#ENREDO – 6 de março de 1998

5 – É só o começo da vida adulta

Mesmo depois de um ano após a notícia que colocou o Ministério do mesmo lado que Dumbledore, muito pouco foi feito contra Voldemort. Os movimentos do bruxo eram calculados e silenciosos, e só eram descobertos depois de terem sido realizados. Dumbledore e Fudge tinham os seus espiões, mas eram muito poucos para descobrir todos os planos de Voldemort, e poucos Comensais eram informados de seus planos.

E o mesmo método de combate que foi usado no passado era usado agora: descobrir quando alguns Comensais se reuniriam para então capturá-los, por isso houve uma maior contratação de aurores que nos últimos anos. Douglas conseguiu emprego assim que saiu do Instituto de Treinamento, no entanto era um dos primeiros da lista por ter sido um dos mais aplicados. Os poucos que não preenchiam os requisitos para ser um auror eram, obviamente, os mais relaxados do Instituto, e só uns dois foram aceitos para fazer trabalhos menores no escritório.

Os aurores eram divididos em grupos de cinco a oito, e os menores eram os mais especializados, denominados de Esquadrões de Elite. Douglas conseguiu ir para o Terceiro Esquadrão do Serviço de Combate Interno, o mais baixo Esquadrão de Elite, com cinco aurores, sendo o único novato no grupo. Aparentemente o auror que ele estava substituindo se aposentou precocemente na metade do ano passado, alegando que estava "trabalhando sob muito estresse". Provavelmente ele percebeu que a situação só iria ficar pior e mais difícil para os aurores, e pulou fora antes de receber uma ameaça de morte. Era uma pena, Douglas ficou sabendo que ele era um ótimo profissional, mas um pouquinho... como é que se diz... medroso. Mas era a chance que Douglas precisava para ter uma boa carreira no meio dos aurores, e quem sabe até chegar a Chefe dos Esquadrões de Elite.

Mas o começo da carreira foi um pouco parado, e Douglas começou a ficar entediado de fazer pesquisas no escritório como se fosse um daqueles retardados que foram contratados para fazerem serviços pequenos. Ele queria ação, e mesmo essas dez semanas pareceram insuportáveis para ele. Quando Quim Shacklebolt, o seu chefe, disse que ele finalmente teria uma missão de verdade em três dias, Douglas mal pôde conter a felicidade. Ele podia ser morto, mas o que era a vida sem um pouquinho de emoção? Aline não ficou muito feliz com a notícia quando ele contou a ela depois de um dia de aulas do curso de Medicina Mágica.

- Finalmente vão me dar um trabalho fora do escritório! Depois de dois meses eu finalmente vou poder combater alguns bruxos de verdade!

- Mas você está só a dois meses na divisão dos aurores. Não é um pouco cedo para o seu chefe te dar uma missão?

- Eu fui treinado para trabalhar lá fora, e não do lado de dentro do Ministério. Seria um desperdício de treinamento se eu ficasse mais um dia atrás daquela mesa. Nos próximos três dias eu vou receber instruções para a missão e logo eu vou estar chutando algumas bundas das trevas!

- Eu queria já ter terminado o meu curso! – Lamentou-se Aline. – Eles enviam sempre um ou dois medibruxos com os aurores em uma missão no caso de acontecer algo realmente ruim. Assim eu ia poder te acompanhar e saber que você está bem.

- Mas a missão nem é assim tão perigosa. Eles nem vão mandar medibruxos. Ou seja, vai ser rápido e fácil. Pare de se preocupar a toa.

- Parar de me preocupar? Agora sim é que eu vou ficar preocupada! Vocês vão combater dezenas de Comensais e não levam nenhum medibruxo junto? No que o seu chefe está pensando? E já que a missão é pequena, por que eles não mandam um Esquadrão maior? Precisa ser um Esquadrão de Elite?

- Primeiro: sim, porque mesmo sendo três ou quatro Comensais que vamos enfrentar, parece que estes são bem experientes. Segundo: o Quarto Esquadrão vai estar nos dando cobertura, mas é provável que nem precisemos de reforços. E terceiro: Quim pegou essa missão justamente para me dar um pouquinho de experiência, senão eu vou ficar mofando no escritório até o fim da minha carreira. É isso o que você quer, um marido verde?

- Não... - Aline disse com a voz baixa, pois sabia desde o começo que ele queria ser auror, e também que essa profissão era perigosa. – Mas tente convencer o seu chefe de que é melhor levar um medibruxo junto, no mínimo um. Eu não gosto de ver você se arriscando tanto, e você precisa ficar inteiro até o mês de junho. Tem o casamento da Cinthia e do Jorge, lembra?

- Tá, tá bom. Eu digo pro meu chefe que a minha mulher está preocupada e quer que a gente leve um medibruxo para servir de babá. Sem problemas!

- Eu nunca sei quando você está sendo sarcástico ou está falando a verdade. – Ela cruzou os braços, sentindo-se derrotada.

- Eu estou falando sério. – Douglas disse, dando um beijo na bochecha dela. – Tão sério como se hoje fosse primeiro de abril.

- Douglas Berttapeli!

- Calma, calma. Eu vou sugerir amanhã mesmo que um medibruxo nos acompanhe na missão. Satisfeita?

- Eu preferia que você não fosse, assim você não correria tanto perigo, mas aí você ia ficar entediado.

- Eu prometo que vou tomar cuidado. Está bom assim?

- Não. Mas pelo menos me deixa mais tranqüila.

- Todos entenderam o que temos que fazer? Eles vão estar em uma das salas do primeiro andar daquele prédio na esquina, e provavelmente não bloquearam o lugar contra aparatação. Vamos aparatar no térreo, e não esqueçam de usar os silenciadores, OK? Vamos subir até o andar de cima e capturar os bruxos que encontrarmos. Esquadrão 4, se algum de nós lançar faíscas laranjas vocês têm permissão para entrar com o medibruxo, e não esqueçam de impedir que os trouxas passem por esta rua. Prontos?

Três dias se passaram, mas só agora Douglas sentia o nervosismo que a primeira missão causava. Estavam em uma rua trouxa de uma cidade nos arredores de Londres. Não tinham certeza de que iriam enfrentar Comensais, mas definitivamente eram bruxos que praticavam Arte das Trevas. Estavam escondidos em um beco que tinha uma visão privilegiada do prédio de três andares em que iriam entrar. Era um lugarzinho bem velho e pequeno, com a tinta das paredes descascadas e mais duas janelas quebradas. Havia um aviso na porta de entrada de "INTERDITADO – PERIGO DE DESABAMENTO", que certamente havia sido posto ali para espantar os trouxas, mas todo o lugar parecia mesmo estar em ruínas. Lugar perigoso, bruxos perigosos. Talvez Aline estivesse certa em dizer que um medibruxo era necessário, já que havia maiores chances do teto desabar do que eles serem pegos por um feitiço.

Seu chefe riu quando ele sugeriu que levassem um medibruxo, só por precaução, e só depois de dizer que tinha sido idéia de Aline foi que Quim aceitou a idéia. Ele sabia o quão "chatas" as esposas ficavam quando o assunto era segurança mesmo sendo solteiro, já que alguns dos outros aurores viviam falando "ela quer que eu use capacete em todas as missões depois daquela que a gente teve na construção" e "ela insiste que eu vá recheado de casacos para amortecer a minha queda no caso de me empurrarem do terceiro andar outra vez". Assim Douglas teria uma dor de cabeça a menos e se concentraria mais no trabalho.

Mas agora ele estava realmente preocupado com a missão. Iriam aparatar espalhados no andar térreo, um em cada aposento, para não fazer o piso de madeira ranger com o peso deles. Toda precaução era pouca se queria pegar os bruxos desprevenidos, e tinham até que usar silenciadores de aparatação para não ouvirem o "crack" característico. De acordo com a planta do prédio ele teria que aparatar na sala de jantar, na parte da construção que dava para os fundos, e aí encontrava os outros no corredor para então subir para o primeiro andar. Sem problemas até agora.

Todos disseram "sim", e então o primeiro esquadrão aparatou. Mas houve um "crack" quando todos desapareceram, e o segundo esquadrão ficou em alerta.

Douglas aparatou na sala de jantar perto do canto da parede, e logo viu que havia uma informação errada no plano. Quatro bruxos encapuzados estavam na sala, curvados sobre um caldeirão de tamanho médio. Por sorte estavam de costas para Douglas, e este prendeu a respiração imediatamente para que não o ouvissem. Mas uma fração de segundo depois que ele desaparatou houve um alto "crack" vindo de algum lugar daquele andar, e os bruxos que estavam curvados sobre o caldeirão se viraram para a porta, que ficava na parede oposta de Douglas.

"Merda!" ele pensou enquanto via a sua primeira missão fracassar diante de seus olhos. Enquanto os quatro bruxos iam até a porta para checar o que era o barulho, Douglas percebeu o perigo em que os outros estavam. Os aurores esperavam que aqueles bruxos descessem as escadas por causa do barulho, e eles seriam pegos desprevenidos porque a sala de jantar ficava na direção contrária, escondida por uma curva do corredor.

A porta foi aberta e, antes que o último dos quatro bruxos encapuzados passasse por ela, Douglas já havia "pensado" no que fazer. Ele saiu de onde estava e virou a mesa de jantar da sala para formar um escudo, gritando ao mesmo tempo o feitiço estuporante o mais alto que podia para que os outros aurores o ouvissem. O último bruxo encapuzado caiu sobre o que estava na sua frente, dando tempo para Douglas lançar mais um feitiço estuporante antes de precisar se abaixar atrás da mesa. E foi bem a tempo, porque um feitiço foi lançado por um dos dois bruxos que ainda estavam acordados e passou bem perto do lugar em que o seu pescoço estivera.

Antes que pudesse se lamentar por ter feito algo tão estúpido, já que os outros aurores podiam já ter subido as escadas, Douglas ouviu alguns passos apressados e mais alguns feitiços estuporantes, reconhecendo a voz de Quim e Travis Swingle. Mas ouviu também só um baque no chão, indicando que só um dos bruxos havia caído, e o que continuou consciente lançou um feitiço que derrubou um dos aurores. Saindo de trás da mesa, Douglas ficou de pé bem a tempo de ver o bruxo encapuzado levantar a varinha para mais um ataque mirando em Quim, que estava à frente dos outros no corredor e se atrapalhou com a queda de Travis.

- Estupore! – Douglas gritou, sabendo que se errasse o feitiço acabaria acertando o seu próprio chefe. Quando um bruxo caiu, todos simplesmente pararam.

- Bom trabalho! – Quim disse ainda segurando um Travis desacordado pelas axilas.

- Obrigado. – Douglas agradeceu aliviado em descobrir que não tinha uma mira tão ruim.

- Eu falo sério. – Quim apoiou Travis na parede e entrou na sala de jantar. - Três bruxos estuporados em quatro tentativas; nada mal para a primeira missão. E foi uma boa idéia gritar o feitiço para nos chamar, estávamos quase subindo a escada. Bom, vamos deixar o relatório para depois e amarrar estes quatro. Ian, trate de consertar o seu silenciador, e depois eu vou querer saber quem foi o trasgo do setor de investigação que disse que o encontro ia ser no primeiro andar!

- Eu acho que foi um tal de Forfilt, mas não tenho certeza – disse Kelly Wildshot, a única mulher do grupo.

- De qualquer jeito, ele vai precisar dar umas boas explicações. Podia ter estragado toda a missão!

Depois de amarrarem os quatro bruxos encapuzados e de checar todos os itens da sala, os cinco aurores se juntaram aos outros seis e o medibruxo que estavam do lado de fora, usando uma chave de portal para levá-los até uma cela temporária. Mais tarde a perícia faria um levantamento das atividades daqueles quatro bruxos e eles seriam julgados.

Depois disso, Douglas conseguiu uma missão atrás da outra, quase não parando no escritório. Em pouco tempo provou ser um auror de valor principalmente por sua criatividade quando enfrentava algum bruxo das trevas. Ele sempre dizia que a criatividade estava no sangue dos brasileiros, algo mais conhecido como "chuncho". Mas isso também trouxe alguns problemas para ele dentro do Ministério, já que nem todos aceitavam o fato de um brasileiro ser melhor que muitos ingleses, e muitos aurores torciam para que ele se desse mal na próxima missão. A sua sorte era que o seu chefe, além de fazer parte da Ordem, se preocupava mais com qualidade que com a procedência de uma pessoa. E ele se dava bem com os outros do Terceiro Esquadrão, mas logo nas primeiras semanas notou que Swingle não aceitava totalmente o fato de Douglas ser mais reconhecido que ele, que já estava no grupo a três anos e passou pelo Sexto Esquadrão antes de chegar ao Terceiro. Apesar de invejar o rápido reconhecimento de Douglas, Swingle tentava não criar um clima tenso no trabalho, mas mesmo assim não cooperava muito com as "idéias criativas" de Douglas durante as missões.

- Não se preocupe com isso. – Aline disse quando Douglas lhe contou sobre Travis ao voltar para o apartamento. – Uma hora ele vai perceber que essa rivalidade não tem sentido e vai parar de controvérsia as suas modificações nos planos.

- Mas o cara é um estúpido! Ele quase deixou um bruxo escapar da última vez porque não seguiu o meu esquema!

- Quem é o chefe do Esquadrão? – Perguntou ela calmamente.

- O Quim, você sabe muito bem disso.

- E quem é o novato?

- Oras, eu.

- Então. O Travis...

- Swingle.

- ... que seja. O Swingle deve estar acostumado a seguir ordens do chefe, e não de um novato. E você nem sempre tem idéias que ajudam nas missões, e na maioria das vezes vocês seguem os planos de ação do Quim. Ele provavelmente acha que você deve respeito a ele porque ele está a mais tempo no meio dos aurores, e não o contrário. Se de vez em quando ele é contra as suas idéias, é totalmente justificável e aceitável.

- Mas ele não é o único que não gosta da idéia de ter um "brasileirinho" no Esquadrão.

- E desde quando você se importa com o que os outros pensam?

Douglas cruzou os braços e ficou mudo, só olhando para Aline. Ela percebeu que ele havia ficado sem argumentos, e também não falou mais nada, terminando de jantar e falando sobre outros assuntos mais agradáveis, como o tempo.

Na Pensão do Grindylow Perneta, Cinthia e Jorge jantavam com todos os outros inquilinos da pensão, falando sobre os últimos acertos em seus planos. A sala tinha só uma mesa, e os dois se sentaram o mais longe possível da bruxa caolha que ficava no quarto ao lado do seu. Ela era muito baixinha e atarracada, e sempre ficava longos minutos encarando os outros com o seu olho normal sem piscar nenhuma vez. Os outros inquilinos eram mais normais, mas um garoto que ficava no final do corredor só voltava para a pensão depois que amanhecia, e sempre saia quando o sol se punha. Fora isso ele parecia normal.

- OK,OK. Sem fogos no casamento – Jorge disse fingindo estar mortalmente decepcionado. – Mas eu e Fred conseguimos avanços maravilhosos nos de dragões...

- Você nunca faz nada normal? – Cinthia perguntou com a maior paciência do mundo. Jorge havia dado mil e uma sugestões para a cerimônia, uma mais estranha que a outra, e Cinthia sabia que todas eram brincadeira, mas queria que ele falasse sério pelo menos sobre o casamento. – Olha, eu não sei muita coisa sobre casamentos bruxos, o único que eu vi foi o da Aline, mas eu estou um pouco perdida no meio disso. E como meus pais vão dividir as despesas com os seus eu vou ter que explicar tin-tin por tin-tin de tudo que vai acontecer para a minha mãe. E ela só concordou em pagar metade do casamento porque nós estamos economizando para comprar aquela casa.

- É, mamãe também só concordou por causa disso, e eu ainda tive que ouvir um sermão de responsabilidade depois.

- Essa é a vantagem de conversar por telefone. – Cinthia disse com um sorrisinho, pensando nas horas que Jorge passou com a cabeça na lareira falando com a Sra. Weasley.

- Bom, pelo menos vamos sair dessa pensão. Foi uma sorte a gente ter achado aquela casinha perto da loja de logros. E do jeito que a loja vai indo, vamos conseguir todo o dinheiro antes do casamento!

- Ah, e falando na loja de logros, você precisa desocupar um dos caldeirões.

- Mas todas as poções são importantes, e elas têm que ficar cozinhando dias seguidos. Você não quer que depois apareça um cliente com orelhas por toda a cara reclamando do barulho da vizinhança, né?

- Então coloque uma das poções que não precisam de cozimento constante em um vidro e cozinhe ela depois. Temos só mais algumas gotas daquela poção de proteção e essa sim demora três semanas pra ficar pronta. O que você prefere: um logro sendo lançado com três semanas de atraso ou um bebê gritando e chorando pela casa?

- Como você é pessimista.

- Só estou sendo realista.

- OK, OK. Assim que eu puder desocupar um dos caldeirões eu te aviso.

- Hoje.

- Hoje não dá, é impossível!

- Você vai acabar ouvindo outro sermão de responsabilidade, e vai ser de mim.

Jorge apertou o nariz para que ela parasse de se zangar à toa e disse: - Você anda muito estressadinha.

- É o beu trabalho – ela disse tentando lutar contra a mão dele que ainda prendia o seu nariz, mal prestando atenção no que ele disse.

- E não é como se a poção fosse acabar em uma semana, então ainda dá tempo de preparar mais.

- Três sebâdas.

- O quê?! – Jorge soltou o nariz dela, e Cinthia deu um longo suspiro antes de falar.

- Bem, sobrou realmente muito pouco daquele garrafão de cinco litros que você fez, e pelos meus cálculos só temos três semanas se conseguirmos tirar até a última gota daquele vidro.

- Bom, dá pra gente... bem...

- Não precisar da poção por um tempo, pelo menos até você parar de usar um dos caldeirões para os logros? É, eu também pensei nisso. Por mim, sem problemas.

- É, sem problemas... Só que a poção menos demorada ainda vai ficar cozinhando por umas cinco semanas.

- Sem problemas – ela repetiu, e acrescentou ao ver a cara de Jorge. – Não se preocupe, eu tenho autocontrole por nós dois. Se um não quer, então dois não fazem.

- Eu tenho autocontrole!

- Jorge, isso não é hora para fazer piadas. – Ele abriu a boca para protestar, mas Cinthia continuou falando: - Eu sei, eu sei, está no seu sangue fazer piadas, mas tente se controlar um pouquinho.

- O seu sarcasmo melhorou depois que começamos a morar juntos. Melhorou demais! – Ele voltou sua atenção para o prato e percebendo como a comida parecia incrivelmente hippie quando se misturava tudo com o garfo. Cinthia viu que havia pegado pesado na sua própria piadinha e abraçou-o, tentando fazer com que ele se animasse de novo. Ela odiava ver ele magoado.

- Sabe, a gente não precisa ficar na seca durante todas essas semanas. Podemos ir gastando o que sobrou da poção com moderação, uma ou duas gotas cada vez.

- Três ou quatro. – Ele disse virando o rosto para ela, Cinthia continuava a abraçá-lo.

- Nós não temos mais que vinte gotas, talvez vinte e cinco, então é melhor não passar de uma ou duas horas, OK?

Jorge a beijou ao invés de dizer que concordava, e aquilo foi o suficiente para Cinthia. Na verdade, ela até esqueceu que mal tinha tocado no jantar por causa daquele beijo, e demorou um pouquinho para ela se lembrar que estavam na mesa da pensão. Quando ela afastou os seus lábios dos de Jorge percebeu que a velhinha caolha estava encarando os dois.

- Se essas poções ajudarem a conseguir dinheiro para a casa, eu juro que nunca mais reclamo que você e Fred ficam usando os meus ingredientes para fazer esses logros.

- E assim que a gente se mudar eu vou repor todos os seus ingredientes. – Jorge disse apressado ao ver que a bruxa caolha os estava encarando. – O que acha de terminarmos o jantar no quarto? Eu realmente não gosto dessa bruxa.

- Já estou lá. – Cinthia se levantou já com o prato na mão.

- E a gente podia pedir um vinho na cozinha, o que você acha? – Ele perguntou pouco antes de subirem as escadas para os quartos.

- Hoje não, Jorge.

- Pelo menos eu tentei.

N/A: Hehehe! Não tirem conclusões de mim pelo que eu escrevo, tá. Eu sou até muito certinha, e acabo usando os meus textos para extravasar, sabe. Heh, sério mesmo. Perguntem à Emplumada, ela confirma (e aprova P).

Ah, e eu não sei como se escreve "chuncho" e nem "capicce"! Quem souber, me avise, porque eu tô curiosa desde que o meu professor de história falou do "jeitinho brasileiro de resolver as coisas" há mais de um ano e meio atrás, e eu nunca encontrei ninguém que soubesse escrever "capicce" corretamente. 'XD