4 – Felicidades e responsabilidades
Jorge ficou na casa de Cinthia até ela voltar para a Inglaterra, aproveitando para conhecer melhor a família dela. E Cinthia fez questão de levar Nina junto, a sua gata preta, peluda e felpuda, que mais parecia um filhote de tigre de tão grande. Quando voltaram, encontraram excelentes notícias os esperando com Fred: as obras da loja estavam adiantadas, e o prazo final era agora para o fim de fevereiro; um mês antes!
Mas o começo do mês trouxe um motivo muito maior de felicidade, maior que qualquer projeto de casa ou qualquer outra coisa que já tivessem feito: o casamento de Aline e Douglas! Não acredito que vocês já esqueceram! Que vergonha...
A Igreja Santa Mágica de Fé, na parte bruxa de Londres, foi tomada por flores brancas, laços dourados e fitas amarelo-claro, além de várias fadinhas que sobrevoavam as cabeças dos convidados cantando melodias doces. Aline usava um vestido branco brilhante, não muito cheio, mas que tinha uma cauda longa arrastando no chão. O véu ia até a altura do ombro, do mesmo comprimento que os seus cabelos estavam, e formavam grandes cachos nessa ocasião. Douglas estava com vestes de gala especiais, sendo que só tinham sido usadas uma única vez: no casamento de seu pai. (A mãe dele achou tudo bem esquisito na época, mas concordou em ter um casamento bruxo assim mesmo.)
Depois de jurarem amor eterno e colocarem as alianças um no dedo do outro, os familiares soltaram faíscas brancas quando o padre disse "Pode beijar a noiva". Enquanto os dois saíam da igreja, todos os convidados jogavam pequenas luzes brancas sobre eles, que iam caindo suavemente no chão. Do lado de fora, Douglas e Aline saíram voando na vassoura dele, onde haviam pendurado nas cerdas uma plaquinha de "recém casados", além de algumas tampinhas e garrafas de cerveja amanteigada.
Foram diretamente para o restaurante esperar pelos convidados. Haviam feito o casamento ao pôr-do-sol, e antes que a luz se apagasse totalmente todos os convidados já estavam no restaurante Gostinho Mágico, que era o melhor restaurante do Beco Diagonal. O lugar era bem grande e fechava para eventos especiais. Não havia melhor lugar em Londres para se fazer à recepção de um casamento.
Aline e Douglas haviam convidado muitas pessoas além de seus parentes. Havia o pessoal de Hogwarts, além de alguns amigos do Brasil e do curso de Douglas, deixando o local lotado. Andando entre as mesas, Aline finalmente avistou Cinthia, que estava conversando com Luciana.
- Aline, é o casamento mais bonito que eu já vi, sinceramente! – Luciana disse ao vê-la chegar. – Meus parabéns!
- Que bom que você está gostando! Deu trabalho para reservar o dia no Gostinho Mágico, mas valeu a pena.
- Realmente, eu lembro como foi para tentar reservar o restaurante no meu casamento. Eles nunca querem ceder um dia!
- Eu espero não ter esse problema – Cinthia disse.
- Só dá um pouquinho de trabalho, nada de mais – Aline falou abanando a mão no ar. – Mas sobre o que vocês estavam falando antes de eu chegar? Todos estão falando do casamento e é sempre a mesma coisa. Eu estou precisando ouvir um disco diferente.
- Eu tinha acabado de perguntar sobre a danceteria da Luciana. Eu só vi um anúncio quando você comprou a velha Witched Sound, mas depois a gente mal se falou. Como é que vão indo os negócios?
Luciana não era apenas a mulher de Olívio Wood, o famoso goleiro dos Puddlemere United, mas também a dona da maior danceteria bruxa de Londres. O lugar estava falindo quando ela o comprou com uma herança que seu avô deixara, conseguindo reerguê-lo aos poucos.
- Estão melhorando. O movimento tem aumentado, por isso estou investindo em obras para aumentar o lugar. O problema é que não são somente bruxos que vão lá, sabe, e eu não consigo achar um segurança que saiba a diferença entre um vampiro e um bruxo.
- Vampiros? – Aline perguntou.
- É. Eles são bem parecidos com as pessoas e por isso os seguranças não os diferenciam. Por sorte são poucos e nunca atraem confusão, então acho que não tem problema. Até os fantasmas estão freqüentando o lugar, acreditam?
- Qualquer dia eu vou nessa danceteria só para ver como é. – Cinthia disse, que ainda não gostava de dançar e provavelmente só ia ficar sentada no bar se fosse realmente passar por lá.
- O nome é Flying Discos, fica lá no lado oeste de Londres. É só vocês seguirem um monte de bruxos modernos, que usam umas vestes rasgadas ou sei-lá-com-qual acessório, que vão achar fácil. Estamos abertos das cinco e meio da tarde até as seis da manhã.
- Nem está fazendo propaganda do lugar, né? – Brincou Aline.
- Bom, eu não anuncio no Profeta Diário, então tenho que espalhar a notícia de boca em boca mesmo. E, acreditem, funciona muito bem!
O jantar se seguiu tranqüilo até a hora de fazerem o brinde. Antes que o pai de Douglas alcançasse o copo, Agustinho, o tio de Aline, já estava de pé com o seu copo na mão, derramando um pouco na irmã que se encontrava sentada ao lado. Ele estava visivelmente na fase inicial de embriagues, e assim que ele disse a primeira frase felicitando os noivos, Aline agradeceu ao discurso e pediu que ele se sentasse. E ele se sentou, achando que já havia terminado o discurso e que todos haviam adorado por causa de algumas palmas escassas de cortesia que despontaram no restaurante. Depois disso o pai de Douglas se levantou e fez um "discurso de acréscimo" em homenagem aos dois, que foi muito melhor que o de Agustinho.
Depois de um tempo, Douglas e Aline deixaram o restaurante para aproveitar a noite sozinhos, em um apartamento que ela havia alugado em Londres. Depois disso os convidados foram deixando aos poucos o restaurante, e o pai de Douglas ajudou a levar o tio Agustinho de volta para o Brasil, já que ele não diferenciava os próprios sapatos da chave de portal que tinha que usar.
N/A: E agora vamos dar um pouco de privacidade ao casal, si vous plait.
Poucos dias depois Aline já precisou começar o curso de Medicina Mágica para se tornar uma medibruxa, e Douglas já estava dando continuidade ao seu treino intensivo de auror. Ele teve que fazer o casamento em um domingo para não perder as aulas da semana, ficando muito decepcionado em ter que sair logo cedo no dia seguinte. Pelo menos agora ele tinha um lugar para voltar toda noite e não precisava mais ficar nos dormitórios do Instituto de Treinamento, dividindo o aluguel do apartamento com Aline. Não era um começo de contos de fadas, mas para eles era perfeito! Estavam vivendo juntos como queriam desde o começo, casados e dividindo os momentos um com o outro, se ajudando também enquanto cursavam. Mas como nenhum dos dois tinha como trabalhar, ambos eram ajudados pelos pais para pagarem o que precisavam.
Mas não eram os únicos que foram morar juntos. Cinthia tinha um quarto em uma pensão chamada Pensão do Grindylow Perneta "Empalhado", porque a dona tinha um grindylow de estimação e o empalhou quando ele morreu, mas ninguém nunca viu o bicho. PLÁGIO! PLÁGIO! Nem mangá brasileiro está a salvo dos plagiadores! A Holy Avenger ainda vai sofrer muitos plágios até o final desta fanfic! P.S: eu tô avisando e fazendo brincadeira justamente para ninguém ficar buzinado no meu ouvido depois, capicce? Depois que a loja Gemialidades Weasley ficou pronta em Hogsmeade, Fred foi morar em um dos quartos que eles haviam construído no andar de cima e Jorge tentou convencer Cinthia a ir morar com ele. Depois de uma rápida conversa, Jorge convenceu Cinthia a morarem juntos na Pensão do Grindylow Perneta, já que ela preferia continuar na pensão para não atrapalhar os gêmeos na loja. Mas ela saia para trabalhar no Ministério antes de Fred e Jorge abrirem a loja, encontrava eles só para um almoço rápido e voltava depois só quando escurecia. Não atrapalharia nem um pouco a rotina deles, mas ela preferia dar um pouco mais de espaço para Fred.
Fred, por sua vez, estava mais preocupado em inventar novos produtos para a loja, nem se importando em ter apenas casos passageiros em vez de se firmar com uma só garota. E depois do que Angelina fez com ele no sétimo ano de Hogwarts, ele achava mesmo que o melhor era não colocar muita confiança em uma pessoa só, e sim pouca confiança em poucas pessoas por apenas uma noite ou duas. Podia ser um estilo de vida diferente da do seu irmão, mas era a vida dele, e a loja era mais importante que esses "casinhos" de qualquer maneira. E ele não se importava muito com o que sua mãe acharia disso, contanto que ela nunca ficasse sabendo...
Mas a despeito de qualquer coisa que estivessem fazendo com as suas vidas, o mundo bruxo não havia parado. Ainda havia um forte sentimento de tensão no ar, e aqueles que apoiavam Dumbledore e suas opiniões não sabiam exatamente em quem confiar fora do seu círculo de amizade, e agora a Ordem estava maior do que quando eles haviam entrado. Fudge havia parado de desmentir Harry Potter e a história que ele contou, mas não dava nenhum sinal de apoio. E aqueles que ficaram do lado de Fudge não mudariam sua opinião tão cedo, por isso não eram mais necessárias as notícias de que Harry Potter estava mentindo sobre a volta de Voldemort.
Porém, em uma manhã particularmente cinzenta que prenunciava o começo do outono, toda a comunidade bruxa foi abalada com uma notícia do Profeta Diário, deixando todos do lado da verdade.
FUGA DE AZKABAN
- por Oscar Sunny
A noite anterior foi marcada por um estranho mistério na ilha em que se encontra a mais temível prisão bruxa. Dez detentos de segurança máxima escaparam na madrugada sem deixar vestígios de como o fizeram. Celas não foram arrombadas e nenhum dementador foi atacado, o que tem deixado a Perícia bastante confusa. Os aurores encarregados do caso não tem nada a declarar, e dizem que só há uma explicação possível, explicação que foi aceita pelo Ministro da Magia.
Em uma entrevista de última hora, Cornélio Fudge declarou que a Volta de Você-Sabe-Quem é real, e que todas as censuras às histórias de Harry Potter deviam ser retiradas imediatamente. Até o Ministério cometeu o erro de não acreditar em Harry, o único sobrevivente de um ataque Daquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. Os prisioneiros que fugiram de Azkaban não foram só acusados de serem Comensais da Morte como também cometeram os piores crimes da época em que Você-Sabe-Quem estava em seu auge.
Segundo a Perícia, fica claro que Você-Sabe-Quem retornou e está tentando reunir o seu exército novamente. Mas o que ainda intriga os aurores é a maneira que os detentos usaram para escapar. Alvo Dumbledore, o diretor de Hogwarts, já aconselhou uma vez o Ministro para tirar os dementadores de Azkaban, e esta é a teoria que os aurores parecem estar apontando: que os dementadores ajudaram na fuga dos detentos. Não há provas ainda, e nenhum auror conseguiu ficar muito tempo perto de um dos dementadores da área de segurança máxima para tirar estas dúvidas. Assim que tiverem mais informações, os repórteres do Profeta Diário serão imediatamente informados.
Todo o cuidado é necessário, e mais do que nunca o Ministério precisa do apoio de toda a comunidade bruxa para enfrentar esta ameaça.
- Finalmente eles acreditaram no que Harry e Dumbledore vem dizendo a um ano e meio. Se tivessem escutado os dois há mais tempo já poderiam ter resolvido o problema a muito antes, não acha? Cinthia, você está me escutando?
- Hum, excutei shim. Mash eu extou co' um pouco de prexa, por ischo não falei nata. – Respondeu ela com a boca cheia.
Cinthia acordou cedo naquela manhã, e todo o barulho que fez para se trocar em dois minutos acabou acordando Jorge. Ela foi acordada por uma coruja do Ministério, recebendo um curto bilhete para que lesse a primeira página do Profeta Diário e que fosse o mais rápido possível para o trabalho. Quando Jorge finalmente saiu da cama, Cinthia já havia preparado um rápido café da manhã, e agora estava comendo tudo mais rápido que podia.
- Pra que essa pressa toda?
- Le'a.
Ela passou o bilhete do Ministério para Jorge, e ele leu em voz alta.
- "Leia a primeira página do Profeta Diário e venha o mais depressa possível para cá. Ass.: Rupert Farfield." Quem é esse?
- Meu chefe. – Ela respondeu depois de ter engolido a comida, colocando o resto do pão na boca.
- E o que você vai fazer? Para que eles precisam de você tão cedo lá?
- Ora, o Minixtér'io deve extar um caosh a exta hor'a! Eless prexisam de toto o pesshoal poxífel. Icho não é uma situachão comum, e com certeza defem extar cheiosh de car'tash de reclamaxão. – Ela fez uma breve pausa para engolir o resto do sanduíche e acrescentou: - Acho melhor eu ir indo. Farfield não me chamaria tão cedo se eles não precisassem mesmo da minha ajuda.
Cinthia se levantou e andou até Jorge, dando um beijo nele.
- No que você...
Mas antes que ele terminasse de perguntar, Cinthia já havia aparatado para o Ministério.
- ... Trabalha... afinal ... É a terceira vez que você me deixa falando sozinho! Ah, quer saber, se ela não quer falar no que está trabalhando, eu vou parar de perguntar para ela. Vou perguntar para o papai, talvez ele saiba. Se bem que ele nunca mencionou nenhum Farfield trabalhando no mesmo andar... muito estranho.
