Capítulo 5 – Você é um anjo?
Fomos dormir eram umas duas da manhã daquela segunda-feira por causa de uma violenta guerra de bombas de bosta no dormitório. Aquele cheiro ótimo ficou impregnado em nossos corpos, e vocês bem sabem, garotos charmosos e irresistíveis como nós não podemos sair por aí fedendo assim, perto de garotas, claro. Eu e Sirius tomamos uns sete banhos cada um. Não podíamos correr o risco... o dormitório, que era o de menos, nós limpamos rápido com alguns feitiços.
Acordei com o sol bem na minha cara. Obviamente o cachorro do Sirius não quis me socar hoje, então só abriu a cortina. Eu ODEIO quando ele faz isso. E o mais incrível é que ele só faz isso quando está de bom humor...
"Bom dia, Branca de Neve!", exclamou ele. Fiz uma careta e me escondi sob as cobertas.
"Acho que você quis dizer 'Bela Adormecida', Sirius. Você não sabe nada sobre contos trouxas, não é?", disse Remus, saindo do banheiro já vestido e enxugando os cabelos castanhos.
"Ah, não importa. Anda James! Qual é, meu irmão? Vai acordar ou não?", disse ele me sacudindo.
"Está bem! Já acordei", eu disse, me despindo para tomar a chuveirada gelada de sempre.
"Vocês não cansam de tomar banho, não?", ouvi Rabicho perguntar do quarto.
"É por isso que você não pega ninguém, cara. Você não aprende com os mestres aqui!", disse Sirius, rindo.
"Regra marota muito importante: sempre, sempre esteja o mais limpo e cheiroso possível. Nunca se sabe quando uma garota bonita pode aparecer", eu disse, desligando o chuveiro. (N/A: banho rápido, não?)
"Exatamente. O que é isso?!", ouvi Sirius gritar. Já tinha acabado o banho e voltei ao dormitório enrolado na toalha. Quando vi do que Sirius estava falando eu comecei a rir. Não, eu tive um ataque de risos. Hehehe... Ali estava Rabicho, vestido apenas com uma cuequinha cor de rosa com bolinhas roxas. Eu não agüentei...
"O que isso significa, Peter?", eu me esforcei pra perguntar. Minha barriga já doía de tanto rir. Hahahaha!!!!
"O que tem? O que há de errado? Meu cabelo?", perguntou Rabicho.
"Não seu MONTE DE BOSTA DE DRAGÃO. Quem foi que comprou essa cueca gay pra você?", perguntou Sirius rachando de rir.
"O que há de errado com minha cueca? Não é gay! Foi minha mãe que comprou. Ela disse que ia ficar uma gracinha...", ele disse, inocente.
"Uma gracinha BEM afeminada, eu diria", disse Remus. E eu só rindo... hehehe...
"Ah, não ficou tão ruim assim...".
"Não, que isso. Ficou RIDÍCULO!", eu disse, gargalhando.
"Esqueça a regra do banho: HOMEM QUE É HOMEM NÃO USA CUECA DE CORES AFEMINADAS, HOMEM QUE É HOMEM USA CUECA PRETA OU BRANCA, NO MÁXIMO AZUL! – Na verdade, homem que é homem usa cueca samba canção de seda preta, como eu, claro", disse Sirius.
"Cueca samba canção? Ah, isso pra mim não vinga", disse Remus, rindo também.
"E de seda preta ainda por cima?", perguntou Rabicho.
"Claro!", dissemos eu e Sirius em uníssono. "As mulheres amam. Já fiz uma pesquisa sobre isso", terminei.
"Samba canção não!", disse Rabicho.
"Usar cueca samba canção não quer dizer que ela tenha que ter corações pink, cara", eu disse. Meu ataque já tinha parado e eu já estava trocado, me olhando espelho penteando meu cabelo. Eu sei, é impossível ajeitá-lo, mas o que custa tentar?
"Vamos continuar com esse debate no caminho, se não vamos chegar atrasados de novo", disse Remus. Peguei meu material e descemos juntos para tomar café como sempre.
O resto dia foi normal, a não ser por outro ataque de risos que eu e Sirius tivemos quando Rabicho nos mostrou a sunga verde-limão que a mamãe dele comprou também, hehehe! Aí Sirius tinha que dar outra lição de como ser Maroto, lindo e sexy outra vez:
"Homem que é homem não vai a lugar nenhum; seja praia, piscina, lago, qualquer coisa; de sunga! Ainda mais uma verde-limão! Homem que é homem usa calção, bermuda! Tudo bem que as garotas babam com as minhas coxas musculosas a mostra, mas isso elas podem apreciar em outra ocasião, entendeu, cabeção?".
Às cinco da tarde fui para o meu treino de quadribol. Eu sou tão desatento que nem percebi que estava chovendo. E pra caramba. O treino foi duro, Susan nos fez ficar lá até às sete da noite voando com aquele vento frio batendo na cara. Ah, aquela garota me dá nos nervos! Justo porque eu tinha combinado de me encontrar com a Lauren às seis e meia, perto da biblioteca. Mas aí ferrou tudo.
Tomei um bom banho (outro) no vestiário e saí correndo pra ver se eu ainda podia reparar o furo que eu dei nela. Entrei no castelo, que por sinal estava bem quentinho e continuei correndo, em direção a biblioteca. Pensei bem. Ah, ela já vai estar bravinha comigo mesmo, pra que ir me cansar mais ainda com ela?
Dei meia volta e me deparei com Snape parado em pé, com os braços cruzados e com o sorriso de imbecil dele estampado na cara. Era tudo o que eu queria naquela hora... Eu não tinha idéia de onde estava me metendo.
Coloquei a mão no cabo da varinha, só pra garantir.
"Ranhoso. Bom te ver por aqui", eu disse, sério.
"Melhor ainda ver você aqui Potter", ele respondeu. Mas que abusado! Um cara com um nariz tão grande não tem direito de falar assim com um Maroto.
"Ora, ora. Olha quem está se metendo a esperto", eu disse.
"Você não sabe o quanto", ele respondeu. Ele estava confiante demais...
"O que você quer, seu tapado?".
"Eu?".
"Não, minha avó, panaca. Tem mais alguém aqui, por acaso?".
"Eu? Quero vingança, Potter. Vingança. E agora você não tem seus amiguinhos vis aqui pra te ajudar", ele disse. Eu fiz cara de nojo.
"Qual é, Seboso? Acha que eu não consigo te pôr de cabeça pra baixo, vomitando sem parar sozinho?", perguntei.
"Não, eu sei que você pode. Mas não com meus colegas aqui...", ele disse e cinco caras gigantescos apareceram atrás dele. Agora eu tô fodido, pensei. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Snape gritou "Expelliarmus!", minha varinha voou longe e um brutamontes gordão veio pra cima de mim e dei-lhe um chute no meio das pernas, ele ficou gemendo caído no chão, mas tinham mais quatro. Dois deles avançaram, dei um soco forte de direita em um deles, mas outros dois me pegaram pelos braços, enquanto o que estava reclamando do chute que eu dei me deu um murro no nariz. Senti o sangue escorrer.
Me levaram para uma sala qualquer a socos e pontapés e o imbecil do Snape murmurou um feitiço que amarrou meus braços e pernas em correntes grossas presas no teto e no chão. Eu não podia me defender de maneira alguma e os baleias que estavam a comando de Snape começaram a me espancar.
Quebraram meus óculos, me deram murros e mais murros no estômago e eu acho, que de raiva, o idiota que eu acertei primeiro me deu um chute entre as pernas também, pra se vingar.
"É só isso que sabem fazer? É só isso que você consegue fazer, Seboso? Nem com cinco caras me batendo você consegue me derrubar? Covarde", eu disse sorrindo, com esforço.
Snape abriu caminho entre os brutamontes e me deu um soco nas costelas. Não gemi e muito menos gritei. Meu orgulho sempre foi, é e será maior do que qualquer coisa. Bem talvez não maior que... bom deixa pra lá, isso não vem ao caso.
"Eu sei fazer isso também, Potter", ele disse, desdenhoso.
"Não doeu, panaca. Não sabe nem dar um soco!", respondi rindo, mas engasgando com o sangue na garganta. "Não tem coragem de me enfrentar sozinho e teve que chamar seus amantes? COVARDE".
E ele me deu outro chute entre as pernas. Esse doeu. O encarei furioso. A única coisa que eu podia pensar era vingança. Depois que eu saísse dali ele ia pagar muito caro. Mas muito mesmo.
"É que eu não queria sujar minhas mãos em você, Potter".
"Oh, não me diga! A mamãe não quer que o neném Ranhoso dela suje as mãozinhas dele no titio Potter. Mas que lástima", eu disse. "COVARDE".
"CALE A BOCA, POTTER!", ele berrou. Eu ri. Simplesmente ri da situação.
"Covarde", repeti, ainda rindo.
"Já disse pra CALAR ESSA SUA BOCA!!!".
"Ou o quê? Vai chamar a mamãe pra te salvar do Potter malvado?". E eu ainda ria. Para minha surpresa, ele sorriu.
"Podem continuar, rapazes. Vou ficar logo ali observando esse filho da mãe apanhar. Vamos quem vai rir agora. Podem pegar pesado", ele disse.
E eles continuaram a me bater, até quebrarem todos os ossos que me restavam. Mas eu não gritava e nem gemia. Eu não daria esse gostinho para aquele desgraçado. Ah, não.
"Vingança é realmente gratificante, não é? Veja só, Potter, olhe só pra você. Mas que lástima! O garoto mais popular da escola apanhando feio!", ouvi Snape dizer. "Agora eu to caindo fora. Divirta-se! Esses caras são ótimas companhias!", ele terminou e o vi sair do cômodo.
Meu nariz estava quebrado, minhas costelas estilhaçadas e toda vez que eu era acertado agüentava firme para não chorar de dor. Eu não ia gritar. Eu não ia.
Estava certo de que ia morrer a pancadas e estava quase perdendo a consciência. Fechei os olhos e baixei a cabeça. Só um milagre pra me salvar e alguém me encontrar lá.
De repente os socos e chutes pararam, mas não abri os olhos pra ver o que estava acontecendo. Só podia ser o meu milagre.
"PETRIFICUS TOTALUS! PETRIFICUS TOTALUS! PETRIFICUS TOTALUS!", ouvi uma voz dizer.
Senti alguém se aproximar de mim e uma mão suave passou e permaneceu em meu rosto ensangüentado. Abri os olhos com esforço e a vi. Vi uma garota de pele clara, os olhos verdes e brilhantes olhando pra mim e os cabelos rubros caindo em sua face. Era Lily. Ah, mas que milagre!
"Ai! Hum, er... Potter? Potter? Fala comigo, por favor!".
"Você é um anjo?", perguntei, mas logo fiz uma careta de dor.
"Ah, meu Merlin! Você está bem?", ela perguntou preocupada.
"O que você acha?". Eu quis sorrir, mas pensei melhor e decidi que ia doer muito. E sua mão ainda estava em meu rosto.
"O que eu faço? Merlin, o que eu faço?!".
"Vá chamar Sirius. Ele sabe o que fazer", eu disse com esforço.
"Não! Vou chamar Dumbledore!".
"Lily, não. Me ouça. Vá chamar Sirius. Depois peça para Rabicho buscar Dumbledore e McGonagall se quiser", eu disse, deixando escapar uma exclamação de dor. Nunca pensei que falar pudesse doer tanto.
"Tá", ela disse, virando-se para ir embora. Nem parecia a Lily esquentada e rabugenta de sempre.
"Lily, não está esquecendo de nada, não?".
"Oh, céus!", ela voltou e com um feitiço fez desaparecer as correntes que me prendiam. Com outro feitiço, ela me colocou no chão devagar. Sentei-me com muita dificuldade e encostei na parede. "Você vai ficar bem?", ela perguntou.
"Vou, se você for logo antes que esses malditos saiam do efeito do feitiço", respondi. Tossi com o sangue na garganta. Ela fez que sim com a cabeça e desapareceu pela porta.
Acho que fiquei esperando uns dez minutos que pareceram uma eternidade, quando Sirius irrompeu no cômodo.
"JAMES!", ele disse, correndo para onde eu estava.
"Me ajude a levantar", eu disse. Ele me puxou por um dos braços e apoiou meu peso sobre o ombro direito. Lily estava esperando na porta com um Remus preocupado e Rabicho devia estar dizendo a Dumbledore o que acontecera.
"Vamos te levar para ala hospitalar", disse Remus. Fiz que sim com a cabeça.
"Ajude-me aqui, Aluado", disse Sirius. Remus correu para me segurar do outro lado.
Estávamos andando pelo corredor quando Peter, McGonagall e o diretor apareceram.
"Oh, Merlin! O que foi que aconteceu?! Vamos logo para a enfermaria!", disse a professora. Dumbledore conjurou uma maca e enfeitiçou-a para me levar flutuando.
Chegando a enfermaria, fui colocado em uma cama com cuidado.
"Os senhores, por favor, fiquem do lado de fora", disse a professora.
"Mas nós queremos saber o estado dele!", escutei Remus protestar.
"Não. Os senhores ficam aqui fora", disse Dumbledore, calmamente. E meus amigos se calaram.
Ouvi som de passos e de repente a voz de Madame Pomfrey inundou meus ouvidos.
"Oh! Merlin! Oh! O que foi que houve? O Salgueiro Lutador o pegou?".
"Ele está muito machucado, será que está em condições de dizer alguma coisa?", disse McGonagall.
"Eu estou sim, AI!", gritei. Pelo meu diagnóstico rápido naquele momento, minhas costelas tinham se moído completamente e o que restou delas estava perfurando minhas entranhas.
"Oh, Merlin!" disse McGonagall.
"Não dá pra notar que eu acabei de levar uma surra?".
N/A: E aí? Gostaram? Claro que não, né? Onde já se viu, gostar que o pobre James leve uma surra dessas? Pelo menos a Lily o salvou, certo? Eu sei que ficou curto, mas fazer o quê? Eu não tenho tanta inspiração assim! E já teve emoção demais nesse capítulo para os seus pobres corações carentes agüentarem... por isso separei o cap. 4 do 5.
O próximo capítulo vai ser muito melhor, vocês vão ver.
E sobre o assunto do começo, hum, podem dar seus palpites sobre as cuecas e sungas, tá? Hihihi... Abraços.
Ah, foi mal o palavrão, mas é que é o que o James pensaria numa hora como aquela. Não consigo imaginá-lo dizendo: To ferrado.
Bia Black,
18 de Outubro de 2004.
