Capítulo 18 – "E viveram felizes para sempre"
O dia quinze de junho foi marcado no calendário como um dia de grande comemoração. Pessoas espalhadas pela Inglaterra e pelo Brasil se reencontravam ou se viam pela primeira vez para celebrar o casamento de Jorge e Cinthia no vilarejo de Hogsmeade. Não foi tão grande quanto o de Aline e Douglas, já que Aline parecia ter mais tios e tias que toda a família Weasley, mas foi uma celebração animada que deixou a cidadezinha bastante cheia.
A pequena igreja do vilarejo foi enfeitada com todos os tons de azul que se possa imaginar. Jorge e Cinthia decidiram fazer um casamento temático para homenagear as casas dos dois em Hogwarts. Mas as únicas coisas com tons de vermelho eram os arranjos de flores espalhados pela nave e o buquê de Cinthia, que contrastava maravilhosamente com o seu vestido branco com saia de muitas camadas. Ela havia tomado a maior parte das decisões para o casamento, já que as idéias de Jorge não eram muito sensatas. Mas teve uma coisa que ela não conseguiu evitar...
Depois que Nina trouxe as alianças dos dois pelo caminho que levava ao altar (uma das idéias menos sensatas de Cinthia) e de serem declarados marido e mulher pelo pastor, todos os convidados soltaram faíscas brancas sobre eles, acompanhando-os até a saída da igreja. Quando estavam prestes a montar na vassoura de Jorge para irem até a recepção no Nourriture's, o único restaurante de Hogsmeade, Jorge fez um sinal para Fred que deixou Cinthia um pouco confusa. Mas logo ela entendeu ao ver vários dos foguetes dos gêmeos serem disparados e subirem no ar, alguns chiando e outros soltando faíscas multicoloridas. Havia até alguns com formas diferentes, e os de dragões arrancaram inúmeras exclamações dos convidados.
- Eu disse que os foguetes de dragões eram uma boa idéia – Jorge disse, ajudando Cinthia a montar na vassoura. Ela precisou mesmo da ajuda por causa da saia magnífica e desajeitada do vestido.
- É, você estava certo. Mas acho que a sua mãe não está gostando muito – ela disse com uma risadinha, apontando para onde a Sra. Weasley estava.
- Eu acho que ela não está nem ligando, pra dizer a verdade. Bem, é melhor a gente ir para o restaurante agora.
Ele montou na vassoura também e os dois levantaram vôo, passando no meio dos fogos de artifício e dando a volta para o restaurante. Jorge fez aquele showzinho apenas para distrair, já que o restaurante ficava a apenas uma quadra dali. (Hogsmeade é realmente um vilarejo muito pequeno.)
A decoração do restaurante era o inverso da igreja: vermelha com flores azuis. Mas Cinthia fez questão de que elas fossem naturalmente azuis, e não modificadas por magia. O lugar precisou ser aumentado para receber todas as pessoas, e Cinthia e Jorge ficaram circulando entre os convidados depois de jantarem.
Cinthia passou em várias mesas e cumprimentou muitos amigos antes de voltar para a mesa em que estava a sua família e a de Jorge. Ela queria aproveitar aquela ocasião para contar a eles que estava grávida, achando que seria muito impessoal se tivesse apenas mandado uma coruja. Vendo ela voltar para a mesa, Jorge também voltou. Eles tinham combinado de dar a notícia para as duas famílias juntos.
- Cinthia, tome alguma coisa – disse a sua mãe quando ela parou perto da mesa. – Você só bebericou o copo de água a noite inteira. Vai acabar se desidratando desse jeito.
- Mãe, antes que você tente me forçar um copo de champanhe, eu e Jorge temos um anúncio muito importante para fazer a vocês – ela e Jorge deram as mãos, e Cinthia não conseguia deixar de sorrir ao imaginar a cara de todos da mesa quando ouvissem o que eles iriam dizer.
- Mas nós já estamos no casamento de vocês – disse a Sra. Weasley. – O que mais pode ser tão importante?
- Nós vamos ter um bebê! – Jorge disse, mal contendo a felicidade que sentia ao dizer aquelas palavras.
Todos na mesa ficaram surpresos (com a exceção de Fred) e alegres (sem a exceção de Fred) ao mesmo tempo (por surpresos eu quero dizer que o pai de Cinthia cuspiu o que estava tomando, mas depois de ver a cara de sua mulher ele teve que dar um sorriso meio amarelo), e em seguida se levantaram para abraçá-los e desejar os parabéns. A mãe de Cinthia a abraçou tão forte que ela achou que ia quebrar algum osso. Um não, vários!
- Oh, Cinthia, isso é lindo! É maravilhoso! Eu estou tão feliz por você!
- Ai, 'brigada mãe. Mas... eu acho que não é uma boa idéia você me apertar tão forte.
- Não seja boba – a Sra. Christino disse sem largar dela. – Todas as mulheres da nossa família são fortes! Não é um abraço que vai prejudicar esse bebê.
- E quanto às minhas costelas?
- Ah, deixe de ser boba – ela repetiu com um tom bastante emocionado na voz, demorando mais um pouco para soltá-la do abraço. A irmã de Cinthia veio abraçá-la logo em seguida com lágrimas nos olhos de tão emocionada que estava.
- E você sempre achou que era eu que ia ter o primeiro netinho da família – ela disse meio brincando. Ela havia acabado o namoro a uns dois meses, mas ela não se sentia mal por isso. Estava realmente feliz por Cinthia.
- Não se pode levar as brincadeirinhas da nossa família tão a sério assim.
Em seguida seu pai e seus irmãos a abraçaram. Depois que seu pai foi falar com Jorge, seu irmão Ismael também lhe desejou os parabéns, e ele cochichou para que só ela ouvisse:
- Olha, se ele fizer qualquer coisa que te magoe, é só me contar que eu venho pessoalmente aqui chutar a bunda dele.
Cinthia não pôde deixar de rir do comentário do irmão.
- Muito obrigada, mas acho que não vai ser necessário que você venha. Eu posso fazer isso.
Em seguida o seu irmão mais velho, Alexandre, e a (pasmem!) namorada com que estava junto a mais de dez anos, foram falar com ela e Jorge. Logo todos os Weasleys e Christinos haviam dado os parabéns aos dois. Até Harry Potter e Hermione Granger estavam no meio deles, já que eram muito amigos da família Weasley, e Rony e Hermione ainda estavam namorando. (N/A: E lembrem-se: Harry também é amigo dos gêmeos, não só do Rony.)
A notícia correu pelo salão, e muitos dos outros convidados iam até eles para lhes parabenizar: Olívio e Luciana Wood, Maylson Fagundes (é, é aquele caipira sim), Alícia Spinett, Tonks e até Jonathan Harper, que queria lhe dar os parabéns mais uma vez. Cinthia apenas olhou para Jorge com o canto do olho enquanto Jonathan se aproximava, vendo Jorge torcer o nariz. Mas ficou admirada ao ver que ele falou educadamente com Jonathan, parecendo apenas um pouquinho distante, considerando que o outro não tinha nenhum ressentimento por Jorge. Depois que ele voltou para a sua mesa, Cinthia olhou para Jorge com um sorriso que ia de orelha a orelha.
- Taí, gostei de ver.
- Os milagres que eu não faço por você... - ele disse, mas também sorria.
Depois que todos já haviam terminado de jantar, Cinthia jogou o buquê para aquelas mulheres desesperadas que quase se mataram para conseguir pegá-lo. Mas Cinthia o jogou tão forte que ele passou o grupinho de loucas, e parou justamente no colo de Jonathan, que estava sentado a uma das mesas e extremamente distraído. As mulheres se jogaram nele para pegar o buquê, derrubando-o no chão. Douglas ainda gritou "Montinho!" em português, e os brasileiros mais jovens desataram a rir.
Depois disso, os recém-casados seguiram para a sua lua-de-mel na casa modesta de apenas um andar que haviam comprado para eles em Hogsmeade. Era a primeira noite que passariam lá dentro, e o lugar estava todo decorado para aquela ocasião especial.
(N/A: Outra vez, vamos dar privacidade aos recém-casados. )
Os meses iam passando, e a barriga de Cinthia crescia também. Ela e Jorge conseguiram juntar mais um dinheirinho para construir um cômodo extra em cima da casa para ser o quarto do bebê, e no mês de outubro já estava tudo pronto, graças ao empenho de Fred e Jorge na loja e as horas extras que Cinthia passava no Ministério.
Os três também descobriram que havia reuniões na cidade todas as quartas-feiras em que todos os moradores podiam participar. Como não havia um tribunal nem nenhuma autoridade no vilarejo (para vocês terem noção do tamanho), era nessas reuniões que assuntos de "é culpado ou não" eram resolvidos por meio de votos. Eles começaram a ir nessas reuniões em julho, e desde então não perdiam uma sequer.
Havia um bruxo gorducho por volta da meia-idade que comandava as reuniões e batia um martelo que soltava faíscas quando queria que fizessem silêncio. Por várias semanas eles ficaram sem saber como se chamava o cargo de Maylor Köel, se dirigindo a ele simplesmente como "o cara do martelo". Isso rendeu vários chiliques nervosos vindos de Maylor e muitas risadas nas reuniões, até que ele explicou que o termo correto era "mediador". Aquilo não fez eles pararem de chamá-lo de "o cara do martelo", mas os outros moradores da cidade acabaram se acostumando depois de um mês. E até apoiando os forasteiros que tinham coragem de fazer Maylor perder a cabeça, porque geralmente era o que o bruxo fazia com todos os outros.
E no dia trinta de outubro eles encontraram uma pessoa que nunca imaginariam encontrar na reunião de quarta-feira. Na verdade, eram duas as pessoas que estavam sentadas na última fileira de cadeiras.
- Luciana, Olívio? Que surpresa encontrar vocês aqui! – Cinthia disse enquanto os dois se viravam ao serem chamados.
- Menina, há quanto tempo! – Luciana disse, se levantando e indo tentando abraça-la, mas com um pouco de dificuldade. – Nossa, como você está grande! A gente ficou muito tempo sem se ver.
- É mesmo. E como vocês estão indo? Nós lemos nos jornais sobre a sua última vitória. Meus parabéns, Olívio!
- Bem, não foi nenhuma surpresa, não é mesmo? – ele disse, já de pé e cumprimentando os gêmeos. – O Chudley Cannons não tem uma vitória a mais de um século. Eu odeio dizer isso pra vocês dois, mas realmente não foi difícil ganhar deles.
- Você podia ter sido um pouquinho mais leal à nossa amizade, Olívio – Fred disse com um falso tom de mágoa na voz.
- Bom, espero que continuemos com sorte no próximo jogo – Olívio continuou falando rapidamente. E era incrível como ele não abandonara aquele brilho fanático nos olhos quando falava de Quadribol.
- Vai ser com os Tornados de Tutshill, não é? – Jorge disse.
- É, e vai ser difícil ganhar deles. Os Tornados ganharam muita confiança nas últimas temporadas, mas está na hora de darmos uma lição neles.
Os três pareciam ter contraído a febre do Quadribol, e ficaram discutindo o assunto animadamente, que parecia interminável. Cinthia e Luciana reviraram os olhos e suspiraram impacientes, indo se sentar numa fileira livre de cadeiras mais na frente.
- Eu achei que você já estivesse acostumada com as conversas sobre quadribol do Olívio – Cinthia disse, achando engraçado a impaciência de Luciana.
- Acostumada, sim. Mas não significa que eu goste de ouvir ele falar horas seguidas sobre a mais leve mudança na tática do outro time. E você? Eu achei que você gostasse de quadribol.
- Eu adoro, mas também não tenho paciência pra ouvir eles falando sobre a melhora no desempenho do Cannons. Prefiro ir assistir os jogos.
- Vamos arranjar entradas grátis para vocês nos próximos jogos, pode ter certeza disso – Luciana disse com uma piscadela. – Só não demos antes porque tem sido muito corrido esses últimos tempos, com Olívio pulando de hotel em hotel por causa dos jogos e com as viagens que eu tenho que fazer para cuidar das minhas danceterias. Tem muita coisa que não pode ser resolvida por uma lareira.
- É, saiu uma reportagem sobre você e a sua rede internacional de danceterias no Semanário da Bruxa.
Luciana bufou e revirou os olhos ao ouvir aquilo.
- Nem me fale naquela reportagem! Aquele monte de fezes de trasgo da Rita Skeeter me fez parecer uma mulherzinha sem cérebro que quer atrofiar a mente dos jovens bruxos com bebida, promiscuidade e costumes trouxas. Eu vou mostrar pra ela o que é atrofiar um cérebro, basta me dar uma vassoura e a cabeça dela.
Cinthia riu da raiva de Luciana contra a repórter. Ela já estava mais que acostumada com o estilo literário de Skeeter, que era procurar os podres em quem estava fazendo sucesso.
- Deixe que ela fale, ninguém mais acredita nela mesmo – Cinthia disse quando conseguiu parar de rir. – A propósito, o que você e o Olívio estão fazendo aqui em Hogsmeade? Eu achei que estivessem em Londres, onde vai ser o próximo jogo.
- Oh, é mesmo. O mais importante e eu esqueço de falar – Luciana mordeu a língua e deu um sorrisinho. – Nós vamos nos mudar pra cá!
- É sério? Que notícia ótima!
- É. As viagens são muito desgastantes, e a gente tem discutido já faz um tempo que seria legal morar num lugar calmo. Uma casinha normal e tranqüila pra voltar no final do dia, sabe. Passamos o dia inteiro vendo se não tinha alguma casa a venda, mas acabamos decidindo por um dos terrenos do Sr. Köel. E nós não fomos falar com vocês antes, porque quando soubemos dessas reuniões semanais pensamos em ver como era e já encontrar vocês aqui.
- Bem, como o Maylor é dono de quase metade da cidade, eu acho que vocês não têm muita opção de compra. E é bom vocês tomarem cuidado, ele vai vender lesmas por unicórnios se puder.
- Querida, eu já comprei cinco danceterias em países diferentes. Modestamente falando, fazer negócios de lucro é a minha especialidade!
A conversa delas foi rudemente interrompida por batidas fortes do martelo acompanhadas de algumas fracas faíscas avermelhadas. Fred, Jorge e Olívio vieram se sentar perto delas, e grande parte dos moradores do vilarejo fez silêncio.
- Bem, vamos começar mais esta reunião de moradores – Maylor Köel falou do tablado com enorme pompa, agitando o martelinho no ar.
Fred se inclinou e falou baixo para que apenas os quatro ouvissem:
- Tradução: que o show comece!
Aquela foi uma das reuniões mais engraçadas que Cinthia, Jorge e Fred já participaram. Quando saíram do pavilhão de reuniões com Luciana e Olívio se dobrando de dar risada, eles não conseguiram deixar de repassar os momentos hilários. Teve a hora em que Maylor começou a dar bronca em Duncan, um cara bastante introspectivo, só porque ele havia levado um churros para a reunião. Como todos sabem, a regra número 04b7c diz claramente que é proibido levar comida de qualquer tipo às reuniões. No meio do pequeno discurso de Maylor sobre quebrar as regras e a ordem das reuniões, Duncan começou a refletir se churros era realmente uma comida; para ele parecia mais um aperitivo, e não comida de verdade, já que a comida de verdade deve suprir todas as necessidades vitamínicas do corpo. Também teve a sugestão de Babette de plantarem mais flores na praça central para embelezar a cidade. Ela foi apoiada por Madame Puddifoot, dona da casa de chás com esse mesmo nome, que achou simplesmente adorável a idéia. Fred, Jorge e Cinthia também a apoiaram, como faziam sempre que surgia alguma idéia nas reuniões capaz de tirar o "tio do martelo" do sério. Maylor ficou desesperado quando os três fizeram a situação fugir de seu controle ao incitarem os outros a darem idéias completamente absurdas.
- E não se esqueçam dos cogumelos – Cinthia disse rindo. – Os cogumelos dançarinos para cuidarem das flores da praça.
Os cinco começaram a rir descontroladamente, sem se importarem com o frio que fazia fora do pavilhão de reuniões.
Depois de se despedirem de Fred, Jorge e Cinthia, Luciana e Olívio foram fechar negócio com Maylor Köel, bastante animados para começar a viver naquele vilarejo. Nem que Hogsmeade fosse um vilarejo totalmente trouxa, aquelas reuniões já faziam valer a pena.
No dia seguinte houve muita comemoração em Hogsmeade, já que era dia das bruxas. As crianças do lugar fizeram uma apresentação adorável (pra não dizer maçante) com os feitiços que sabiam fazer, o que acabou causando muitas risadas quando uma delas fez levitar a nova peruca de Maylor, que mais parecia um rato morto e molhado.
Não foi nada comparado com as grandes festas de dia das bruxas de Hogwarts, mas o dia nunca passava em branco no único vilarejo totalmente bruxo da Inglaterra.
(N/A: O vilarejo é pequeno, mas existem moradores que não são donos de estabelecimento. E, conseqüentemente, crianças.)
O tempo passou tão rápido no vilarejo que o natal pareceu chegar mais cedo naquele ano. As lojas e casas começaram a se enfeitar, fazendo toda a Hogsmeade parecer um cartão postal. Todos os moradores e lojistas tinham meio que um acordo para enfeitar seus estabelecimentos o melhor possível, pois isso atraía ainda mais turistas naquela época do ano.
Cinthia já estava no final da gravidez, mas só pegaria a licença-maternidade em janeiro, emendando com o feriado na semana do natal. E Jorge havia realmente desistido de persuadi-la a ficar em casa no último mês, mas fazia de tudo o possível para que ela se sentisse confortável.
A casa que Luciana e Olívio estavam construindo ficava perto do Três Vassouras, o que era um pouco longe da loja dos gêmeos (subentenda-se "quatro quadras"). Eles tinham muito pouco tempo para passar por lá e ver como as obras estavam indo, mas prometeram visitar Fred, Jorge e Cinthia no feriado de natal, aproveitando que Aline e Douglas também iriam passar aquela semana de folga no vilarejo.
Apesar de toda a alegria que parecia ter tomado conta de Hogsmeade no mês de dezembro, Fred não se sentia contagiado pelas cantigas de natal. Ele fazia tudo normalmente, mas simplesmente não conseguia entrar no clima natalino como os outros. E ele sabia bem o que estava faltando para que ele fosse contagiado por aquela onda esfuziante de alegria que tomava conta da cidade.
Era ela, só podia ser. A mulher que dominava os seus sonhos e que o fazia ficar acordado até tarde em seus pensamentos. A dona dos olhos verde-acastanhados que o haviam enfeitiçado. Ela, Maya Flenmin.
Desde que a vira na livraria, Fred sentia que devia conhecê-la. Mas depois percebeu, no hospital, que apenas conhece-la não era o suficiente. Ele precisava falar com ela, precisava vê-la, precisava tocá-la, beijá-la. Nunca havia conhecido uma moça tão divertida, linda e com uma personalidade tão forte quanto ela, e sabia que nunca iria encontrar outra assim. Ele precisava dela em sua vida, mas não apenas como uma lembrança inebriante.
Mas Fred precisava ser realista. Meses se passaram sem que ela tenha mandado uma coruja sequer, e ele fora tolo o suficiente para esquecer de pegar o endereço dela. Já havia tentado enviar Porthos (a coruja da loja) com uma carta e um pouco de sorte, mas o animal ficou perdido por um mês antes de voltar com a mesma carta, e com um pouco de raiva de Fred também. E ela era, o quê? Uns três anos mais velha que ele. Certamente achara Fred um piazão que estava tentando impressionar. É, ele certamente estava precisando de uma dose de realidade.
E cada vez ficava mais claro que isso era difícil de conseguir. Fred andava tão distraído que esquecia coisas básicas, como colocar as penas nas poções de Cremes de Canário, trancar a loja antes de sair e até combinar as meias. Dobby, o elfo doméstico, iria adorar uma de suas últimas combinações: âncoras num fundo azul-celeste e patinhos de borracha num fundo verde-limão. E, na manhã do dia 16 de dezembro, Jorge precisou despertá-lo de mais um de seus momentos de distração.
- Fred, não me diga que você esqueceu de repor o estoque de ingredientes na semana passada – Jorge disse, soando levemente irritado e procurando pelas (adivinhem!) penas que deveriam ser colocadas nos Cremes de Canário, que vendiam como água naquela época do ano. Fred apenas encolheu os ombros. – É a sua vez de repor o estoque, e é a quarta vez que você esquece. Pelo menos agora eu sei o que te dar de natal: um lembrol.
- Até que não é má idéia, assim eu lembraria de empacotar um explosivin pra você – Fred disse num tom de quem está de saco cheio. Como se fosse sua culpa estar distraído. Que Jorge desse um jeito de tirar aquela mulher da sua cabeça, daí ele voltaria a pensar normalmente.
- É melhor você comprar os ingredientes agora, a menos que você queira perder outro caldeirão nas próximas vinte e quatro horas. Pode deixar que eu vou abrindo a loja enquanto isso.
- Que jeito de começar uma segunda-feira... - Fred resmungou, indo até o seu quarto pegar os galeões que precisaria. Segunda-feira era, definitivamente, o dia que ele mais odiava na semana.
- Ah, e não se esqueça de aparatar do lado de fora da loja. Você sabe como o Sr. Caramoll odeia que aparatem do lado de dentro. São os nervos dele.
- Eu sei! – Fred gritou do quarto em resposta.
Logo Jorge ouviu um alto "crack", indicando que Fred havia ido finalmente comprar os ingredientes que estavam faltando.
"Eu que estou prestes a ter um filho e é ele que tá estressado. Vai entender..."
Jorge desceu e virou a plaquinha de "dê meia-volta que ainda não abrimos/já pode entrar, tá" para abrir a loja. Ele foi para trás do balcão e pegou o livro de contas para checar como haviam sido as vendas do dia anterior. Às sete da manhã era difícil aparecer algum cliente querendo comprar logros, mas eles tinham que fazer média e seguir o horário.
Mas, para a sua surpresa, alguém entrou na loja, e de mala e cuia na mão. Bom, cuia não tinha, mas a moça estava carregando um malão enorme, que parecia pesado. Ela tinha cabelos escuros na altura do queixo, meio enrolado meio liso, olhos castanho-esverdeados e se vestia com muito bom gosto. Ela olhou fixamente para Jorge por alguns segundos, mas em seguida abaixou os olhos e colocou o malão no chão.
- Ahn... posso ajudá-la? – Jorge perguntou, porque aquele não era exatamente o tipo de clientes da Gemialidades Weasley.
- O seu irmão, Fred Weasley, está? – ela perguntou com um certo tom de esperança na voz.
- Não, ele foi à loja de ingredientes a umas três quadras daqui, subindo a rua.
A moça soltou um suspiro decepcionado. Em seguida ela olhou para o malão e de volta para Jorge.
- Você não se importa se eu deixar isso aqui por um instantinho? Logo eu volto para buscar – ela disse, se virando para a porta.
- Ele logo volta. Tem certeza de que não quer esperar?
Já com a mão na maçaneta, a moça olhou para Jorge com um sorriso.
- Não, obrigada. Eu já esperei demais.
E dizendo isso, ela simplesmente saiu da loja e subiu a rua com passos rápidos. Jorge ficou um tanto confuso, mas em segundos sua mente deu um estalo.
- Peraí! Essa não era aquela aurora lá da Dinamarca...?
Fred saiu resmungando da loja de ingredientes Caramoll's Shop com três grandes sacolas de compras que quase tampavam a sua visão.
- E justo numa segunda-feira. Não tinha um dia pior pra ter que negociar com essa cara de uva passa chinesa - Uhg!
Mal Fred pôs um pé para fora da loja, alguém que estava correndo esbarrou nele, derrubando as suas compras e fazendo um dos pacotes ir parar na sua cabeça. Fred amaldiçoou mentalmente o dia outra vez por ser segunda-feira antes de ouvir a pessoa se desculpar.
- Ai, me desculpe! Eu estava com tanta pressa que nem vi o senhor saindo da loja... deixa que eu ajunto tudo.
"Deve ser mais um turista que veio para passar o natal" Fred pensou, ouvindo o sotaque da pessoa meio abafado por causa da sacola.
- Pode deixar que eu mesmo ajunto – ele disse, tirando a sacola da cabeça.
Mas no momento em que fez isso, não pôde acreditar nos próprios olhos. Só podia ser uma alucinação, e uma das boas.
- Maya? Maya Flenmin? – sua voz saiu fraca e rouca, mas ele ainda precisava saber se não estava sonhando. A moça, que estava ajuntando alguns dos frascos, virou o rosto lentamente para ele com uma expressão igualmente espantada, mas ela estava sorrindo.
- É, esse é o meu nome. Não use muito ou eu vou começar a cobrar.
Fred sacudiu a cabeça para clarear os pensamentos. Era verdade, era ela quem estava parada na sua frente, sentada pacientemente nos calcanhares esperando que ele se recuperasse do tombo – e do choque.
- Uau, há quanto tempo – aquilo soou extremamente idiota, sendo que o que ele realmente queria dizer era "você não sabe o quanto eu queria te ver". Mas ela podia não sentir o mesmo que ele, e aquilo certamente iria assustá-la. – O que está fazendo em Hogsmeade? Veio para o feriado de natal?
- Bem, sim, mas eu vou ficar aqui até o natal do próximo ano, e de todos os anos depois desse. – Fred reparou que a respiração dela estava bastante acelerada, e que ela tentava juntar fôlego. - Eu... me mudei pra cá, para a Inglaterra. Pedi transferência e tudo mais, e até trouxe todas as minhas coisas. Eu precisava te ver de novo!
- Uau! – foi tudo que Fred conseguiu dizer. Ele se sentou direito na calçada, olhando para Maya com surpresa, admiração e mais alguma coisa que não soube identificar, mas que o deixava muito alegre. – Você está me dizendo que deixou os amigos que tinha na Dinamarca para vir para cá?
- Sim.
- Deixou também a sua irmã para vir morar aqui?
- Sim.
- E deixou o seu emprego de aurora para vir tentar trabalhar aqui?
- Eu consegui a transferência que havia pedido quatro meses atrás, na verdade. Mas é, sim.
- E tudo isso só pra me ver?
- Sim!
Maya parou de sorrir momentaneamente, olhando para o lado como se estivesse tentando ver os próprios pensamentos. Ela sorriu novamente e soltou uma risadinha breve e meio nervosa.
- Isso tudo parece meio maluco, se colocado nesses termos.
- Não sei em que outros termos você havia imaginado isso – Fred riu, se divertindo com a cara de boba alegre dela. Maya sacudiu a cabeça e olhou diretamente para ele, em seus olhos. Aquilo fez Fred sentir calafrios; nenhuma das garotas que ele teve o haviam olhado com tanta intensidade, como se tentassem ver as suas emoções.
- Ah, não me importa que isso pareça meio maluco – ela disse, soando bastante sincera, mas também falando mais rápido que o necessário. - Eu estou louca sim, louca por você! Eu não me importo com o que todos os outros vão pensar, minhas amigas vão achar que eu perdi o juízo de vez, mas eu realmente não me importo. Eu não consegui te achar por coruja, por isso eu resolvi vir. Simplesmente não consegui te tirar da cabeça por todos esses meses. Eu precisava te ver, eu precisava falar com você, eu precisava ficar com você de qualquer jeito!
Fred se apoiou nos joelhos e nas mãos, e engatinhou até ela, mas Maya recuou de leve quando ele chegou muito perto.
- O que você vai fazer?
- Só pare de falar e não se mecha.
Fred se aproximou ainda mais dela, até que seus lábios se encontrassem. Foi como se, pela primeira vez em meses, ele se sentisse completo, realizado. Tudo em que ele conseguia pensar era nela, na sua boca macia e quente, e no quanto àquela sensação era boa. Tudo parecia uma explosão de calor, mágica e saudades, pois aquilo era tudo que Fred mais quisera nos últimos meses.
E aquela sensação aumentou ainda mais quando Maya o correspondeu com tanto ardor e paixão quanto ele, passando as mãos na sua nuca e puxando-o para perto de si. Fred mal conseguia acreditar que finalmente estava beijando a mulher de olhos esverdeados que rondara os seus sonhos por tantas noite. Ele acariciou os cabelos dela, sentindo o perfume leve de lírios que se desprendia dele.
Nenhum dos dois queria interromper aquele beijo, mas se forçaram a parar aos pouquinhos, até que ficassem apenas tocando os narizes. A respiração de Maya ainda estava acelerada, mas agora era por causa do beijo.
- Você está certa: você é louca – Fred disse sorrindo, com a voz bem baixa. – Mas você não sabe o quanto eu estou feliz por você ser assim.
- Quer dizer que eu não fiz uma besteira ao largar tudo o que eu tinha para vir atrás de você? – ela deu uma roçadinha no nariz de Fred, como se desse um beijo de esquimó nele, e isso o fez sorrir mais ainda.
- Nós dois teríamos feito a maior besteira de nossas vidas se não nos víssemos de novo. – Fred se levantou e ofereceu uma mão para ajudá-la a se levantar também. Mesmo depois que ela já estava de pé, Fred não soltou sua mão. - Por favor, me diga que você vai ficar aqui na Inglaterra para sempre?
- Heh! Eu vou ficar com você para sempre.
Fred ficou tão feliz ao ouvir aquelas palavras que a beijou novamente, imprimindo ainda mais paixão, calor e intensidade no beijo. Suas mãos percorriam as costas dela, apertando-a de encontro ao seu peito enquanto ela passava os braços pela sua nuca e aproximava ainda mais os seus lábios de encontro aos dela. Aquela dinamarquesa era tudo que ele sempre sonhara. Tudo parecia tão perfeito e certo quando ele a tocava que Fred não queria nunca soltá-la.
Mas uma coisa gelada e macia tocou o seu rosto de repente, e Fred separou os seus lábios dos de Maya. A aurora também sentiu aquele leve toque gelado e olhou para cima. Vários flocos branquinhos estavam caindo sobre eles, começando a cobrir a rua e os telhados das casas e lojas em volta.
- Está nevando – ela disse com um tom infantil na voz.
Fred a achou simplesmente adorável com aqueles floquinhos de neve no cabelo e a abraçou, ficando apenas com os narizes encostados um no outro, sentindo ela quente em seus braços. Parecia tudo tão perfeito que Fred pensou brevemente que ainda estava sonhando, mas ele sabia que era real.
Mas só parecia perfeito.
O Sr. Caramoll logo saiu da sua loja para enxotá-los da entrada com o pretexto de que eles estavam "espantando os fregueses e obstruindo a passagem". Fred e Maya ajuntaram rapidamente as compras espalhadas pelo chão e foram até a Gemialidades Weasley abraçadinhos, trocando beijos e palavras carinhosas por todo o caminho.
No mesmo dia Maya passou a morar com Fred. Era incrível a quantidade de coisas que ela havia trazido na mala. Muitas das suas coisas tiveram que continuar ali dentro, já que o armário de Fred era pequeno, mas ela disse que ia levar muito para o escritório quando começasse a trabalhar com os aurores de lá.
- Mas você tem certeza de que vai dar tudo certo com o seu emprego aqui? – Fred perguntou pouco depois de acordar na manhã do dia seguinte, ainda na cama. Ele estava muito feliz por ela ter ido morar com ele, mas não queria que ela tivesse complicações por ter ido atrás dele.
- Sim, sim. Eu já te disse que eu pedi transferência, nada de mais.
- Mas os aurores daqui não têm um grupo só para chutar a bunda dos vampiros, que nem vocês têm lá na Dinamarca.
- Eles não têm agora, mas logo vão ter. Depois que eu pedi transferência pra cá quatro meses atrás, eu tratei de me informar sobre tudo da sede de aurores daqui. Eu descobri que a uns dois anos eles haviam iniciado um projeto para formar um grupo especializado em vampiros, mas só a uns seis meses eles começaram a treinar os aurores selecionados para esse grupo. Parece que eles vão juntar o SCI9 e o SCE9. E, como no SCE eles têm uma vaga sobrando e eu me encaixo perfeitamente nos requisitos, a transferência foi efetuada com sucesso.
- Você pensou em tudo mesmo antes de vir pra cá.
Fred beijou-a carinhosamente, pensando no quão sortudo ele fora de achar alguém como ela.
- Eu posso ser louca, mas não sou boba.
- E tem um gosto inquestionável para namorados.
- Com isso eu concordo!
Mas poucos dias depois da chegada de Maya, mas alguém que estava sendo esperado decidiu vir para o feriado de natal um pouco adiantado. Cinthia entrou em trabalho de parto duas semanas antes do esperado, na tarde 22 de dezembro, e eles tiveram que chamar Babette para fazer o parto, já que ela era a parteira do vilarejo. Sorte de Cinthia que ela morava na casa ao lado, e não demorou muito para chegar.
Douglas, Aline, Luciana e Olívio já estavam em Hogsmeade para o feriado de natal, e Fred foi correndo avisá-los, além de contatar a Sra. Weasley pela lareira e de ligar para a mãe de Cinthia com o telefone que ela tinha na casa, encontrando alguma dificuldade para se comunicar. Aline, Douglas, Luciana, Olívio, Fred e até Maya ficaram esperando na sala da casa por notícias, enquanto que apenas Babette, Jorge e Nina tinham permissão de entrar no quarto. ("Gatos trazem boas energias e ajudam a fazer um parto calmo e seguro", Babette disse. Jorge não deu muito crédito à história, mas Cinthia insistiu para que Nina ficasse no quarto.)
Babette havia trazido tudo que seria preciso para o parto; lençóis magicamente encantados que se limpavam automaticamente, uma cama portátil que abria com um toque da varinha para deixar Cinthia numa posição mais confortável e até alguns instrumentos no caso de precisar fazer cesárea.
Jorge ficou um pouco assustado quando as contrações ficaram fortes, mas ele tentava acalmar sua mulher segurando a sua mão. Quando Babette pediu que ela empurrasse durante a contração, Cinthia quase quebrou a mão de Jorge, mas ele continuou segurando-a e apoiando as suas costas para frente.
- Com um pouco mais de força, querida – Babette disse amavelmente.
- Mas ainda não saiu? – Cinthia estava bastante impaciente e aborrecida. - Já faz uma hora que eu estou tendo essas contrações horríveis! Tirem logo esse bebê de dentro de mim!
- Calma, você consegue, amorzinho. Logo você vai estar segurando o nosso Jorge Jr. no colo, você vai ver.
- Jorge, como não é você que está passando por isso, cala a boca. Ugh! – Cinthia teve outra contração e se inclinou para frente fazendo força.
- Isso, com mais força dessa vez – Babette disse, mas depois que a contração passou e Cinthia se jogou para trás no travesseiro, ela olhou para Jorge com cara feia.
– Se você continuar atrapalhando-a desse jeito, eu vou ter que pedir para que você se retire – Babette disse. - Eu sou a parteira e tenho mais autoridade que você nesse quarto.
- Mas eu sou o pai! – Jorge disse espantado, sem saber o que tinha feito de errado dessa vez, mas Babette continuou com um olhar severo. Ela levava aquele tipo de coisa tão a sério que assustava.
- Pelo amor de Deus, Babette! Se ele sair desse quarto eu não tenho esse bebê – Cinthia disse. Ela já estava cansada e ofegando por causa do esforço, mas havia tanta determinação no olhar dela que Babette não a questionou.
- Muito bem. Tente empurrar com toda a sua força agora, sim? Vamos fazer esse bebê nascer hoje.
Jorge segurou ainda mais firme a mão de Cinthia, e apesar dele não ter falado mais nada, Cinthia pôde sentir o apoio e segurança que ele lhe passava através daquele pequeno gesto.
Poucos minutos depois o choro do bebê ecoou pela casa inteira, e Jorge saiu do quarto para dar a notícia aos que estavam na sala.
Ele nunca havia se sentido tão animado, feliz e realizado como agora que era pai. A sensação era simplesmente maravilhosa. Foi com um enorme sorriso que ele olhou para todos os seus amigos na sala da sua casa, e também para os seus pais, que haviam aparatado no vilarejo poucos minutos antes.
- É uma menina! – ele disse, ainda abobalhado e com os joelhos meio fracos com a idéia de que era pai. – E ela é linda! É a cara da mãe.
- Oh, que maravilha! – sua mãe exclamou. Ela teria falado aquilo mesmo que fosse um menino, afinal, era seu primeiro netinho.
- Ela levou sorte, imagine se tivesse a sua cara – Fred disse, mas Jorge nem ligou a piadinha.
- Temos que comemorar! Onde você deixou o champanhe? – seu pai disse.
- Na cozinha, onde mais?
- Oh, certo.
- Comemorem vocês, eu vou ver como ela está. Eu vou ver como as duas estão! Nossa, isso é incrível!
Jorge voltou para o quarto com os olhos brilhando. Babette já havia feito os lençóis ficarem novinhos em folha, e agora arrumava as cobertas do berço do bebê. Cinthia estava com a menininha deles nos braços, que dormia tranqüila. Ela estava com olheiras de cansaço e com a trança que fizera para amarrar o cabelo toda bagunçada, mas o brilho que aparecia nos seus olhos enquanto olhava o bebê e o seu sorriso eram como colírio para Jorge.
Cinthia mal podia acreditar que era mãe. Durante quase nove meses ela imaginou como seria segurar o seu bebê no colo, mas nunca imaginou que iria se emocionar tanto ao segurar aquela mãozinha minúscula. A realidade superava qualquer coisa que ela houvesse imaginado, e ela havia realmente chorado de emoção e de felicidade.
Com muito cuidado, Jorge se sentou na beirada da cama ao lado de Cinthia, e os dois simplesmente não conseguiam tirar os olhos da menina.
- Como vamos chamá-la? Acho que Jorge Jr. é um pouco másculo demais.
Cinthia riu baixinho para não acordar o bebê e olhou por alguns segundos para Jorge, voltando a olhar aquele ser tão frágil em seus braços.
- Eu acho que Shirley é um bom nome.
- É, ela tem mesmo cara de Shirley. Se bem que... - Jorge hesitou, e Cinthia virou o rosto para ele com uma expressão indagadora.
- Se bem que o quê?
- Ela também tem cara de joelho. Que tal usarmos como um nome do meio? Shirley Joelho Weasley!
Cinthia não pôde deixar de rir outra vez da necessidade de Jorge de fazer piadinha quando ficava muito emotivo, e balançou a cabeça.
- Vamos ficar só com o Shirley. Nossa pequena Shirley...
Os dois ficaram longos minutos olhando para a filhinha deles sem dizerem mais nenhuma palavra, enquanto seus amigos e os avós comemoravam aquele pequeno milagre de natal na sala ao lado.
N/A estilo texto gigante: Oh, que bonitinho! Eu achei esse capítulo muito fofo, e vocês? Ora, vamos, não sejam acanhados, podem mandar e-mails dizendo a sua opinião. Eu vou gostar de ler todos, tanto os elogios quanto as críticas (desde que elas sejam construtivas, né).
Ah, e sim, eu me inspirei em Gilmore Girls, um seriado do canal Warner, para montar a estrutura de Hogsmeade. É que nos livros só tem a visão dos estudantes, mas eu acredito que tem muito mais naquele vilarejo do que a JK escreve, e eu achei interessante me aprofundar um pouquinho no ponto de vista de um morador. Olha, eu vou ser honesta: eu usei muuuitas características dos personagens do seriado GG, mas eu tentei mudar algumas para depois não dizerem que é plágio. Na verdade, essa parte da fanfic é mais um cross-over que junta os dois mundos, Harry Potter e Gilmore Girls, por isso não considero o que eu fiz como sendo realmente plágio. E o nome da Babette eu copiei sim porque não tinha outro que combinasse tão bem com ela 'XD, mas na minha cabeça a personalidade dela é um pouco diferente da do seriado, mesmo não tendo espaço suficiente para mostrar isso a vocês.
Ai meu Deus, eu tô tão receosa de como vocês vão receber esse capítulo... (da pra perceber pela preocupação no parágrafo acima, neh?) É capaz de eu chorar por uma semana se alguém me acusar de plágio, dado o meu estado de nervos mais recente. (Eu chorei várias vezes enquanto escrevia esse capítulo, juro!) Mesmo que vocês, meus queridos, amados e estimados 0,00002 leitores tenham críticas para mandar, não sejam cruéis, tá? Paz e amor, meus amores!
FIM!
