CAPÍTULO 1: Doente

-Não... Ele estava... No chuveiro...

-Mas então por que você demorou tanto para sair do quarto?

-Er... Mas eu não demorei para sair!

-Demorou sim. Se você não reparou, eu vim para cá logo depois de você, te vi entrando e fiquei esperando, você sabe, em assuntos pessoais gente demais atrapalha. – Omi sorriu inocentemente.

-É... que... eu fiquei esperando do lado de fora, pra ver se Aya saía logo do banho, mas como tava demorando, acabei desistindo, e... cá estou!

-Bem, já que você perdeu sua paciência, deixa que eu o espero então – e entregou ao amigo a melhor expressão de enfado que tinha - ...Até mais, Yotan!

Devagarinho e silenciosamente Omi entrou no quarto de Aya. Vendo isso, Yohji sentiu-se um pouco desagradável, preferia que o chibi não fizesse aquilo... Mas não sabia definir o que estava sentindo, então deixou para lá. Enquanto isso, o loirinho sentia seu coração disparar por um sentimento que já havia reconhecido em si há muito tempo, mas cujo nome não ousava pronunciar nem em seus pensamentos. Ouviu o barulho do chuveiro e viu a porta entreaberta. O tapete estava amassado na frente da porta, denunciando que Yohji estivera ali durante algum tempo. Yohji, eu sabia que você faria algo do gênero... Porém Omi era um bom menino, e ele não gostava de ficar espiando pessoas tomando banho, afinal, também não gostaria de ser espiado. Logo, foi até a cama do ruivo e sentou na beirada, com os pés pendurados, os joelhos unidos comportadamente e as mãos sobre estes. Um anjinho, enfim. E ficou esperando, quietinho, sentadinho, ensaiando na cabeça as palavras, o diálogo, as expressões faciais que usaria, mesmo sabendo que quando os olhos violetas o encarassem ele esqueceria de tudo e acabaria dizendo bobagens. Era nessas horas que se sentia indefeso e... Infantil. Inferior. Não tinha controle sobre si mesmo, sobre seu coração. E o tempo passava, o barulho da água não, enfim, Aya estava num banho interminável! E de tanto esperar, Omittchi acabou adormecendo.

Quanto tempo passou? Acabei dormindo... Mas onde estou? Ah sim, no quarto de Aya, esperando... E cadê ele? Bem, está na hora de abrir os olhos e ver por que ele não sai da água.

E só quando abriu os olhos e despertou de verdade é que o loirinho percebeu que o barulho de água já havia cessado, e de que estava acomodado no centro da cama, coberto por um macio edredon e com um pano úmido na testa. E ali, ao seu lado, no ladinho mesmo, em carne e osso, estava ninguém mais ninguém menos que ele, seu líder, Aya! ...E tomando conta dele.

-Aya?

-...

-O que houve?

-Estou cuidando de você.

-Mas por quê?

-Você estava dormindo, e estava com febre.

-Sério?

-Parece que seu enjôo não foi um mero sintoma marítimo.

-E-estou doente? Não pode ser! Logo agora que consigo férias fico de cama!

O ruivo suspirou lentamente, a expressão vazia. Enfim disse suavemente:

-Não se preocupe, assim que estivermos em terra firme você poderá consultar um médico e com certeza ficará bem. ...Bom, vou buscar alguma coisa pra você comer.

-Mas... Mas...!

BLAM

Aya saiu do quarto, e Omi não conseguiu lhe fazer pergunta nenhuma. Enfim, seus planos fracassaram, não iria saber o que atormentava os pensamentos do ruivo. Seu único consolo era que o espadachim ao menos falara alguma coisa, o que não fazia há tempos...