. E estendeu a mão para cumprimentar o pai de Hotohori.
- Boa noite, senhor Kishomoto. - disse sorrindo. - Me chamo Tamahome e serei o professor de Hotohori. - virou-se para Hotohori. - Como vai, Hotohori?
O senhor Kishomoto sorriu satisfeito e Hotohori queria morrer. Por que Tamahome tinha que aparecer em sua vida agora, que estava decidido a esquecê-lo? Mas que droga!
- Suas aulas serão terça, quinta, e sábado, das sete ás oito e meia da noite. Te espero aqui amanhã.
Hotohori teve vontade de pular em cima de Tamahome. Como ele podia ser tão calmo e lhe falar com tanta indiferença? Maldito seja ele. O que pretendia com isso?
- Quantos alunos iniciarão as aulas. – perguntou o Sr. Kishomoto.
- Sete. Três mulheres e quatro homens, com Hotohori. – informou.
- Ótimo. Assim você pode conhecer algumas garotas – disse o pai de Hotohori. – Por que você não vai conhecer as instalações, Hotohori? Eu irei beber alguma coisa.
Hotohori ia contestar, mas ao ver o sorriso de Tamahome, engoliu a reclamação e acompanhou-o.
- Tem mesmo mulheres na aula? – perguntou com cara de nojo, quando caminhavam pela academia.
- É claro que tem, você acha que eu iria mentir? – respondeu serio e sorriu. – Duas lésbicas e a outra parece gostar de homens mais velhos, não do seu tipo.
Hotohori sorriu. Mas a culpa caiu sobre seus ombros e ele fechou a cara.
Cap. 3: As Aulas
Na noite seguinte, Hotohori tremia com a perspectiva de ficar a sós com Tamahome, mas seu pai interpretou isso como o medo das aulas. Levou-o pessoalmente na academia e ficou, com a permissão de Tamahome, para assisti a primeira aula.
Ficou satisfeito ao ver Hotohori ofegante e cansado no fim das aulas e na quinta deixou-o sozinho.
Hotohori deu um tapa em Tamahome, quando este beijou seu pescoço pelas costas.
- Com esse tapinha, você não mata nem mosca. – disse mordaz.
- Pare com isso Tamahome. Não se aproxime de mim, desse jeito. Nakago ainda está no hospital.
Tamahome levantou os braços em gesto de quem se rende e saiu.
Durante as aulas. Fazia de tudo para encostar-se a Hotohori, fungar em seu pescoço, tocar em sua mão ou seu ombro. Hotohori se controlava para não gritar ou agarrar Tamahome e beijá-lo. Forçava a imagem de Nakago vir a sua mente e sorria sempre que pensava no namorado, tão gentil e tão simpático, diferente do grosso e insensível que era Tamahome. Tamahome ignorou-o nas aulas seguintes e tratava-o apenas como mais um aluno.
Hotohori sofria com essa indiferença, chorava, mas achava que era melhor assim. Deveria esquecê-lo, por ele e por Nakago que não merecia ser tão descaradamente traído. Sim iria esquecê-lo.
Cap. 4: Juras de Amor
Nakago deixou o hospital depois de quase três semanas internado. Hotohori estava a seu lado o tempo todo, ajudando-o no que precisava e sempre dando beijinhos carinhosos em sus rosto, sobre os olhares cuidadosos da família Nakarashi.
Aproveitando mais uma vez que o pai estava fora. Ficou na casa de Nakago, seus pais não se importavam que ficasse no mesmo quarto, o que poderia ser feito, se não aceitar o fato de que eram namorados?
- Obrigado, meu amor. – disse Nakago, alisando os cabelos de Hotohori, deitado na cama ao seu lado. Obrigado, por se preocupar comigo.
- Bobo, é claro que eu me preocupo com você. – disse acariciando o rosto de Nakago e dando um beijo leve em sua boca. - Você é meu amorzinho.
- Eu te amo, sabia? Te amo tanto, Hotohori.
- Sei, sei sim. – respondeu beijando Nakago. As lágrimas corriam por seu rosto e misturava-se ao gosto do beijo do namorado.
- Vou amá-lo para sempre. – continuou. – E mesmo quando você não me amar mais, eu continuarei te amando.
- Não diga bobagens. Eu sempre te amarei. – disse com as lagrimas descendo. - Mesmo quando não formos mais namorados, eu ainda te amarei.
Nakago limpou as lágrimas de Hotohori e beijou-o com vontade. Os dois dormiram abraçados.
Cap. 5: Rivais apenas no ringue?
Quando Nakago voltou para a faculdade, Hotohori era todo cuidados. Preocupava-se minuto a minuto com os colegas que vinham cumprimentar Nakago, pois em geral, eles vinham dando-lhe tapinhas nas costas ou apertando-lhe a mão com força, então todos que chegavam perto eram avisados para não fazer isso, pelo menos não com muita força, pois Nakago ainda estava recuperando-se.
- Sabe que papai me obrigou a fazer uma academia, não sabe? – perguntou hotohori, quando estavam sozinhos no pátio.
Nakago balançou a cabeça positivamente.
- E sabe onde ele me matriculou?
Novamente Nakago respondeu acenando a cabeça.
- E você não vai ficar bravo? – perguntou Hotohori um pouco espantado. E sorriu ao ver o namorado fazer o mesmo.
- Por que eu ficaria bravo com você, meu amor? – respondeu docemente. – A culpa não é sua, e sim do cabeça dura do seu pai. – Nakago puxou-o devagar para junto de si e beijou-o. – Não consigo imaginar, meu amorzinho, tão delicado fazendo kickboxing.
Hotohori levanta-se e cruza os braços.
- Tamahome me chama de "boneca de porcelana". – disse parecendo contrariado.
Nakago arqueou as sombracelhas.
- Tamahome? Tamahome Sanokino?
- Sim. Você o conhece? – perguntou Hotohori atônito.
- Se o conheço? É claro. Pode-se dizer que somos rivais no ringue. Não tenho nada contra ele pessoalmente, mas... – disse, esmurrando as mãos. – Como eu não liguei as coisas a "Dragão Invencível" é a academia do Sanokino. – Virou-se para Hotohori. – Ele sabe que você á meu namorado?
Hotohori confirmou com a cabeça. Nakago levantou-se e abraçou-o por trás.
- Ele não deu em cima de você? – perguntou.
- Mas é claro que não. – Hotohori soltou-se do abraço e virou-se para Nakago parecendo ofendido. – Eu não lhe dei essa ousadia.
Nakago sorriu e tomou-o nos braços novamente, dando um beijo em seu rosto.
- Eu sei, amor. Eu só disse isso por que ele pode usá-lo para me provocar, entende? - Nakago beijou-o.
"Então é por isso que Tamahome esconde-se toda vez que vê Nakago. Não queria que seu adversário o visse como um simples servente" e arrependeu-se de ter pensado nele.
Cap. 6: Abandonado
Mais de dois meses se passaram desde que Hotohori entrara para academia de kickboxing, o pai ia vez ou outra, a academia ver o desempenho do filho, mas ficava decepcionado ao ver que nada mudara muito.
Tamahome estava frio em relação a Hotohori, abordava-o apenas como mais um aluno. Hotohori o estava tratando com a mesma frieza, mas no fundo seu coração ardia de desejo, que ele constantemente tentava reprimir. Nakago não ousava entrar na academia rival, o esperava na porta depois das aulas e se despedia ali mesmo, porque o motorista da família iria buscar Hotohori. O Sr. Kishomoto parecia estar começando a admitir que não conseguiria mudar a opção sexual do filho e meio que permitiu que Nakago fosse buscar Hotohori para levar para a faculdade como sempre fez, mas ainda não permitia a entrada dele em casa e Nakago tinha que espera-lo do lado de fora do portão.
Nesse dia, Hotohori disse ao pai que dormiria na casa de Nakago e depois de gritar e dizer que não permitiria isso, foi convencido pela birra do filho e a insistência da esposa que nada do que ele fizesse, obrigaria Hotohori a virar heterossexual. Então acabou admitindo também o fim da proibição de manter-se contato com a família Nakarashi e deixou que Nakago e o resto da família voltassem a freqüentar a casa Kishomoto.
Hotohori estava tão ansioso para contar as novidades ao namorado que acabou esquecendo de pedir ao motorista para buscá-lo na academia. Também não informou nada a Nakago e quando ligou para ele seu celular estava desligado e lembrou-se que não sabia o número da cada dele, que mudara há alguns dias.
O pânico começou a dominá-lo quando viu a academia esvaziar-se e ninguém aparecer para buscá-lo. Para piorar ninguém atendia em sua casa e logo depois seu celular descarregou. O que faria agora? Seu coração deu um salto quando viu Tamahome, que se espantou ao ver Hotohori ali, sendo que já passava das nove da noite.
- O que esta fazendo ainda aqui? – indagou.
Hotohori corou e respondei timidamente.
- Ninguém veio me buscar ainda.
- E por que você não vai apara casa. – retrucou.
- Eu não sei ir para casa sozinho. – respondeu corando mais ainda. Queria morrer naquela hora. Tamahome iria achá-lo um bobo, um menininho. Como que com quase 19 anos não sabia ir para casa sozinho?
- Por que não ligou para sua casa? Seu namorado? Ou pegou um táxi? – quis saber Tamahome estranhando a resposta.
- Papai não me deixou dinheiro, o telefone de Nakago está desligado e em casa ninguém atende. – explicou de cabeça baixa, tentando disfarçar a vergonha que sentia. – Também não sei o número novo da casa de Nakago.
Alguém gritou o nome de Tamahome e ele suspira.
- É melhor você ficar aí esperando. – disse em tom paternal para Hotohori. – Certamente alguém virá te buscar.
Mas todos foram embora e ninguém apareceu para pegá-lo. Hotohori chorava baixinho, sentado sozinho na sombria sala da recepção. Pensou que todos esqueceram dele. E Tamahome onde estava? Não o vira sair será que ainda estava lá dentro? Levantou-se e ia entrar no salão de aulas, mas a escuridão que estava lá dentro, agora que as luzes estavam apagadas, o amedrontou e ele voltou chorando para onde estava sentado. Estava aterrorizado, Tamahome tinha o dito que a academia não abriria nesse domingo, será que ele ficaria ali sozinho até a segunda de manhã? Chorou mais ainda. Por que ninguém lembrava dele? Por que nem mesmo Nakago fora buscá-lo. Lembrou-se mais uma vez que não avisara ao namorado que iria para lá, de modo que ele não podia adivinhar.
Hotohori ouviu barulhos de passos. Pensou em correr e esconder-se em algum lugar ali. Atrás do balcão, quem sabe? Mas não levantou do lugar. Tudo o que fez foi se encolher na cadeira escondendo o rosto com os joelhos e continuar chorando baixinho.
- Não acredito que ainda esteja aqui, Hotohori. – disse Tamahome, sorrindo.
Uma sensação de alivio percorreu o corpo de Hotohori e ele se atirou nos braços de Tamahome, chorando.
- Tamahome... ainda bem que é você. – disse entre soluços. – Fiquei com medo de ser um daqueles... brutamontes... fiquei com muito medo de ficar aqui sozinho.
Soluçou mais um pouco enquanto enxugava as lágrimas. Estava tão assustado que nem vergonha sentia de chorar desse jeito na frente de Tamahome. Olhou para ele.
- Você me leva para casa? – perguntou esperançoso.
Tamahome consultou o relógio e balançou negativamente a cabeça, o que chocou Hotohori.
- Não há ônibus para lá essa hora. – afirmou. – O último passa as 10: 05, e já são 10:15.
- Então você vai me deixar aqui? – indagou Hotohori espantado.
- Claro que não. Vou levá-lo para minha casa. – Tamahome disse isso com tanta calma, que Hotohori nem mesmo questionou. Baixou e balançou a cabeça concordando.
Nunca em sua vida, Hotohori havia entrado num ônibus, estranhou o veículo e os assentos duros, típico dos carros antigos que as empresas faziam circular depois das dez da noite. Tamahome pagou sua passagem e o fez sentar no banco de trás do ônibus e sentou-se ao seu lado. Hotohori estava morrendo de sono e quase sem perceber encostou a cabeça no ombro de seu acompanhante.
Tamahome sentiu um impulso de abraça-lo e beija-lo dizendo que estava tudo bem, mas se conteve, se Hotohori não queria, ele não iria forçar nada. Sabia da força de atração que existia entre os dois e o esforço enorme que ambos faziam apara resistir a isso. Mas não se descontrolaria justamente ali dentro do ônibus. Sacudiu Hotohori de leve quando se aproximavam do ponto em que saltariam.
Hotohori sentiu o rosto arder quando Tamahome o segurou pela cintura, pois quase caiu após uma brusca freada do motorista.
- Fodam bastante por mim, hein! – gritou o motorista quando os dois desceram do ônibus. Hotohori nem olhou para Tamahome de vergonha.
Hotohori, sempre junto de Tamahome, observava atentamente o local por onde andavam. As casas eram todas coladas umas nas outras, com apenas um andar ou eram um sobrado. As construções raramente variavam, ao contrário das cores que apesar de não poder diferenciá-las muito bem, sabia que eram várias pela tonalidade que adquiriam com as luzes fracas dos postes de iluminação. O espaço da rua era o bastante para passar um carro de cada vez, o asfalto era bem negro e liso, parecia ter sido colocado recentemente. A maior parte das casas tinham as luzes apagadas àquela hora, passavam das onze da noite.
Tamahome parou em frente a uma casa verde de dois andares, com portas e janelas gradeadas na parte de baixo. Em cima havia uma varanda também rodeada de grades. Tudo pintada de um verde muito escuro. Hotohori achava tudo muito estranho, mas nada disse, continuou sério e calado.
- Nuriko, sou eu. Abra a porta. – pediu batendo com força na porta pela grade.
Uma moça de longos cabelos negros e soltos, vestida com uma camisola comprida e cor de rosa bem claro, abriu a porta com uma cara de sono. Bocejou e arregalou os olhos quando Tamahome pôs Hotohori para dentro de casa.
- Hotohori, essa é Nuriko, minha irmã. – apresentou Tamahome.
Nuriko puxou Tamahome para um canto.
- O que ele tá fazendo aqui. Quer ser acusado de sequestro? – perguntou baixinho, visivelmente irritada.
- Se eu for acusado, não será em vão, não é mesmo? – resmungou Tamahome. – Ninguém apareceu para buscá-lo e não tinha como levá-lo para casa a essa hora.
Nuriko suspirou e sorriu para Hotohori que estava um pouco assustado, ele corou. Já a vira uma vez, na faculdade, lembrava-se de ela estar abraçando Tamahome.
- Desculpe se eu incomodo.
- Não é isso, Hotohori. – disse Nuriko segurando em seus ombros, tinham praticamente a mesma altura e seus olhos ficavam bem de frente um par o outro. – É que sua família pode ficar preocupada. Bom, mas agora não tem mais jeito mesmo.
- Você vai dormir com Nuriko, está bem? – disse Tamahome, entrando num outro cômodo. – Ela vai cuidar de você por essa noite.
Observou Tamahome desaparecer por detrás da porta. Só o veria na manhã seguinte. Baixou os olhos ao ver que Nuriko sorria para ele.
- Você quer tomar um banho? – perguntou com a voz de uma mãe cuidadosa, enquanto conduzia Hotohori para o quarto.
Era um típico quarto de garota, rosa com bichos de pelúcia em prateleiras na parede. Nuriko foi até o guarda-roupa e retirou um pijama e um lençol. Havia também no quarto uma cômoda-penteadeira, com um grande espelho e perfumes, batons e outros trecos femininos espalhados por cima, mas tudo bem organizado. Uma cadeira num canto e uma grande cama de casal completavam os móveis do quarto.
- Não vai se incomodar se agente dividir a cama, não é? – perguntou Nuriko sorrindo, entregou o pijama para Hotohori. – Deve servir. Temos o mesmo tamanho parece.
Hotohori balançou a cabeça positivamente e pegou o pijama e Nuriko pôs o lençol em cima da cama e deixou o quarto enquanto ele trocava de roupa. Voltou em seguida e deitou-se, mas Hotohori continuou de pé.
- Vai dormir de pé? Não seja tão tímido, deite-se. – Virou-se para o lado e dormiu logo depois.
Timidamente Hotohori deitou-se na cama e como estava morrendo de sono fechou os olhos e segundos depois estava dormindo.
Cap. 7: Voltando para Casa
Na manhã seguinte, quando acordou Nuriko não estava ali e Hotohori levantou-se assustado pensando já ser tarde. Precisava ir para casa. Vestiu as roupas e se ligou que nem sabia onde estava. Como iria para casa? Hotohori deu uma olhada na sala. Uma raque pequena comportada a TV de 20 polegadas, um mini-system e um vídeo cassete, um vaso com flores artificiais e alguns bibelôs completavam os espaços, havia ainda um conjunto de sofás com uma mesa no centro na sala. Ouvi movimentos num outro cômodo e foi até lá.
Encontrou Nuriko na cozinha, sozinha botava a mesa do café da manhã.
- Bom dia, Hotohori! – cumprimentou-o sorrindo. Percebeu que Hotohori procurava Tamahome. – ele está tomando um banho. Virá logo. Sente-se para tomar café conosco. Você prefere café ou suco?
Hotohori corou. Era tão perceptível sua procura por Tamahome?
- Obrigada Nuriko, mas não tenho fome. – respondeu, mas sentou-se.
- Bom dia! – a voz grave de Tamahome, fez o coração de Hotohori disparar. Ele beijou a irmã e sentou-se à mesa. – Estou faminto.
- Você sempre acorda com fome, Tamahome. – comentou Nuriko, pondo café na xícara do irmão. Serviu depois um copo de suco para Hotohori. – Pelo menos um suco você tem que beber.
Hotohori provou o suco e largou-o na mesa. Tamahome que devorara praticamente tudo que tinha na mesa percebera que ele não tocara em mais nada e só bebera um pouco do suco, mas nada comentou.
Tamahome beijou Nuriko e saiu levando um tímido Hotohori consigo. Era estranho, nunca o vira desse jeito, talvez estivesse com vergonha, pensou e deu de ombros ignorando. Pegou um ônibus e saltou um pouco longe da casa de Hotohori, os ônibus não entravam no bairro de classe média alta em que os ricos moravam, foram caminhando calados durante todo o percurso. E ao avistar a casa de Nakago, Tamahome parou.
- É melhor você ir sozinho daqui em diante. – disse sério.
- Obrigada Tamahome. – disse e virou-se caminhando sozinho. Do portão da casa de Nakago, olhou para trás e viu quando Tamahome se pôs a caminhar ao mesmo tempo em que ouviu o namorado gritar seu nome.
Nakago o abraçou forte, beijando descontroladamente todo o seu rosto.
- Meu amor, onde esteve? – perguntou preocupado. – Liguei para sua casa ontem à noite e disseram que você vinha para cá, eu nem dormi preocupado, sabia? Por que você não me ligou?
Hotohori o abraçou e chorou baixinho, explicando o porque não conseguia ligar ou voltou para casa. Estava feliz por está num lugar que conhecia, e triste por não estar perto de Tamahome. Sentiu nojo de si mesmo por estar novamente abraçando Nakago e pensando em Tamahome.
- Onde dormiu?
- Na casa de Tamahome. – disse e ao ver a cara do namorado apressou-s em explicar. – Dormi com a irmã dele, não precisa se preocupar.
Nakago franziu as sombracelhas e suspirou.
- Está tudo bem agora. – disse abraçando-o mais forte. – Vamos entrar, deve estar com fome.
- Não estou. Comi na casa deles. – mentiu e Nakago balançou a cabeça.
Foi abraçado pelos pais de Nakago e estremeceu ao olhar de Tasuki. Ás vezes tinha a impressão de que ele podia ler pensamentos e puxou Nakago para o quarto, fugindo do olhar do cunhado.
Continua...
